domingo, 13 de maio de 2012












QUE PODER!

Um olhar brilhante e a confirmação do desejo acalentado. A expectativa e os cuidados que se seguem. As forças sacadas das entranhas e a lágrima que escorre, cheia de amor e já plena de afeto. Isso se chama poder. E que poder! 

Esse é o poder verdadeiro. Aquele que gera, alimenta, cuida, protege, cria, educa, brinca, orienta, acompanha, abriga e mantém. Aquele que não adormece, quando se faz necessário. Aquele que ama, tolera e é, por vezes, indulgente, quando assim avalia ser possível. 

Não se enganem porque também é um poder que cobra, que adverte, que pune, embora alicerçado no amor pela cria. 

Sim, porque, no início, éramos mais crias a correr pelas hordas nômades. A evolução do Homem, porém, estabeleceu à mulher um papel agregador e cuidador, como características predominantes. Somaram-se a essas a sensibilidade, a emoção, a intuição, a cooperação e a solidariedade. 

Saliente-se que esses valores pertencem a ambos os gêneros. Porém, coube a elas, por fatores históricos, serem aqueles seres que, por gênese e por circunstâncias, apresentaram esses elementos mais visíveis e atuantes. 

A partir do surgimento da propriedade e do Estado, esses princípios começam a perder relevância, dando lugar à necessidade de força física para garantir espaço. E a transformação vai-se impondo e os princípios que passam a reger as sociedades já são de caráter mais masculino. Os mais fortes lutando pelo espaço conquistado e abrindo possibilidade para as primeiras lutas entre os humanos: as guerras pelo poder de mando e de exploração dos mais fracos. 

Nesse sentido, a mulher foi perdendo espaço na sociedade como elemento atuante, agregador e de possível cooperação, visando a um fraterno convívio dos seus com os outros. 

Aqui, porém, não interessa a caminhada da mulher. O que nos move é a caminhada da mulher/mãe. 

Essa é a mesma desde os seus primórdios, pelo menos no que diz respeito ao amor, ao cuidado, ao aconchego junto a si, à proteção do ser oriundo das suas entranhas. 

A História recente, e a não tão recente, tem nos mostrado exemplos de mães obstinadas, que jamais se esquecem de seus filhos. Continuam elas a buscar o destino final daqueles filhos que se foram de maneira inexplicável. Aqueles que sumiram. Também jazem aos pés deles, quando nada mais há a fazer. Continuam alimentando-os, quando nada mais há a oferecer. Continuam doando-se, quando ainda há uma possibilidade de mantê-lo vivo. Ou quando, por fim, sucumbem juntos diante da estupidez de qualquer guerra, sob qualquer fundamento. 


Uma exortação às mães, para que se mantenham poderosas no ato de gerar e firmes nos seus princípios e valores, pois serão eles, somente eles, os únicos capazes de reconquistar para a Humanidade a capacidade de indignação e de uma consequente mudança de rumo. Princípios esses que, alicerçados no AMOR, poderão nos tirar do abismo em que estamos metidos.


Parabéns a todas as mães nesse Dia Especial. 






P.S.: 

Pena que, por vezes, esses princípios todos não são suficientes para estancar, nas crias, uma caudalosa cachoeira de malfeitos. E o poder, daí, passa a ser outro. 

Pobres mães!

Façamos, também, um esforço para esquecermos as mães que se afastaram do caminho virtuoso, deixando seus filhos ao abandono ou cometendo crimes bárbaros. 

Pobres mães!







Miséria na África


Crônica: "Um Amor Ilimitado" - Autor: Dr. José Camargo - Fonte: Zero Hora de 12 de maio de 2012