Mostrando postagens com marcador proteção. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador proteção. Mostrar todas as postagens

domingo, 7 de novembro de 2021

QUAL DELAS?



Olhos que continuam buscando imagens. Elas estão em todos os lugares.

No céu, no chão, no pátio do vizinho, na quitanda da esquina, nas ruas por onde caminhamos, em meio ao trânsito, também acontecem.

Por vezes, depositamos nosso olhar em outro olhar. Se sorrimos, talvez, o dono deste outro olhar perceba que nossos olhos ficaram levemente franzidos. Seria uma prova do gesto de sorrir. Talvez, o aceno positivo com o polegar reforce este gesto.

Por ora, ainda podemos sorrir, embora não possamos mostrar nosso sorriso enfeitando nosso rosto.

Qual o enfeite visual, corpóreo, que ainda dispomos?

Aquele enfeite, que brota das entranhas e explode iluminando nosso rosto, está proibido por ora.

Até quando?

Olha pra mim!

Quero ver aquele sorriso maroto.

Ou, quem sabe, aquele outro meio torto.

Na dúvida, não sei bem quem é este outro.

E todo o cuidado é pouco.

Mas sorria, de qualquer jeito, porque dele preciso tanto!


De qualquer maneira, ainda posso escolher qual tipo de sorriso vou entregar a quem, também, parece sorrir com os olhos.

O que será melhor?

Deixar de sorrir ou manter esta atitude que nos faz humanos?

Mesmo com ela, aquela que nos impede de mostrarmos a face por inteiro, acredito que, ao perseverar com o gesto de sorrir com os olhos, este será o caminho para que mantenhamos as emoções dos encontros fortuitos ou não.

Talvez, este comportamento, exigido por ora, revele a importância de um sorriso e o quão é benéfico para quem dá, quanto para quem recebe.

Este seria um aspecto positivo trazido por ela: a máscara.

Outros fatores positivos foram já, sobejamente, mencionados pela Ciência. Tudo isto levando-se em conta que sejam verdadeiros os estudos até agora realizados.

Ao que parece há nomes expressivos nesta área comprometidos com a erradicação deste vírus que, por ora, ainda assola populações pelo mundo afora.

Por mais algum tempo ainda teremos que adotá-la como salvaguarda de nossa saúde. Pelo menos, a física.

Há, porém, uma outra, de mesmo nome, que sempre existiu e continua existindo. E faz parte de alguns seres humanos.

E, com certeza, é perigosíssima. Não se mostra, não a vemos. Esta, sim, é bastante deletéria.

Um sorriso estampado, num belo rosto, pode contê-la.

Contra ela não há vacina ou qualquer espécie de remédio.

Estamos todos nós à mercê de possíveis contatos com ela: travestida de amigo(a).

É a máscara da inveja, da desfaçatez, da dissimulação, da desonestidade.

Acredito que seja fácil escolher qual a pior.

Tenho a convicção de que esta última é a pior.

A primeira foi criada para nossa proteção e tem um tempo para sua extinção.

A segunda faz parte de alguns seres humanos. Seu tempo de extinção acompanha o do seu possuidor.

A esperança é de que nós, seres humanos, ao longo do tempo, evoluamos no sentido de que se estabeleça o bem comum como meta. Dessa forma, sairemos evoluídos o bastante para seguirmos em frente, buscando o melhor para si e para o semelhante.

Todos sem aquela máscara: a escondida.

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 28 de dezembro de 2020

SORRIA...



Aprenda a sorrir com seus olhos. Embora seu sorriso, por ora, tenha se tornado invisível, não desista de sorrir. Ele é a possibilidade de desaguarmos nossas emoções. A alegria e a tristeza podem obter benefícios quando sorrimos. Através dele, aplaudimos nossas ações de mérito ou, mesmo, seguramos aquelas lágrimas que teimam em brotar por fatos alegres ou tristes.

Este recente adereço, que nos enfeita o rosto, tem possibilitado, segundo algumas jovens, a possibilidade de pousarem seus olhares sobre outros olhares, assegurando a elas certa proteção quanto à direção para onde esse olhar pousou.

Para as mais experientes, não tão jovens, este mesmo adereço do “novo normal” tem proporcionado a possibilidade de esconder as tantas rugas que já vão aparecendo.

Quem não deve estar gostando disso são as farmácias que preparam os cremes dermatológicos, pois agora seu uso tornou-se quase desnecessário. Pelo menos para quem costumava usá-los como parte da maquiagem do dia a dia.

Ah! E o alerta, nos estabelecimentos, SORRIA! VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO: perdeu total sentido.

Este adereço, porém, não é o objeto desta reflexão.

O que se impõe, nestes tempos em que o dia de amanhã encerra contínuas incertezas, é a certeza de que devemos manter nosso rosto iluminado pelo sorriso que, embora não seja visível, faz toda a diferença, principalmente, para quem o mantém como uma espécie de proteção contra os males, as injustiças e um desassossego generalizado que está a nos roubar a paz interior.

O nível de agressividade, de um transbordamento das emoções negativas, pode ser atenuado pela conscientização de que sorrir passa a ser um remédio.

Quando Belinha recebeu um bom-dia, abafado pelo novo adereço, ergueu o rosto e pousou seus olhos sobre quem a havia cumprimentado. Já com os olhos sorrindo, apertadinhos, respondeu àquele quase pedido de alguém que queria ser visto, ouvido e atendido.

Embora não conhecesse o tal passante, respondeu prontamente, pois ainda nos sobrou esta forma de interação com o outro. É claro, com a devida distância, pois a proximidade é um fator assustador. Pelo menos, por ora.

A par desse encontro real, lembrou-se de outros tantos em que a imaginação criou uma oportunidade irreal para sorrir de um momento apenas sonhado, mas que abortado da própria imaginação. Hoje, é motivo de um riso que é um desabafo. Uma frustração que se serviu desse remédio, que nos acalma, proporcionando àquela jovem a dimensão da real importância daquele olhar, que queria tivesse existido.

Hoje, este sorriso, gravado na memória e expresso num suave mexer dos lábios, devolve-lhe a esperança de que novos possíveis olhares estarão sempre de prontidão a qualquer momento, em qualquer lugar.

Sorrir-se de si próprio é um remédio ameno e sem efeitos colaterais. Ao fazê-lo, já elaboramos, previamente, todo um raciocínio em torno de nossa própria participação naquele episódio. Então, trata-se apenas de jogá-lo fora, ao vento.

Sorrir para o outro já é um novo começo.

Quem sabe...

Agora, sorrir do outro já encerra alternativas difíceis de mensurar. Somente frente às situações que ensejarem tal atitude é que se poderão antever possíveis reações.

Fiquemos com o sorriso que cumprimenta. Aquele que nos ilumina como o Sol que brilha, levando alegria através dos nossos olhos. Eles que ainda permanecem descobertos e prontos para novos encontros.

Novos olhares serão sempre bem-vindos.

E se expressarem um sorriso: melhor ainda.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 2 de novembro de 2020

SOB AS ASAS...


Quem se sentiu assim, sob as asas, sabe do que se está a falar. Aquela proteção, que vamos reconhecê-la bem mais tarde, é que nos dá a dimensão do valor de quem nos protegeu.

Belinha traz viva em sua memória todos os momentos que, ao longo dos anos, somaram-se, perfazendo esta caminhada de lembranças boas; outras, nem tanto. Todas serviram, porém, para amealhar alternativas para as etapas que se sucederam neste trajeto chamado VIDA.

Toda a proteção deve ser usada para que aquele pequenino ser possa alçar voo, com segurança, quando a maturidade bater à porta.

Neste dia especial, lembremos, com saudades, de todos os que conosco estiveram durante o tempo que lhes foi permitido estar.

Não esqueçamos, porém, que ainda somos caminhantes. Embora livres e já amadurecidos pelo tempo, ainda assim precisamos de proteção. Onde estará a proteção de que precisamos para vivermos, hoje, num coletivo tão ameaçador? Onde estarão nossos defensores?

Liberdade e proteção podem e devem andar de mãos juntas. Uma não exclui a outra. A verdadeira cidadania é quando a liberdade lhe é oferecida, mediante retidão nas atitudes e a consequente proteção como contrapartida.

Conclui-se que seremos, sempre, em algum momento da caminhada, seres carentes de proteção.

Na medida em que assim nos situamos e compreendemos nossa passagem por aqui, nosso olhar deter-se-á naquele vão de escada onde jaz um igual a nós.

Terá tido sobre ele as asas que o protegessem?

Para quem as teve, as alternativas para buscar e mesmo exigir proteção para os dias de hoje são um caminho no ato da escolha dos dirigentes no pleito que se avizinha.

Belinha lembrou-se da antiga função dos pombos. Remotamente, os pombos serviram como transportadores de correspondência sob suas asas. A proteção necessária para que as cartas chegassem, de forma segura e a tempo, eram as asas desses ancestrais animais chamados, à época, de pombos-correios.

Pois, ao que parece, eles ainda permanecem com esta função. Apenas que de forma camuflada, carregando mercadorias ilícitas, com a vantagem de sua chegada ao destino de entrega ser silenciosa. Diferentemente dos drones, chegam “de mansinho”.

Pois é! SOB AS ASAS lembra-nos da proteção dos nossos pais e, também, daquela fornecida pelo Estado, com que o cidadão deve contar. Sem esquecermos, é claro, da proteção do Criador que nos sustenta no aqui e no além.

Lembremos, por oportuno, que o nosso Hino da Proclamação da República, em quatro de suas estrofes, clama para que a LIBERDADE abra as asas sobre nós, conforme segue:


Liberdade! Liberdade!

Abre as asas sobre nós!

Das lutas na tempestade

Dá que ouçamos tua voz!


Mantenhamos a parceria Liberdade e Proteção para o bem de todos os cidadãos.

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 26 de dezembro de 2016

UM ENCONTRO INESPERADO



Fazia já algum tempo que não a encontrava. Numa escada, ao descer, topei com ela. Durante a infância, encontrava com ela seguidamente. Eu, bem pequenina. Ela, também. Eu cresci um pouco: não muito. Ela, porém, permanece como antigamente: pequenina.

Ela trazia-me, à época, a sensação de fragilidade.

Hoje, ainda assim se encontra: frágil.

Talvez, por isso, tanta emoção senti ao vê-la. Ou, quem sabe, por fazer parte daquela etapa da vida em que tudo era surpresa, admiração e deslumbramento com as coisas pequenas. Olhos de criança que se detinham para observar mais. Por pura curiosidade, é claro. Não sei dizer exatamente. Tampouco, tenho explicações. Só o que sei é que há milhares de seres frágeis que hoje estão sendo exterminados sem dó nem pena. Não terão a possibilidade de guardar na memória e reviver cenas da infância como esta que revivi num degrau de uma escada, na antevéspera do Natal.

Época mais propícia: impossível. É quando distribuímos mensagens de amor, paz e esperança.

É quando muitos se solidarizam com os mais fracos, em especial as crianças, promovendo ações de ajuda. Mas há os que nunca as promovem, em época alguma. E há, por desgraça, os que dizimam, ferem e matam ao longo de já vários anos.


Onde buscar a esperança?

Dentro de si, pois ela é a nossa capacidade de ir atrás, de não desistir, de não ficar esperando. E o caminho? Cada um saberá qual seguir.

Cada um, na sua aldeia, metaforicamente falando, saberá quais ações empreender para preservar nossas crianças e jovens do infortúnio de não terem imagens infantis para reviverem, pois cenas de guerra apagaram sua infância. Muitas vezes, tombando pobres inocentes pelo caminho da vida.

Salvemos, no que for possível, aqueles que estão próximos a nós. Quanto aos filhos das guerras fratricidas, seus algozes receberão as penas devidas quando do Julgamento Final.

Viver é perigoso, já dizia Guimarães Rosa. Se contarmos, porém, com atitudes e ações de quem não apenas olha por olhar, o caminho ficará menos pedregoso para quem transita por esta margem da estrada.

Olhemos ao redor, fixemos o olhar por debaixo da marquise, não pisemos no cobertor imundo que protege do frio, exijamos dos órgãos competentes ações que ressocializem tantos indivíduos ainda potencialmente produtivos. Contribuamos, de alguma forma, com ações coletivas que visem este desiderato.

E quanto aos dilapidadores do patrimônio público e às organizações criminosas, de quaisquer matizes, que a Justiça delas se encarregue.


Aproveitemos o Natal para fazermos uma reflexão sobre como andam nossas atitudes frente às mazelas que nos cercam.

Proteção é tudo o que o ser humano mais deseja. E para isto é necessário que tenhamos um olhar compassivo, mas, também, direcionado à solução dos problemas que envolvem tantos excluídos.

Necessidade de proteger foi o que o meu olhar sentiu (porque o olhar não deve apenas enxergar, mas sentir) quando, ao descer a escada, vi uma JOANINHA arrastando-se, perdida no granito, longe do seu habitat.

Abaixei-me, coloquei meu dedo para que subisse. Por não me reconhecer, pois já não guardo a fantasia e a inocência dos meus três anos, dispensou minha ajuda. Pedi, então, à jovem, que atendia a portaria, que trouxesse uma folha de papel, para que a mimosa subisse. Imediatamente, fui atendida e a minha JOANINHA salva. Colocamos a pequenina no jardim, junto a uma flor que desabrochava. E lá ficou ela. Acho que feliz!

O que me surpreendeu foi a atitude da jovem, que passou sua mão sobre o meu braço, dizendo que achar uma JOANINHA traz sorte. E ela queria um pouco.

Sinceramente, não sabia disso. Fui pesquisar. Se é verdade o que li, fui sempre bafejada pela sorte, pois as JOANINHAS sempre fizeram parte da minha vida.

E encontrar esta, na antevéspera do Natal, foi o melhor presente!

Que continuem aparecendo outras tantas JOANINHAS pelo meu caminho!

Que elas, como símbolo de felicidade, de amor, proteção, renovação, harmonia e equilíbrio nos acompanhem neste novo ano que se inicia daqui a pouco.

E para esperançar nossos corações, atentem para a letra do samba Juízo Final de Elcio Soares e música de Nelson Cavaquinho.


É o que, firmemente, aguardamos que aconteça.






Juízo Final – Nelson Cavaquinho e Elcio Soares – 1973







terça-feira, 27 de setembro de 2016

TÍTULO? PARA QUÊ?






Com os dedos pega porções do alimento que restou naquela embalagem ali deixada.

Sentado no meio-fio da calçada, faz companhia àquele ipê amarelo, todo florido. Uma árvore, um homem, uma fome.

Algumas flores, já caídas ao chão, formam um pequeno e belo tapete junto àquele homem. Ele, porém, não tem olhos para o que o cerca. A sensibilidade para o belo cedeu lugar ao instinto mais primitivo que poderá mantê-lo vivo: o ato de comer. Só aquele que tem garantida a satisfação dessa necessidade é que pode dar-se ao luxo de sensibilizar-se com esta visão.

E por que escrever sobre isto?

Porque a palavra serve para expressar nossos mais profundos sentimentos.

Às vezes, um gesto basta. Alcançar o alimento a quem tem fome. Em outras, é preciso mais.

É preciso juntar sentimentos, palavras e ações para modificar a letargia a que estamos acometidos. Nós, a humanidade como um todo.

Um barco, um mar, um corpo indefeso, um menino morto estirado numa praia, uma imagem para sempre gravada na memória. Outros tantos corpos já foram tragados pelo mar.

Parte de uma cabeça, sob os escombros, revela a existência de um bebê: único sobrevivente de sua família.

Outro sobrevivente de apenas quatro anos de idade, com o rosto ensanguentado, aparece sentado, passando a pequenina mão sobre o rosto para retirar o sangue, revelando uma postura de adulto. Embora com pouco tempo de vida, já enfrenta, com certa impassibilidade, o terrível momento por que passa.

Reuniões e mais reuniões: anuais e de emergência. Discursos e mais discursos. Palavras vãs, mentirosas, ardilosas, interesseiras, aparentemente consternadas. Elas, as palavras, dependem de quem as profere. Sobrevivem ou são esquecidas, são sinceras ou eivadas de falsidades.

 
Na cena do ipê amarelo, poderia acrescentar que aquele homem, após o ato de comer, deixa ali atirados sobre a calçada a embalagem com algum resto de comida que não mais interessa.

Prefiro adornar a cena com as cores amarelas do ipê. Será um mendigo, um desempregado, um incapaz, um malandro? Não sei. Fiz a minha parte. Coloquei a comida que restara da janta. Ainda em boas condições de ser aproveitada. Na manhã seguinte, da janela meu olhar captou aquela imagem e quis descrevê-la em palavras. Será que fiz mesmo a minha parte? Acho que a letargia tomou conta de cada um de nós. Talvez tenhamos, mais uma vez, a possibilidade de cobrarmos, pelo voto, a ação de quem nos representará nesta cidade, que está perdendo o seu sorriso pelo qual era conhecida.


Quanto às cenas desta guerra na Síria, que já dura cinco anos, não há árvores em pé, muito menos floridas. Os destroços, os escombros, os corpos, os seres humanos que restam e os que conseguiram escapar ou aqueles, ainda, que morreram pelo caminho, são reveladores de que as palavras, apanágio do ser humano, são usadas a bel-prazer de quem as pronuncia ou as escreve em contundentes discursos vazios e hipócritas.

O que esperar desses seres manipuladores que permeiam a sociedade humana?

Nada de bom há de vir. Convém, porém, atentar-se que o sofrimento de milhões de seres humanos, em um determinado momento, há de retirar da letargia alguns outros milhões que, por receio do mesmo fim, levantem-se e sejam porta-vozes de uma Carta Constitucional Global que a todos proteja e que aponte novos rumos para a humanidade: já exausta. A palavra, atributo maior, único e exclusivo do ser humano, usada com este propósito protetor representará a redenção da humanidade.

E, quem sabe, só então o ser humano atinja a PAZ.

Aí, sim, valerá a pena dar um título a esta crônica: A CARTA REDENTORA.

Utopia? Talvez!

Comecemos pelo nosso entorno. Por combater a violência que já se arrasta por tempo demais. Isto já será um avanço e uma perspectiva de melhores dias para todos nós.



A PAZ – Roupa Nova