segunda-feira, 26 de agosto de 2013

CHAPEUZINHO VERMELHO E O LOBO QUE MORREU PELA BOCA (nova versão)


Era uma vez uma guria, bonita que nem fruta de amostra, que adorava animais. Costumava andar pela floresta, buscando comunicar-se com eles. Era uma grande conhecedora da mata, portanto.
Um dia, sua mãe pediu-lhe que fosse à casa de sua avó, a fim de levar-lhe uma encomenda. Como toda boa mãe, disse-lhe que se cuidasse. Isso era mais para aquietar-se do que outra coisa, pois confiava que sua filha saberia conduzir-se pela floresta.
Já pelo caminho, Gabi, que costumava vestir um chapeuzinho vermelho, encontrou-se com o lobo Ildefonso, o Il, sabidamente matreiro, acostumado a ficar à espreita, um perigo. Chapeuzinho sabia que ele já devorara outros animaizinhos menores que ele. Ao que parece, era meio covarde.
Mas de uns tempos para cá, Il estava se aventurando por alguns petiscos até maiores que ele, no que vinha se saindo muito bem. Ouvira dizer que ele até já comera uma pessoa: pequenina, é claro, uma espécie de anãozinho.
Meu Deus! Que coisa horrorosa!
Chapeuzinho, sentindo-se já em maus lençóis ao vê-lo, quis saber do lobo para onde estava indo ele. Prontamente, respondeu-lhe:
- És tão linda que pretendo acompanhar-te para onde fores. E, rapidamente, colocou-se ao seu lado, medindo-a de alto a baixo. Ah, pensou ele, que petisco! Não imaginava, nem de longe, o que o aguardava.
A guria era maneirosa e foi levando o lobo de compadre até chegar à casa da avó.  E conversa vai, conversa vem, começou a elogiar o porte, o garbo de Ildefonso que, todo bobo, ia meneando a cabeça, com jactância, concordando com os adjetivos que se iam somando. Já parecia mais estufado que peito de pomba. E isso que ela nem começara a falar de suas qualidades como predador. Ah! Ele era um senhor predador! Ela sabia disso. Mas, ela, também, era bastante ardilosa. Quem pode menos tem que se safar do jeito em que é competente. E Gabi sabia, já por instinto, acho que vinha de avó pra neta, que as fraquezas dos outros têm que ser bem aproveitadas. Quando necessário, é claro. E esse lobo, ao que parecia, ia morrer pela boca.
E, pelo caminho, ia arquitetando o plano que a livraria das garras do temível Il.
Mal sabia Gabi que sua avó tivera um mal-estar, e que isso viria bem a calhar, por sorte, nos seus planos.
É que lá chegara, antes dela, o caçador mais conhecido daquelas bandas: o Juvêncio. Pois ele estava passando pela casa da avó, quando ouvira um forte barulho que vinha de dentro da casa. Preocupado, pois conhecia Dona Ge, resolvera entrar para verificar o que havia. Pois não é que Dona Ge estava caída no chão? Coitada da velhinha!  Assustado, colocou-a na cama, ficando ao seu lado. Acabou por recostar-se na cama, quando viu que ela se reanimava após alguns instantes.
E adormeceu.
Dona Ge, quando viu Juvêncio ao seu lado, ficou um tanto quanto assustada. Ela o conhecia, sabia quem era. Por que ele estaria ali? E ela? Pareceu lembrar-se do momento de sua queda.
Levantou-se, imediatamente, não sem antes cobri-lo completamente, pois era seu hábito desde os tempos de Custódio. Ai! Que saudades do Custódio, sua cara- metade. Ficou, assim, por um tempo, pensativa.
Embora ainda enlevada pelo momento, foi em direção à cozinha para preparar um chá. Depois, trataria do Custódio: ou melhor, do Juvêncio. Ele devia estar muito cansado, coitado.
 De repente, batidas à porta acordaram-na por completo daquele devaneio em que se metera. Então, ao abri-la, deparou-se com sua neta acompanhada por aquele espécime, que vinha junto a ela, mais grudado que barro em tamanco, olhando de viés. Já os olhos de Gabi revelaram-lhe a sinuca em que estava metida a pobre neta. E como avó é uma segunda mãe, sacou, de cara, o imbróglio que tinham as duas que resolver. Falando alto, perguntou à neta se aquele não era o Il. Aproximando-se, começou a desmanchar-se em elogios a ele por ter trazido, sã e salva, sua neta tão amada. E com a astúcia de quem, em época passada, já teve que salvar a própria cria, achegou-se mais para perto de Il e segredou-lhe:
- Salva-nos! Vem comigo! Sobre minha cama há um animal grande, que acaba de aqui entrar e que, tenho certeza, vais, com tua força e valentia, abocanhar, levando-o daqui para bem longe, onde possas saboreá-lo. Vem, vem!
Ildefonso, puxando lá do fundo dos pulmões o uivo mais forte que já dera, pois tinha que impressionar aquelas duas, correu em direção à cama, jogando-se sobre ela com o bocão bem aberto.
Mas é claro que Juvêncio dormia sempre, como bom caçador, com um olho só e com a arma engatilhada. E não deu outra. Ildefonso caiu de boca sobre outra boca, a da espingarda de Juvêncio, vindo a estrebuchar com os miolos à mostra e com o rabo entre as pernas, que nem um guaipeca. Ficou ali estirado, inerme. Logo ele que pensava ser tão astuto.
 Pois é, com essa o caçador virou herói, saiu de braço com Gabi, por quem já arrastava as asinhas há algum tempo. E a avó? Bem, essa se esqueceu de tudo, quando se viu frente a uma caixinha de quindins que a filha mandara.
Pois, meus caros, estou convencida que nunca, na história dessa floresta, teve tanto bicho fazendo festa, pulando de galho em galho, brincando livre, leve e solto.
Claro, que há sempre os que se mantêm descrentes, achando que a coisa não melhorou. Mas se não melhorou, pior não ficou, ou ficou? O caçador, que se casou com Gabi, que o diga. Aliás, dias atrás, Juvêncio manifestou-se, no Congresso Anual dos Caçadores, com muita propriedade.  Acho mesmo que tem ele razão quando, durante sua participação, disse:
- Meus senhores, estão faltando caçadores para tantos predadores!

 
Ouçam, agora, a letra da música IMAGENS, de Guilherme Arantes, que, já há bastante tempo, dizia:

O homem predador não pensa no que faz.
Desmata, queima, estraga a vida e quer viver.
Com tanta estupidez e crime no poder,
A última esperança não pode morrer.
Que a juventude assuma logo o seu lugar.
E saiba que o perigo agora é pra valer.
 
  


IMAGENS – Guilherme Arantes
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

VELHA COMPANHEIRA



Vive ela desde 1814, segundo contam os moradores, permanentemente acesa dentro de uma lamparina no interior da Igreja de Santo Amaro, no Município de General Câmara. Lá, onde ocorreram batalhas da Guerra dos Farrapos, será acesa a Chama Crioula que dá a largada, todos os anos, para os festejos farroupilhas no Estado. Uns mil e quatrocentos cavaleiros deverão carregá-la, espalhando centelhas dessa chama por todos os rincões desse Rio Grande do Sul. Representa ela o ideário de amor à liberdade, à justiça, aos sentimentos de igualdade e de humanidade, que devem conduzir os povos a um melhor convívio. 

Mas há sérias controvérsias sobre tal data. Diz Paixão Côrtes, renomado folclorista, que ela foi criada em 1947 por ele e mais sete companheiros, tendo o acendimento do primeiro candeeiro sido levado ao Colégio Júlio de Castilhos, onde todos estudavam.

Fiquemos com o folclorista que foi partícipe desse episódio e que nos esclarece a origem da Chama Crioula, conforme se observa da leitura dos textos abaixo inseridos.

De qualquer sorte, o importante para Dona Rosinha, uma cultivadora das tradições gaúchas, apreciadora de um bom chimarrão, é saber que essa Chama Crioula lhe faz lembrar-se de outra, muito sua conhecida e que a acompanha desde algum tempo. Na verdade, um pouquinho menos tempo que essa história, datada de 47.

E uma chama ardente lembra sempre algo vivo, presente, constante, que impulsiona ao fazer, ao agir.

Dessa, Dona Rosinha entende. E agradece a uma velha companheira por ajudá-la a mantê-la ao longo do tempo.

Aliás, até uma poesia Dona Rosinha aventurou-se a fazer. Tudo para agradecer a força que essa companheira tem dado a ela.
Então: 


VELHA COMPANHEIRA
Navegas em mim a cada dia.
 Se me faltasses, perder-me-ia de mim.
Nem mais saberia por que aqui restaria,
Se já não mais contigo contasse por um dia.
Gracias por tua presença que meus atos ilumina,
Que me aquece, me conduz, me incentiva.
No entreabrir-se do amanhecer, no arrebol do entardecer,
Me seguras pela mão e plantas um novo sonho a cada anoitecer.
Com nova plumagem a cada raiar do dia,
Sinto-me capaz de novamente, e de novo, recomeçar.
E a cada nova ação, abro a caixa de ti.
E renovo contigo meu estoque deste fazer com emoção.
Obrigada, PAIXÃO!



Mas da mesma forma que o cultuar das tradições deve acompanhar os tempos renovados que se vão somando, não deixando que se mascare ou deturpe o essencial que mantém legítimo o sentimento originário, também Dona Rosinha tem procurado manter essa chama ardendo.

E isso significa que devemos estar abertos para a renovação, para o novo, sem deixar que a chama perca o brilho pelo caráter vetusto de certas verdades, ou que se perca o essencial: aquilo que nasce do coração.

Nessa medida, aventurou-se Dona Rosinha, uma vez mais, de uma forma bem mais atual, a escrever o que segue:


www.gaveta.com.br
Em que gavetas guardarás teus amores?
Na dos afetos, na dos rancores?
Na das lágrimas, na dos valores?
Se acaso não puderes separá-los,
Deixa pra lá!
Melhor abraçá-los: todos.
E jogá-los por inteiro: sem receio
Naquele site dos teus amores verdadeiros,
Transformados em pura poesia.
Repousarão na mais nova gaveta: ainda do coração.
Mas que é virtual.
Que é tão atual!
Que tal?

Pois, assim, Dona Rosinha vai adotando, dia a dia, novos olhares, novos sentires, novos falares.

E essa chama, tal qual aquela outra, permanece constantemente acesa.

Ela se espalha, diuturnamente por aonde Rosinha vai, sem importar-se com data comemorativa. É ela a própria comemoração permanente. Como, aliás, deve também ser a outra que se mantém viva quando um chimarrão passa de mão em mão.

Portanto, Dona Rosinha saúda essa chama benfazeja que a acompanha. Difícil seria compreender-se a si e ao outro, se ela acaso não existisse, porque somos produtos de uma evolução constante que pressupõe um olhar sempre à frente; um olhar ardente, abrangente, fraterno, um olhar antigo e novo: um olhar renovado.

Viva a CHAMA CRIOULA e a OUTRA, também!

  


Agora,  para descontrair, vejam como o gaúcho, de forma jocosa, abraça a modernidade da Internet.
 

UM CAMBICHO NA INTERNET - João Luiz Corrêa

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

NO EMBALO POSITIVO DA GLOBALIZAÇÃO

Os cantos são diferentes, os timbres mais ainda. As vestimentas e os seus acessórios revelam povos também diferenciados. Culturas e tradições de pontos diversos do Planeta revelam-se aos olhos do mundo. Que privilégio é, hoje, poder assistir, via Internet, on line ou em vídeos, desde os recantos mais distantes, apresentações de canto e dança que demonstram a variedade de etnias, línguas e todo um conjunto de características próprias de povos tão diferentes, mas que se tornaram tão mais próximos.

E essa proximidade faz com que vejamos quão parecidos somos todos, na essência. Esse é um caminho sem volta e, talvez, o único que trará a paz tão almejada.

As questões sociais que nos cercam, tão parecidas com os de outros irmãos, e que a todos afligem, demonstram a similitude da caminhada. Praças e parques tomados por manifestantes possibilitam uma constatação igual para todos: a de que algo não está bem. Somos vistos e vemo-nos nos outros. Isso é um aspecto positivo da globalização. Claro que o conhecimento, através da Educação, é que nos possibilitará discernir o que subjaz a uma manifestação ou a uma revolta. Quais as verdades? Onde há possibilidade de engodo?

Agora, a infindável gama de tradições e culturas de povos diferentes também é, hoje em dia, amplamente mostrada, via Internet. E isso também é um aspecto positivo da globalização. Assistir a apresentações folclóricas de outros países é profundamente enriquecedor e possibilita um intercâmbio de diferentes visões de mundo. Todos terão, consequentemente, possibilidade de preservar o que é seu, mostrando ao outro.

Seria o que se passou a chamar de “globalização do local”. Na verdade, temos hoje instrumentos para criar vídeos, por exemplo, que nos permitem pegar a nossa própria cultura e fazer um upload dela para o mundo. Isso é uma força poderosa na preservação das tradições locais. Quem não quer mostrar suas danças, seus cantos, sua cultura ao outro? Isso, inclusive, fomenta o turismo.

Aliás, essa expressão “globalização local” foi cunhada pelo indiano Indrajit Banerjee, Secretário-Geral do Centro Asiático de Informação e Comunicação de Mídias (AMIC) e ph.D. em Comunicações pela Sorbonne, sendo, ainda, professor em uma Universidade de Cingapura.

São palavras de Banerjee:

“Alguém poderia pensar que a globalização na Ásia significaria se tornar inglês, mas esse não é o caso. O mercado da diáspora significa que você tem jornais internacionais e canais de TV e rádio internacionais completamente baseados em línguas locais. Isso é o que eu chamo de globalização do local. Não é o global que vem e nos envolve. É o local que se torna global”.

Dito isto, é com alegria que recebi de um colega um vídeo, transcrito abaixo, onde pude relembrar os aniversários na casa de minha avó paterna, natural de Berlim, em que uma amiga sua, de nome Frau Hesse, cantava lindas canções tirolesas, com o característico falsete de voz.

Aliás, na Áustria atual, estão revivendo as apresentações de canto tirolês, pois os turistas visitam a região não apenas pelas belas paisagens, mas muito em especial por esse tradicional canto, que andava meio esquecido.

Por aqui, próximos a nós, temos o folclore argentino, muito semelhante ao gaúcho, como se pode observar no vídeo que segue.



Chula Malambo – Integración Gaúcha – Brasil/Argentina

Então, que ressurja a Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, em sua 37ª edição que, por algum tempo, também esteve esquecida, conforme afirmou Júlio Cézar Benites Teixeira, Presidente dessa edição. Disse ele:

“A nuvem pesada que ameaçava a Califórnia, agora, descansa no horizonte longínquo e dá lugar à lua cheia que emite raios prateados e fluidos positivos nos dando a garantia de sucesso”.

O CTG Sinuelo do Pago, promotor do maior festival nativista desses pagos, considerado patrimônio cultural do Estado do Rio Grande do Sul, levará, novamente, à frente esse evento que acontecerá em Uruguaiana, nos dias 6, 7 e 8 de dezembro do corrente ano.

Já há, inclusive, a confirmação da presença do Ballet Brandsen, da Argentina, (vídeo anexo), reconhecido internacionalmente, que abrilhantará ainda mais essa Califórnia.

Aliás, Califórnia, do hispano-americano, significa corrida de cavalos em que tomam parte mais de dois parelheiros ou, também, competição, festival, conforme registra o Dicionário Gaúcho Brasileiro de João Batista Alves Bossle, edição 2003, p.109.

Será, com certeza, um sucesso essa 37ª edição da Califórnia da Canção Nativa do Rio Grande do Sul, como também o foram as anteriores, desde o distante ano de 1971.


Diante dessa perspectiva de “globalização do local”, não podemos deixar de, nesse embalo positivo, apresentarmos ao mundo o que temos de melhor nas tradições do Rio Grande do Sul.

E já que servimos (numa extensão das façanhas) de modelo a toda a Terra, mantenhamos essa tradição mostrando aos povos dos mais distantes rincões do mundo a riqueza cultural que preservamos e que nos faz tão diferentes deles, porém ainda irmãos.
Show fantástico na Suíça
Tirol Folclore – Innsbruck, Áustria
Ballet Brandsen –ATC (1992) – Malambo
   
 Grupo Rodeio – 03 – Danças Tradicionais Gaúchas
 Grupo Rodeio – 05- Chula


 Gaúchos pelo mundo



segunda-feira, 5 de agosto de 2013

BEM-VINDO, AGOSTO!

 




Para quem nasceu num cinco de agosto, há décadas atrás, este inverno até que não está de assustar. O que surpreende são as diferentes temperaturas que perpassam um único dia desse inverno atual. Havia uma continuidade, que atravessava os invernos de então, sem grandes oscilações. Hoje, vai-se de um extremo a outro, de um frio intenso a temperaturas mais próximas do verão, às vezes, num só dia. 

Tudo, ao que se percebe, anda, assim, como que aos solavancos. E nada quase mais nos surpreende. 

As amizades que, aparentemente são estáveis e definitivas, de repente, não mais o são. Desaparecem, somem com o passar dos anos, restando apenas a lembrança de um rosto que se vai transformando ao longo do tempo, acontecendo de, vez por outra, não se reconhecê-lo mais quando visto em qualquer esquina da cidade.

Tenho a sorte, acho, de manter algumas poucas, é claro, mas que valem ouro. Que se mantiveram ao longo dos anos e que, embora não presentes continuamente, fazem parte daquele rol diminuto que se deve guardar a sete chaves, conforme diz a letra de Milton Nascimento.

Exemplo desse seleto grupo é aquela que me presenteou com um almoço. E eu, quando do convite despretensioso, nem desconfiei dessa intenção.

Que grata surpresa foi para mim! 

Por isso, embora raramente o faça em crônicas, declino aqui o nome da amiga que me comoveu com o seu gesto. Seu nome: Lizete Maestri. Obrigada, amiga!

Agosto para mim é, portanto, um mês cálido. Embora o dia do nascimento tenha sido um dia gélido, ganhei, de imediato, o colo quente e terno de minha mãe. Esse, assim se manteve durante toda a permanência dela junto a mim.

Depois, um longo tempo após, Agosto trouxe o aconchego de uma lareira em companhia de alguém que comigo desfrutou momentos marcantes. Um dia, porém, deparei-me mateando sozinha, ao pé da mesma lareira. As circunstâncias o levaram para o alto. E nesse caminhar do tempo, um dia saiu uma poesia que diz assim:

 
 
TEU OLHAR
 

Quisera poder senti-lo novamente:

A leveza das mãos, o olhar malicioso.

É o que vem à mente

Quando lembro de ti, meu ser amoroso.


Quisera desdobrar o tempo

E voltar de mansinho àquele momento

Da sedução e do beijo roubado,

Conquistado, em meneios orquestrados.


Dei-te amor no momento certo.

Dele guardaste sensações tão fortes, 
 
Que nunca mais esqueceste tal instante.

E eu, pra sempre, ganhei teu olhar amante.


Que pena! Talvez, tu possas ainda espiar-me daí.

Porque eu, daqui, procuro, em cada estrela,

De novo, uma vez mais, teu brejeiro olhar.



Para minha alegria, sobraram duas flores: uma filha, que amo sobremaneira, e uma neta, também amada, que é o futuro incerto, porém promissor.  Mereceram, ambas, as poesias que seguem:



À ESTRELA MAIOR


És minha obra-prima,

Produção rara de encontrar.

Tens todos os dotes que acaso possas almejar.

E eu, todas as rimas para te encantar.


Vez por outra te sinto mais próxima.

Rejubilo-me com o teu falar.

És mote para o meu cantar.

És vida para meu reiniciar.


Tens esperança no brilho do olhar.

És jovem e justa no agir.

Não te atemoriza o renovado partir,

Nem te assusta o necessário continuar.


És para mim o recomeço,
 
O endireitar do avesso,

O devir que a mim encanta,

A esperança que me abranda.


Teus saberes: com eles quero contar.

Teus valores: deles compartilhar.

Teu futuro: dele participar.

Tua vida: acompanhar.


Se te fui surpreendente no versejar por primeiro,

Quero a emoção expressar por derradeiro.

Amo-te com constância e desvelo.

Vejo-te em mim o tempo inteiro.


E assim, qual estrela a brilhar,

Almejo que comeces a partilhar

Tua luz, teu sentir, teu vibrar,

Com todos aqueles que te sonham conquistar.


 
DA JANELA, O MAR.


Olhinhos brilhando, anjinho parece.

Pela mão pega a vó, vem, vem, vem.

Em frente à janela, o que é que tem?

Dedinho aponta o mar que lá vê.


Eu vejo o mar da janela, vó!
 
Parece absurdo? Que nada!

É a pura verdade, que nó!

Ficamos a apreciar o mar que nada.


Entre prédios, no horizonte, o mar se movimenta.

Entre nuvens se redesenha a todo o instante.

Plúmbea nuvem uma ponte inventa.

O mar e a terra, em fugaz instante.


Nuvens se alternam: escuras e claras.

Ondas que mudam de lugar, terra que vai e vem.

Mar de nossas lembranças,
 
Que há pouco tivemos a nossos pés.

Férias que já foram.

Que saudade vem!


Como é belo criar, mente sempre errante.

Que fase da vida é possível assim viver?

Todas, quando se sabe a chama manter,

Vestida de indelével fantasia, pura emoção, imaginação...


Qual arco-íris no céu, em dia de sol e chuva,

É como uma tiara a enfeitar o céu dos passarinhos.

Tudo que é, pode não ser, depende dos olhinhos,

De olhares sonhadores, quais amores em noite de lua.


O segredo é simples, como simples são as crianças.

Basta manter sempre um olhar luminoso.

Perseverar no caminho das estrelas.

E nossa criança interior, brilhando, nunca se apagar.


E desse modo, eu e Nicole a tudo assistimos.

Com um olhar sempre novo, o do recriar.

A cada evento, metamorfoseamos o que vemos.

Vivemos, assim, sempre, a nos maravilhar.



Pois, assim, Agosto chegou uma vez mais: renovado e fraterno nas amizades; filial e profundamente amoroso com os muito próximos.

BEM-VINDO, AGOSTO!




Brightman & Carreras – Amigos para Siempre – Friends Forever
 
 
 
Canção do Amigo – Rui Biriva








------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------------
Comentário via e-mail:


"Muitos ciclos já se passaram; alguns vivemos juntas. Mas tuas perspicácia, sensibilidade e delicadeza permanecem. Basta ler tuas poesias. "


Lizete Maestri