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sábado, 14 de dezembro de 2019

LINGUAGENS UNIVERSAIS



Mergulhe o olhar no céu. Isabela o vê, agora, todo azul. Esta será, também, sua cor em tantos outros lugares do planeta. É uma cor reconhecida por qualquer pessoa, em qualquer lugar deste nosso mundo. Despertará, a quem se detiver a olhá-lo, uma sensação de imensidão capaz de levar a imaginação a criar mundos diferentes, conforme cada olhar.

O céu, porém, é o mesmo e a cor, também. Em alguns lugares, poderá parecer estar fechando-se, dada a aproximação de uma tempestade.

Ele é reconhecido por qualquer habitante deste planeta e exercerá, conforme sua apresentação, uma sensação de paz, tranquilidade ou, até mesmo, de receio ou medo.

O importante é que sua mensagem é decodificada por qualquer habitante desta Terra que nos abriga. É universal a sua mensagem.

Como também é universal a sonoridade das sete notas musicais que existem, bem como seus tons maiores ou menores. Um dó maior ou um ré menor serão sempre percebidos e diferenciados pelo ouvido humano, independentemente de qual sociedade os esteja recebendo.

Assim, também, a sonoridade encerra uma mensagem universal. Todos a compreendem, bem como os ritmos que a acompanham.

Esta qualidade estende-se a quem se manifesta através da música. Tornar-se executante de um instrumento que apresente uma sonora melodia, sob um ritmo convidativo, que desperte o desejo de dançar, ou que apenas leve o ouvinte a relembrar sensações já experimentadas, é extremamente salutar para quem executa como também para quem se vê mergulhado em momentos de euforia ou de êxtase.

Assim como o futebol, esporte que é planetário, universal em suas regras, agregador em suas torcidas e revelador de famosos nomes e de grandes equipes, a música tem, igualmente, este condão de tornar o solista, os músicos que compõem uma orquestra e seu maestro: pessoas reconhecidas pela sociedade e responsáveis pela preservação das grandes obras musicais e das que vão surgindo ao longo do tempo.

Assim como o sol que carrega consigo a fonte de energia e está a brilhar sempre em algum lugar, a audição musical é uma fonte inesgotável de benefícios para quem ouve, bem como para quem executa.

Agora, imaginem o benefício maior ainda que existe quando os instrumentos musicais são confeccionados a partir do lixo reciclado. É o que vem acontecendo na Escola Pública Municipal de Ensino Fundamental Judith Macedo de Araújo, localizada no Morro da Cruz, zona leste de Porto Alegre, desde 2015, graças ao trabalho da Professora de Música Michelle Cavalcanti.

O Grupo de Música, que leva o nome da escola, é coordenado pela dedicada professora e composto por seus alunos que transformam garrafas, panelas, canos de PVC, bombonas e pedaços de ferro em instrumentos que apresentam diversas sonoridades, ao lado de flautas e violões que fazem parte de seu currículo de aprendizagem instrumental.

Vejam que a sonoridade obtida poderia ser apreciada por qualquer indivíduo, em qualquer parte do planeta, pois algumas dessas composições, tocadas pelo grupo de alunos instrumentistas, são de autores clássicos como Bach e Mozart, bem como autores nacionais.

Este Projeto de Educação Musical envolve em torno de 70 alunos, cujas idades variam entre 7 e 16 anos, funcionando no turno inverso às aulas. Crianças e adolescentes que celebraram estes 5 anos de participação no Projeto, apresentando, no Concerto Anual, o espetáculo NÃO SOLTA A MINHA MÃO, no último dia 5 de dezembro, no Teatro Renascença.

Este Concerto do Grupo de Música Escola Judith Macedo de Araújo é a prova que, através da música, podemos ser reconhecidos e nos reconhecermos como futuros cidadãos envolvidos com práticas do bem viver, afastados das constantes tentações que corroem os valores que dignificam uma sociedade.

Os esportes e a música são linguagens universais, por isso agregadoras, quando bem conduzidas por pessoas preocupadas com o amanhã desses jovens e do planeta.

O espetáculo deste ano, que teve como tema NÃO SOLTA A MINHA MÃO, revela a importância de levar a emoção à plateia através das melodias, agregando, igualmente, um recado, por demais importante, que é a manutenção deste Projeto.

À Secretaria Municipal de Educação fica o pedido de que mantenha e apoie este Projeto, pois ele traz inúmeros benefícios a uma sociedade tão carente de valores.

NÃO SOLTA A MINHA MÃO é um pedido para que ele permaneça como um elo entre o agora e o amanhã, sendo este último uma recompensa pelas boas práticas fornecidas por uma educação que aposta numa sociedade pautada por valores éticos, morais e de um conhecimento amplo que aborde diversas habilidades e competências.

Parabéns ao Projeto Musical desenvolvido por esta escola.

Parabéns à Professora que o coordena, bem como à Equipe de Direção desta escola.

A sociedade e o meio ambiente agradecem por esta iniciativa.















domingo, 10 de maio de 2015

PRESENÇA CONSTANTE

Com chuva, com sol, não importava o tempo, aquele compromisso era cumprido com grande satisfação por mim e por quem me acompanhava.

Afinal, a leitura de livros e revistas era complementada por outra leitura: a da pauta musical.

Ler, algum tempo atrás, era percorrer com os olhos o caminho das letras, as pausas e interrogações, as reticências... Para mim era também reproduzir com o toque dos dedos as notas absorvidas pelo olhar e transformadas em sons que brindavam os ouvidos, que alimentavam o corpo e o espírito.

Ler e imaginar, ler e sonhar, ler e interpretar um texto sempre foi prazeroso.

Agora, reproduzir a pauta musical em sonoridades que convidam o próprio corpo ao movimento e que, também, carregam a imaginação pra bem longe é uma capacidade que nos oferece um sabor diferenciado ao trivial do cotidiano. Treinar o ouvido à beleza dos sons do mundo musical é um importante suporte para que enfrentemos alguns momentos de maior ou menor inquietação espiritual. Ser capaz de sentir emoção no ato de ouvir determinada melodia é bastante reconfortante. Nem é preciso entender de pauta musical. Basta aprender a sentir a beleza que brota de sonoridades as mais diversas. E isto fica por conta do momento, do tipo de música e do humor daquele que está em busca.



Retornando à caminhada, sob chuva ou sol, agradeço àquela que me acompanhou nesta jornada por longos sete anos. De ônibus, lá íamos duas vezes por semana, nos primeiros tempos, e uma vez no restante, até o local onde as aulas eram ministradas. Tempos inesquecíveis. Claro, este é apenas um trecho da caminhada. Outros existiram antes e depois deste. Alguns outros, posteriores, bem mais desafiadores.

Todos, porém, com esta presença fundamental, constante, incentivadora e colaborativa na acepção mais ampla da palavra. Além de ter sido uma guerreira de longas batalhas ao meu lado.

O meu carinho e saudade àquela que me acompanhou até quando pôde. E que, acredito, ainda olha por mim de longe. Quem sabe... Talvez, de bem perto.



Ah! Ia esquecendo...

Hoje, a sigla LER, não o verbo, representa um dos motivos de consulta ao ortopedista. A síndrome chamada Lesão de Esforço Repetitivo tem levado vários jovens, segundo informação de um médico ortopedista, a serem atendidos após sentirem dores nos dedos e pulsos pelo ato de uso repetitivo de comunicação pelo WhatsApp ou What’s Up, o que seria mais correto. Além do uso compulsivo de celulares, tablets e smartphones que, comprovadamente, geraram a chamada Dependência Digital, já considerada um transtorno mental.

Isto, porém, é assunto para outro momento.

Hoje, é o dia delas: o Dia em Homenagem às Mães. O meu agradecimento e saudades à Dona Sirene, minha mãe.

As saudades, no meu caso, revelam que a distância no tempo não interfere no sentimento de falta. Ele ainda está presente. 



Minha homenagem às Mães com a Turma do Balão Mágico cantando MINHA MÃE, letra sempre atual e que serve a todas nós mães de hoje, às futuras e, também, àquelas que já se foram.






Minha Mãe – Balão Mágico 








terça-feira, 20 de maio de 2014

A ELA

Desde sempre ela me acompanha. Suave som que me embalava já nos primeiros momentos de vida. Vibrações que percorrem meu ser, ainda tão pequenino. Sons da primeira infância, tão presentes. Ouvido extremamente perceptivo aos sons que me rodeavam. Assim foram os sons das folhas ressequidas, caindo ao chão, no pátio lá de casa. Transformei, bem mais tarde, esses sons em poesia e crônica.

Assim, sempre atenta aos silêncios, percebia também neles sons, os mais diversos. Fui, aos poucos, vivenciando os sons musicais, propriamente ditos. Fui acercando-me dela, habituando-me com ela. Fui aprendendo a senti-la das mais diversas maneiras: em exaltação, em êxtase, em recolhimento, em profunda tristeza, em apoteose.

Até que tive o privilégio de poder atravessar o Atlântico, sem nunca lá ter estado, pelo som de um alto-falante do navio que levava os pracinhas gaúchos à Suez, pois eu gravara músicas em uma fita cassete levada por um tio. Disso resultou uma crônica, também.

Não menos importantes foram as tardes de sábado e domingo, nas distantes décadas de 70 e 80, quando, novamente, sua companhia foi decisiva em momentos difíceis, de desesperança e muito trabalho. Mas ela estava lá, fiel. Sempre foi perfeita em todos os momentos, adequada a cada situação vivida. Em instantes de dor ou de alegria, uma diferente era escolhida e cumpria seu papel catártico de forma exemplar. Sempre foi capaz de restabelecer o equilíbrio interior, de confortar com sua divina presença. Sim, porque deve haver algo divino nesse poder que ela exerce sobre meu ser.

Buscar, na Ouverture “1812” de Peter Ilich Tchaikovsky, garra para avançar nos dias que se iam sucedendo, era uma constante. Captar a apoteose de uma Nona Sinfonia de Beethoven e vibrar com ela, bem como ouvir o belíssimo Concerto Tríplice, em dó maior, opus 56, acompanhado do Coral Fantasia, do mesmo autor, era um deleite para os meus ouvidos. Apreciar o virtuosismo de Salvatore Accardo, interpretando os seis concertos para violino de Nicolò Paganini, era inspirador. Perceber a riqueza de sonoridades das Quatro Estações de Antonio Vivaldi transmitia leveza. Sorver a paz, que emana de uma Ave Maria de Schubert, é divino. E quantos outros mais compositores clássicos poderíamos aqui mencionar, como: Brahms, Bach, Chopin, Haydn, Rachmaninoff, Liszt, Handel, Mozart, Strauss, Mendelssohn, Schumann, Wagner, Albinoni. Carlos Gomes e suas aberturas e prelúdios e Heitor Villa-Lobos, mais recentemente, já mais próximos do nosso tempo e de raízes brasileiras.

Também orquestras como as de Andre Kostelanetz, Mantovani, Franck Pourcel, Billy Vaughn, Glenn Miller, Henry Mancini, Bert Kaempfert, Burt Bacharach, Ray Conniff, Waldir Calmon, Radamés Gnatalli, famosas à época, ofereciam interpretações de músicas de excelente qualidade.

E o que dizer de Acker Bilk e seu trompete? E os tangos da Orquestra Típica de Edoardo Lucchina? E a excelente música popular brasileira, oriunda dos grandes festivais da época? E a nossa Bossa Nova? E os nossos cantores e cantoras mais conhecidos já incorporados aos novos tempos, com ritmos bem ao gosto da galera de hoje?

Ela está, como sempre esteve, por todos os lados a nos brindar através de inspiradas melodias e letras que nos acompanham no dia a dia. Mais recentemente, os sambas de partido alto e a música gauchesca foram incorporados ao meu cotidiano. Tudo, claro, com uma roupagem nova para entrar de vez no ritmo da Internet. Cada tipo de composição e letra tem o seu lugar guardado para um ouvinte que se disponha a buscar, sem preconceito, aquilo que aquela música, naquele momento, pode lhe acrescentar. Haja vista, as inúmeras bandas gaúchas e brasileiras que, com uma batida moderna, fazem os jovens, e também os não tão jovens, sacudirem “o esqueleto”. Ela é poderosa. Não importa se ela remonta aos tempos do Barroco, do Classicismo ou do Romantismo. Lá, foi importante. E, ainda, o é para quem se dispõe a ouvi-la com atenção redobrada, quase de forma reverencial. Composições primorosas em que a melodia torna dispensável qualquer letra. A exceção eram partituras que incluíam corais, como a apresentada no primeiro vídeo, em sua parte final, que segue abaixo. Ou se já pertence à era Modernista, onde a composição reúne melodia e letra, pelo menos na música dita popular.



Portanto, para mim ela tem ciclos mais ou menos predominantes, mas sempre presente. Quanto mais vazios existirem, mais ela far-se-á presente. Sempre foi assim. Ela preenche vazios, pois reverbera no meu interior.

Assim, desfilaram, ao longo dos anos, um sem-número de sons que se harmonizavam em composições clássicas ou populares. Coincidentemente, quando um ciclo de vida encerrava-se, ela aparecia com redobrada força a amparar essa sua amante, sempre tão carente de sua presença. Continuo a mesma. Encharco-me dela em momentos de necessidade. E ela possui a mim de forma avassaladora. Entrego-me a ela de bom grado. E ela, fidelíssima, nunca me desampara. Ao contrário, nada pede a mim. Apenas dá-me, em abundância e a minha escolha, o que de melhor possui: sua envolvente e inebriante sonoridade. Minha necessidade é o de que precisa. E é ela uma de minhas necessidades básicas. E, como tal, sempre que necessito (e sempre necessito) lanço mão dessa companheira. Às vezes, seu som basta-me. Outras, quero ouvi-la e vê-la executada por quem tem esse mister por profissão.

Ouço-a, também, num chilreio, num pingo d’água teimoso, até no bater ritmado de um coração que nunca para, obra-prima do Criador.

Originários de um universo barulhento, fomos embalados em suave borbulhar, nadando num meio ritmado. Expelidos, passamos a conviver num novo mundo sonoro, bem mais agitado. Mas, com o passar dos anos, descobrimo-la. Ela, agora, aparece já de forma ordenada. É uma festa de ritmos e sons. Tudo humanamente trabalhado para que ela se apresente de forma total: ritmos e sons perfeitamente ajustados e harmônicos.

E dela nunca mais nos separamos. Alguns serão mais dependentes, outros nem tanto. Mas de todos nós, em algum momento, ela fará parte. Nem que seja no Parabéns a Você, tão aguardado pelas crianças e por nós adultos, também.

Então é isso... Começa com aquele sonzinho do tapinha ao nascer, do estalo de um beijo, do som da chuva sobre o telhado, do vento zunindo. E por aí vai... Com o tempo, tomará contornos definidos e será cantada nas cantigas de roda, se ainda existirem, é claro. Acalantará o sussurro ao pé do ouvido, relembrará encontros inesquecíveis. Nunca mais nos largará. Acompanhar-nos-á até quando os sinos derem o toque final. Serão cânticos de despedida que, em algum momento, anjos entoarão, dando aos que ficam a certeza de que sua existência nos empresta motivo suficiente para vivermos melhor por aqui.



Portanto, sugiro que guardemos um tempo, a cada dia, para desfrutarmos de sua envolvente presença que nos reenergiza, descontrai, acalma, nos faz sonhar, tudo dependendo de qual carência estivermos apresentando e da correta escolha que fizermos dela. Com certeza, ela cumprirá seu papel, alimentando nossa vida interior com aquilo de que estivermos precisando.



Segundo John M. Ortiz, compositor, multi-instrumentista e psicólogo, autor do livro O TAO DA MÚSICA, ela é invisível, mas sabemos que está presente. Não podemos tateá-la, mas ela pode ser tocada. Não podemos prová-la, mas ela pode ser saboreada. Não podemos cheirá-la, mas ela enche o ar de fragrâncias. Quando sentimos o Tao da música, nunca mais o esquecemos.

E, mais adiante, continua:

Muitas pessoas, ao se sentirem deprimidas, escutam músicas, que refletem essa emoção ou que, ao contrário, as tornam alegres. Ela nos propicia uma oportunidade rara e prazerosa para alterar o padrão de nossos pensamentos, tornando nossa vida mais saudável e satisfatória.

O caminho da música, digo eu, é eterno, porque infinito.



Artur da Távola, conhecido jornalista, advogado, professor e escritor, cunhou uma frase que se tornou muito conhecida e com a qual encerrava um programa da Rádio MEC sobre música clássica, que é absolutamente verdadeira. Dizia ele:

“Música é vida interior. E quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão”.

Ah! Ia esquecendo de acrescentar que parte desse amor à música deve-se ao contato que tive muito cedo com ela. Há poucos dias, graças ao Senhor Google e ao Facebook, descobri que minha professora de música, Nívea Rosa Thumé Karam, continua bela, como sempre foi. 

Um agradecimento especial a essa professora e a minha homenagem a ELA, a MÚSICA.



Em dias tão conturbados, precisamos cada vez mais dela. Busquemos nela a força para enfrentar os embates diários, a alegria que pode nos transmitir, a descontração tão necessária, bem como a fruição de momentos de paz e vivência interior. Tudo a nossa escolha.






Triple Concert - Choral Fantasy – Beethoven


Ave Maria de Schubert - Daniela de Santos



Pink Panther Theme - Henry Mancini




Afrikaan Beat  - Bert Kaempfert  



Stranger on the Shore – 1988 (Live) - Mr. Acker Bilk
  



Pela Internet – Gilberto Gil 




Fundo de Quintal ao Vivo 




Cheiro de Galpão - Os Monarcas 











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Comentário via Facebook:


Nívea Rosa Thumé Karam escreveu: 
"Soninha Athayde Parabéns pela maneira fácil com que consegues te expressar,li tua crônica do dia 20 de Maio e muito me envaideceu saber que de alguma forma eu contribui para que também te apaixonasses por Ela a música.Com esse poder que ela exerce sobre nós Soninha ,creio piamente a Solidão será para qualquer um que a cultivar,uma eterna desconhecida..Um grande abraço e obrigada menina dos olhos azuis."