terça-feira, 28 de dezembro de 2021

VIRADA?



Um sol que ilumina esta bela tarde. Logo mais, desaparecerá.

Logo, virão a lua e as estrelas. Talvez, apenas a lua. Quem sabe, somente as estrelas.

À noite, teremos nosso sono diário, pois tudo segue uma rotina constante a que já nos acostumamos.

A cada novo amanhecer, nossos olhos abrem-se.

Este movimento contínuo revela-nos que o hoje veio de ontem. E o amanhã surgirá do hoje.

Portanto, por uma questão de ordem e para que não nos percamos na linha do tempo, criamos uma contagem anual desse tempo que nos acompanha.

Com o abrir e o fechar de olhos, diariamente, deveríamos ter uma renovação constante de esperança e a certeza de que, a cada novo dia que surge, iniciamos uma nova etapa de nossa caminhada terrena.

Portanto, esse depósito de esperança, que se faz em cada novo ano que surge, é apenas um reforço no ato de lembrarmos de que cada dia traz a possibilidade de concretização de desejos e sonhos acalentados nos dias que antecedem cada novo amanhecer.

É compreensível que dividamos o tempo em anos, considerando todas as nossas atividades humanas nos planos de trabalho, nos planos empresariais, políticos e de normas de conduta ditadas e observadas, sob pena de repreensão ou mesmo de punição para os transgressores.

Os fatos têm que serem catalogados com hora, dia, mês e ano, para que sejam observados e acompanhados, se houver necessidade, por quem detém esta função.

Agora, aquela menininha de outrora nem sabia se o calendário já tinha sido substituído. Sabia apenas que Papai Noel já tinha chegado, deixado presentes escondidos, provavelmente, atrás da porta da sala. Isto bastava.

Hoje, distante da infância querida, acredita no presente maior e melhor que lhe é oferecido, diariamente, por AQUELE que dispensa calendários, pois está presente diuturnamente. VIVER é um privilégio.

Apenas por tradição, respeitemos este apagar de luzes de um ano, considerado velho, por outro, “novinho em folha”, um termo já em desuso.

Aliás, isto prova que o tempo passa ininterruptamente. Aquela menininha de ontem acredita, hoje, que a VIRADA acontece diariamente.

São tantos os eventos felizes ou desastrosos que ocorrem ao longo dos dias e noites.

Todos eles, em sua totalidade, mudam cenários.

Para que não nos percamos no tempo desses acontecimentos, criamos as datas, tão necessárias, em que ocorreram.

Não sou contra as datas. Sou contra aguardar para depositar, em cada novo ano, toda a nossa esperança de que mudanças aconteçam no cenário com o qual convivemos.

O desejo e a esperança de mudanças têm que nos acompanharem desde cada amanhecer.

Como saudação ao novo ano que se inicia é válido este compartilhar com os amigos.

Afinal, nossa vida é regida pelo tempo.

A esperança, porém, deve ser mantida por nós ao olharmos o céu que nos cobre a cada amanhecer, esteja ele azul, cinzento, nevoento ou escuro.

 


 

 

 

 

 

terça-feira, 14 de dezembro de 2021

BUSQUEMOS O BELO



O céu nos cobre sem limitações. Um céu azul ou cinzento. À noite, um céu iluminado ou ameaçadoramente escuro. Nossos olhos repousam nessas imagens.

Das janelas, dos jardins ou dos parques buscamos com o olhar respostas para os momentos do nosso cotidiano.

Nosso convívio, infelizmente, com o pulsar dos dias e noites está cada vez mais restrito.

O sol, que adentra a sacada, vê-se dividido em pequenos triângulos que cobrem nossas janelas.

Elas, as conhecidas grades, são um péssimo adorno que encobrem as belas cortinas que enfeitam o lugar onde nos debruçávamos para apreciar o livre voejar dos pássaros.

Como poderemos interagir com o bem-te-vi que vinha nos visitar todas as manhãs?

Ele ainda vem, mas não mais nos encontra. Estamos enclausurados.

À noite, nosso olhar vislumbra, entre grades, nossa companheira de momentos idílicos e marcantes em nossa caminhada. Ela, a Lua, que tinha acesso fácil a nossas moradas, hoje, igualmente, é vista sem o romantismo de que sempre foi cercada e sua plenitude é buscada pelo nosso olhar entre as grades que nos cercam.

E as estrelas?

Essas, mais ainda, não nos chegam em sua plenitude, pois nosso espaço visual diminuiu. Elas, as grades, dificultam nosso deleite com tantos pontos iluminados que nos chegam do céu.

Serão as grades a herança que deixaremos a nossos filhos? A confiança, o respeito, a punição efetiva a tantos transgressores voltarão algum dia?

Considerando-se o que vem acontecendo pelo planeta, outro fator a nos impedir de apresentar nossa imagem real, a quem conosco interage, é termos licença de somente mostrarmos os olhos.

Com as grades, os olhos buscam espaços por onde possam acompanhar os movimentos que acontecem nos céus.

Agora, com as máscaras nossa fala vê-se tolhida. E o aroma da flor, entregue pelo galanteador, perdeu-se pelo ar.

O que mais de nós será tirado?

Acredito que o medo seja o resultado dessas imposições.

Estamos cercados pelo medo.

É difícil, portanto, reagir a este estado de coisas.

Se o objetivo era este, está sendo alcançado.

Se a real compreensão e o raciocínio, porém, permanecerem, acredito que possamos reagir.

A impunidade em todos os segmentos da sociedade e sob as mais diversas roupagens e esferas tem que ser combatida.

Abramos as janelas para o nosso cotidiano, sintamos o aroma das flores, ouçamos o canto dos passarinhos e a voz, plenamente audível, do nosso interlocutor.

Olhemos para o outro como um irmão que, como nós, é um sobrevivente do caos que, por ora, nos influencia.

Por aqui, espero que continuemos cuidando do nosso Planeta.

Controle e vigilância sobre quem nos administra são fatores que devem ser cobrados constantemente.

Os versos do Hino Sul-Rio-Grandense, que seguem, servem de alerta:

Mostremos valor, constância

Nesta ímpia e injusta guerra...

A união de todos pode definir o sucesso da luta do bem contra o mal.

Enquanto isto, a Lua e as Estrelas aguardam que continuemos nos emocionando com suas aparições, pois o belo é o que nos acalenta e nos prepara para os embates diários.

Segue um agradecimento à Lua.