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sexta-feira, 25 de agosto de 2023

TEMPOS IMPREVISÍVEIS?


Talvez!

Observando-se, atentamente, o que já vem sendo relatado pelos habitantes do planeta e o que os cientistas, já a algum tempo, previram frente aos estudos por eles elaborados, o imprevisível já não é mais uma afirmação correta.

As mudanças climáticas tornaram-se frequentes e inesperadas para nós, habitantes desse planeta.

Por outro lado, parece que alguns possíveis flagelos, a que estaríamos expostos, não são suficientes para que se adotem medidas de preservação do meio ambiente.

Impressiona, de igual forma, as posturas de beligerância frente a quaisquer divergências de opinião.

Agora, credo, raça, capacidade econômica e cultura acadêmica são apenas diferenciais pessoais, pois, diante de uma partida de futebol, por algum campeonato, multidões de torcedores comparecem aos campos de futebol.

A busca pelo extravasamento das emoções encontra nas torcidas momentos de descontração e convívio.

Claro que, atualmente, até nos estádios de futebol a agressividade tem se tornado mais frequente.

Para quem vai divertir-se torcendo pelo seu time, estes encontros são momentos de descontração. Perdendo ou ganhando, não importa.

Saber partícipe de um momento de competição em que suas energias estão todas voltadas para a disputa e o possível êxito, já é um sentir-se vitorioso.

Se vier a frustração da derrota, esta nova energia negativa colocará por terra aquelas que lá existiam, de algum dissabor anterior.

Dessa forma, a energia da esperança de um novo encontro futebolístico, será uma recompensa que acompanhará este torcedor pelos dias subsequentes.

Afinal, nosso cotidiano necessita desse alimento que é a esperança.

O imprevisível, aqui, continuará a existir.

Jogadores lesionados e afastados darão um caráter imprevisível aos jogos que se sucederem. Ou até as chances de golo desperdiçadas, servirão a uma possível existência da imprevisibilidade.

A imprevisibilidade, portanto, é relativa. Quando, porém, todos os dados disponíveis afastam-na, há que se atentar e mover todos os esforços para direcionar novas atitudes de preservação do meio ambiente do nosso planeta.










sábado, 14 de dezembro de 2019

LINGUAGENS UNIVERSAIS



Mergulhe o olhar no céu. Isabela o vê, agora, todo azul. Esta será, também, sua cor em tantos outros lugares do planeta. É uma cor reconhecida por qualquer pessoa, em qualquer lugar deste nosso mundo. Despertará, a quem se detiver a olhá-lo, uma sensação de imensidão capaz de levar a imaginação a criar mundos diferentes, conforme cada olhar.

O céu, porém, é o mesmo e a cor, também. Em alguns lugares, poderá parecer estar fechando-se, dada a aproximação de uma tempestade.

Ele é reconhecido por qualquer habitante deste planeta e exercerá, conforme sua apresentação, uma sensação de paz, tranquilidade ou, até mesmo, de receio ou medo.

O importante é que sua mensagem é decodificada por qualquer habitante desta Terra que nos abriga. É universal a sua mensagem.

Como também é universal a sonoridade das sete notas musicais que existem, bem como seus tons maiores ou menores. Um dó maior ou um ré menor serão sempre percebidos e diferenciados pelo ouvido humano, independentemente de qual sociedade os esteja recebendo.

Assim, também, a sonoridade encerra uma mensagem universal. Todos a compreendem, bem como os ritmos que a acompanham.

Esta qualidade estende-se a quem se manifesta através da música. Tornar-se executante de um instrumento que apresente uma sonora melodia, sob um ritmo convidativo, que desperte o desejo de dançar, ou que apenas leve o ouvinte a relembrar sensações já experimentadas, é extremamente salutar para quem executa como também para quem se vê mergulhado em momentos de euforia ou de êxtase.

Assim como o futebol, esporte que é planetário, universal em suas regras, agregador em suas torcidas e revelador de famosos nomes e de grandes equipes, a música tem, igualmente, este condão de tornar o solista, os músicos que compõem uma orquestra e seu maestro: pessoas reconhecidas pela sociedade e responsáveis pela preservação das grandes obras musicais e das que vão surgindo ao longo do tempo.

Assim como o sol que carrega consigo a fonte de energia e está a brilhar sempre em algum lugar, a audição musical é uma fonte inesgotável de benefícios para quem ouve, bem como para quem executa.

Agora, imaginem o benefício maior ainda que existe quando os instrumentos musicais são confeccionados a partir do lixo reciclado. É o que vem acontecendo na Escola Pública Municipal de Ensino Fundamental Judith Macedo de Araújo, localizada no Morro da Cruz, zona leste de Porto Alegre, desde 2015, graças ao trabalho da Professora de Música Michelle Cavalcanti.

O Grupo de Música, que leva o nome da escola, é coordenado pela dedicada professora e composto por seus alunos que transformam garrafas, panelas, canos de PVC, bombonas e pedaços de ferro em instrumentos que apresentam diversas sonoridades, ao lado de flautas e violões que fazem parte de seu currículo de aprendizagem instrumental.

Vejam que a sonoridade obtida poderia ser apreciada por qualquer indivíduo, em qualquer parte do planeta, pois algumas dessas composições, tocadas pelo grupo de alunos instrumentistas, são de autores clássicos como Bach e Mozart, bem como autores nacionais.

Este Projeto de Educação Musical envolve em torno de 70 alunos, cujas idades variam entre 7 e 16 anos, funcionando no turno inverso às aulas. Crianças e adolescentes que celebraram estes 5 anos de participação no Projeto, apresentando, no Concerto Anual, o espetáculo NÃO SOLTA A MINHA MÃO, no último dia 5 de dezembro, no Teatro Renascença.

Este Concerto do Grupo de Música Escola Judith Macedo de Araújo é a prova que, através da música, podemos ser reconhecidos e nos reconhecermos como futuros cidadãos envolvidos com práticas do bem viver, afastados das constantes tentações que corroem os valores que dignificam uma sociedade.

Os esportes e a música são linguagens universais, por isso agregadoras, quando bem conduzidas por pessoas preocupadas com o amanhã desses jovens e do planeta.

O espetáculo deste ano, que teve como tema NÃO SOLTA A MINHA MÃO, revela a importância de levar a emoção à plateia através das melodias, agregando, igualmente, um recado, por demais importante, que é a manutenção deste Projeto.

À Secretaria Municipal de Educação fica o pedido de que mantenha e apoie este Projeto, pois ele traz inúmeros benefícios a uma sociedade tão carente de valores.

NÃO SOLTA A MINHA MÃO é um pedido para que ele permaneça como um elo entre o agora e o amanhã, sendo este último uma recompensa pelas boas práticas fornecidas por uma educação que aposta numa sociedade pautada por valores éticos, morais e de um conhecimento amplo que aborde diversas habilidades e competências.

Parabéns ao Projeto Musical desenvolvido por esta escola.

Parabéns à Professora que o coordena, bem como à Equipe de Direção desta escola.

A sociedade e o meio ambiente agradecem por esta iniciativa.















quarta-feira, 27 de agosto de 2014

À BEIRA DE UM RIO



Não temos a estátua do Cristo. Não temos o mar.

Temos, porém, o nosso Guaíba. 

E o vemos do alto do Morro Santa Tereza. Através das precisas aberturas, que enquadram a paisagem no Museu Iberê Camargo, obra do premiadíssimo arquiteto Álvaro Siza Vieira, também podemos vê-lo. Acompanhá-lo também é possível ao longo da Avenida Edvaldo Pereira Paiva. No Gasômetro e no Cais do Porto nossos olhos esbarram com ele o tempo inteiro. 

Atravessá-lo com as antigas barcas, num caminho de ida e volta até a cidade de Guaíba, era um divertimento. Barcas enormes onde cabiam vários automóveis. Claro, não havia o conforto dos catamarãs de hoje. O visual, porém, era o mesmo. Um rio que desliza suave, que não amedronta. Um rio que é o cartão postal desta cidade. Que mais lindo ainda se torna quando o sol se deita para iniciar o seu sono profundo.

As imagens diárias das inúmeras guerras que se sucedem deixam nossos olhos por demais fustigados. São escombros, uma mortandade generalizada, semblantes retorcidos pela dor, pela fome e pela perda de familiares e de seus bens. E a beleza natural dessas terras, referenciais para esses povos, também estão destruídos. Rios que serviram de cartão postal para suas comunidades e que hoje estão deteriorados pelos artefatos de guerra, ali, constantemente, despejados.

Longe da devastação, produto de guerras fratricidas, por aqui se propaga outra devastação. Esta, com certeza, deveria ser bem mais fácil de ser estancada. Infelizmente, porém, não o é. 
A recente reportagem de ZH, de 26 de julho, confirma esta assertiva.

E pensar que eu me banhei nas águas da Praia de Ipanema, zona sul de Porto Alegre.

A perda para os negócios turísticos é incalculável. Uma orla extensa sem qualquer aproveitamento para o turismo, tal a sujeira e poluição que grassam por todo o rio.

Lixo, lixo e mais lixo.

O Museu Iberê Camargo, o Parque Marinha do Brasil, o Anfiteatro Pôr do Sol, as margens da Usina do Gasômetro, o Cais do Porto, todas estas belezas aos pés da imundície, da podridão, do descaso, do descompromisso com o meio ambiente, com a sua cidade.

Como é possível um rio sobreviver diante de tal devastação! Afinal, bebemos deste rio. Até quando será possível consumi-lo sem que nos prejudiquemos, tal a quantia de produtos químicos necessários para que se consiga sua potabilidade?

Este é um assunto de extrema gravidade e que deve envolver a todos: comunidades, indústrias da região metropolitana, Governos do Estado e dos Municípios.

A Lei nº 12.305, de dois de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estipulou o prazo de quatro anos para a total implantação dos chamados aterros sanitários em substituição aos lixões. Os rios Jacuí, Gravataí, Sinos e Caí, todos eles formam o nosso Guaíba, que desemboca na Lagoa dos Patos. Mas quantos arroios desembocam nestes rios? Quantos deles também já se encontram poluídos? 


Belas imagens dos arroios de outrora foi o que nos legou Mário Quintana, através dos versos que seguem:





Infelizmente, nem estes se salvaram da poluição. Às vezes, é por eles que começa ela a espalhar-se.

Luiz Coronel, em NOTURNO DE PORTO ALEGRE, do livro Um Querubim de Pantufas, nos versos nºs 17 a 24, exalta o Guaíba, despejando perfume em suas margens e vendo em seu pôr do sol, quase uma miragem.


- Ó cidade, bem não te conhece quem um dia não tenha
se entregue aos teus braços de rio de margens perfumadas.
Breve, eu sei, tenho certeza, muros e anteparos tombarão
e o “Porto dos Casais” e o rio serão uma verdade única e entrelaçada.

Mas quais virtudes, além de tua beleza, te fazem assim
amada e envolvente? Teu pôr do sol, quase miragem?



Como seria belo vê-lo assim. Belo para os olhos de quem não cansa de apreciá-lo, e fornecendo água limpa, própria para um mergulho nas águas de Ipanema. Uma Ipanema que se juntava as outras praias da região: a do Lami, a do Espírito Santo, a do Veludo e por aí...

Um rio abandonado a sua própria sorte, com lixo depositado às suas margen, é o que a cidade observa.

Porém, acreditem, suas águas ainda encontram-se, quase que diariamente, com ele, o Sol, oferecendo-se para o encontro amoroso.

E ele, acariciado pelas suas mãos de seda, deita-se no leito, conforme RELATO DAS RELAÇÕES DO SOL COM AS ÁGUAS DO GUAÍBA, poema de Luiz Coronel, do livro Um Girassol na Neblina, espargindo luz até o final do encontro.




E a cidade, à beira deste rio, agradece o espetáculo que se renova sempre que propício o tempo. 

Na verdade, os cidadãos querem bem mais do que assistir ao espetáculo do pôr do sol às suas margens. Querem, novamente, desfrutar de suas mansas águas.

E a cidade aguarda que o Estado tome as medidas necessárias para a implantação efetiva desta importante política ambiental, acompanhada de uma fiscalização rigorosa pelo seu não cumprimento.

E o cidadão aguarda...

Nós, porto-alegrenses, aguardamos...

Até quando?









Entre o Guaíba e o Uruguai – Noel Guarany





quinta-feira, 11 de julho de 2013

DAS MARÉS



Com um movimento que vem e que vai, espera-se, a cada ciclo, uma nova chegada e um novo recuo, intermitente, aos olhos de quem observa e acompanha tal movimentação. Ela não é de hoje, ela é de sempre. O que muda é a sua força, sua intensidade, conforme a posição dos astros, ao longo dos tempos. Das marés não se pode prescindir. Elas são o próprio inspirar e expirar que se faz gigante, quando tratamos de Planeta. Nossos mares sabem bem como fazê-lo. Embora a produção das marés resulte de um mecanismo relativamente simples, que é o movimento oscilatório da massa líquida dos oceanos produzida pela atração gravitacional do Sol e da Lua, as marés manifestam-se de maneira extremamente complexa e muito variável, segundo o lugar onde ocorrem. Seu ritmo e amplitude estão ligados não somente à posição relativa da Terra, do Sol e da Lua, que se modificam a cada dia, como também às irregularidades do contorno e das profundidades das bacias oceânicas de determinado lugar. Daí, às vezes, serem diurnas, semidiurnas, como também mistas.

Mas isso para nós, que apenas observamos o mar como meros espectadores, são apenas detalhes.

O que interessa mesmo é observar o mar aproximando-se, com aquela imagem grandiosa, quase assustadora, e vê-lo encolher-se, num movimento de quase humildade. É uma respiração bem mais perceptível que a nossa, convenhamos.

Desde sempre, ao que sabemos, isso acontece.

Há algo de novo de um tempo para cá, porém.

Suas águas parecem estar mais revoltas, mais violentas nesse seu expirar constante. As águas dos mares estão, a cada dia, querendo mais mostrar sua força, achegando-se bem além dos limites antes atingidos.

O que mais preocupa, porém, é a constatação de que quando ele inspira, recuando como a natureza determina, escancara a podridão nele lançada e que o está transformando em um celeiro de dejetos e não mais de vida.

O que fazer com essa sujeira toda?


Nós, por nossa vez, também respiramos exatamente num ciclo, porém infinitamente mais curto e também carregado de lixo que expelimos através do gás carbônico.

Pois, Amanda, que adora olhar o mar, vive se comparando a ele, porque também ela inspira e expira para manter-se viva. Ao inspirar busca ar puro. Pois é!

Quando inspira, ela, diferentemente do mar, não desnuda o que é nocivo. Isso acontecerá quando expirar, momento em que jogará no meio ambiente o lixo acumulado dentro de si, o nosso conhecido gás carbônico.

Então, para entender o pensamento de Amanda, temos:

1- Mar e suas marés:
a) inspiração=sujeira à mostra

b) expiração=volumosas águas que se espalham, cada vez mais, terra adentro; 

2- Amanda:
a) inspiração= busca pelo ar puro                                             

b) expiração=sujeira invisível

Como Amanda é uma jovem sonhadora e preocupada com o meio ambiente, consigo própria e com os outros, anda, ultimamente, num dilema. Tem ido pouco às praias que costumava frequentar, para não assistir a esse vai e vem das águas que se tornou algo preocupante, de beleza discutível hoje e um termômetro que está a mostrar os riscos que corremos todos, quanto ao equilíbrio do Planeta.

Como também é uma jovem inteligente, uma leitora atenta e que faz parte de uma massa crítica, não da manada, já percebeu que tudo na vida é cíclico.

Por isso, a cada manhã, quando lê, ouve ou fica sabendo através de terceiros, que mais um escândalo revelou-se, não mais se surpreende.

Tudo é verdadeiramente cíclico, inclusive a sujeira, que perpassa muitas transações, negociatas, favores. São como os dejetos que o mar revela, isto é, visíveis e comprováveis: mais dia, menos dia.

E assim sempre foi ao longo dos tempos. Apenas, hoje é quase instantânea a sua percepção.

A diferença está, mais ou menos, de acordo com as marés, isto é, dependem do lugar onde ocorrem.
 
Em alguns lugares, as punições são exemplares. Em outros, há que se ter paciência e esperar a maré mais propícia, aquela que expõe os dejetos totalmente a olho nu, para que, só então, se tomem as medidas cabíveis, isto é, aquelas que, talvez, num prazo bem looooongo, possam surtir os efeitos que se buscava desde o início do seu conhecimento.

Amanda, que também é uma jovem otimista, espera que a maré baixa impulsione, na maré alta, a que uma verdadeira maré humana invada a praça. Pois o que se observa é uma crescente maré de insatisfação!

E enquanto se aguarda a maré adequada, assistam ao vídeo abaixo. Parem e pensem, que nem Zeca Pagodinho.

Ou, então, deixem-se levar pela Maré Mansa, na voz, também mansa, de Simone.





Parei e Pensei – Zeca Pagodinho - Clique aqui para ver a letra 
Maré Mansa – Simone










sexta-feira, 5 de julho de 2013

DE TEMPOS EM TEMPOS

Tal qual águas revoltas, que irrompem do fundo do oceano em fúria avassaladora, tal qual lava incandescente que brota do fundo da terra, despejando aquilo que não era mais suportável, o povo, igualmente, de uma praça, de um espaço público qualquer, irrompe explodindo sua inconformidade, sua insatisfação. Isto se dá quando suas necessidades chegam a um nível crítico e há a percepção nítida de um total desrespeito ao seu clamor.

Nos fenômenos da natureza é imprevisível, na maior parte das vezes, evitar-se tais cataclismos. Um vulcão que começa a trabalhar, um tsunami que chega avassalando o que tem pela frente, um furacão ou um terremoto que se formam, aleatoriamente, são fenômenos inevitáveis.

Agora, quanto aos agrupamentos humanos, os indicativos de violência em massa são bem mais fáceis de serem percebidos e evitados.

Originariamente começam lentamente, em pontos diversos de uma cidade, em diferentes regiões do país, portando cartazes onde expressam sua indignação, mas ainda movimentos dentro da lei e da ordem instituídas. Estamos falando, é claro, de povos civilizados, vivendo em pleno século XXI. Suas reivindicações, quando explodem em violência, ocorrem porque já o tinham sido exaustivamente apresentadas, ao longo de anos, aos que os representam. Não esqueçamos que somos civilizados, vivemos num Estado Democrático de Direito e estamos no século XXI. Tudo muito moderno! A tecnologia está a serviço desse homem: é o que se propaga.

Mas e quando falta a esse homem o básico para que ele se desenvolva?

Não aquele básico ao rés do chão, mas o básico no atendimento de suas necessidades, aquilo que se reserva a um ser humano, digno por representar a espécie humana e não digno por representar a casta, isto é, os melhores aquinhoados.

Essa massa, que incomoda, clama por direitos expressos em cartazes que portam quando se aventuram em passeatas, por esses rincões afora.

Tudo muito básico, muito claro, muito verdadeiro e perfeitamente realizável.

Nada de discursos, pois disso todos já estão fartos.

O que fazer? Todos sabem.

Como fazer? Todos, também, sabem.

Quem vai fazer? Aqueles que nos representam.

Rezemos para que esse povo permaneça na praça, lugar que é dele, a reivindicar aquilo que lhe é devido.

Povo alegre, bem humorado, trabalhador: um povo feliz.

Pena que seus representantes estejam, de longa data e de forma escancarada, nos últimos tempos, a pisotear, de forma deslavada, direitos fundamentais que não repousam somente na liberdade, mas no exercício da cidadania como indivíduos que têm direito a uma saúde, educação e segurança dignas e efetivas. Que suas cidades tenham transporte público de qualidade. Que haja uma política efetiva de preservação do meio ambiente, das riquezas minerais, de seus mananciais. E por aí afora...

A pauta de reivindicações está nas ruas, na Internet. O rosário de pedidos é grande, mas não maior do que a fila de zeros do imposto recolhido aos cofres públicos por esses mesmos indivíduos que estão nas ruas: os milhões de contribuintes.


Atentem para o amarelo piscante!

Gestão correta do dinheiro público e tolerância zero aos seus desvios, em qualquer esfera de poder. Mecanismos efetivos de fiscalização e punição exemplar aos transgressores.

Diante dessas medidas, todos começarão a pensar, duas vezes, antes de cometerem ilícitos.

Caso contrário, a movimentação das massas pode explodir.

Mas, diferentemente dos fenômenos naturais, tudo ainda pode ser evitado.

Oremos!


Enquanto isso, ouçamos VAI PASSAR, de Chico Buarque, que confirma a alegria de um povo, embora venha sendo ludibriado e arrastado como massa de manobra há tempos. Essa música pode ainda embalar a leitura de um poema de Castro Alves, chamado O POVO AO PODER que, entre seus versos, destaca-se aquele que diz:

A PRAÇA É DO POVO/COMO O CÉU É DO CONDOR.


Aliás, Caetano Veloso, em sua canção UM FREVO NOVO, utiliza-se dos versos do poeta Castro Alves, quando canta A Praça Castro Alves é do povo/como o céu é do avião.Já Carlos Drummond de Andrade faz uma paródia irônica quando responde ao verso de Castro Alves, dizendo:

Não, meu valente Castro Alves, engano seu.
A praça é dos automóveis. Com parquímetro.
Chico Buarque – Vai Passar













quarta-feira, 29 de maio de 2013


DE BOSQUES, PALMEIRAS, SABIÁS E... COQUINHOS

 
O som lembra o de aviões prontos para decolar. Um grid de largada para ninguém botar defeito: ali presentes os melhores. E a cidade a recepcioná-los. Um vasto lago como cenário, vias bloqueadas e um circuito, há tempo imaginado, para celebrar a festa da velocidade. Que cidade moderna! Tudo muito cul (cool) e, especialmente, clin (clean).

Agora, na verdade, faltam poucos detalhes. Aqueles entraves que perturbavam já foram, finalmente, removidos. Com isso até o lago saiu ganhando. A seiva, qual lágrima, que escorreu daquelas espécies em extinção junto ao lago, talvez tenha ajudado a encher, um pouco mais, o nosso reservatório. O que não se sabe é se a seiva, na escuridão da noite, escorreu para o lado certo, isto é, em direção ao lago. Alguma coisa, provavelmente, tenha se perdido. Quem sabe, encontrou pelo caminho algum gramado que a acolheu, benfazejo.

As espécies em extinção extinguiram-se novamente, uma vez mais. Com elas, também os gorjeios.

Mas o que isso importa? Temos os roncos dos motores, o início e a chegada, triunfante, das máquinas mais velozes. E elas, ao que se tem notícia, não tardarão a aparecer quando a Fórmula Indy aportar por aqui. Protocolo de Intenções já foi assinado em 2011, inclusive com um traçado planejado para a corrida, já esboçado.

Com o quê e para que nos preocuparmos, então.

Afinal, temos que dar um apigreide (upgrade) no nosso dia a dia. Tudo anda muito monótono: uma mesmice.

Por que manter uma paisagem que descansa o olhar? Para que uma sombra acolhedora, se posso espichar a cabeça para fora do carro e receber um “ventinho” no rosto que é puro gás nocivo.

Aliás, querem coisa mais antiquada do que bosques, palmeiras, flores, sabiás e ninhos?

Ah! Eu ia me esquecendo. Estamos vivendo em cidades. Nada disso é necessário. No máximo, uma pracinha com brinquedos e uma ou outra árvore para adorno. Porque para quem quer mesmo refrescar-se, vá ao xopin (shopping) mais próximo. Lá tem de tudo, até sombra de mentirinha. Algumas parecem ser verdadeiras. Devem ser transgênicas, coitadas. Quero dizer, coitados somos nós!

Gonçalves Dias, em sua Canção do Exílio, despeja poesia de louvor à pátria. Tão famosos tornaram-se seus versos que, dois deles, foram copiados e introduzidos, por Osório Duque Estrada, em 1909, autor da letra do Hino Nacional Brasileiro, como parte do hino, aparecendo entre aspas:

 
 
“Nossos bosques têm mais vida”,

“Nossa vida” no teu seio “mais amores”.

 

Verseja também o poeta sobre as palmeiras onde cantam os sabiás. Esse seu poema, transcrito abaixo, tornou-se um dos mais citados na literatura brasileira, bem como na nossa música popular brasileira.

Na literatura, vários poetas versejaram, sob o mesmo título, enaltecendo as belezas naturais do país, em especial, as palmeiras e os sabiás.

Gilberto Gil, ainda nos tempos da Tropicália, grava composição sua em parceria com Torquato Neto, onde faz referência à Canção do Exílio. Diz ele:

“Minha terra tem palmeiras/ onde sopra o vento forte da fome/ do medo e muito principalmente da morte”.

E não poderíamos deixar de lembrar a conhecida canção Sabiá, de Antonio Carlos Jobim e Chico Buarque, que diz:

“Vou voltar/ sei que ainda vou voltar/ para o meu lugar/ foi lá e ainda é lá/ que eu hei de ouvir uma sabiá”. E mais adiante:

“Vou voltar/ sei que ainda vou voltar/ vou deitar à sombra de uma palmeira/ que já não há/ colher a flor/ que já não dá/ e algum amor talvez possa espantar/ as noites que eu não queira/ e anunciar o dia”.


Canção essa em que o sabiá e a palmeira identificam a saudade que acometeu, à época, os exilados políticos.

 
 
 
Tudo isso dito acima para deplorar a atitude de desprezo com que o nosso meio ambiente vem sendo tratado.

Ah! Ia esquecendo, novamente, que estamos vivendo na cidade e não no campo.

Mas há quem afirme, pelo menos assim circula a notícia, que seu sonho é um mundo sem árvores. Pode?

Pode! Disse também o ilustre Senador:

“Esses radicais querem que o país volte a ser uma floresta só e que vivamos pendurados em árvores, comendo coquinhos por aí, como Adão e Eva”.

Esse cidadão é o Presidente da Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle do Senado Federal. E é, também, o maior produtor de soja do Brasil. Que tal?

Resta-nos apenas lamentar tão desastrada afirmação. Renato Russo, já na década de 80, do século passado, compôs o conhecido Que País é Esse?

Urge que se atualize tal letra, porque as coisas só pioraram.

Quanto a nossa cidade e ao nosso lago, há que se fique atento. Os níveis de poluição, pelo ar e água, aumentam a cada dia. De repente, nem água de boa qualidade mais teremos.

É isso, por ora.

 
 
Não falemos da extração de areia que ronda e se avizinha. Tudo caminhando a passos céleres. 



QUERERES ( I )

Ah! Sombra que te quero tanto!

Ao teu pé, preciso perder-me a olhar este pôr de sol tão nosso.

Vê-lo, não envolto em névoa que engole a todos.

Preciso mantê-lo vivo e claro como o olhar de criança.

Preciso orná-lo com uma moldura de contornos verdejantes.

Tudo para contrastar com um lago, que ainda sonho, despoluído.

Nem precisa ser azul.

Basta ser pincelado com o verde das árvores que dele fazem espelho.

Soninha Athayde



 
 
 
 
 
 
 
 
Sabiá - Chico Buarque e Tom Jobim
 
 
  O Ano Passado - Roberto Carlos
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

terça-feira, 26 de março de 2013


ENTRE O VISÍVEL E O DESEJÁVEL

O sorriso anda meio amarelado. Não te vejo, nem te sinto mais tão feliz, tão leve quanto eras.

Tu que a tudo assistias ao sopé do morro, de nome de Santa. Lá, embaixo, eras plateia. Eu encenava e contracenava. Tu, já eras pura exibição. E acompanhavas meus devaneios, sussurros e juras.

Não te punhas enciumada, pois a ti, de há muito, já me entregara. Ao outro, apenas no tempo certo me entregaria. De ti já era amante, apaixonada, desde sempre.

Desde quando, na ponta dos pés, espiava pela janela o movimento e o som buliçoso que de tuas artérias ouvia. Foste para mim um desafio a conquistar, desde quando buscava, no armazém da esquina, os saborosos docinhos de leite condensado.

Aos poucos, fui contigo formando um par indissolúvel. Fiz de ti minha morada. Casei contigo e com o outro. Tu, dada a tua natureza, não te importaste. Pelo contrário. É tua missão acolher mais e mais pessoas sob esse manto hospitaleiro.

Vivendo em ti, com o outro procriei e uma nova estrela veio juntar-se a tua já tão grande constelação.

Sinto-te perene, mas confesso que ando preocupada. Sei que a tudo assistes. Silenciosa, às vezes. Esfuziante, em outras. Tu és minha deusa à beira de um rio, reverenciada a cada entardecer pelo mais belo pôr do sol.

Agora, teus filhos andam meio desleixados contigo. Por vezes, para chamar a atenção, aproveitando-se da companheira chuva, esparramas tuas lágrimas para além dos limites desejáveis. Só para “inticar”. Só para mostrar que a coisa não anda bem.

Por outro lado, teus cartões de apresentação, igualmente, não têm tido os reparos necessários, para que consigas sorrir por inteiro.

Ah! O teu parque mais antigo e famoso, que eu amo tanto, sabes bem quanto precisa de um constante olhar protetor.

Tuas artérias, antes buliçosas com o calor humano, estão esgotadas por tantas máquinas potentes que trafegam espremidas que nem bois no brete.

Teus mais lindos enfeites, as árvores, que te tornam verdejante, fértil e bela, andam assustadas. Afinal, as espécies têm diminuído e a quantidade como um todo, ao que parece, também. E como vamos respirar?

Será isso um desvario?

Será apenas uma reacomodação?

Ando preocupada com a minha amada!

Quero vê-la sempre bem, sempre feliz, sorridente. E o que ando vendo não é mais esta expressão de felicidade.

É bom que acendamos o amarelo piscante. Que ele permaneça aceso a nos lembrar da responsabilidade desses filhos e dos filhos de seus filhos para com esse chão que nos acolhe.

E tudo, como se sabe, passa pelo grau de prioridade que se deposita como objetivo maior a ser alcançado pela comunidade.

É necessário priorizar as condições de sustentabilidade da nossa cidade, para que ela abrigue cidadãos satisfeitos com as condições ambientais proporcionadas a eles, no seu dia a dia. É o que todos nós, sinceramente, desejamos.

Para tanto, as forças vivas da comunidade, em mutirão, deverão empenhar-se na solução dos problemas que a todos afligem.

Não é para qualquer um manter esse cognome de CIDADE SORRISO.

Já que adotamos essa marca, temos a responsabilidade de cinzelar, em nossa identidade, a ferro e fogo, como se faz no gado, metaforicamente falando, um sorriso estampado no semblante de nossa amada cidade.

Tomara que possa ela, com a nossa ajuda, recuperar o seu autêntico sorriso de felicidade.


Feliz Aniversário, Porto Alegre!

Parabéns pelos teus 241 anos de existência!





Porto Alegre é meu porto – Kledir/ Ramil


Porto Alegre, Porto Alegre – Hermes Aquino

 
Ramilonga – Vitor Ramil