quinta-feira, 20 de setembro de 2012










ENCILHANDO...

Gira, para e retorna o giro, freneticamente. Para um lado, para o outro, para frente, para trás, rodopiando em direção ao golo. Por vezes, até cai. Mas, num piscar de olhos, já está de volta, na posição que o mantém dono da situação. É quase inacreditável vê-los, todos, em seus corcéis mecânicos, a buscar o objetivo último: a marcação de um golo. São muito bons no que fazem. São os times de cadeirantes que jogam basquete e o futebol 7. Não interessam os motivos pelos quais se tornaram cadeirantes. O que a nós interessa apreciar são as suas habilidades como atletas de nível olímpico. São mais do que cadeirantes. São ginetes competentes no uso de suas cadeiras de rodas. Aventuram-se, encilhados, em giros e mais giros, buscando, num campo restrito, o objetivo maior: um golo marcado para a sua equipe. A extensão de seus corpos lhes ajuda a vencer desafios. Ela é, na verdade, uma amiga sempre pronta a lhes carregar. Tanto faz que seja nesses pequenos campos, onde buscam a excelência no desempenho, quanto pela vida afora. Uma caminhada em campo descoberto e cheio de desafios.
 
A apresentação de um cavalo de ferro, mecânico, na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Paraolímpicos, bem como a profusão de alegorias em metal e ferro, remete-nos, provavelmente, salvo outras interpretações, a uma caracterização da dureza, da obstinação e dos desafios que tais atletas devem enfrentar e vencer a cada dia em suas vidas. Com certeza, eles foram a expressão da capacidade e do enfrentamento que os movem.

Saudemos, aqui, a todos os atletas paraolímpicos, nas mais diversas modalidades apresentadas. Em especial, aos nossos medalhistas. Foi um belo espetáculo que apresentaram. Deixaram um exemplo a ser seguido e a marca da presença de um Brasil mais competitivo.
 

Agora, aqui pelos pagos, a cada 20 de setembro, encilhamos nossas tradições, para que não se percam por aí. Muito mais que nossas cavalgadas, muito mais que a figura do cavalo e seu ginete, estão o amor pelo nosso chão, pelas nossas raízes, pela nossa cultura, pelo nosso povo.

Continuemos nossa jornada encilhando sonhos, num trote largo ou num trotezito, quando assim for conveniente.
 

Eu, por ora, continuo encilhando o mate. E isso já exige certa competência. 






 Paraolimpíadas 2012 – Delegação do Brasil faz festa






 Detalhando – Encilha do Cavalo






 Cavalo Crioulo – Luiz Carlos Borges e Mauro Ferreira 
  



 Grupo Mirim Alma de Vaneira
















 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

 
 
CAMINHEMOS TODOS JUNTOS

Como prender as lágrimas quando a emoção aflora em ritmo desordenado, acelerado, a coroar um momento tão esperado?

Diante da importância da conquista de um tão cobiçado prêmio, por ganhadores tão especiais, não se poderia esperar outra coisa senão o extravasamento das emoções. Após quatro anos de esforços dedicados a ensaios, obtiveram o merecido prêmio que deixou os três protagonistas, diretor e todo o staff profundamente emocionados. Três meses de filmagens tornou concreto o desejo de Marcelo Galvão, diretor do filme Colegas, de transmitir alegria a todos que venham a assisti-lo. Aquela mesma alegria que se revelou a ele, em sua infância, através de um tio, portador da Síndrome de Down, com quem conviveu.

Pois esses três protagonistas principais do filme Colegas são portadores da Síndrome de Down. Ao que se sabe, foram sessenta jovens que atuaram no filme: todos com a mesma síndrome. Levaram o Kikito de melhor filme nacional e ainda um prêmio especial do júri aos três protagonistas: Ariel Goldenberg, Breno Viola e Rita Pokk.

O 40º Festival de Cinema de Gramado ficará marcado pela inclusão, na sua galeria de atores/atrizes, de três jovens que demonstraram capacidade de superação, que os faz mais especiais ainda.

E esse bom desempenho, movido a muito esforço, dá-se, atualmente, em todas as atividades. Estamos aqui a tratar de uma deficiência intelectual, cognitiva. Porém, mesmo assim, passível de transformação, dentro de certos limites. O interessante é que parece que os limites estão se alongando, ou que, pelo menos, muitos indivíduos têm ultrapassado esses limites, antes tão restritos. Hoje, é possível vê-los empregados, namorando, alguns já casados e por aí afora. É de fundamental importância explorar, desde bebê, as potencialidades que cada um deles apresenta. Isso contribuirá para o desenvolvimento muito próprio de cada um.

Quando se fala de esportes, os avanços também são visíveis. Tem portador dessa síndrome que, com o auxílio de um professor, vem praticando surfe já há algum tempo.

A propósito desse tema, lembremos que se realizou, há pouco, a XVIII Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, de 21 a 28 de agosto desse ano.

A Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, FUNDERGS, órgão da Secretaria Estadual do Esporte e do Lazer, elaborou uma extensa programação durante esse período. Tivemos, de 24 a 26 de agosto, a 2ª edição dos Jogos Abertos Paradesportivos do Rio Grande do Sul, PARAJIRGS, e o 1º Campeonato Estudantil Paraesportivo do Rio Grande do Sul, PARACERGS.

Nas modalidades de Atletismo, Natação, Futebol de Cinco, Goalball, Tênis de Mesa, Bocha, Judô, Basquete em Cadeira de Rodas e Esgrima em Cadeira de Rodas, nas categorias A, B e C, conforme a idade, observou-se a participação expressiva de 544 participantes (paratletas, técnicos e staff), 42 instituições e 26 municípios do Rio Grande do Sul. É considerado o maior evento paradesportivo do nosso Estado. Nele participaram deficientes físicos, visuais e intelectuais ou cognitivos, bem como alguns portadores da Síndrome de Down.

Quem acompanhou a participação dos atletas durante as competições e a posterior premiação dos melhores, com as respectivas medalhas sendo recebidas, pôde ver a alegria estampada em rostos guerreiros, destemidos, arrojados. Verdadeiros vencedores, sobretudo, é o título que devem ostentar.

Quanto a nós? Devemos tê-los como exemplos.

E que mantenham a alegria e a perseverança com que enfrentam os desafios. Esse enfrentamento é o primeiro passo para a conquista do almejado, mesmo que pareça um sonho. Pois, a grandeza para todos nós, com certeza, está nos desafios do caminho. E sonhar também faz parte da trajetória.

Apesar das diferenças, caminhemos todos juntos.






Jornal Zero Hora de 20/08/12 – FINAL FELIZ EM GRAMADO
 
Globo News – Colegas - parte 1
 
Globo News – Colegas - parte 2
 
Globo News – Colegas - parte 3
 
 
 
Vídeo de Ivo Dias – E Daí? Reggae da Inclusão






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Comentário recebido via e-mail:

Prezada Sônia,

Na ocasião anterior, acredito que a Prof. Eneida tenha retornado seu contato, porém, por alguma falha no servidor ou erro na digitação do endereço eletrônico, o e-mail não chegou até a senhora.
 Contudo, em nome da Presidente Renita, subscrevo suas palavras em agradecimento à atenção e ao carinho que a senhora demonstra em registrar os seus cumprimentos a esta Fundação pela realização dos eventos referentes a XVIII Semana Estadual da Pessoa com Deficiência.
Para a FUNDERGS, é um grande orgulho poder contribuir para o desenvolvimento do esporte sem fronteiras e para a valorização e respeito à pessoa portadora de deficiência que, dentro do universo esportivo, se percebe capaz e livre de limitações, fortalecendo assim sua autoestima e confiança.
Agradecemos muitíssimo pelo reconhecimento e publicidade em seu blog sobre este importante evento.


Cordialmente,
Silvana Ojeda (Secretária da Presidência), em nome da Diretora-Presidente da FUNDERGS, Renita Dametto.






terça-feira, 14 de agosto de 2012






NO MEIO DO CAMINHO...
 
 
Que dias esses deste mês de agosto!

Quanta demonstração de superação! Quantos obstáculos vencidos! Quanto orgulho de ver a bandeira verde-amarela no pódio, subindo, lentamente, ao som do Hino Nacional Brasileiro.
Quando se vai às raízes desses tantos brasileiros, que representaram o nosso país nos Jogos Olímpicos 2012, o que se encontra? Histórias de vencedores: é o que se encontra.

Como não se poderia falar de todos, pois se incorreria em omissões por esquecimento, saudemos, de plano, as jogadoras de vôlei feminino, medalha de ouro, e a eles, aos do vôlei masculino, medalha de prata, que se superaram para nossa alegria. De certa forma, os resultados positivos já eram esperados, pois para essa modalidade de esporte existe, há tempo, grande incentivo através dos recursos financeiros disponíveis.

Agora, o que dizer do nosso ginasta Arthur Nabarrete Zanetti, primeira medalha de ouro em ginástica artística pelo Brasil. Menino simples de São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, teve o incentivo e a colaboração, desde o início, do Senhor Arquimedes, seu pai, um torneiro mecânico que construiu os primeiros aparelhos para que Arthur se exercitasse. A partir dos nove anos de idade, teve em Marcos Goto, seu técnico, o acompanhamento e as orientações necessárias para fazê-lo chegar aonde chegou.

Foi um verdadeiro show. Embora o último na sequência de apresentação, foi o primeiro no desempenho, conquistando a nota 15.900 e levando a medalha de ouro. Um verdadeiro Rei das Argolas, o nosso Rei Arthur, como foi chamado por quem narrava a apresentação.

Que exemplo para os jovens que treinam no mesmo local onde Arthur Zanetti também treina! O que disse um menino desse centro de treinamento, quando entrevistado, a respeito de Arthur?

Ele é o nosso exemplo!

Foram quinze anos de trabalho em que a superação, a dor e a disciplina foram ingredientes constantes.

Acredita-se que, de ora em diante, a ginástica brasileira adquira uma importância cada vez mais relevante. Quanto mais não seja para competir em Olimpíadas, para melhorar a educação como um todo, sendo um instrumento para a saúde do corpo e mente e um aliado dos jovens na luta contra as drogas e os descaminhos tão próprios de uma juventude desocupada.

E o que falar de Esquiva Falcão Florentino? De origem humilde, medalha de prata no boxe, categoria até 75 kg, nascido em Vitória, no Espírito Santo, foi treinado por seu pai, o antigo pugilista Adegard Câmara Florentino, conhecido como Touro Moreno, e por João Carlos Barros. E de seu irmão, Yamaguchi Falcão Florentino, medalha de bronze, na mesma modalidade, categoria até 81 kg, nascido em São Mateus, também no Espírito Santo.

E o que dizer de Yane Marques? Nascida em Afogados da Ingazeira, no interior de Pernambuco, que competiu nas cinco modalidades que compõem o Pentatlo, presente nos Jogos Olímpicos Modernos desde 1912. Conseguiu ser bronze depois de competir na esgrima, na natação, no hipismo e no combinado que é a corrida e o tiro. Uma verdadeira maratona que durou 10 horas. Seu bronze vale ouro. E isso estava estampado no brilho dos olhos e no cabelo dourado, que os adornava, no momento da execução do Hino Nacional Brasileiro.

Todos, sem exceção, no meio do caminho, encontraram a recompensa, depois de tanto esforço e dedicação, através da conquista de uma medalha olímpica. Não interessando, aqui, qual cor ela possui. É olímpica! É o bastante. Aquele atleta que ali está no pódio é, no mínimo, um dos três melhores do mundo.

Por outro lado, coincidentemente, nesse início de agosto, estamos a presenciar uma sucessão de advogados em defesa de seus clientes, naquilo que se apelidou de Mensalão, ou melhor, no julgamento da Ação Penal nº 470.

Demonstra-se, à saciedade, a competência dos ilustres defensores. Acusador e julgadores, de igual sorte, possuem notável saber jurídico e são competentes nos papéis que desempenham. Com certeza, são especialistas nos ofícios de acusar, defender e julgar. Ninguém está ali para brincadeira. Porém, se o resultado assim parecer, não foi por desconhecimento ou incompetência. É que, nesse imbróglio todo, existem pedras e mais pedras no caminho. Não há medalhas de nenhum tipo. Não haverá vencedores. Sairemos todos perdendo, de uma forma ou de outra. Porque na vida das retinas, já tão fatigadas, esse acontecimento nunca será esquecido. E será sempre lembrado como os versos de Carlos Drummond de Andrade que, metaforicamente, numa interpretação mais livre e adaptada ao cenário atual, nos impõe uma reflexão existencial sobre as rudezas e as mazelas que criam obstáculos a ações dignas dos cidadãos. Há que se evoluir no sentido moral, para que avancemos na construção da sociedade brasileira como nação.

Cuidemos para que não se maculem os olhos ainda não fatigados, aqueles olhos que acreditam na superação, no esforço pessoal, na lisura de caráter e na competição saudável. Assim como se portaram todos os nossos atletas, sem exceção.

Cuidemos para que esses e aqueles outros tantos cidadãos, de todos os segmentos da sociedade, que ainda não se contaminaram, cumpram o papel, quando chamados, de representar dignamente um país chamado Brasil.




NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

 

Carlos Drummond de Andrade (do livro Alguma Poesia)





 

Arthur Zanetti - Olimpíadas de Londres 2012


 
Show de Encerramento das Olimpíadas 2012 – parte final. Entrega da bandeira olímpica ao Prefeito do Rio de Janeiro.


 


 
Reportagem