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domingo, 5 de setembro de 2021

DECOLAR É PRECISO!



O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se, no dia 24 de agosto de 2021, em uma pista de decolagem, com um “paraporto” que abrigou a chegada de delegações de diversos países. No total, participaram mais de 160 países, incluindo-se o Brasil com a maior delegação composta por 260 participantes entre os mais de 4000 atletas.

Os que ali chegaram estavam prontos para voarem, em busca da realização de um sonho.

O cenário montado recebia os atletas ao som de um vento. Um vento que, ao assoprar, reforçava a ideia de que todos que ali chegaram estavam prontos para voarem.

Lá, presentes, estavam autoridades do país, bem como o Presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, que recepcionaram os atletas.

O assovio do vento representava o dinamismo e a força contra as adversidades. Os ventos mostrados traziam as cores das bandeiras dos países participantes.

O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se em uma sala de embarque. Quem lá chegou é porque alimenta a garra diária de que é possível vencer obstáculos, sejam eles quais forem.

Sabe-se, hoje, que 15% das pessoas do mundo são deficientes. Portanto, este número expressivo de pessoas é movido pela coragem, determinação, confiança e pela luz pessoal que as diferenciam. Se souberem mover-se, como se asas tivessem, serão vencedoras.

O cenário montado pelas equipes organizadoras, bem como a forma em que os atletas foram recebidos nestes Jogos Paraolímpicos de 2020, mereceram aplausos de todos que assistiram à Abertura deste evento.

A importância desses Jogos deve ser ressaltada, pois é uma demonstração da igualdade que deve caracterizar todos os seres humanos envolvidos em atividades, sejam esportivas ou não.

Os olhos brilhando diante do início da prova, de cada modalidade, e a possibilidade de chegada ao pódio é presente em cada atleta que se apresenta defendendo seu país. Antes de mais nada, porém, é uma possibilidade de mostrarem seu potencial, superando tantas dificuldades para ali estarem.

O brilho nos olhos expressa todo o sentimento de luta, resiliência e esforço pessoal diante de tantas dificuldades que cercam esses atletas. São vencedores por lá estarem, mesmo sem conquistarem medalhas.

Cabe, aqui, ressaltar a importância dos familiares e das instituições, clubes, técnicos e outros profissionais empenhados no treinamento e valorização desses atletas.

O esforço pessoal vê-se contemplado pela possibilidade alcançada por cada atleta que, lá, se encontra competindo.

A imagem da pista para pousos e decolagens, na Abertura dos Jogos Paraolímpicos, ofereceu aos atletas a possibilidade real de ali terem chegado para alçarem voo em suas modalidades esportivas, fazendo de um sonho, desejo e obstinação uma realidade possível e extremamente gratificante. Com certeza, impulsionadora para outros tantos voos.

Uma Paraolimpíada que deixará saudades, considerando os esforços de todos os participantes, as condições sanitárias nada favoráveis e a constante ameaça de que persista este flagelo, que atinge a humanidade, ainda por um tempo.

O brilho nos olhos de todos os atletas, que já estiveram participando, é o sinal de que é possível “decolar”, voar, pousar e arremessar, novamente, tantas vezes quantas sejam possíveis, em busca de um sonho.

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 3 de junho de 2014

DRIBLANDO...

Tenho para mim que ele buscou melhorar suas condições de vida. Nada mais justo. E suas dimensões pequenas foram um facilitador. Foi criativo o seu agir e não teve preguiça. Acabou num SPA, conforme disse o biólogo Ricardo Freitas do Instituto Jacaré.

O problema é que depois que chegou ao SPA, mais precisamente ao Lago da Quinta da Boa Vista, zona norte do Rio, a vida no lago não foi mais a mesma. Eram aves e peixes pulando pra todos os lados, tentando escapar da sanha do Robinho, um jacaré-de-papo-amarelo, macho, medindo 1 m e 26 cm e pesando 4 kg e 260 gramas. 

O pânico instalou-se entre aqueles que costumavam passear de pedalinho pelo tranquilo lago.

E Robinho lá dentro, sem concorrente, solito no más, nadando em água quentinha e tirando, vez por outra, uma soneca em pequenas grutas existentes.

Que maravilha!

Diga-se de passagem, não se pode culpá-lo por essa fuga do Parque Chico Mendes. Segundo relatos, as coisas não andam mais como antigamente por lá. A fauna, não mais diversificada como no passado, o isolamento do próprio parque dificultando o fluxo gênico, o assoreamento e poluição da Lagoinha, isso tudo explicaria as escapadas dos jacarés para fora dos limites do parque.

Então, foi em busca de mais alimento, liberdade e emoção. Dessa maneira, adentrou pelas galerias de águas pluviais da região, indo parar no Lago da Quinta da Boa Vista. A felicidade, porém, durou pouco. Durante 72 horas fez o que pôde, driblou com competência todos os seus marcadores. Por isso, foi apelidado de Robinho, nosso conhecido jogador. Finalmente, refugiado dentro de uma gruta, foi capturado. Segundo o biólogo, a captura foi no laço, manualmente. Nada sofreu. Foi devolvido ao Parque Chico Mendes novamente.

Os frequentadores do Lago deram graças a Deus, pois estiveram, por um tempo, mais a perigo que minhoca em galinheiro.

De qualquer sorte, provou ele a sua capacidade de driblar não só aos seus captores, confirmando a “tese” de que é possível migrar, quando se quer verdadeiramente, para outras paragens, para qualquer outro mundo, considerando-se aqui uma nova visão no mundo das ideias, ou no das relações societárias, ou no do seu “eu” consigo próprio. Tudo em prol de uma melhoria nas condições de vida pessoal e em sociedade.

Basta que saibamos encontrar as alternativas melhores e corretas (não os arranjos chicaneiros), driblando com competência as dificuldades que se impõem a quem resolve enfrentá-las.

Segundo Charles Watson, professor na Escola de Artes Visuais do Parque Lage, no Rio de Janeiro:

“A preguiça bloqueia a criatividade”.

Acrescenta, mais adiante:

“Todo mundo tem ideias. Quando você tem uma ideia que acha muito especial, pode contar com o fato de que outras 250 mil pessoas tiveram essa ideia. A diferença está em quem decide concretizá-la e isso envolve intenso trabalho”.

(Fonte: ZH de 31/05/14 – p.23)

Exemplo incontestável traz a reportagem, também de Zero Hora, de 1°/06/14, p.46, que leva o título de A Formatura do Ano, conforme link abaixo.





Nela fica demonstrado que a falta de dinheiro e de apoio da família para estudar não foram obstáculos suficientes que impedissem a jovem vietnamita Tay Thi, de 20 anos, de ser a primeira pessoa de sua comunidade a ter formação universitária. Vale a pena a leitura dessa reportagem.

Então, valendo-me do já famoso “Robinho”, cujo drible foi exitoso, pelo menos por um tempo, dispenso, de propósito, o aspecto do acaso. Não foi por acaso que caiu ele nas galerias de águas pluviais. Saiu, isso sim, em busca de mais alimento. Foi à luta.

Pois é! Quando indago de um jovem sentado no meio-fio da Avenida Getúlio Vargas, por que ele não arranja um trabalho, ele confessa, pausadamente, que não quer trabalhar. Prefere ficar sentado onde está, recebendo moedas, que não lhe darão futuro algum. Moedas dadas para acalmar a consciência de quem se condói com a cena.

Errado ele, pobre mendigo. Errados nós, que não cobramos do Estado soluções concretas, viáveis e aplicáveis a todos os que perambulam pelas esquinas, se avolumam embaixo de marquises, viadutos e pontes ou, displicentemente, sentam-se em frente a estabelecimentos bancários e restaurantes, aguardando que do céu caiam benesses que só com o trabalho é possível tê-las. Consegui-las de outro jeito, sabe-se, ou é mendicância, e aí deve o Estado direcionar políticas para resgatar esses indivíduos da rua, capacitando-os para o trabalho, ou é crime e merece uma legislação repressiva e extensiva a todos os que incorrerem nessa prática. Sempre atenta, porém, à ressocialização desse indivíduo, que é o objetivo último.

Portanto, drible bom mesmo é aquele dado por quem, frente a dificuldades de toda a ordem, busca o melhor caminho para atingir seus objetivos. Sempre, é claro, dentro da ética, do respeito e do bom senso. Aquilo que, antigamente, chamava-se de “bom caráter”.



Por ora, a partir de 12 de junho, esperam-se muitos dribles dados pelos nossos jogadores, para que consiga a Seleção Brasileira atingir o seu objetivo maior que é a conquista do Hexacampeonato Mundial de Futebol.

Torçamos para que haja muitos dribles e que, pelo menos alguns desses dribles, sejam contra o goleiro, atingindo a rede adversária com sucesso. Qualquer coisa, a gente convoca o jacaré Robinho, que é bom de drible.

A bola vai rolar...

Depois da festa?

Bem, vencedores ou não, está mais do que na hora de mudarmos o paradigma do famoso “jeitinho brasileiro”. Isso não é driblar dificuldades. Isso só nos atrasa e nos deprecia frente aos outros e a nós mesmos.

Mais foco, determinação e disciplina, palavras-chave de conhecido empresário brasileiro, com o qual concordo plenamente, resultarão em objetivos alcançados. Claro, tudo com muito trabalho.





Desejando que a Seleção Brasileira faça muitos gols, lembremos, agora, da música que consagrou o espetacular gol marcado por Fio Maravilha, jogador do Flamengo, em partida contra o Benfica em janeiro de 1972, assistida pelo flamenguista Jorge Ben Jor e que resultou na música Fio Maravilha, gravada no mesmo ano, que entrou para a História da Música Popular Brasileira. Seguem, abaixo, dois vídeos que reproduzem a canção Fio Maravilha. A primeira apresentação traz apenas o áudio da música, ainda com sua letra original. O segundo vídeo, ao vivo, Jorge Ben Jor, por razões de direito autoral, em ação movida pelo jogador João Batista Sales, o Fio Maravilha, contra ele, modifica a letra trocando as palavras Fio para Filho e Galera para Magnética. Isso deixou um tanto quanto estranha a letra, não perdendo, porém, a batida que consagrou a música.










Fio Maravilha - Jorge Ben Jor (letra original)




Filho Maravilha - Jorge Ben Jor












terça-feira, 14 de agosto de 2012






NO MEIO DO CAMINHO...
 
 
Que dias esses deste mês de agosto!

Quanta demonstração de superação! Quantos obstáculos vencidos! Quanto orgulho de ver a bandeira verde-amarela no pódio, subindo, lentamente, ao som do Hino Nacional Brasileiro.
Quando se vai às raízes desses tantos brasileiros, que representaram o nosso país nos Jogos Olímpicos 2012, o que se encontra? Histórias de vencedores: é o que se encontra.

Como não se poderia falar de todos, pois se incorreria em omissões por esquecimento, saudemos, de plano, as jogadoras de vôlei feminino, medalha de ouro, e a eles, aos do vôlei masculino, medalha de prata, que se superaram para nossa alegria. De certa forma, os resultados positivos já eram esperados, pois para essa modalidade de esporte existe, há tempo, grande incentivo através dos recursos financeiros disponíveis.

Agora, o que dizer do nosso ginasta Arthur Nabarrete Zanetti, primeira medalha de ouro em ginástica artística pelo Brasil. Menino simples de São Caetano do Sul, região metropolitana de São Paulo, teve o incentivo e a colaboração, desde o início, do Senhor Arquimedes, seu pai, um torneiro mecânico que construiu os primeiros aparelhos para que Arthur se exercitasse. A partir dos nove anos de idade, teve em Marcos Goto, seu técnico, o acompanhamento e as orientações necessárias para fazê-lo chegar aonde chegou.

Foi um verdadeiro show. Embora o último na sequência de apresentação, foi o primeiro no desempenho, conquistando a nota 15.900 e levando a medalha de ouro. Um verdadeiro Rei das Argolas, o nosso Rei Arthur, como foi chamado por quem narrava a apresentação.

Que exemplo para os jovens que treinam no mesmo local onde Arthur Zanetti também treina! O que disse um menino desse centro de treinamento, quando entrevistado, a respeito de Arthur?

Ele é o nosso exemplo!

Foram quinze anos de trabalho em que a superação, a dor e a disciplina foram ingredientes constantes.

Acredita-se que, de ora em diante, a ginástica brasileira adquira uma importância cada vez mais relevante. Quanto mais não seja para competir em Olimpíadas, para melhorar a educação como um todo, sendo um instrumento para a saúde do corpo e mente e um aliado dos jovens na luta contra as drogas e os descaminhos tão próprios de uma juventude desocupada.

E o que falar de Esquiva Falcão Florentino? De origem humilde, medalha de prata no boxe, categoria até 75 kg, nascido em Vitória, no Espírito Santo, foi treinado por seu pai, o antigo pugilista Adegard Câmara Florentino, conhecido como Touro Moreno, e por João Carlos Barros. E de seu irmão, Yamaguchi Falcão Florentino, medalha de bronze, na mesma modalidade, categoria até 81 kg, nascido em São Mateus, também no Espírito Santo.

E o que dizer de Yane Marques? Nascida em Afogados da Ingazeira, no interior de Pernambuco, que competiu nas cinco modalidades que compõem o Pentatlo, presente nos Jogos Olímpicos Modernos desde 1912. Conseguiu ser bronze depois de competir na esgrima, na natação, no hipismo e no combinado que é a corrida e o tiro. Uma verdadeira maratona que durou 10 horas. Seu bronze vale ouro. E isso estava estampado no brilho dos olhos e no cabelo dourado, que os adornava, no momento da execução do Hino Nacional Brasileiro.

Todos, sem exceção, no meio do caminho, encontraram a recompensa, depois de tanto esforço e dedicação, através da conquista de uma medalha olímpica. Não interessando, aqui, qual cor ela possui. É olímpica! É o bastante. Aquele atleta que ali está no pódio é, no mínimo, um dos três melhores do mundo.

Por outro lado, coincidentemente, nesse início de agosto, estamos a presenciar uma sucessão de advogados em defesa de seus clientes, naquilo que se apelidou de Mensalão, ou melhor, no julgamento da Ação Penal nº 470.

Demonstra-se, à saciedade, a competência dos ilustres defensores. Acusador e julgadores, de igual sorte, possuem notável saber jurídico e são competentes nos papéis que desempenham. Com certeza, são especialistas nos ofícios de acusar, defender e julgar. Ninguém está ali para brincadeira. Porém, se o resultado assim parecer, não foi por desconhecimento ou incompetência. É que, nesse imbróglio todo, existem pedras e mais pedras no caminho. Não há medalhas de nenhum tipo. Não haverá vencedores. Sairemos todos perdendo, de uma forma ou de outra. Porque na vida das retinas, já tão fatigadas, esse acontecimento nunca será esquecido. E será sempre lembrado como os versos de Carlos Drummond de Andrade que, metaforicamente, numa interpretação mais livre e adaptada ao cenário atual, nos impõe uma reflexão existencial sobre as rudezas e as mazelas que criam obstáculos a ações dignas dos cidadãos. Há que se evoluir no sentido moral, para que avancemos na construção da sociedade brasileira como nação.

Cuidemos para que não se maculem os olhos ainda não fatigados, aqueles olhos que acreditam na superação, no esforço pessoal, na lisura de caráter e na competição saudável. Assim como se portaram todos os nossos atletas, sem exceção.

Cuidemos para que esses e aqueles outros tantos cidadãos, de todos os segmentos da sociedade, que ainda não se contaminaram, cumpram o papel, quando chamados, de representar dignamente um país chamado Brasil.




NO MEIO DO CAMINHO

No meio do caminho tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

tinha uma pedra

no meio do caminho tinha uma pedra.

Nunca me esquecerei desse acontecimento

na vida de minhas retinas tão fatigadas.

Nunca me esquecerei que no meio do caminho

tinha uma pedra

tinha uma pedra no meio do caminho

no meio do caminho tinha uma pedra.

 

Carlos Drummond de Andrade (do livro Alguma Poesia)





 

Arthur Zanetti - Olimpíadas de Londres 2012


 
Show de Encerramento das Olimpíadas 2012 – parte final. Entrega da bandeira olímpica ao Prefeito do Rio de Janeiro.


 


 
Reportagem 













terça-feira, 31 de julho de 2012





HÁ QUE TER PAIXÃO! 

Quase quatro horas de espetáculo! Parabéns a quem planejou, a quem organizou, a quem tornou realidade todos os instantes que se seguiram a partir do toque do sino inicial, sino de 27 toneladas. A começar pelo seu organizador, o diretor de cinema Daniel “Danny” Boyle, conceituado, reconhecido e laureado diretor que recebeu a estatueta pelo filme Quem Quer Ser Um Milionário?

E a Rainha? Lá permaneceu firme, do alto de seus 86 anos, reinando como sempre com sobriedade sobre seus súditos a aplaudi-la com reverência.

A evolução da sociedade britânica, desde os seus primórdios, foi contada, realisticamente, através de montagens perfeitas, com figurantes perfeitos, embora não atores, perpassando imagens de grande impacto sobre uma assistência atenta. Todas as agruras sofridas pela sociedade inglesa durante séculos, produto da Revolução Industrial, foram ali expressas. Por outro lado, toda a pujança artística e cultural de seu povo esteve presente desde o ato da abertura até o seu fechamento.

A Tempestade de Shakespeare, explorada através da fala de Caliban, onde se misturam elementos próprios do universo medieval com elementos que tem origem na reflexão histórica e social e na ciência política, próprios do Renascimento, acrescida de o Pandemônio, do Paraíso Perdido de John Milton, traçaram um roteiro inteligente ao evento como um todo. Um verdadeiro passeio pela História da Ilha com seus grandes nomes em diversas áreas de atuação e em diversos momentos históricos.

Poder-se-ia ficar a descrever, por páginas e páginas, o espetáculo de abertura dos Jogos Olímpicos de 2012. Não é esse o tema central dessa crônica. Aqui, é apenas importante como pano de fundo para o que se pretende abordar.

O que se quer é enfatizar a idade cronológica dos principais partícipes do espetáculo em questão. A começar pela Rainha, passando pelo organizador do evento, chegando a Sir Stephen “Steve” Geoffrey Redgrave, dono de 5 medalhas de ouro no remo, que foi quem carregou, correndo, por um bom trecho, a tocha olímpica até o palco do Estádio Olímpico de Stratford. Nenhum deles com menos de 50 anos. Alguns, com bem mais idade.

E como ápice da disposição, da paixão pelo que faz, assistimos Sir James Paul McCartney, do alto de seus 70 anos, cantando, com uma empolgação poucas vezes observada, sua famosa Jude. Aliás, hoje, já um patrimônio de todos, tanto os de sua época, quanto os jovens atuais.

Aqui, também em terras brasileiras, nossos ídolos de ontem ainda permanecem arrastando multidões. Muitos integrantes da Jovem Guarda, capitaneados pelo Rei Roberto Carlos, outros tantos cantores famosos da MPB, bem como nossos reconhecidos sambistas de décadas passadas, atores e atrizes conhecidíssimos, grandes humoristas e inúmeros escritores estão ainda em atividade.

O que os move? A paixão pelo que fazem: a paixão por viver. Um dos melhores exemplos é o maior arquiteto das curvas, Oscar Niemeyer que, com 104 anos de idade, aceitou o convite para elaborar o projeto arquitetônico de um grande Centro de Eventos, que nossa Porto Alegre está a merecer.

Isso se chama paixão, aquela chama que irrompe a cada amanhecer e que o mantém “vivo” e atuante pelos anos afora. Tão vivo ao ponto de aceitar o desafio de elaborar mais um projeto que, com certeza, lhe deu nova motivação nas suas atividades para os próximos meses, ou para os próximos anos.

Assim também, o criador do World Wide Web e Diretor do World Wide Web Consertium, Sir Timothy John Berners-Lee, ou simplesmente Tim Berners-Lee, físico britânico, cientista da computação e professor do MIT, responsável pela revolução Digital, iniciada ainda na década de oitenta, esteve presente na Abertura dos Jogos Olímpicos e, com certeza, também encara, com paixão, cada dia que desponta.

Aliás, a crônica do Dr. José Camargo, publicada em ZH de 21 de julho, próximo passado, bem atesta o que na realidade conta. O que importa é a lucidez, a autonomia, a determinação e o bom humor. Não seria demais acrescentar aquele ingrediente que os torna plenamente inseridos no momento em que vivem: a capacidade de atualizar-se. Na frase extraída da referida crônica, temos o exemplo do que é sentir paixão pela vida. Dona Vanda, de 89 anos, participou da cena que segue.

Aí vai:



“Quando fomos apresentados com a observação de que eu deveria operá-la, e ela sentou-se ao meu lado, elegante e perfumada, arrisquei perguntar-lhe:

-“Posso pegar na sua mão?” E ela prontamente:

-“Claro, e se eu quiser ir adiante, topas?”





Lembramos que a própria letra de Hey Jude diz a certa altura:


“Ei, Jude, comece

Você está esperando por alguém com quem realizar as coisas.

E você não sabe que é somente você?

Ei, Jude, você consegue

O movimento que você precisa está nos seus ombros

Na na na na na na na na ...





Então, pra terminar, uma pequena poesia que retrata a importância de se fazer com emoção, de se viver com paixão.


ÉS TUDO

Navegas em mim a cada dia.

Se me faltasses, perder-me-ia de mim.

Nem mais saberia por que aqui restaria,

Se já não mais contigo contasse por um dia.

Gracias por tua presença que meus atos ilumina,

Que me aquece, me conduz, me incentiva.

No entreabrir-se do amanhecer, no arrebol do entardecer,

Me seguras pela mão e plantas um novo sonho a cada anoitecer.

Com nova plumagem a cada raiar do dia,

Sinto-me capaz de novamente, e de novo, recomeçar.

E a cada nova ação, abro a caixa cheia de ti.

E renovo contigo meu estoque deste fazer com emoção.

Obrigada, PAIXÃO!






 

Roberto Carlos em Jerusalém – abertura

 
Chico Buarque de Holanda – Voltei a Cantar, Mambembe e Dura na Queda (Carioca ao Vivo)
 
 

 

 
Gilberto Gil – Pela Internet

 
Reportagens: