segunda-feira, 5 de março de 2012












POR QUE NÃO UM CONTRAPISO?

José, um conhecido pedreiro do bairro, sempre alertava para a importância de um contrapiso. Lembro dele dizendo que, numa obra, qualquer que fosse, o contrapiso era de grande importância. Ainda mais nos últimos tempos em que aparecera o porcelanato, revestimento que exigia que o tal contrapiso de concreto, no caso, estivesse dimensionado para as cargas a suportar. E, ainda mais, com alguns tipos de porcelanato  exigia-se a aplicação do contrapiso e a espera por 28 dias de cura. E também, se possível, do aguardo de seis meses para a execução do concreto.

Quer dizer, um negócio bem planejado e relativamente demorado. Isso tudo para construções novas.

Por outro lado, em edificações antigas, o trabalho era ainda mais cuidadoso. Havendo alguma imperfeição no contrapiso, seria necessário demolir, refazer e curar novamente, aguardando-se um tempo razoável para o efetivo assentamento do porcelanato.

E continuava ele acrescentando detalhes sobre a maneira correta de construir um contrapiso, descendo a minúcias. Um trabalho a ser feito por quem entende do riscado. Somente após este trabalho preparatório, com uma base bem feita, é que o piso poderia ser assentado, finalmente.

Vejam, então, a importância de um contrapiso.

É verdade! Tudo na vida mede-se pela base em que as coisas ou as pessoas se assentam. Uma base sólida é fundamental. Fica-se pensando nas crianças e jovens que necessitam desse lastro para se desenvolverem bem. A partir do instante em que necessitarem de uma educação formal, surgirá a figura de um educador. As séries iniciais são de uma importância inquestionável. Seus artífices estarão construindo um contrapiso para o que vier, posteriormente, a se assentar. E o que vem após?

A sedimentação, dia a dia, mês a mês, ano a ano, do que for sendo apre(e)ndido, compartilhado com o grupo e experienciado, individual e coletivamente. E, novamente, a figura do educador dessa nova etapa será de fundamental relevância.

Então, um piso sobreposto a um contrapiso, ambos capazes de transformar um jovem em um adulto/cidadão, útil a si e à sociedade, digno representante da raça humana.

Fica-se, então, a perguntar:

-Que piso é este?

-Por que não transformá-lo em um contrapiso?

Da seguinte forma: Para as séries iniciais o tal valor. Para as demais um piso digno, numa proporção compatível com a titulação do educador. Nesse caso, não falemos de valor porque, com certeza, ainda estará abaixo do salário inicial de outros profissionais, com títulos de doutores.

Então, tomemos como contrapiso o ofertado, porque é o mínimo que um profissional de Nível Médio deveria receber por ser um educador.

Agora, avaliemos o Edital nº 001/2012 da Empresa Pública de Transporte e Circulação, do Município de Porto Alegre, onde os cargos de nível Fundamental e Médio têm como salário inicial os valores constantes do edital acima referido.

Pois é!

O edital é justo, correto, digno.

Quanto à situação dos professores: é injusta, incorreta, indigna.

Sem entrar em detalhes, e sem discorrer sobre os dispositivos constitucionais que tratam da matéria no que diz respeito aos recursos destinados à Educação, bem como os percentuais estabelecidos nos orçamentos dos entes federados, o próprio Supremo Tribunal Federal já determinou o que deve ser feito.

O que mais cabe?

Manter a esperança, a fé em Deus e, sobretudo, continuar firme em busca do sonho acalentado de ver-se reconhecido e dignamente remunerado pelo relevante serviço prestado à sociedade.

E tentar passar isso aos jovens, que estão a assistir tal vilipêndio, tal ignomínia. Eles que não almejarão dedicar-se ao ensino. Eles que, com certeza, não serão futuros professores.

Quem restará para essa tão nobre tarefa?









Em tempo:

Bah! Lembrei que...
Hoje em dia, uma parcela expressiva de professores do Ensino Fundamental tem Especialização e até Mestrado.
Merecerão este contrapiso vergonhoso?
A peleia é por um piso digno.
Afinal, muitos já são titulados desde a sua atuação no contrapiso das primeiras letras.












Leia, também, trechos (Capítulo 5) do livro de Augusto Cury, NUNCA DESISTA DOS SEUS SONHOS.









terça-feira, 21 de fevereiro de 2012











PALMAS AOS DESTAQUES!
             UM VIVA A TODOS NÓS, BRASILEIROS!

Com os pezinhos suspensos no ar, de frente para o mar, a imagem da emoção desafiando a força das águas. A desproporção é para quem vê a imagem por inteira, não para quem está a pular. É uma bela imagem.

Não tão bela é aquela outra de um cidadão, em destaque, de meia-idade, empunhando um guarda-chuva, em atitude de desafio ao pelotão formado em defesa... Do que mesmo?


Fonte: Jornal Zero Hora - 10/02/2012
Fonte: Jornal Zero Hora - 13/02/2012



Belíssima é a imagem de um jovem de 20 anos, Davi Junior dos Santos Pereira, servente de uma empresa terceirizada pela Infraero, que, ao encontrar uma nécessaire no chão do aeroporto, levou-a para a central de achados e perdidos. Por não abri-la, nem sabia o que continha. Pois lá estavam R$ 24.000,00. A sua declaração à repórter dá conta da importância da educação adquirida em casa, com os pais. Assim expressou-se:


-“Se tivesse oportunidade, faria tudo de novo. Não era meu. Cresci com esse ensinamento do meu pai.”

Esclareça-se que o pai de Davi, e de mais oito filhos, morador do bairro Mathias Velho, em Canoas, é vendedor de picolé em Porto Alegre.

Que grande desafio seria esse para qualquer jovem que não tivesse bem plantada a semente da honestidade, da retidão de caráter, da noção do que não é seu.

E que outro grande desafio enfrentam os jovens músicos, todos com idade entre onze e dezoito anos, que compõem a Camerata Ivoti, formada por 24 músicos do Instituto de Educação Ivoti. Suas apresentações na Europa, já pela quarta vez, têm surpreendido por uma sempre impecável escolha do repertório e excelência na execução das obras. Tudo adquirido através de uma educação de qualidade.

Agora, e quem leva, este ano, o Estandarte de Ouro?

Será este um desafio menor?

Quem consegue, por quatro dias, deixar-se embalar pela ilusão, pela criação, pelo desfile de cenários e roupas, construídos, por vezes, com dificuldade, pelo molejo das ancas, pelo samba dançado ao som de uma bateria competente?

Quem consegue manter em alta essa espírito carnavalesco que só por aqui existe? Somente um povo extremamente alegre, sonhador, otimista. Mas um autêntico lutador nos demais restantes dias do ano.

desafio maior é manter-se assim... Assim como?

Assim como só um brasileiro sabe ser...

Um ser abençoado, um apaixonado pela vida. Alguém que mereceria bem mais do que tem.

Aliás, a 1ª escola de samba da nossa Capital, fundada em 1939, ainda sem a disposição em alas, chamava-se “Loucos de Alegria”.

Afinal, a alegria é o combustível da brincadeira e faz parte do nosso eu criança. Que assim se deve manter durante o Carnaval e após ele. Pois, nada melhor do que cultivarmos esse lado para enfrentarmos os outros dias do ano.

Então, que se mantenha a alegria, um desafio e tanto, e que se cobre dos poderes constituídos a retidão dos caminhos a percorrer pela nação brasileira.

Porque não só de circo vive o homem...





Em tempo:
Um brinde com o excelente vinho da serra gaúcha ao Estado Maior da Restinga, bicampeã do Carnaval de Porto Alegre, com o samba-enredo:
*Da mitologia à realidade, a Tinga de Taça na Mão! Vinhos do Brasil, sinônimo de qualidade, saúde, prazer e prosperidade.
Refrão do samba:
*Faz bem pra alma e pro coração. Deixa o meu samba te embriagar. Um sentimento sem moderação. Eu sou Restinga.





Reportagens:

Fonte: Jornal Zero Hora - 12/02/2012
Fonte: Jornal Zero Hora - 13/02/2012




Notícia:




Vídeos:

Gravações do samba-enredo – Carnaval 2012 – TV Restinga na WEB

Camerata Ivoti em Koblenz – Concerto para 2 violinos e Orquestra – 1º Movimento 
– Johann Sebastian Bach

Camerata Ivoti em St. Wendel – Milonga para as Missões

Camerata Ivoti em Genebra (Suíça) em 05/02/08 – Suíte Antiga – 1º Movimento – Minueto
 - Alberto Nepomuceno

Sonata para Cordas – 4º Movimento – O Burrico de Pau
 – Antonio Carlos Gomes 


Camerata Ivoti na Europa – Programa Bom Dia Rio Grande de 09/02/12

Nem só de circo (diversão, futebol, etc) vive o homem





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Comentários via Facebook


De Sandra Pires Bernardes: 


Sandra escreveu: "Encontrei esta preciosidade," Milonga para as Missões" no Blog:
www.quetalessatche.blogspot.com
É uma grata alegria constatar que a musica é livre, desconhece fronteiras, idiomas....
Transcende!..Vai muito além do que se possa imaginar !!...
Vem pra alma da gente sem qualquer palavra ou tradução.
Grande abraço a autora do blog, Soninha Athayde!.
Amei! Gostei muiito da crônica: "POR QUE NÃO UM CONTRAPISO"
Parabéns!!!........
Belíssimo domingo a todos, desde Porto Alegre , "portinho", até............
Abraço!



Sandra escreveu: "Soninha, suas crônicas são lindas, fazem pensar e algo mais: o cotidiano é relatado de uma maneira impar! Sou sua fã !... Grande abraço e uma bela semana!!!........"












terça-feira, 7 de fevereiro de 2012












EL SAPUCAY

O dedo escorrega, por acaso, sobre o botão do controle remoto. E eis que surge uma grata surpresa: um festival. Um festival transmitido, ao vivo, pela Televisão Educativa do Estado do Rio Grande do Sul. Mais precisamente o 22º Festival de Chamamé e o 8º Festival do Mercosur, em Corrientes, que reuniu, este ano, os três países que cultuam este ritmo latino-americano: Argentina (Corrientes), Brasil e Paraguai.

Foram várias noites de apresentações. No palco, as mais diversas expressões artísticas. Um desfile de cantores, músicos, bailarinos, todos dando o melhor de si para representar o país de origem. E o Brasil esteve bem representado com grupos aqui do Sul e, também, de Mato Grosso do Sul.

Que o chamamé seja por nós, gaúchos, apreciado não é novidade. Que, agora, também lá para as bandas de Mato Grosso seja tocado, já é algo mais novo. Promovem eles, inclusive, um festival regional do chamamé. Pois até São Paulo tem um grupo que toca chamamé, o conhecido Barra da Saia, composto por belas mulheres que se apresentam tocando e cantando chamamés.

Agora, a novidade seria mesmo se houvesse a divulgação na mídia de evento cultural do porte desse Festival.

Isso realmente seria uma grande novidade. Mas, parece, estamos longe disso.

Deveríamos festejar esse congraçamento de raças, costumes, culturas, países, todos irmanados em torno de um ritmo, uma poesia, um sapucay forte a unir a América Latina.

Com certo enfado ou, digamos mesmo, nojo de assistir a tantos programas de baixo nível, que prestam um desserviço à educação e à cultura como um todo, deslizei o dedo e descobri, por acaso, que ainda sobra alguma coisa de útil para se assistir, sozinho ou em família.

Claro que a Televisão Educativa cumpre seu papel ao retransmitir esse tipo de programa.

E as demais emissoras cumprem que papel? Informar, dirão muitos. Isso é correto. Na maior parte das vezes, porém, apresentam programas que visam manter seus assistentes cativos de cenas e malfeitos que já fazem parte de seu cotidiano.

 Assim, contribuem para tornar seus assistentes mais ignorantes do que já são. Uma massa de manobra, sem capacidade de crítica, é o que almejam?

Então, é isso! Para que divulgar programas que acrescentam valores, como os de irmandade, congraçamento, união, respeito!

Carecemos de uma diversão saudável, sim.

Por que continuar reforçando, através de programas televisivos, os elementos mais sombrios de que é composto o ser humano. Todas as suas fraquezas, todo um viés de atitudes negativas, que perpassam o ser humano, são reforçadas, diariamente, através de novelas e de programas os mais diversos.

Fique claro que não se pretende a alienação, a fuga, o desconhecimento das mazelas dos indivíduos e da sociedade como um todo. Basta acompanhar o noticiário para se ter uma visão clara do que ocorre.

A função da informação é exatamente essa: informar. Agora, por que tenho que transpor para a tela todas essas mazelas dando uma feição, o que é pior, de algo glamoroso, algo compensador. Isso traz um reforço constante da falta de valores éticos e morais de que a sociedade deveria envergonhar-se. Nada justifica essa realimentação diária. E aqui não estamos a falar de programas humorísticos. Esses debocham, escancaram as ações mais torpes com escárnio, com ironia, com humor. Porém, não as glamorizam, não as tornam passíveis do desejo de uma massa deseducada e falha de valores. Também não estamos falando de moralismo.

Os meios de comunicação têm um papel primordial no reforço de valores positivos, criados e cultivados na família e sedimentados através de uma educação formal de qualidade.

Está na hora de dar uma espiada, “uma espiadinha”, em programas que elevam o nível cultural do cidadão. Temos aqui incluídos as entrevistas, os programas de debates sobre os mais diversos temas, todos atuais, as audições de grupos, bandas, as releituras de livros, etc. Um verdadeiro arsenal de matérias e uma plêiade de profissionais a expor ideias, conceitos, tendências. Tudo visando ao aprimoramento do conhecimento do cidadão comum.

Isso não dá IBOPE?

Os profissionais da comunicação sabem que isso dá IBOPE, sim. Temos como exemplo próximo o Programa Conversas Cruzadas que obteve o prêmio de Melhor Programa da Televisão, no ano de 2011, no Estado (Prêmio Press). Isso se deveu, em parte, pela grande audiência, constante, que os telespectadores dispensam ao programa.

Agora, espera-se que as emissoras de televisão atentem para isso. Mas parece que não há interesse num novo modelo que busque aprimorar o gosto do telespectador.

Enquanto isso não ocorre, soltemos um sapucay de revolta, que anda preso na garganta. Um sapucay que ecoava entre os índios guaranis, demonstrando um chamamento a uma postura guerreira. Hoje, ainda audível, nas apresentações de chamamés.

Que esse sapucay de chamamento alerte para o perigoso caminho de uma sociedade desprovida de referenciais positivos. Restando a ela apenas a dissimulação, a mentira, a falsidade, o engodo, a vantagem levada às últimas consequências. Tudo regado a muito álcool. E o sucesso, ao final, do(a) concorrente mais... Deixa pra lá...

Tudo na telinha, ano após ano.









Apertura del Festival de Chamamé – 2012 

Festival de Chamamé 2012

Chamamecero – Neto Fagundes


Soy El Chamamé – Canto da Terra


Alma Serrana – Pot-pourri de chamamé

 
Chamamé – Merceditas – Gicela Mendez Ribeiro y Barra da Saia ao vivo em São Leopoldo

 
Soy El Chamamé – Shana Müller

Buenas e M’Espalho – Eco do Sapucay

Galpão Nativo – Entrando no M’bororé – Elton Saldanha