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segunda-feira, 26 de fevereiro de 2024

TEMPOS VENTOSOS

Quanta ventania!

Um tempo que, permanecendo na lembrança, guarda a importância de uma ventania.

Mesmo que tenha existido em sonho.

E o poema, que segue, é a prova de que ela existiu e cumpriu seu papel.

 


domingo, 5 de setembro de 2021

DECOLAR É PRECISO!



O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se, no dia 24 de agosto de 2021, em uma pista de decolagem, com um “paraporto” que abrigou a chegada de delegações de diversos países. No total, participaram mais de 160 países, incluindo-se o Brasil com a maior delegação composta por 260 participantes entre os mais de 4000 atletas.

Os que ali chegaram estavam prontos para voarem, em busca da realização de um sonho.

O cenário montado recebia os atletas ao som de um vento. Um vento que, ao assoprar, reforçava a ideia de que todos que ali chegaram estavam prontos para voarem.

Lá, presentes, estavam autoridades do país, bem como o Presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, que recepcionaram os atletas.

O assovio do vento representava o dinamismo e a força contra as adversidades. Os ventos mostrados traziam as cores das bandeiras dos países participantes.

O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se em uma sala de embarque. Quem lá chegou é porque alimenta a garra diária de que é possível vencer obstáculos, sejam eles quais forem.

Sabe-se, hoje, que 15% das pessoas do mundo são deficientes. Portanto, este número expressivo de pessoas é movido pela coragem, determinação, confiança e pela luz pessoal que as diferenciam. Se souberem mover-se, como se asas tivessem, serão vencedoras.

O cenário montado pelas equipes organizadoras, bem como a forma em que os atletas foram recebidos nestes Jogos Paraolímpicos de 2020, mereceram aplausos de todos que assistiram à Abertura deste evento.

A importância desses Jogos deve ser ressaltada, pois é uma demonstração da igualdade que deve caracterizar todos os seres humanos envolvidos em atividades, sejam esportivas ou não.

Os olhos brilhando diante do início da prova, de cada modalidade, e a possibilidade de chegada ao pódio é presente em cada atleta que se apresenta defendendo seu país. Antes de mais nada, porém, é uma possibilidade de mostrarem seu potencial, superando tantas dificuldades para ali estarem.

O brilho nos olhos expressa todo o sentimento de luta, resiliência e esforço pessoal diante de tantas dificuldades que cercam esses atletas. São vencedores por lá estarem, mesmo sem conquistarem medalhas.

Cabe, aqui, ressaltar a importância dos familiares e das instituições, clubes, técnicos e outros profissionais empenhados no treinamento e valorização desses atletas.

O esforço pessoal vê-se contemplado pela possibilidade alcançada por cada atleta que, lá, se encontra competindo.

A imagem da pista para pousos e decolagens, na Abertura dos Jogos Paraolímpicos, ofereceu aos atletas a possibilidade real de ali terem chegado para alçarem voo em suas modalidades esportivas, fazendo de um sonho, desejo e obstinação uma realidade possível e extremamente gratificante. Com certeza, impulsionadora para outros tantos voos.

Uma Paraolimpíada que deixará saudades, considerando os esforços de todos os participantes, as condições sanitárias nada favoráveis e a constante ameaça de que persista este flagelo, que atinge a humanidade, ainda por um tempo.

O brilho nos olhos de todos os atletas, que já estiveram participando, é o sinal de que é possível “decolar”, voar, pousar e arremessar, novamente, tantas vezes quantas sejam possíveis, em busca de um sonho.

 

 

 

 

 

 

domingo, 5 de julho de 2020

O OUTRO



Pra que falar do estrago que o ciclone ocasionou.

Pra que falar sobre ele.

Melhor é vê-lo em sonhos, transfigurado, chegando e vindo repousar ao lado de quem o recebeu, em sonho, e com ele construiu um cenário reconfortante, acolhedor e
lascivo. Por que não?
Melhor isto do que a certeza da destruição que ele trouxe a todos que estiveram em seu caminho.

Assim, nasceu o poema que segue.








quinta-feira, 18 de abril de 2019

SERIA UM SONHO?


Para as belas noites, ao lado do ser amoroso, é uma dádiva pousar o olhar sobre uma lua que despeja sensualidade e propicia palavras ardentes.

Como não usufruir desses momentos que, ao que parece, a lua ainda continua propiciando.

Como não encantar-se, mesmo através de grades de segurança, colocadas em nossos prédios, com o seu brilho e o fascínio que ainda exerce para tantas pessoas.

As grades não são empecilho. Afinal, não podemos tê-la por perto. Não podemos visitá-la e caminhar sobre os passeios que nossa imaginação crê que possam existir por lá.

Diferente de quando estas grades ou cercas impossibilitam o acesso a espaços públicos. Nossos olhos e ouvidos abastecem nosso ser do genuíno encontro com a natureza. Ela está próxima a nós. Temos o direito de usufruí-la em paz e com segurança.

É claro que podemos ser atingidos por um meteorito. Já aconteceu. Em 15 de fevereiro de 2013, a cidade russa de Chelyabinsk foi atingida por um meteorito, danificando casas e ferindo pessoas, incluindo aquelas atingidas por destroços e pelos efeitos da radiação e que apresentaram queimaduras.

Por aqui, este nosso recente visitante veio apenas para mostrar a força que a natureza impõe aos habitantes deste planeta.

Claro que escolheu a costa gaúcha só para poder colocar à prova sua força frente ao laço que poderia enfrentar, caso algum taura estivesse de plantão. Àquela hora, porém, já alta madrugada, Juvenal, reconhecido laçador, estava acolherado, nos pelegos, com aquela guria mais cobiçada que fruta temporona.

Aquele clarão, apenas um meteoro, serviu para mostrar a beleza da nossa costa gaúcha.

Caso fosse um meteorito, que são pedras que sobrevivem à entrada na atmosfera da Terra, chegaria ao chão destruindo o que encontrasse pela frente. Daí, a história seria bem diferente. Juvenal até poderia laçá-lo.

Agora, laçar um clarão: nem ele conseguiria. Está, portanto, absolvido desta sua omissão. Afinal, aquela intensa luminosidade apenas serviu para perceber, em detalhes, a beleza daquela prenda que enfeitava seus pelegos.

Agora, relembrei momentos, que já se perdem na poeira do tempo, e que nos alimentavam o corpo e alma com sons, cheiros, cores, recantos e até a presença de pequenos animais num minizoológico que existia no nosso Parque da Redenção.


Voltando aos nossos parques e praças, lembro sentir o cheiro da grama molhada: outra dádiva que nós, passantes, podemos usufruir ao atravessarmos estes espaços verdes que estão ao nosso dispor. Parques e praças sempre estiveram abertos e prontos a nos oferecer pequenos oásis para o descanso, o convívio e para nos sentirmos integrados à natureza. Precisamos dela. E ela é gratuita. É nossa parceira. Ela e nós somos indissociáveis. Nada pode estar criando obstáculo a essa possibilidade de integração.

Desta vez, nos livramos de um meteorito. O que se passa fora do planeta é imprevisível.

Embora os cientistas estejam atentos e sempre de plantão, o Universo é fascinante e imprevisível o desdobramento de suas conexões. Avançam os estudos sobre a formação de Buracos Negros, através do Event Horizon Telescope (Telescópio do Horizonte de Eventos), que aumentará o número de radiotelescópios para que as observações se ampliem e novas informações sejam coletadas.

Pois é! Desta vez, mesmo acordado, Juvenal não teria chance alguma de laçar o clarão.

E frente a um Buraco Negro? Um fenômeno que absorve a luz que é a coisa mais rápida que existe?

Acho que o vivente iria negociar a construção de um muro, separando a terra gaúcha do resto.

Não sei se o Buraco Negro iria topar...

Acho que o taura não entendeu bem esta coisa de Buraco Negro.

Ele e seu laço nada temem: muito menos algo que é um buraco.

Imagina!

Tenho pra mim que é melhor o Juvenal descansar nos braços daquela prenda e ser tomado por sonhos. Afinal, parece que ele estava mesmo a sonhar. Tudo isto logo após aquele convite aceito e retribuído sob a luz daquele luar convidativo.

Ah, Juvenal!

Depois daquela noitada, tu andas mais faceiro que guri de bombacha nova.

Ah! Por favor, esquece o Buraco Negro.

Este buraco não faz parte do teu universo, taura!

Agora, as praças e parques fazem parte do teu cotidiano, do nosso dia a dia, da nossa vida. E precisamos tê-los ao nosso dispor: sem grades, sem muros. Seria um sonho ainda possível?















quarta-feira, 7 de junho de 2017

ACREDITAR? IMAGINAR? SONHAR?



Ao saber da descoberta de sete novos planetas, lembrei, imediatamente, dos 7 anões com seus nomes pra lá de conhecidos.

Dos sete planetas, três deles estão mais próximos do nosso Sistema Solar.

Eu, particularmente, já transferi a esses três os nomes de Feliz, Dengoso e Mestre.

Fiquemos espertos! Atchim: pode trazer gripe. Zangado: ninguém merece. Dunga: não foi uma boa experiência. Talvez, Soneca esteja no páreo ainda. Vamos ver como se comporta o Mestre.

Como há a perspectiva de que, um dia, nos transfiramos para algum deles, precisa-se, portanto, de alguém que comande com sabedoria estes novos mundos. Resta saber se toda essa sabedoria será para benefício de todos os moradores, ainda por nós desconhecidos, ou apenas para alguns deles.


Para aqueles que amam escrever, dizer que a inspiração está em baixa, considerando a situação caótica em que nos encontramos é, no mínimo, render-se à frustração geral de terra arrasada.

Busquemos no nosso interior, que não é caótico, pois não estaríamos escrevendo com coerência até hoje, os elementos necessários para transpormos para a escrita aquilo que lá guardamos e que, com certeza, ainda existem. O nosso interior é o repositório de toda a nossa inspiração. Cabe a cada um escolher quais as referências pinçar deste mar interno. Trazê-las à superfície e, no caos, selecionar os pontos de conexão possíveis para que a escrita torne-se uma terapia pessoal ou, quem sabe, auxilie o leitor a refletir sobre tal assunto. Isto seria o ideal.

Perguntar-se-ia:

Alguém busca na terapia uma piora? Claro que não!

Escrever é um prazer e, como tal, busca-se a satisfação pessoal e a de quem, porventura, leia tal escrita. E isto não quer dizer que se deva escrever sobre frivolidades.


Acredito que, na infância, encontram-se elementos semelhantes aos que nos rodeiam hoje e que podem servir de alento no ato da escrita.

Se ela, por acaso foi conturbada, é exatamente lá que se encontrarão elementos semelhantes aos que nos rodeiam hoje. Se foi pacífica, também será lá que poderemos buscar soluções que nos possibilitarão fazer frente à desordem que impera.


Lembro-me da crônica O DONO DO ASSOBIO, publicada em 14/02/14, onde o som do assobio trouxe não só lembranças de fatos passados, mas também inspiração para descrever um comportamento um tanto quanto raro hoje em dia: o de assobiar. Nesta percepção auditiva repousam dados obtidos na infância.


Os ritmos aprendidos, durante as aulas de música na adolescência, são agora atentamente ouvidos e acompanhados por um tamborilar de dedos no parapeito de minha janela. Tudo graças a um bar próximo que recebe, todas as sextas-feiras, grupos musicais. Já até falei com o dono. Qualquer dia, passo por lá.


A lua, que sempre foi uma fixação desde a adolescência, ainda continua sendo inspiradora. Dizem que lá pisaram. Será? Deixo para os poetas a resposta.

Para mim, daqui debaixo, ainda vejo montanhas, vales... Já teve época, no tempo dos estudos de música, que eu via uma orquestra inteirinha a tocar. Aliás, foi mencionada esta passagem em outra crônica intitulada PERENE ALIMENTO, publicada em 28/05/14.

A letra da música Lunik 9, em que o autor teme, à época, não ter “mais luar para clarear sua canção”, é um belo exemplar desta poética resposta daqueles que cantam, amam e escrevem àquela que nos ilumina as noites.


É na infância e no riso fácil que vamos encontrar remédios para os males que nos afligem agora.

O olhar amoroso, que depositava sobre a galinha de nome “Mindinha”, é o mesmo olhar com que acompanho o abanar do rabo do cachorrinho da vizinha quando passo por ele.

O olhar de surpresa, quando a borboleta pousava na janela, é o mesmo olhar amistoso com que vejo o bem-te-vi achegar-se a minha janela.

Os medos infantis de ontem, porque já vivenciados, são mais facilmente enfrentados, pois a maturidade serve para isto: para nos tornar mais fortes.

As histórias infantis de ontem servem de inspiração para imaginarmos como devem ser estes novos planetas. O apelidado de Mestre, provavelmente, será como o nosso planeta Terra, com uma ressalva: alguém a comandá-lo com as qualidades morais inerentes a um verdadeiro Mestre.

Daí, o motivo da escolha desse nome para batizá-lo.


Feita a colonização e a escolha do nome, restaria o registro para os anais da História Planetária. Cuidado, porém. Atribui-se a Honoré de Balzac, célebre escritor francês, fundador do Realismo na Literatura Moderna, a frase:


“Existem dois tipos de história mundial: uma é a oficial, mentirosa, própria para as salas de aula; a outra é a história secreta, que esconde a verdadeira causa dos acontecimentos”.


Se assim for, quem nos garante que foram descobertos sete novos planetas?

Seria o nome de Mestre o mais adequado a esta “ainda” incógnita?

Imagino que sim. Vale a pena sonhar com um dirigente que possua as qualidades de um Mestre. Agora, acreditem que o homem do assobio existe e ainda passa pela minha rua diariamente: assobiando.

A lua, por sua vez, será que foi alcançada? Há quem duvide. Dizem que foi uma tremenda enrolação. Será? Eu ainda olho pra ela da mesma forma que, na infância, a via: com extrema curiosidade e paixão pelo relevo que apresenta, visto da minha janela.


Agora, acreditar só mesmo vendo “no flagra”.

Por isto, naquela mala que ocupou as manchetes, prefiro imaginar que lá havia segredos. Aqueles que os poetas, em suas lucubrações noturnas, armazenam para quando a inspiração acorda.

Sugiro aos poetas que usem, da próxima vez, uma mala de garupa, para que a tal fique escondida embaixo dos pelegos.

Claro que “pelegos”, nesse contexto, é uma palavra usada nos pampas. É coisa de gaúcho. E que esta mala poética é uma miragem, um sonho.

Algo que está entre o que se quer acreditar, a imaginação e o sonho.


Pois é! Só mesmo com muita poesia para dizer o indizível, para navegar por águas tão fétidas e emergir melhor graças ao poder terapêutico da palavra que nós, escritores, temos como material de trabalho. Levá-la a todos que ainda acreditam num amanhecer renovado: este é o nosso papel. Precisamos urgentemente de um Mestre que nos mostre o caminho para o uso correto de uma mala. Isto, claro, para aqueles que esqueceram os ensinamentos do MESTRE MAIOR.


Ah! Só pra lembrar...

O Soneca está descartado. Em berço esplêndido, ele dormiria para sempre.

E não é o que se quer mais.




Lunik 9 – Gilberto Gil




 

domingo, 10 de maio de 2015

PRESENÇA CONSTANTE

Com chuva, com sol, não importava o tempo, aquele compromisso era cumprido com grande satisfação por mim e por quem me acompanhava.

Afinal, a leitura de livros e revistas era complementada por outra leitura: a da pauta musical.

Ler, algum tempo atrás, era percorrer com os olhos o caminho das letras, as pausas e interrogações, as reticências... Para mim era também reproduzir com o toque dos dedos as notas absorvidas pelo olhar e transformadas em sons que brindavam os ouvidos, que alimentavam o corpo e o espírito.

Ler e imaginar, ler e sonhar, ler e interpretar um texto sempre foi prazeroso.

Agora, reproduzir a pauta musical em sonoridades que convidam o próprio corpo ao movimento e que, também, carregam a imaginação pra bem longe é uma capacidade que nos oferece um sabor diferenciado ao trivial do cotidiano. Treinar o ouvido à beleza dos sons do mundo musical é um importante suporte para que enfrentemos alguns momentos de maior ou menor inquietação espiritual. Ser capaz de sentir emoção no ato de ouvir determinada melodia é bastante reconfortante. Nem é preciso entender de pauta musical. Basta aprender a sentir a beleza que brota de sonoridades as mais diversas. E isto fica por conta do momento, do tipo de música e do humor daquele que está em busca.



Retornando à caminhada, sob chuva ou sol, agradeço àquela que me acompanhou nesta jornada por longos sete anos. De ônibus, lá íamos duas vezes por semana, nos primeiros tempos, e uma vez no restante, até o local onde as aulas eram ministradas. Tempos inesquecíveis. Claro, este é apenas um trecho da caminhada. Outros existiram antes e depois deste. Alguns outros, posteriores, bem mais desafiadores.

Todos, porém, com esta presença fundamental, constante, incentivadora e colaborativa na acepção mais ampla da palavra. Além de ter sido uma guerreira de longas batalhas ao meu lado.

O meu carinho e saudade àquela que me acompanhou até quando pôde. E que, acredito, ainda olha por mim de longe. Quem sabe... Talvez, de bem perto.



Ah! Ia esquecendo...

Hoje, a sigla LER, não o verbo, representa um dos motivos de consulta ao ortopedista. A síndrome chamada Lesão de Esforço Repetitivo tem levado vários jovens, segundo informação de um médico ortopedista, a serem atendidos após sentirem dores nos dedos e pulsos pelo ato de uso repetitivo de comunicação pelo WhatsApp ou What’s Up, o que seria mais correto. Além do uso compulsivo de celulares, tablets e smartphones que, comprovadamente, geraram a chamada Dependência Digital, já considerada um transtorno mental.

Isto, porém, é assunto para outro momento.

Hoje, é o dia delas: o Dia em Homenagem às Mães. O meu agradecimento e saudades à Dona Sirene, minha mãe.

As saudades, no meu caso, revelam que a distância no tempo não interfere no sentimento de falta. Ele ainda está presente. 



Minha homenagem às Mães com a Turma do Balão Mágico cantando MINHA MÃE, letra sempre atual e que serve a todas nós mães de hoje, às futuras e, também, àquelas que já se foram.






Minha Mãe – Balão Mágico 








sábado, 5 de abril de 2014

PARA OS ANAIS DOS ESPETÁCULOS DE PORTO ALEGRE




Para quem foi acostumada a conviver entre duas cores reverenciadas, uma pelo pai e outra pelo único tio que tive, assistir, muito atenta, à reinauguração do Estádio Beira-Rio foi bastante gratificante. Meu pai teria gostado de estar presente. Sua filha acredita que o representou, de forma emocionada, na festa/espetáculo desse dia 5 de abril de 2014. E ela assistiu à festa, comodamente instalada em sua sala. Mesmo assim, pôde constatar a grandeza do evento.

O conjunto da produção do espetáculo mereceu todos os aplausos, que ressoaram para além do estádio. Foram duas horas e meia de uma apresentação de pura paixão e emoção. A produção musical, a cargo do maestro Dudu Trentin, demonstrou perfeita sincronia entre os músicos da orquestra Unisinos/Anchieta, o coral de 200 vozes e as bandas que se iam sucedendo durante o espetáculo. Ele compôs todas as trilhas, cabendo ao maestro Evandro Matté a regência da imensa orquestra e coral. Participaram da festa 1500 pessoas em cena, entre atores, orquestra, bandas e bailarinos. Foram usados 3000 figurinos. A plasticidade das cenas aliada à tecnologia, que lhe serviu de suporte, apresentou ao público a parte histórica do clube ao longo do tempo. O barco singrando as águas do rio foi emblemático acerca das dificuldades enfrentadas com a localização do estádio. Nada, porém, que não pudesse ser solucionado com o passar do tempo e com os esforços de todos os que se empenharam na construção de um sonho, destacando-se a campanha de doação de tijolos que movimentou 35 famílias voluntárias.
A narração, como background, com textos de conhecidos cronistas gaúchos e os telões repassando os diversos momentos históricos do clube, foram carregados de luz, tal qual o golo de Elias Figueroa, chamado por ele próprio de o golo iluminado. Graças a esse único golo, feito aos 12 minutos do 2º tempo, o Internacional conseguiu o seu primeiro título brasileiro em 1975, jogando contra o Cruzeiro de Minas Gerais.
E as décadas iam-se somando sob os acordes da 9ª Sinfonia de Beethoven e a encenação de obras reconhecidas de Leonardo Da Vinci, Picasso, Salvador Dali. Tudo sincronizado, tal qual o voo de Dadá Maravilha, no ano de 1976, quando o Internacional venceu o Corinthians por 2 a 0 no Beira-Rio, sagrando-se bicampeão brasileiro.
O ano de 1989 ficou nos anais do clube, pois aconteceu o chamado Grenal do Século, o de nº 297, vencido pelo Internacional por 2 a 1, disputado no Beira-Rio e que teve o maior público de Grenais em Campeonatos Brasileiros. Foram 78.083 pagantes. A década de 80 foi de conquistas, com 14 títulos no total.
Momentos difíceis e momentos de glória foram relembrados.
Com muito trabalho e confiança no plantel, os feitos recomeçaram a partir do século XXI. E Adriano Gabiru seria o grande nome, com a ajuda dos demais companheiros, na conquista do Mundial de Clubes da FIFA, em 17 de dezembro de 2006, no Japão. No mesmo ano, pela primeira vez, o clube já conquistara, em 16 de agosto, a Taça Libertadores da América. O que se repetiria em 2010, tornando-o bicampeão do mesmo certame.
Quanta história desde 1909! São 105 anos de vida e 45 anos da reinauguração do estádio Beira-Rio, aberto oficialmente em 6 de abril de 1969, cuja construção iniciou-se em 1959.
Esses fatos todos fazem parte da história da cidade de Porto Alegre.
Fico feliz em ter assistido a um espetáculo tão bonito, o que demonstra a capacidade de trabalho, o empenho de tantos interessados, o aporte considerável de recursos na concretização das obras e do espetáculo.
O mesmo ocorreu com a outra agremiação, tão cara aos gaúchos, quando da sua inauguração em 2012.
Assistimos, na oportunidade, a um espetáculo e a uma plateia merecedora do aplauso da sociedade porto-alegrense como um todo.
Para os amantes do futebol, como esporte de massa, é um orgulho termos um gigante e uma arena representando o Estado para fora dos seus limites. Para um mundo globalizado, serão ambos os estádios uma vitrine da cidade que se diz alegre.
Portanto, está de parabéns o diretor artístico Edison Erdmann, responsável pela organização de todo o espetáculo da reinauguração do Estádio Beira-Rio.
O vermelho pelo espelho, finalmente, passou.
O azul do mar, há algum tempo, já chegou.
Uma última palavra àqueles que esperam o mesmo espetáculo, assistido no último dia 5 de abril, para:
- a reinauguração, com nível de excelência, de um grande hospital;
- a construção de centenas de UPAs, dentro das normas técnicas, com um quadro médico e técnico pronto a prestar os primeiros socorros, incluindo-se medicamentos básicos e material compatível com as necessidades do eventual paciente;
- a implantação, nos colégios, de infraestrutura condizente com as necessidades do ensino-aprendizagem;
- a despoluição de nossos arroios e riachos;
- um substancial melhoramento no transporte coletivo;
- o saneamento básico, ainda deficitário, em algumas comunidades;
- uma segurança mais presente no dia a dia e não apenas em grandes eventos;
- uma gestão honesta e eficiente de pessoal e recursos nos serviços prestados à comunidade pelo poder público.
Tudo, claro, com o padrão FIFA, porque os botocudos já sabem, agora, o que é o tal padrão. Sem desmerecer o povo indígena, já extinto, que habitava regiões do país. Referimo-nos a nós próprios, esse pessoal rude e grosseiro que não conhece o que são as benesses de uma vida de qualidade. Todos nós aguardamos, de ora em diante, um padrão FIFA de serviços. É o grande desejo de toda a sociedade brasileira.
E o impostômetro? Pelo controle digital, desde o primeiro dia de 2014 até esse exato momento, dia 7 de abril, às 19 horas e 30 minutos, a arrecadação está na cifra de R$ 469 bilhões, 246 milhões e..., já superando a marca atingida na mesma época do ano passado. Impossível acompanhar tal voracidade e rapidez... No ano de 2013, ao que parece, a marca atingida foi de um trilhão e 700 bilhões de reais.
Para os colorados fica a certeza de que com a ajuda inicial daqueles tijolos construiu-se um sonho e dele fez-se não um castelo de areia na beira de um rio, mas um gigante da própria história.
Fiquem, agora, com a beleza de O AMANHÃ COLORIDO e NUVEM PASSAGEIRA, duas joias, compostas por gaúchos reconhecidos, que abrilhantaram a festa de reinauguração.





 


O Amanhã Colorido - Pouca Vogal
Nuvem Passageira - Hermes Aquino