terça-feira, 8 de janeiro de 2019

PRA QUÊ?



A história aponta o dia 1º de janeiro de 1968, há cinquenta e um anos, como a data em que o Papa Paulo VI convencionou que todo o dia primeiro, de cada ano civil, seria aquele em que se comemoraria o Dia Mundial da Paz. Provavelmente, o dia escolhido tenha servido para lembrar, no início de cada novo ano, o compromisso dos povos com a Paz Mundial.

Parece que pouco adiantou a fixação de uma data.

Aliás, aquelas datas criadas com o objetivo de alertar, de chamar a atenção para atos que não devem ser cometidos, parecem não surtir o efeito para as quais foram criadas. Na realidade, independem do sentir do cidadão, porque não é ele que deve ser alertado. Mais atendem àqueles que dirigem as massas e se locupletam com a transgressão dessas boas normas de convivência entre os povos.

Sua Santidade, como Bom Pastor, demonstrou a importância que deve ser dada à Paz Mundial. De nada adiantou sua intenção na prática, porém.

Uma data para homenagear alguém ou algo por serviços prestados: é uma coisa.

Homenagear, por exemplo, seu médico, no Dia do Médico, por admiração, gratidão, agradecimento. Uma data criada para que um ser agradecido expresse seu carinho a quem o tratou e até o salvou.

Esta é uma data que encontra eco nos dois polos: profissional e paciente.

Agora, simplesmente, uma data não é suficiente para lembrar que se deve promover a PAZ. Ela é inerente ao desejo humano, ela é diária, ela é para toda a vida, ela deve perdurar durante toda a nossa caminhada por este planeta. Não se precisa lembrar a milhões de pessoas que a PAZ deve existir e que devemos preservá-la.

Uma data que é uma advertência não serve para milhões de seres humanos, na maioria desprovidos de conhecimento, mantidos sob governos e sob influências nefastas, que se locupletam com as guerras, com os conflitos, visando interesses espúrios e pouco civilizatórios.

Assim como a passagem dos dias é contínua e independe de marcação inicial, a data que relembra o óbvio, que é o desejo de todo o ser humano de ter PAZ, poderia não existir. Claro, se houvesse a capacidade de os humanos, aos milhões, afastarem determinados governantes e seus asseclas de posições de comando à frente de povos dominados pelo medo e pela falta de PAZ.

Um dia como alerta revela apenas uma resposta àqueles milhões de seres humanos sedentos dela, bem como uma manobra criada, pelos poderosos, para parecerem interessados na existência dela: a PAZ.

Apenas um símbolo e, como tal, algo que evoca, representa ou substitui algo abstrato ou ausente. Uma pombinha da Paz teria o mesmo sentido: visual.

Substituiria o canhão?

Cultivar símbolos por cultivar não responde aos anseios dos povos.

Então, pra quê?

Continuamos incapazes de sermos cordiais com os irmãos. O que demonstra ainda mantermos atitudes que relembram nossos ancestrais, onde o mais forte subjuga o mais fraco para tirar-lhe a comida, os pertences. Mais modernamente, a PAZ, a dignidade e o respeito uns pelos outros.

Agora, parece que ela, a ESPERANÇA, ainda persiste.

E é com ela que se responde ao título “PRA QUÊ?”.

Para que a ESPERANÇA se renove a cada dia 1º de cada novo ano. Afinal, ela nos move, nos impulsiona, nos motiva. Ela é o nosso ponto de ligação entre o agora e o depois, entre o aqui e o além. Somos todos merecedores de irmos bem mais além do que o aqui e o agora.

Bem! Será?

Agora, já temos outra questão posta.

Fiquemos por aqui.

O desconhecido agora se impõe. Tenhamos ESPERANÇA, porém. Dizem que é a última que morre. Será?

Pra que outra pergunta!

Encerremos com ela, a ESPERANÇA, presente em nosso DNA espiritual.

Graças a DEUS!


*Assistam ao vídeo que segue e vejam a importância da ESPERANÇA na vida do ser humano. 




 Grupo Aliados- música Esperança










quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

POR QUÊ?




Aquela arvorezinha enfeitada com restos de papéis coloridos e latinhas, lembrando que já é quase Natal, contrapõe-se àquela outra que permanece na memória visual de Belinha. Aquela lembrada é de uma formosura ímpar. Altiva, iluminada, homenageava, todos os anos, ÀQUELE que descansava na manjedoura, num presépio delicadamente arranjado ao pé da árvore altaneira. Tradição que se mantém pelos séculos.

Por que tanta diferença entre estas duas árvores?

Junto a esta arvorezinha, enfeitada com restos, jaz dormindo um homem. Não há ali uma manjedoura, nem, tampouco, as demais figuras que compõem o cenário, tão conhecido, de um presépio.

Terá tido este homem a oportunidade de viver momentos de encantamento junto a uma árvore de Natal? Talvez, sim. Talvez, não. Quem poderá saber? Ele próprio. Ninguém mais.

E as luzes que costumam acompanhá-la?

Belinha guarda os momentos de encantamento que aquelas luzes representaram. Bem mais tarde, fez um poema só para registrar aquele período da sua infância. Ele ficou assim:





Ah! Tinha uma manjedoura que também encantava. Este cenário, ainda hoje, faz parte de seus pedidos, pois dialoga com seu MODELO todos os dias e, em especial, na data do SEU aniversário. Uma oração virou o poema que segue.




Agora, como esquecer aquela arvorezinha feita de restos.

Como nem tudo é um mar de rosas, problemas houve e foram enfrentados por Belinha com denodo, ainda bem jovem, entendendo o momento certo para iniciar a mudança quando foi necessária. Seguir em frente e evoluir, transcendendo o aqui e o agora para o depois: com esperança.

Belinha acredita que a LUZ, embora não presente na pequenina árvore, está, sim, presente no ser deitado ao lado, pois todos possuímos esta LUZ interior que nos mantém vivos. Às vezes, porém, é tênue esta sensação de força interior que ela nos propicia.

Por que então ali ainda se encontra?

Sua posição, deitado sobre a calçada, revela, sim, ser uma criança que não soube crescer, pois crescer dá trabalho. Aliás, muitos assim existem. E nem se encontram deitados nas calçadas da vida, embora todos esses, também, circulem sem rumo definido.

É claro, porém, que, muitas vezes, seres desprovidos desta força interna precisariam DAQUELA SENHORA que nos identifica como cidadãos. Todos: filhos deste solo dos quais és mãe gentil. Tão gentil que os acolhesse, não como indigentes, mas como possíveis brasileiros aptos para o trabalho. A autoestima desses novos cidadãos seria resgatada e as suas luzes interiores acenderiam muitas outras luzes. E todas, em corrente, de forma sucessiva, iluminariam cada novo ano por chegar com aquilo que nos faz acreditar num amanhã melhor: a esperança.

Daí, talvez, nem coubesse a pergunta inicial:

POR QUÊ?

A imagem simplesmente não existiria.






 A Harpa e a Cristandade – Luis Bordon







sábado, 24 de novembro de 2018

ADIANTA, SIM!


Pela rua, com uma pequena mochila às costas, caminhava e falava. Não gesticulava. Apenas falava. Às vezes, num tom mais alto. As palavras eram repetidas à exaustão. Tive minha atenção despertada, pois eu caminhava alguns passos atrás. Ao ultrapassá-lo, lentamente, pude observar que não portava celular, nem fones de ouvido. Questionava o fato, demonstrando não se conformar com o ocorrido.

E o que ocorrera?

Parece que haviam roubado um verso. Mais precisamente o 5° verso.

Exasperado, repetia e repetia:

-Roubaram o quinto verso. Não adianta escrever!

Incrível ter ouvido esta frase de um transeunte sozinho, andando por uma calçada do bairro onde moro, longe de onde eles, os versos, flutuam por entre os jacarandás da praça que os acolhe.

Quem teria roubado o tal 5º verso?

De qual poema?

Quem seria o seu autor?

O próprio transeunte?

Ou estaria ele impregnado pela atmosfera de magia, própria daquela praça “dos livros”, que foi capaz de torná-lo tão imaginativo a ponto de transformar-se em um poeta.

Estaria nascendo um novo poeta?

Afinal, cantar e escrever, dizem, é só começar.

E quem teria roubado o seu 5º verso?

Seria apenas imaginação sua?

Quem sabe, uma desculpa para não escrever. Teria tentado escrever um poema, mas ao ver-se sem ideia alguma para tanto, alardeava, agora, que não escreveria mais. Seria apenas uma desculpa para encobrir a sua incapacidade.

Pessoalmente, não creio nessa possibilidade.

Um poema pode nascer desse seu caminhar que se deixa acompanhar pela sua própria voz. Basta sentir desperta esta vontade de expressar-se. E o verbo roubar, talvez, esteja tão em moda que o usou querendo dizer que este 5º verso sumiu da publicação. Um problema da editora.

Brincadeiras à parte, talvez o poema INSPIRAÇÃO represente, de forma plena, o amálgama entre o poeta e a sua criação. Uma completude que o sustenta, que o alimenta e que dá frutos para quem de sua obra puder sorvê-la.

Imagine se, acaso, sumisse o meu 5° verso da estrofe que segue. Ficaria ela, a Poesia, sem a definição do que ela é pra si mesma. Raciocínio que se completa no verso seguinte.

Ela, com certeza, é muito pra mim mesma, pois ela própria reforça a certeza de ser tudo pra mim.

Acompanhe a segunda estrofe e seu 5º verso:


Eu sou tua amada transfigurada.

Eu sou tua inspiração.

Então, vê se, qualquer dia,

Busca, em outra amada, mais do que sou:

Porque eu sou apenas POESIA.

Mas sou TUDO pra ti.


E se esta aprendiz de poeta, neste outro poema, descobrisse o sumiço do 5º verso que encerra a última estrofe do seu poema POETAR. Veja a falta que faria.


É saber-se artífice da palavra,

Mas não seu dono.

Pois essa arte de sua lavra,

Se a muitos puder encantar,

Aí, sim, valerá a pena poetar.



Agora, impensável seria o sumiço dos 5ºs versos do poema ISTO, do poeta/maior Fernando Pessoa. Imaginem a falta da confissão poética que tudo esclarece ao final.



(Poesia Completa, página 165)




Por isso, meu conselho ao transeunte/poeta é que persevere porque de uma perda poderá nascer uma ideia que resgatará esta frustração. Uma nova inspiração, um novo olhar, outro ângulo, outro enxergar.

Tenho pra mim que a atmosfera da Feira do Livro desceu sobre esta cidade uma aragem renovada, plena de emoções afloradas.

Todos ganharam. Os que escrevem, aqueles que leem, aqueles que apenas circulam, timidamente, por entre as bancas, mas absorvem as sensações que encontram pelo caminho, bem como as conversas que despertam a atenção.

Alguns, quem sabe, sentirão despertados em si o poder criador pela necessidade de exprimir suas emoções, preenchendo aquela folha em branco que há tempo jaz sobre a escrivaninha.

Outros se perderão no meio de tantos livros comprados, mas que serão apreciados pela leitura rotineira.

Aos que habitualmente escrevem, com certeza, terão seu prazer recompensado pela leitura e exposição de seus livros àqueles muitos que puderem encantar.

E ao nosso transeunte/poeta, que vive “off-line”, parece este mês de novembro ter trazido a ele a possibilidade de sentir-se poeta: o que não é de todo mau negócio.

Dizem alguns que “de poeta e louco todos têm um pouco”.

E isto ficou provado neste encontro inusitado com alguém que perdera o 5° verso.

Acredito, porém, que tenha ganhado momentos de êxtase com sua criação mental: o que já é um bom início para o nascimento de um poeta.

Portanto, siga em frente!

Afirmo com convicção, meu caro transeunte/poeta:

ADIANTA, SIM!


Pois, saiba que versos, mesmo sendo “Simples Versos”, feitos de coração, são um presente para quem os recebe. Veja o que a música VERSOS SIMPLES, cantada por uma das componentes do Grupo Chimarruts (vídeo abaixo), deixa como recado a todos nós.



Versos Simples - Chimarruts