domingo, 30 de janeiro de 2022

O JEITO É ... DRIBLAR!


Aquele pezinho, sempre, pula aquela pocinha d’água.


E as calçadas irregulares? Paulinha caiu de cara no chão, depois de tropeçar naquele desnível de calçada por onde transitava.

E aquele pezinho que tenta imitar o jogador, ídolo do seu time?

Tem aquele outro pé que não pisa na joaninha que se atravessa na calçada. Paulinha já conhece o caminho daquela joaninha que passeia todas as manhãs, buscando alimento.

E a resposta daquela senhora ao telefone? Nunca diz a palavra “sim” ao atendê-lo. Somente diz “pronto”?

E aquele pé já treinado em deslocar o parceiro de uma jogada e que busca o fundo da rede?

E aquela troca de calçada quando surge um elemento de estranhas atitudes?

Também tem aquele olhar que, driblando o parceiro ao lado, alcança outro olhar que se aproxima, lançando, quem sabe, a esperança de um encontro algum dia?

E aquela peça de roupa mais folgada que dribla uma “gordurinha” indesejada?

Tem, também, aquela voz sensual que atende ao telefone e que dribla o seu interlocutor, parecendo uma jovem quando, de fato, não é.

E aquela voz que responde a um cumprimento, driblando a vontade de não o fazer.

Tem, também, aquela manifestação favorável ao status quo, mas que dribla a verdadeira vontade de, efetivamente, xingar seu oponente.

Paulinha tem percebido, com intensidade, situações de drible dos participantes de nossa sociedade.

Talvez, a própria pandemia tenha favorecido esses momentos em que as atitudes se misturam ao medo, ao receio, ao fato de que driblar certas situações é o que resta fazer, para que ações sejam recebidas sem conteúdo ideológico.

No futebol, o drible é muito bem-vindo, sendo um atributo de qualidade do jogador que possui esta característica valiosa para um profissional da bola.

Na época atual, como nunca dantes, esta característica humana tem sido de extrema valia.

Há quem não tenha tomado a “famosa” vacina e pense ter driblado a doença.

Há quem tenha tomado e pense ter driblado, mas ao que parece o drible falhou.

Há quem tenha certezas, mas que não se confirmam, tendo, igualmente, o drible falhado.

Nunca a “figura” do drible foi tão sugestiva em várias situações do nosso cotidiano.

Há quem pensou ter um aumento, mas os reajustes foram tantos que ficou no prejuízo. Foi, com certeza, driblado por governantes inescrupulosos.

E aquela compra que nunca chegou?

E aquela declaração de amor que era apenas um drible na confiança de um dos parceiros?

Portanto, drible bom é aquele que leva a bola ao fundo da rede, com goleiro e tudo.

O melhor de todos, porém, é aquele em que a mente, habilmente, dribla situações estressantes, libertando o cidadão dos pensamentos negativos, da tibieza frente aos obstáculos inerentes ao seu cotidiano.

Paulinha acredita que este é, no momento, o mais importante de todos os dribles.

Persistir de forma resiliente, driblando situações estressantes para que a sobrevivência seja algo gratificante.

Que possamos alcançar, ao final de um dia, o fundo da rede que nos liga a tantas pessoas e situações, marcando um golo diário nesta caminhada que nos religa a tudo e a todos. Sempre sob a luz DAQUELE que nos fornece, diariamente, os instrumentos para que nossa mente elabore os passos certeiros para os dribles diários que nos são exigidos.

E se alguém perguntar à Paulinha:

E as tristes imagens de ontem?

Responderá que as driblou, transformando-as em sementes que, jogadas em um novo canteiro da imaginação, florescerão quando os novos tempos vierem.

 

 

 

 

 

 

 

quarta-feira, 12 de janeiro de 2022

ATÉ QUANDO?

Ninguém sabe.

Será que continuaremos vivendo, daqui para frente, como há poucos anos atrás vivíamos?

Um simples cumprimento voltará aos moldes daquilo que nos aproxima pelo contato, pelo sorriso, pelo olhar receptivo, pela satisfação de quem ofertava e daquele que recebia um “tudo bem”?

Esperar o quê?

Difícil é adotarmos esta nova postura de desconfiança, de receio, de controle das emoções, tipicamente humanas, neste cenário posto, sem data para acabar.



E os aromas? Nem pensar.

E os perfumes? Não mais são necessários.

Basta que inspiremos o suficiente para a respiração manter-se adequada.

Claro que a inspiração, diante dessa necessidade de se manter a respiração, deve, como material de sobrevivência, propiciar a inspiração para que nossos versos se tornem poemas. Os poetas sabem o que fazer com momentos de desalento como o que estamos a passar.

Se palavras, neste momento, são difíceis de pronunciar e de ouvi-las, lê-las são uma forma de resiliência diante do caos imposto.

Olhemos para o alto, para o céu que nos cobre, pois lá encontraremos uma força que nos manterá capazes de recriar aquelas nuvens ameaçadoras em passageiras, que se desfazem logo adiante.

E, logo, novos versos surgirão.

Afinal, a Natureza é nossa companheira diuturna. Devemos a ela nosso amanhecer e anoitecer diários.

Portanto, nosso rosto, embora parcialmente coberto, não nos transforma em alienígenas. Somos aqueles seres que, embora sob tensão, mantemos nosso emocional a salvo de maiores sobressaltos.

Temos a ELE como escudo maior e a palavra poética como expressão de nosso sentir diário.

Ela resguarda-nos de confrontos desnecessários. E, quando poética, restabelece nosso equilíbrio emocional porque expressa todo o potencial que dispomos contra as incertezas do amanhã.

A palavra constrói o hoje, que permanecerá para o amanhã, como prova de nossa capacidade humana frente às agruras que vierem a se instalar em nosso meio.

Portanto, não nos importa ATÉ QUANDO?

Embora nossas faces estejam cobertas, nossos olhos ainda fitam o céu que nos cobre e, de lá, ELE é o nosso colírio que manterá nossos olhos piscantes, buscando soluções, plenos de esperança.

ATÉ QUANDO FOR NECESSÁRIO.

Esta é a única resposta.