domingo, 30 de maio de 2021

O QUE IMPORTA...

Não é o tamanho. Talvez, até nos cause surpresa, admiração e expresse alguma beleza. O que importa é se a nossa emoção, o nosso sentir foi tocado pela lembrança de algum momento em que aquela imagem fez parte de alguma cena em que éramos partícipes.

Uma “Super” Lua é uma lua grande que é admirada pela sua beleza por olhos humanos.

Aquela lua, porém, que se deitou junto ao casal, iluminando momentos cálidos, esta sim é a que importa, pois deixou um legado inesquecível de emoções.

O céu contém figuras integrantes do nosso dia, que nos levam a um convívio em que nossas emoções são, repetidamente, abastecidas pelas diferentes cores e luzes. E há cores, mesmo na escuridão da noite, pois estrelas brilham ou relâmpagos explodem.

O que importa é estarmos conectados com algo vivo.

Uma tela jamais expressará, através de uma foto, a emoção que nos atinge quando visualizamos a beleza vinda diretamente de um objeto ou daquilo que o céu nos proporciona diariamente.

Uma nuvem que baila com outras tantas, traçando desenhos ao sabor dos ventos, é algo bem diferente daquela outra nuvem que nos ameaça, por conta e risco de não sei quem, suprimir todas as fotos e diálogos que guardamos, com carinho, em nosso celular.

Que nuvem tirânica essa! Mais tirânicos são os que se usam dessa possibilidade para apagarem lembranças e imagens que suprem nosso interior afetivo.

Prefiro ficar com a primeira nuvem, pois, embora longe, serve como alimento para o sonhar, para o criar, para o suprir meu “eu” tão ávido por imagens que, em um dia ensolarado, navegam lentamente.

Na mesma medida de deslumbramento, as estrelas que cobrem o céu transmitem desenhos e luzes que iluminam nossas noites e nos oferecem um espetáculo que favorece a nossa imaginação a viajar segura e capaz de transpor, poeticamente, realidades desconhecidas pelos amantes da escrita.

O que importa não é o tamanho, nem a distância, mas a possibilidade de observarmos, através do olhar, estes momentos em que a Natureza se apresenta bela e acolhedora. O nosso olhar e a Natureza, ambos, formam a melhor parceria para mantermos nosso “eu” alimentado, pois somos todos seres vivos.

Temos, porém, o privilégio de sermos capazes de refletir. E isto nos diferencia e nos capacita a fazermos uma opção mais racional entre o visível no entorno de nós e o mostrado através de uma tela. Como informação, serve.

Para o nosso sentir, para as emoções que nos habitam, nada supera o observável a olho nu, durante um amanhecer, um entardecer ou, mesmo, durante a noite.

Aqui não se está falando de estudos científicos que exigem tecnologia de ponta para a verificação e acompanhamento de males que afligem a humanidade.

Estamos enfatizando apenas a importância do sentimento que é despertado por imagens da Natureza frente ao nosso olhar, numa simbiose enriquecedora.

Portanto, o que importa é que continuemos preservando a Natureza que nos cerca mais proximamente, bem como aquela outra, bem mais distante, não menos importante, que nos ilumina, nos aquece, nos comove pela beleza oferecida, diariamente.

E isso não tem preço, porque abastece o “eu” interior, contribuindo para o nosso equilíbrio físico, mental e emocional.

A criação literária vê-se contemplada através do fazer literário dos escritores e, em especial, dos poetas que encontram, na imaginação, terreno fértil para suas produções.

Não nos esqueçamos, porém, de que todos desfrutam desses momentos de descontração que propiciam encontros, afagos e parcerias.

E a lua?

Não precisa ser uma “Super” Lua para fazer sucesso. Basta existir, continuar nos oferecendo sua luz e sendo portadora de belas lembranças

Isso é o que importa.

O poema VELHA AMIGA, que segue, confirma sua importância como parceira em momentos alegres e tristes.

 

 


 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 17 de maio de 2021

SEMELHANÇAS...

Todos os dias pousava na mesma janela, na mesma hora. Por entre grades, acostumara-se a andar. De lá pra cá, daqui pra lá. A visita era diária. Após vários minutos, despedia-se com um até logo mais, sinalizado por um cantar conhecido.

Sua visita diária era como reconhecer-se importante, necessário e capaz de estreitar laços com não sei bem quem.

Este alguém sempre o observava e invejava este seu voejar diário. As grades não o impediam de achegar-se, sem medo, disposto a despejar ali seu mavioso canto.

Sim, grades não devem nos impedir de voar, pois voar em sonhos é também voar.

O que é o sonho? Um voo ao ainda desconhecido, mas desejado.

A observadora e seu visitante diário são semelhantes.

Um, capaz de voar graças as suas asas que o auxiliam a seguir em frente, voando em busca de alimento, parceria, refúgio.

A outra, capaz de enfrentar o cotidiano sempre em busca daquilo que a satisfaça. Por ser humana, seu capital genético é mais sofisticado. Daí, a possibilidade de voar, através da imaginação, a lugares desconhecidos, adentrando em seu próprio interior criativo e alimentando-se de emoções, prazeres e empatia com aqueles que, também, voam com esta capacidade: a que transcende os limites físicos que nos limitam.

Diante deste cenário, em que a Terra está sendo afetada por vilões vindos de todos os cantos, cabe a nossa imaginação criar redutos de refúgio onde, ainda, persista a esperança.

Como podemos salvaguardar nossa capacidade de sonhar?

Em nossas criativas reservas que se encontram resguardadas em nossa imaginação.

Portanto, imaginar é necessário, é preciso, é saudável. É o que nos permite voar em pensamento e usarmos a imaginação como veículo que nos leve a cenários mais reconfortantes.

Basta de cenas dilacerantes, de protagonistas desalmados, de indivíduos inescrupulosos, de cenas de barbárie.

A alienação não é o caminho desejado, mas há que se buscar um caminho que nos mantenha íntegros emocionalmente.

É preciso seguir o exemplo do pássaro da janela. Estreitar vínculos como forma de sentir-se necessário e capaz de modificar cenários reais pela imaginação que alimenta nossos sonhos e que nos faz voar até o próximo amanhecer. Tudo em prol da saúde que nos mantém vivos e partícipes de uma sociedade melhor para todos que a integram.

Inspire-se no passeio matinal do pássaro que não tem medo das grades. Elas não são obstáculo a quem busca, no pensamento, a reflexão necessária antes do voejar matutino.

Nada melhor do que um poema para expressar toda a importância de mantermos acesa a PAIXÃO, ela que alimenta nosso recomeço diário.

Claro, lembrando que somos bem mais do que aquele pássaro visitante, pois somos capazes de transpor quaisquer grades. Em especial, as internas que, muitas vezes, nos aprisionam.

 



 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 9 de maio de 2021

NAVEGUE...

 


Pouse o olhar naquela nuvem.

Acompanhe o voo do bem-te-vi entre as árvores.

Siga a mão que oferece amparo. E a outra que pede...

Navegue entre as águas turvas que cobrem aquele arroio tão conhecido.

Procure não contaminar teu olhar com o que vê.

Procure o belo que se encontra no céu que carrega aquela nuvem.

Olhe para o alto!

Olhe para baixo, também, pois cuide para não pisar em falso e cair sobre a calçada imunda que macula o olhar.

Navegue, mesmo que solitariamente, num mar de incertezas.

Navegar é preciso. O navegar dá-nos a impressão que as águas nos ajudam a seguir em frente. O caminhar parece que, atualmente, está proibido. Navegar, porém, mantém nossos sonhos, expectativas, possibilidades, alternativas e desafios na esfera do plenamente possível, pois viver é preciso.

Como viver sem sonhos?

Nosso eu interior clama por construir caminhos que nos possibilitem seguir em frente.

Somos um e todos ao mesmo tempo.

Carecemos do olhar do outro.

Como subsistir individualmente?

Temos no convívio humano nossa sobrevivência psíquica frente aos dilemas do cotidiano.

Navegar é preciso. Não importam quais sejam as águas. Importa, sim, quem nos acompanhará nesta caminhada. O confinamento não serve a ninguém.

Que nossos olhos e mãos nos sirvam para olharmos o irmão e dar-nos as mãos em busca de soluções.

Troquemos as lágrimas de desalento por outras de satisfação e alegria pelos encontros nas esquinas deste caminhar cotidiano.

Navegue pelos pensamentos positivos, pois eles são muitos e, somente eles, levar-nos-ão ao encontro das respostas aos nossos anseios e questionamentos.

Abra a janela e navegue o olhar sobre o pomar do vizinho que encobre belezas que, antes, não te despertavam qualquer sensação.

Hoje, porém, recluso a quatro paredes, o olhar encontra alento numa beleza que sempre estivera ali.

Momentos negativos, que se somam, podem e devem ser banhados por ondas positivas que facilitem nosso navegar por águas tão turvas que nos cercam.

O brilho do Sol, mesmo em meio a nuvens, oferece a luz que nos anima, reconforta, regenera e alegra nossos momentos solitários em que o “eu” emerge e alimenta de sonhos nosso viver cotidiano.

Belinha, neste final de tarde, está reclusa, porém presente às energias que chegam até ela do Sol, pela janela, que lhe é oferecido, gratuitamente.

É a Natureza a nos acarinhar. Ela que é, também, nossa mãe.

Este Universo, ainda desconhecido, tem, nos astros que o integram, segredos que devemos admirar, pousando nosso olhar e abastecendo nosso “eu” com perguntas, indagações ou, simplesmente, com um puro êxtase tamanha a beleza que apresentam.

Neste Dia das Mães, nossa Terra e toda a Natureza que a compõe, devem ser homenageadas.

Agradeçamos a elas que nos oferecem guarida neste caminhar cotidiano.

De dentro de nossas casas, agora restritos, navegamos em pensamentos e percebemos a importância de construirmos juntos condições melhores à Natureza, considerando que todos nós dela dependemos para uma sobrevivência plena e saudável.

Ela é uma mãe que acaricia, mas que, também, impõe regras e limites para um convívio harmônico com todos os seres que habitam este planeta.

Este pequeno ponto no Universo merece, igualmente, nosso respeito e cuidado.

À Natureza, que o faz vivo e pleno, nosso agradecimento e saudação respeitosa neste Dia das Mães. Devolvamos a ela todo o carinho com que, um dia, nos acolheu.