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segunda-feira, 3 de junho de 2019

UMA NOTÍCIA A SER FESTEJADA














O que é melhor do que uma parede? Uma janela nesta parede. Que se possa abri-la e apreciar o céu que se estende até não sei onde. Não importa saber até onde irá. Importa saber até onde a nossa imaginação nos levará.

O tempo e o espaço dessa peregrinação é o que menos importa.

Importa é a criação mental que se pode fazer com ela.

Um poeta, um filósofo e um cientista estão mais próximos do que se pode imaginar. Lidam com pensamentos aparentemente colidentes, mas, que no fundo, são produtos de um ser humano imperfeito e, portanto, incapaz de entender o mundo em sua plenitude.

A busca incessante, que os unem, é o que de melhor tem o ser humano para oferecer a si e ao outro, seu semelhante e parceiro nesta caminhada planetária. Entender quem somos, de onde viemos, onde estamos e para onde iremos são perguntas que consomem os dias destes pensadores.

Dessa forma diferenciada, foi que o brasileiro Marcelo Gleiser, professor de Física e Astronomia e pesquisador da Dartmouth College em Hanover, no estado de New Hampshire, Estados Unidos, ministrando a disciplina de “Física para Poetas”, notabilizou-se, tornando-se o primeiro latino-americano a ser agraciado, em março deste ano de 2019, com o Prêmio Templeton, reconhecido, informalmente, como o Nobel da Espiritualidade.

Um físico brasileiro, pesquisador e professor titular de Física e Astronomia em uma faculdade nos Estados Unidos, com um extenso currículo de atividades e trabalhos publicados, a nós, brasileiros, é uma honra tê-lo como referência internacional, sendo ele, inclusive, membro e ex-conselheiro geral da American Physical Society.

Sua posição acerca da ciência dá a exata medida da importância do seu objeto de trabalho, quando diz:

“A ciência é obviamente nosso melhor modo de se explorar e entender o mundo, mas não é o único, e nem é ilimitado”.

Gleiser torna-se diferenciado na medida em que propõe uma visão de que ciência, filosofia e espiritualidade podem e devem ser expressões que se complementam, para que nós, humanos, entendamos o Universo, a vida e seus propósitos.

Reconhece que, atualmente, os próprios cientistas carregam mais dúvidas do que conhecimento. Portanto, uma abordagem pluralista, entre as várias áreas do conhecimento, sempre será eficaz para a busca de respostas diante do ainda desconhecido Universo. Segundo palavras suas:

“Nós conhecemos o mundo por causa de nossos instrumentos. O problema é que toda máquina tem uma precisão limitada. É impossível criar uma teoria final porque nunca vamos saber tudo. Temos de aprender a ser humildes com relação a nosso conhecimento de mundo, que sempre será limitado”.

A notícia deste prêmio deve ser festejada por nós, brasileiros. Em meio a tantas notícias negativas, que nos deixam descrentes dos rumos a seguir, os esforços de brasileiros, que lutam por aqui e se destacam além-mar, são um incentivo a que sigamos sentindo orgulho de nossa identidade.

Que nossas janelas abertas permitam não apenas que nossos olhos passeiem pelo céu que se descortina, mas, principalmente, se vislumbre a possibilidade real de sermos, novamente, um povo motivado, empreendedor, onde a Educação seja prioridade.

E, claro, detentor daquilo que alavanca um país: a ORDEM.

Daí, o PROGRESSO será uma consequência.

Pois, riquezas não nos faltam.

Ah! Sobre o tempo? Ainda dá tempo para que esta possibilidade se confirme.













terça-feira, 18 de setembro de 2018

AS CAVERNAS



Com os olhos semiabertos, Chico aguardava os primeiros raios de luz por entre as persianas. Uma delas ficava meio entreaberta e era por ela que Chico se esgueirava indo espreguiçar-se na beirada da janela.

Elegeu este lugar, todas as manhãs, como seu. Não era chegado a sombras. Queria luz. Queria espiar os transeuntes que se deslocavam, cedinho, para o trabalho. Até os cumprimentava, sacudindo o rabinho. Claro, quando brincavam com ele, enviando miaus miaus a torto e a direito.

Paulinho, seu dono, também não era chegado a sombras. Entendia bem o comportamento de Chico naquela janela, todas as manhãs.

Aliás, Paulinho, que começava a estudar Filosofia no Ensino Médio, sentiu um estranhamento quando soube da existência daquela alegoria que Platão, filósofo a quem admirou desde o início, criara para explicar o que seria um Estado ideal. O Mito da Caverna despertou em Paulinho, desde o início, muita curiosidade.

Estudando Platão, descobriu porque nunca fora chegado a sombras. Aquela caverna, que Platão criara, com toda aquela “manada” olhando para sombras que se movimentavam, pensando que aquilo era uma realidade, nos deixa a pensar sobre os momentos atuais.

Como Platão bem demonstrou apenas o conhecimento representado pela luz, que se encontra fora da caverna, é que pode trazer o mundo real para quem nele sempre esteve inserido. Apenas, porém, ofuscado pelas sombras do desconhecimento, da perda da linguagem e da educação em seu sentido lato: fatores relevantes na formação do Estado ideal.

Hoje, estaremos, através da tela de um celular, vendo a realidade?

As sombras não estarão ali presentes?

A parede da caverna não se terá transformado numa telinha?

A educação e o conhecimento terão que ser dimensionados de uma forma bem mais profunda.

Um novo comportamento, de quem não dispensa a telinha, é o atual FOMO, sigla em inglês (Fear of Missing Out) que significa “medo de estar por fora” e que pode tornar-se uma patologia, considerando já os altos índices de ansiedade entre os internautas. Uma telinha que fornece, inúmeras vezes, versões idealizadas e não o real.

E a Caverna de Platão?

Lá, a alegoria serviu para apontar o efeito “manada”. A ignorância levada, pelos interessados da época, às massas.

Hoje, é claro, a telinha tem aspectos positivos relevantes. Abre-se um mundo de possibilidades e de intercâmbios. A checagem, porém, tem que ser constante. E, convenhamos, o leitor de um livro impresso com autor, editor, prefaciador tem, nestas pessoas, uma maior certeza da veracidade e correção de tais escritos, pois têm eles um nome a zelar.



E a caverna do Ali Babá e os 40 Ladrões?

Como se sabe, Ali Babá é um personagem fictício, baseado na Arábia Pré-Islâmica. Há algumas versões diferenciadas. Faz parte das Mil e Uma Noites, obra clássica da literatura árabe.

Em uma das versões simplificadas, Ali Babá viajando pelo reino da Pérsia, a serviço do rei, um dia encontra 40 ladrões que, pronunciando a frase “Abre-te, Sésamo”, em frente a uma grande pedra, entram em uma caverna. Ali Babá, escondido, fica ali a observar. E constata que, ao saírem, pronunciam a frase “Fecha-te, Sésamo”.

Então, seguindo este roteiro, entra na caverna e constata que lá estão escondidos verdadeiros tesouros. Pega o que pode e leva-os como dote, oferecendo ao rei para que este consinta no casamento com a sua filha. E, claro, o rei aceita aquele valioso dote.

Mas, agora, Ali Babá precisava comprar um palácio para a sua amada com quem iria casar-se. No seu retorno à caverna, Ali Babá foi visto por um dos ladrões que contou aos demais o que estava acontecendo. Planejaram, então, comparecer à festa de casamento, escondidos em tonéis de vinho vazios. Só que, durante a festa, o vinho acabou. Ali Babá foi à adega e lá ouviu um sussurro e o acerto dos ladrões para o ataque contra si. A partir daí, Ali Babá convocou alguns guardas, sob a desculpa de que os vinhos estavam estragados e que precisava jogá-los fora, despenhadeiro abaixo. Ao perceberem que seriam mortos, entregaram-se aos guardas. E Ali Babá ficou com todo o tesouro. Ele e sua amada, então, viveram felizes para sempre com a fortuna encontrada.

Ou roubada?

Acho que, se os ladrões conhecessem, à época, a Delação Premiada, teriam usado dela.

Daí, com certeza, todos restariam felizes para sempre.

Afinal, conforme diz o provérbio, “ladrão que rouba de ladrão tem cem anos de perdão”. Não é assim?

Cavernas que dão o que falar desde sempre.

Nas telas, com os olhos fixos da manada em cenas muitas vezes irreais, como as sombras projetadas na parede da caverna de Platão, ou em apartamentos/cavernas, onde o Abre-te Sésamo expõe tesouros. As cenas se repetem.

Ah, Platão! Temos que continuar perseverando no bom caminho.

Que Chico continue procurando a luz. Que ele movimente o rabinho, agradecendo o contato daqueles que já são seus admiradores diários naquela janela iluminada pelo sol da manhã.

Que Paulinho abra as persianas e continue pelo caminho do saber, do comparar, do refletir, do criar, do transformar e do fazer diferente. Que suas aulas de Filosofia lhe tragam uma esperança nesta sua caminhada.

Força, Paulinho!



Enquanto isso, ouça o belo samba Esperanças Perdidas do compositor Délcio de Carvalho.

Ele, o samba, que serve de corda para alçar a caçamba que é o próprio autor e seus sonhos mantidos vivos.

Agora, por favor, esqueça um outro significado para o verbo caçambar que é delatar, denunciar.

Com certeza absoluta, não foi este o significado da palavra usada pelo compositor. É! Rir ainda é um bom remédio para tantas mazelas que nos afligem, que nos cercam.





Samba Esperanças Perdidas – Grupo: Os Originais do Samba






domingo, 8 de julho de 2012










ÁGORA!
              VOLTASTE?


Quanto tempo se passou... Séculos, na verdade, passaram-se. Mas ela está de volta. 


Parece menor em tamanho do que a original. Só parece... Aliás, como tudo hoje em dia. Na verdade, ela comporta milhões de pessoas num espaço restrito de um estúdio de televisão. É a nova Ágora: mais moderna, mais atrativa, mais glamorosa. E todos dela querem participar. Nem bem interessa o que se está a falar, muito menos a discutir, num sentido mais profundo, pois envolve uma certa reflexão, um negócio meio demorado para os dias atuais. 

Mas a Ágora atual está feliz. Nunca teve tanta gente envolvida dentro desse seu espaço virtual, com ela interagindo. É claro que está tentando se adaptar aos dias atuais. 

E o que dizer dos milhões que estão a participar desse evento. Estão também eles surpresos, perplexos, desnorteados com tantas perguntas, tantas indagações, tantos questionamentos, tantas dúvidas. Nunca viram tal coisa! 

Os mais antigos não se surpreendem tanto porque aprenderam as noções básicas do refletir, do questionar e do que se pretende com esse exercício. E aqui passa longe a ideia de subestimar a capacidade reflexiva desses milhões. É que isso, na verdade, deve começar já na escola, nas aulas de Filosofia. Sim, nas aulas de Filosofia. Ah! Isso não existe mais. 

Mas a Ágora voltou. Com ela, seus perplexos participantes e seu condutor. Esse, um verdadeiro acelerador de massas, isto é, das partículas que compõem as massas. Claro que não com tanta sabedoria quanto seus ancestrais. Mas com uma verve invejável. 

Então, como dizia o samba: 

“Mora na filosofia, pra que rimar amor e dor”. 

Ou, ainda, pelas palavras de José Abelardo Barbosa de Medeiros, vulgo Chacrinha, o “velho guerreiro”: 

“Quem não se comunica, se trumbica”. 

“Eu vim pra confundir, não pra explicar”. 

“Na TV nada se cria, tudo se copia”. 



Pois há que se observar, refletir e direcionar as perguntas e, se possível, as respostas, também. Na real, quem está interessado nas antigas práticas dos tais ditos valores morais, éticos ou outros que tais? 

Na verdade, está tudo mais para o Samba do Crioulo Doido. 

Ah! Lembra da lâmpada de Diógenes? Não lembra? Não precisa, porque, depois que a personagem do Zorra Total descobriu a lanterna, ela virou uma pessoa iluminada. Hoje, ela é outra pessoa. 

E o Diógenes? Com certeza, a dificuldade para encontrar o que procurava à época seria, hoje, muito maior do que naqueles antigos tempos. 

E a Ágora? Também é outra. Está mais para o aqui e o agora. O clique de um celular registra a Ágora em qualquer lugar. Aliás, ela é qualquer lugar. 

Agora, sabem o que é Ágora? Não? 

Acessem o Professor Google. Ele é, atualmente, o mestre dos mestres. Pra que outros mestres? Esse aí de cima é bem mais barato. Talvez não muito confiável, porém, seguramente, adorado por todos. Principalmente por quem o manipula. Acredita-se que aqueles que, antigamente, expunham suas idéias na Ágora, não se conformariam com esse verdadeiro circo de arrabalde. Estariam eles mais para o Cirque Du Soleil. Ou não? 

Sei lá... 

Quanto à atual Ágora, esperemos... 

Quanto ao título, segundo Antônio Houaiss, NA MORAL significa capacidade de se impor, de influenciar ou ter ascendência, hegemonia sobre outrem. E dá uma frase como exemplo: 

“Foi lá e conseguiu”. 

Esperemos também esse resultado. Tudo, é claro, dentro das melhores intenções. 

É o que se imagina.




Samba do Crioulo Doido
Composição de Sérgio Marcos Rangel Porto
Pseudônimo: Stanislaw Ponte Preta
Sucesso do Grupo Demônios da Garoa