Mostrando postagens com marcador educação. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador educação. Mostrar todas as postagens

quarta-feira, 31 de maio de 2023

ELE AINDA É...

Milhares continuam comparecendo, assistindo, aplaudindo, gritando e torcendo como sempre.

Parece que o momento atual, em termos históricos, não afetou nossas variadas competições esportivas.

Como a mais popular é o futebol, sobre este o nosso olhar tem-se detido.

É surpreendente acompanhar o volume de pessoas que comparecem aos estádios.

Buscam, ao que parece, uma motivação para o viver cotidiano com mais esperança, mais alegria, mesmo que seu time não vença naquela partida encerrada.

Mesmo com chuva estão lá os torcedores em expressivo número.

São locais e momentos em que as emoções, represadas por problemas pessoais e familiares, são jogadas e partilhadas com outros tantos torcedores de mesmo time.

É impressionante ver tantos estádios lotados por famílias inteiras. Há a percepção de que esses torcedores são importantes e necessários para que seu time obtenha um bom resultado.

Por outro lado, também neste segmento de torcedores, que participam com suas presenças nos estádios, há um nível, atualmente, de agressividade.

Esta agressividade tem feito parte do cotidiano de alguns jogadores. Mas esta agressividade não é exclusividade sofrida por jogadores, mas presente em comunidades e bairros de cidades brasileiras.

Já existe a conscientização dessa prática pelos habitantes.

Fazer o quê?

Nada melhor que a Educação para resolver este gravíssimo problema. Sem que esqueçamos das punições necessárias para atitudes, reiteradas, como as de cunho racista, que se classificam como crimes.

Os campos de futebol eram redutos em que times e torcedores encontravam-se e desfrutavam de momentos de alegria ou de frustração, mas nunca de agressividade.

Observando-se a continuação dos campeonatos, espera-se que os dirigentes atentem para a importância da manutenção dos jogos em nível de segurança para jogadores e torcedores.

Porque, sem dúvida, eles representam, ainda, momentos de satisfação para aqueles milhares de fiéis torcedores que comparecem aos estádios de futebol.

O futebol é, ainda, o esporte das multidões. E, como tal, deve ser preservado de situações que o tornem menos competitivo, por tornar-se mais agressivo.

 

 

 

 

 


terça-feira, 30 de março de 2021

QUE IMAGENS!


Aos olhos desta observadora, que ora escreve, esta exclamação causa desalento, tristeza e indignação.

Uma exclamação que, algumas décadas atrás, causaria encantamento, um toque de beleza ao conjunto do entorno.

Um gramado verde num jardim em que as hortênsias tinham um lugar privilegiado.

Uma praça próxima cujo verde era a cor que se destacava em meio a bancos.

Ao abrir-se a janela, a imagem oferecida era do céu, do jardim, da praça e das casas dos vizinhos mais próximos.

Não estávamos em um bairro nobre da cidade. Estávamos em uma vila: a Vila Ipiranga.

Por suas ruas destacava-se o calçamento muito bem assentado, a inexistência de depósitos de lixo e um sopro do vento matutino a brindar os passantes que se deslocavam desde o amanhecer.

Quando era o dia de resplandecer um brilho maior, o Sol aparecia despejando alegria a todos aqueles que o observavam.

Uma vila planejada pela reconhecida Urbanizadora Benno Mentz.

As ruas eram, periodicamente, visitadas por equipes enviadas pela Urbanizadora. O lixo era acondicionado em sacos pelos moradores e colocado em frente à residência. Equipes da Prefeitura recolhiam o lixo a cada três dias.

Que época!

Esta é uma exclamação de aplauso àquela época e seus gestores.

Com certeza, também, era uma época de reconhecimento à excelência de uma educação pública com reconhecidos e respeitados professores em todas as áreas de ensino.

E as imagens com as quais, hoje, somos brindados todas as manhãs?

Ao abrirem as janelas, muitos munícipes receberão o impacto de uma sujeira que já se instalou, definitivamente, em nosso dia a dia.

Ela revela o nível de educação e cultura que, atualmente, apresenta-se a quem se detém a observar estas imagens, tornadas corriqueiras.

Um equipamento que veio para auxiliar no trato com o lixo caseiro, mas que expõe sua inutilidade frente ao que se observa diariamente.

Há algum tempo, tínhamos a retirada desse lixo por equipes do DMLU. Tudo se resolvia de forma limpa e efetiva.

Hoje, todo o tipo de lixo é colocado nesses contêineres.

O que é coleta seletiva?

Para que equipes do DMLU continuam buscando o lixo seco ou inorgânico?

Pelo que se observa, tudo é despejado, por todos, nos contêineres.

Ah! E o melhor vem agora...

Há quem entre para dentro dos contêineres e de lá jogue para fora o que vai levar e, também, aquilo que, depois, desiste de levar, deixando tudo para fora do contêiner.

Estes contêineres são equipamentos para uso em comunidades afeitas ao cumprimento de práticas que visam à limpeza das ruas, bem como a um convívio saudável entre os seus moradores.

Ruas conhecidas, de bairros conhecidos, estão entregues à sujeira espalhada em torno desses equipamentos.

A minha Porto Alegre apresenta, hoje, uma imagem visível, por onde encontrarmos estes equipamentos, da sujeira depositada no seu entorno, que se espalha pela rua e, inclusive, pelas próprias calçadas.

Abrir uma janela de frente para a rua, ao amanhecer, é deparar-se com estas novas imagens que só trazem tristeza e desalento para os olhos de quem vê-se diante deste quadro.

A exclamação do título é de absoluta indignação e tristeza.

Neste aniversário de seus 149 anos, gostaria de relembrar um pequeno poema, inserido na crônica CONTINUA SORRINDO, publicada em 22/05/19, cujo título é DESEJO.



Que bom se pudéssemos voltar no tempo e o órgão competente, em dias programados, levaria o lixo seco e o orgânico, depositados pelos próprios moradores em frente às suas residências e retirados por diligentes funcionários, encaminhando tais resíduos para locais previamente adaptados ou construídos para a destinação final. Quem sabe, um dia, ainda possamos abrir a janela e mergulharmos o olhar na árvore que é visitada pelos passarinhos da região e colorirmos o olhar com as flores do jacarandá rosa que enfeitam a calçada, que mais lindas ainda parecem, sob o brilho do sol que banha tudo e todos.

Ou, quem sabe, consigamos, um dia, alcançar um grau de excelência na cultura do convívio em sociedade, onde regras sejam respeitadas.

Para que catadores?

As escolas públicas, nos moldes de décadas passadas, transformariam o futuro destino desses jovens a exercerem atividades mais produtivas, dignas, restabelecendo-se, dessa forma, a importância da educação nesse processo de socialização em prol da cultura de um povo.

Que possamos abrir as janelas e ver a árvore que nos brinda com seu verde, já iluminado pelos raios do Sol que passeiam por entre os seus ramos.

Será puro sonho?

Mario Quintana deixou escrito:

Viver é buscar nas pequenas coisas um grande motivo para ser feliz.

Então, iluminar nosso olhar com imagens, que nos transmitam beleza, paz e a expectativa de que cada amanhecer trará a promessa de um dia melhor para si e para os seus, é de grande valia para cada um de nós que abre a sua janela da casa, bem como aquela outra. Aquela que garante a nossa saúde física, mental e emocional ao cultivar boas imagens e bons pensamentos. Estas imagens, sim, merecem um sinal de exclamação que passa encantamento e esperança em cada amanhecer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

domingo, 14 de fevereiro de 2021

APENAS UMA NOVA ROUPAGEM



O tempo muda em qualquer tempo. Não somos os responsáveis por essas mudanças.

A Natureza, a que estamos submetidos, é aquela personagem que muda a vestimenta do céu que nos cobre. E é bom que assim seja, pois se em nossas mãos estivesse essa capacidade, talvez, fôssemos manipulados por aqueles que dominassem esse poder.

Exatamente como ocorre com o foco das notícias que invadem nossos lares.

Recebemos, passivamente, uma avalanche de imagens em que são expostas todas as fragilidades humanas, os efeitos deletérios de atos que comprometem a vida em sociedade, que contribuem para um cotidiano desafiador no sentido de que não se repitam ações discriminatórias, desabonatórias, de atitudes que subvertem os bons valores, aqueles que nos dignificam como seres humanos.

Tudo isto é apresentado, reiteradamente, em detalhes com as cores da notícia filmada, fotografada, veiculada em whats.

Dissimulação, traição, desvios de bens, valores e condutas são uma constante em nosso noticiário. Afinal, a notícia existe para ser divulgada, cabendo a quem detém essa atividade fazê-la chegar, em detalhes, aos ouvintes, leitores ou telespectadores.

Agora, o que causa indignação é que se criem programas onde esses comportamentos sejam rotulados de entretenimento.

Assistir reality shows é querer redimensionar, vestindo com roupagem de espetáculo, o que deveria ser abominado e, jamais, apresentado como divertimento.

Sem entrarmos na esfera dos filmes com cenas violentas, sugeridos como diversão, porque a realidade cinematográfica prende-se, no momento, também, ao que o cotidiano apresenta de perverso, os reality shows trazem, igualmente, altas doses de comportamentos reveladores da índole malévola de seus participantes.

Seria isto entretenimento?

Ou será que a mesma matéria dos noticiários é, sob nova roupagem, apresentada como entretenimento?

Será que perdemos o bom senso de buscar aquilo que se sobreponha aos malfeitos diários e apenas nos divertimos com o digladiar de oponentes, numa “batalha” pela supremacia de um sobre o outro?

Ou será que isto está nos sendo imposto, pois se verificou que perdemos a emoção pelo belo, pela imagem que transmite paz, pela empatia com o nosso semelhante que nem mais observamos?

Ah! Até o próprio ritmo e letras, que dizem ser música, são apresentados por indivíduos de dentro de automóveis e captados por celulares que, também, registram, por vezes, a exposição de armas como símbolo de poder.

É, porém, ainda um alento ver algumas poucas emissoras reservarem seus espaços, não apenas para as notícias diárias, mas, também, para a cultura.

Entrevistas com educadores, filósofos, bem como outros profissionais, que oportunizam diálogos que nos fazem refletir, contribuindo, dessa forma, com o desenvolvimento da cultura em nossa sociedade.

Senhores, somente a EDUCAÇÃO poderá nos retirar desse atoleiro em que nos encontramos.

Ela é capaz de alavancar nossa sociedade no sentido de que nos tornemos melhores cidadãos, mais exigentes, mais perceptivos, mais seletivos e muito mais ordeiros, éticos e admiradores de programas que nos elevem e nos motivem a, cada vez mais, tornarmos realidade a nossa evolução na escala do bom cidadão. Esta “reality” entre nós e aqueles que conosco convivem, sim, valerá a pena ser desfrutada.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

segunda-feira, 18 de janeiro de 2021

SÃO DOIS... SÃO TRÊS... SÃO MUITOS...


O que dizer quando ele entra e desaparece. Permanece, por lá, vários minutos. Talvez, uns dez minutos.

Há os que, lá dentro, dormem. Este, porém, não. Saiu com um saco, vazio, na mão e tentando retirar algo dos cabelos. Algum inseto, imagino.

Cenas que se repetem exaustivamente.

Lixeiras, quase sempre abertas, representam o retrato de uma comunidade que preza a limpeza?

São imagens espalhadas que atestam o grau de necessidade e de miserabilidade de seus “visitantes” e do destino reservado a elas hoje em dia.

Que falta nos faz uma educação, fornecida pelo Estado, obrigatória e de qualidade!

Quantas mentes e capacidades desperdiçadas!

Vê-los assim é o mesmo que observamos quando os cachorros, que os acompanham, chafurdam no meio de restos de comida.

Como podemos conviver com cenas dessa sordidez, é a pergunta que não quer calar.

Belinha, que caminha por entre trajetos assim descritos, acredita ser, ainda, possível a retomada de um rumo mais humano e qualificado por seres que transitam entre nós.

Nem o Sol, que acompanha Belinha em belas manhãs ensolaradas, é capaz de colorir, com sua luz benfazeja, tamanha podridão. Ali, sua luz não terá efeito benéfico sobre tais seres.

Cenas desoladoras de seres amontoados sobre calçadas, embaixo de marquises, na intempérie, são cada vez mais comuns, tornando-se corriqueiras.

Nem os próprios abrigos são mais suficientes para um acolhimento diário.

Somente através da educação formal é que se conseguirá sair desse atoleiro. Conforme as habilidades pessoais, apresentadas durante a educação básica, alguns serão direcionados a áreas técnicas de produção, de administração, de direção ou até mesmo a algum curso superior.

Assim como somos monitorados e sabem onde fomos almoçar, o que gostamos de comprar, quais os assuntos que mais nos interessam, pergunta-se:

Por que em uma comunidade não se faz o levantamento de quantas famílias ali moram, quantos filhos, em idade escolar, cada família possui, quantas pessoas da família trabalham, etc.?

O caminho seria a adoção de uma política educacional obrigatória, com turnos inversos para a realização dos temas e com almoço para aqueles que, em face de condições adversas da família, pudessem fazer sua refeição principal na escola.

Por que não?

Impostos não faltam.

A sociedade agradeceria.

Precisamos de seres capacitados para exercerem qualquer função que se ajuste a seus perfis.

O caminho passa pela organização da família, pelos bons valores cultivados e por uma educação pública de qualidade. E já a tivemos em tempos não tão distantes.

Acredito que, então, o Sol se sentirá bem recebido e espalhará sua luz sobre as calçadas do meu bairro, do seu bairro, possibilitando que nossos olhos se iluminem e possamos enxergar as flores dos jacarandás enfeitando nossos passeios.

Ah! Com educação até os nossos contêineres poderão readquirir a sua função única que é receber o lixo que lá depositamos.

Tudo em prol de uma cidade mais limpa, mais desenvolvida, mais civilizada, mais humana.

Almejamos que esses “muitos” tornem-se verdadeiros cidadãos. Que suas atividades e trabalhos possam contribuir na construção de uma sociedade mais igualitária e justa.











quarta-feira, 27 de maio de 2020

GRADES...




Desde quando existem? Desde sempre.

Aninha, porém, não se lembra delas em sua infância e juventude. As janelas que encontrava pelo caminho eram despidas deste sufocante artefato considerado, hoje, de necessária segurança. Grades eram apenas para evitar fugas. E estas existiam onde os encarcerados encontravam-se. Éramos estudantes e trabalhadores que íamos e voltávamos em segurança.

Que diferença!

Casas existiam sem cercas, nem portões. Apenas um gramado, que se confundia com a calçada, enfeitava a entrada. Cercas elétricas? Câmeras de segurança? Para quê?

Hoje, uma grade será obstáculo suficiente?

Dependerá do momento, da circunstância e da ousadia de quem nada mais teme.

Sempre terá sido assim? Não nesta proporção.

Os considerados “maus elementos” eram em número muito menor que os chamados “cidadãos de bem”, que compunham uma fatia maior da sociedade. Atualmente, ao que parece, é exatamente o contrário.

Conceitos e valores foram-se, perderam-se.

Aninha quer acreditar que ainda um expressivo número da população seja cumpridor das leis que regem a sociedade. Isso, porém, apenas se consegue se os valores morais, recebidos na infância e reforçados por uma educação de qualidade, possam fazer-se presente no cotidiano de cada indivíduo. Observa-se, porém, que estes dois fatores estão em decadência.

Grades não são necessárias. A liberdade de quem nasceu livre tem que ser mantida. Uma liberdade integral com a observância de que o outro também detém este direito e de que juntos terão que observar limites. Uma liberdade com responsabilidade pelos atos cometidos é o que se almeja.

A punição começa a existir e, com certeza, deve existir quando as regras da boa convivência deixam de existir.

Hoje, há grades por toda a parte. Há grades, inclusive, no olhar. Olhares que se resguardam atrás de grades de proteção, pois vislumbram um possível assaltante a uma distância suficiente para que se troque de calçada.

A que ponto chegamos!

Aninha observa a diferença do antes para o agora.

Grades é o que deveria ser imposto a todos os malfeitores. Que este confinamento fosse capaz de fazê-los repensar seus atos. Que dele pudessem sair seres melhores. Que fossem acompanhados, durante e após este tempo, por um controle rígido de suas ações no cotidiano, tornando-os, novamente, indivíduos capazes de seguirem livres e úteis à sociedade. Agora, precisaríamos ter um Estado capaz de oferecer condições carcerárias adequadas e que possibilitasse uma reinserção desses indivíduos, como seres úteis, em uma sociedade carente de mão de obra em várias frentes de trabalho.

Utopia? Em nossa sociedade, ainda subdesenvolvida, a resposta parece ser afirmativa.

Não podemos, porém, gradear nossos olhos ao momento atual. Precisamos enxergar além dessas grades que nos dificultam o olhar. As reais que nos impedem, as virtuais que nos direcionam, nos manipulam e dominam, por vezes, e as pessoais que nos atemorizam e nos forçam a um confinamento emocional, tolhendo nossa capacidade de alçar voo, mesmo que sem rumo, em busca da realização pessoal que, em última análise, traz resultados positivos para a sociedade como um todo.

Aninha, agora, lembrou-se de um poema que bem representa esta capacidade de transpor a grade da indecisão.

Talvez, esta seja mais simples de transpor porque depende apenas de nós. Não sabe se assim é. Sabe, porém, que, quando transposta, traz uma recompensa por demais benéfica àquele que se atreveu a transpô-la.

Agora, o bom é que o nosso amigo Sol não se intimida com grades e entra janela adentro, desde que a mantenhamos aberta. E com ele tudo fica mais fácil!








terça-feira, 18 de setembro de 2018

AS CAVERNAS



Com os olhos semiabertos, Chico aguardava os primeiros raios de luz por entre as persianas. Uma delas ficava meio entreaberta e era por ela que Chico se esgueirava indo espreguiçar-se na beirada da janela.

Elegeu este lugar, todas as manhãs, como seu. Não era chegado a sombras. Queria luz. Queria espiar os transeuntes que se deslocavam, cedinho, para o trabalho. Até os cumprimentava, sacudindo o rabinho. Claro, quando brincavam com ele, enviando miaus miaus a torto e a direito.

Paulinho, seu dono, também não era chegado a sombras. Entendia bem o comportamento de Chico naquela janela, todas as manhãs.

Aliás, Paulinho, que começava a estudar Filosofia no Ensino Médio, sentiu um estranhamento quando soube da existência daquela alegoria que Platão, filósofo a quem admirou desde o início, criara para explicar o que seria um Estado ideal. O Mito da Caverna despertou em Paulinho, desde o início, muita curiosidade.

Estudando Platão, descobriu porque nunca fora chegado a sombras. Aquela caverna, que Platão criara, com toda aquela “manada” olhando para sombras que se movimentavam, pensando que aquilo era uma realidade, nos deixa a pensar sobre os momentos atuais.

Como Platão bem demonstrou apenas o conhecimento representado pela luz, que se encontra fora da caverna, é que pode trazer o mundo real para quem nele sempre esteve inserido. Apenas, porém, ofuscado pelas sombras do desconhecimento, da perda da linguagem e da educação em seu sentido lato: fatores relevantes na formação do Estado ideal.

Hoje, estaremos, através da tela de um celular, vendo a realidade?

As sombras não estarão ali presentes?

A parede da caverna não se terá transformado numa telinha?

A educação e o conhecimento terão que ser dimensionados de uma forma bem mais profunda.

Um novo comportamento, de quem não dispensa a telinha, é o atual FOMO, sigla em inglês (Fear of Missing Out) que significa “medo de estar por fora” e que pode tornar-se uma patologia, considerando já os altos índices de ansiedade entre os internautas. Uma telinha que fornece, inúmeras vezes, versões idealizadas e não o real.

E a Caverna de Platão?

Lá, a alegoria serviu para apontar o efeito “manada”. A ignorância levada, pelos interessados da época, às massas.

Hoje, é claro, a telinha tem aspectos positivos relevantes. Abre-se um mundo de possibilidades e de intercâmbios. A checagem, porém, tem que ser constante. E, convenhamos, o leitor de um livro impresso com autor, editor, prefaciador tem, nestas pessoas, uma maior certeza da veracidade e correção de tais escritos, pois têm eles um nome a zelar.



E a caverna do Ali Babá e os 40 Ladrões?

Como se sabe, Ali Babá é um personagem fictício, baseado na Arábia Pré-Islâmica. Há algumas versões diferenciadas. Faz parte das Mil e Uma Noites, obra clássica da literatura árabe.

Em uma das versões simplificadas, Ali Babá viajando pelo reino da Pérsia, a serviço do rei, um dia encontra 40 ladrões que, pronunciando a frase “Abre-te, Sésamo”, em frente a uma grande pedra, entram em uma caverna. Ali Babá, escondido, fica ali a observar. E constata que, ao saírem, pronunciam a frase “Fecha-te, Sésamo”.

Então, seguindo este roteiro, entra na caverna e constata que lá estão escondidos verdadeiros tesouros. Pega o que pode e leva-os como dote, oferecendo ao rei para que este consinta no casamento com a sua filha. E, claro, o rei aceita aquele valioso dote.

Mas, agora, Ali Babá precisava comprar um palácio para a sua amada com quem iria casar-se. No seu retorno à caverna, Ali Babá foi visto por um dos ladrões que contou aos demais o que estava acontecendo. Planejaram, então, comparecer à festa de casamento, escondidos em tonéis de vinho vazios. Só que, durante a festa, o vinho acabou. Ali Babá foi à adega e lá ouviu um sussurro e o acerto dos ladrões para o ataque contra si. A partir daí, Ali Babá convocou alguns guardas, sob a desculpa de que os vinhos estavam estragados e que precisava jogá-los fora, despenhadeiro abaixo. Ao perceberem que seriam mortos, entregaram-se aos guardas. E Ali Babá ficou com todo o tesouro. Ele e sua amada, então, viveram felizes para sempre com a fortuna encontrada.

Ou roubada?

Acho que, se os ladrões conhecessem, à época, a Delação Premiada, teriam usado dela.

Daí, com certeza, todos restariam felizes para sempre.

Afinal, conforme diz o provérbio, “ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão”. Não é assim?

Cavernas que dão o que falar desde sempre.

Nas telas, com os olhos fixos da manada em cenas muitas vezes irreais, como as sombras projetadas na parede da caverna de Platão, ou em apartamentos/cavernas, onde o Abre-te Sésamo expõe tesouros. As cenas se repetem.

Ah, Platão! Temos que continuar perseverando no bom caminho.

Que Chico continue procurando a luz. Que ele movimente o rabinho, agradecendo o contato daqueles que já são seus admiradores diários naquela janela iluminada pelo sol da manhã.

Que Paulinho abra as persianas e continue pelo caminho do saber, do comparar, do refletir, do criar, do transformar e do fazer diferente. Que suas aulas de Filosofia lhe tragam uma esperança nesta sua caminhada.

Força, Paulinho!



Enquanto isso, ouça o belo samba Esperanças Perdidas do compositor Délcio de Carvalho.

Ele, o samba, que serve de corda para alçar a caçamba que é o próprio autor e seus sonhos mantidos vivos.

Agora, por favor, esqueça um outro significado para o verbo caçambar que é delatar, denunciar.

Com certeza absoluta, não foi este o significado da palavra usada pelo compositor. É! Rir ainda é um bom remédio para tantas mazelas que nos afligem, que nos cercam.





Samba Esperanças Perdidas – Grupo: Os Originais do Samba