sexta-feira, 31 de janeiro de 2020

ELA É VIDA!



Ela nos acompanha desde o nascimento. Ou melhor, até bem antes de abrirmos os olhos para um mundo novo. Nosso corpo é constituído por ela numa proporção de mais de 70%. Então, ela é necessária e bem-vinda. Ela acompanhará todos os momentos que se sucederem ao longo de nossa existência.

Lembro-me do poema que segue. Ele bem expressa essa sua constante presença.


Agora, para que ela nos faça bem e sempre nos acompanhe, temos que tratá-la bem. Ninguém, que é maltratado, responde serenamente.

Assim como em nosso organismo ela faz parceria com outros elementos que o constituem, também, no meio ambiente, ela possui parceiros que podem contribuir para um perfeito equilíbrio entre as forças que regem o planeta. Da mesma forma que tratamos, muitas vezes, o nosso organismo de forma errônea, temos, reiteradamente, falhado na condução desta Terra, que é a nossa casa, mesmo que temporária, e na conservação deste alimento dado graciosamente, indistintamente, para que o desfrutemos. Este alimento necessário, constante e diário: é a água.

Nunca nos preocupamos em cuidá-la, pois parecia inesgotável. Hoje, estamos cientes de que isso é uma inverdade.

Dia 22 de março aproxima-se. É a data em que se comemora o Dia Mundial da Água, instituído pela ONU em 1992.

Em 21 de março de 2013, publiquei a crônica A PRESENÇA DELA É GARANTIA DE VIDA, abordando este assunto. Vale a pena esta leitura.

O que fizemos de lá para cá? Nada.

E o que se aproxima são episódios cada vez mais dramáticos envolvendo as águas, fruto do desequilíbrio das condições climáticas a que estamos sujeitos. Por absoluto descompromisso com o meio ambiente, os níveis de dióxido de carbono (CO2), na atmosfera do planeta, excederam os limites possíveis. Isto está pondo em risco nossa vida por aqui.

O Secretário-Geral das Nações Unidas, Antonio Guterres, alertou os participantes do Fórum Econômico Mundial, em Davos, que a situação é extremamente preocupante.

O descongelamento das calotas polares com a consequente elevação do nível dos oceanos é algo a ser considerado com urgência.

Até nós já chegaram as inundações, as tempestades, os desastres ambientais com vítimas e prejuízos incalculáveis.

Esperar mais o quê?

Poeticamente, nuvens ameaçadoras podem transformar-se em pequenos oásis acolhedores, como no poema que segue.


Seria bom que toda a água disponível fosse tratada convenientemente, para que se mantivesse a utilidade para a qual existe. Um alimento indispensável para o nosso organismo, para toda a nossa flora e fauna, para todas as nossas culturas agrícolas, para a manutenção de nossos rios e lagos, para nossas usinas hidrelétricas: para uma vida saudável neste planeta.

E, claro, para que, também, sirva de alimento para o espírito, retratando poeticamente uma cachoeira que não para de murmurar. Nos dias atuais, ela está mais a pedir socorro para que permitam que ela continue a existir, pois sua missão é: mostrar-se sempre bela, sempre caudalosa. Lembremos que ela é vida.

É urgente que revertamos este quadro de descaso. Medidas devem ser tomadas. Caso contrário, o poema que segue se tornará uma realidade cada vez mais próxima.

Ela, a água, e a casa que habita sucumbirão. Se assim ocorrer, não mais adiantará pedir perdão, possibilidade, ainda viável, hoje. O poema, que segue, busca uma nova oportunidade. O tempo, porém, urge. Caso contrário, não mais teremos espaço por aqui, pois nosso planeta terá se tornado inabitável.


Acredito, porém, que ainda há tempo.

Afinal, a cada dia, ingressamos, pausadamente, num novo amanhecer. É possível, portanto, que despertemos nossa consciência sobre a necessidade da sobrevivência de todos nós, habitantes deste planeta, em condições de ainda ouvir o barulho das cachoeiras, pois elas são vida.

Agora, se nada for feito, as águas invadirão tudo, destruindo o que forem encontrando. Não serão mais garantia de vida. Tudo porque não cuidamos da Natureza. Esquecemos que as condições climáticas dela fazem parte.

Urge que se tenha esperança na tomada de corretas atitudes, que promovam mudanças, pois serão elas a garantia de um novo tempo.


Lembremos que as chuvas, vindas à medida que a necessidade se apresente, serão sempre uma bênção, pois trazem a água benfazeja.

Agora, se “a chuva” resolver exceder os limites que deve “respeitar”, restará elevar uma prece a Deus para que nos salve.

Em doses poéticas, na letra de CHOVE CHUVA (vídeo abaixo), o autor suplica ao Mestre que pare a chuva, porque ela está a molhar aquele amor, aquele divino amor que o poeta quer salvar.

Lembro-me de outro poema, cujos seis primeiros versos demonstram que, às vezes, água demais não é tão bem-vinda. Pobre planta! 
Não me pedias, mas eu dava.

Dava-te água todos os dias.

Vivias encharcada.

Que mancada!

Quando dei por mim,

Tinhas partido: morrido.

Portanto, considerando o que foi exposto, devemos atentar para a preservação dos mananciais de água disponível, bem como o seu uso adequado por quem se utiliza desse bem.



Chove Chuva - Jorge Ben







terça-feira, 14 de janeiro de 2020

A FUGA DOS ESTORNINHOS...



Acompanhar as imagens, que se modificam pelas sombras e luzes e que se mostram por entre nuvens, é um exercício que traz momentos de paz interior e de incentivo à imaginação.

Vez por outra, surgem verdadeiros bailarinos que dão vida a este cenário. Pássaros que retornam em bando ou mesmo sozinhos aos seus ninhos. Saíram para passear, mas retornam ao final do dia. Ouvir seus diversos cantos é uma dádiva para nossos ouvidos. Um retorno ao lar é sempre bem-vindo, inclusive para os passarinhos.

Este é um comportamento diário, constante e pleno de significados para quem se detém a observá-lo. Saem para passear, mas, também, para buscar alimento em locais que somente os passarinhos conhecem.

Observá-los é quase voar junto. É sentir-se livre a voar num espaço livre. É dar rasantes. É pousar para cantar, desafiando o oponente ou conquistando aquela que se achegou há pouco. A fuga não é o que lhe motiva. O viver pleno é um voar, por vezes, sem rumo, mas cujo norte é bem conhecido quando chegada a hora do partir, do seguir ou do retornar.

Diferentemente dos estorninhos, pássaros oriundos da Rússia e da Europa Oriental, que fogem para Israel onde buscam passar o inverno. Escolhem o sul de Israel, a Terra Santa, chegando aos milhares e oferecendo um espetáculo deslumbrante ao girarem em alta velocidade, criando um balé belíssimo. Migram nos períodos em que a Natureza mostra-se hostil, não pedindo licença para ingressarem em território estrangeiro.

Licença? Para quê?

Cruzam os céus numa dança quase hipnótica, formando nuvens, tamanha a quantia, ajudando-se, mutuamente, a encontrarem comida e a livrarem-se de possíveis predadores.

Neste dia 7 de janeiro último, os estorninhos chegaram. O espetáculo foi apreciado por todos que se detiveram a olhar o céu de Israel.

Não houve necessidade de visto, nem de autorização. A Natureza, autora e cúmplice desses deslocamentos, permite que se cumpram seus desígnios da melhor forma possível.

Quem melhor do que ela, sábia por natureza, para saber o que é melhor para estes belos seres que enfeitam os céus e que não conhecem fronteiras.

Nós temos muito que aprender com ela. Ela nos abriga, mas não a consideramos com toda a importância que possui.

Ao contrário dos passarinhos, temos regras a cumprir que nos possibilitam conviver em harmonia.

Fronteiras são necessárias e úteis, porém tenhamos presente a importância do diálogo como forma de comunicação e entendimento.

Num ano regido pelo Sol, nosso aliado na saúde e na luz que ilumina nossos dias, que ele, soberano, nos propicie clareza maior na urgência de uma conscientização quanto ao cuidado com a Natureza. Uma tomada de posição faz-se urgente, considerando os sinais de alerta que estão chegando até nós, seres totalmente dependentes da mãe Terra e de seus coadjuvantes.

Ah! As reticências do título devem-se ao pensamento do nosso Mario Quintana, constantes do Caderno H, publicado em 2013, página 137, que diz:
As reticências são os três primeiros passos do pensamento que continua por conta própria o seu caminho.

Esses passos levam-nos à caminhada pelo planeta que pede socorro, pois não suporta mais tamanha desídia e descompromisso com os efeitos nefastos de um comportamento que nos está levando de encontro à Natureza. Ela que nos acolhe e abriga como toda a mãe extremosa.

Refletindo em outro belo poema de Quintana, ESCONDERIJOS DO TEMPO, modificado, para que os estorninhos possam voar na poesia do nosso grande poeta, podemos imaginar que:

Aqueles estorninhos são pequenos poemas que voam e pousam, por algum tempo, em terras desconhecidas. Alimentam-se e, logo mais, partem. E nós, aqui, embaixo, nos sentimos vazios, embora maravilhados, por sabermos que deles obtemos inspiração para novos poemas.

Ah! Que bom se a poesia fosse capaz de despertar o homem para aquilo que está em suas mãos fazer, mas não faz.

Talvez, porque não leia poesia. Quem sabe, porque sua sensibilidade adormecida não mais quer acordar, porque ser sensível, atuante e participativo dá trabalho.

Quantas outras reticências poderíamos imaginar a partir dessa possibilidade?




Pássaros migratórios no céu de Israel

Revoada