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terça-feira, 30 de março de 2021

QUE IMAGENS!


Aos olhos desta observadora, que ora escreve, esta exclamação causa desalento, tristeza e indignação.

Uma exclamação que, algumas décadas atrás, causaria encantamento, um toque de beleza ao conjunto do entorno.

Um gramado verde num jardim em que as hortênsias tinham um lugar privilegiado.

Uma praça próxima cujo verde era a cor que se destacava em meio a bancos.

Ao abrir-se a janela, a imagem oferecida era do céu, do jardim, da praça e das casas dos vizinhos mais próximos.

Não estávamos em um bairro nobre da cidade. Estávamos em uma vila: a Vila Ipiranga.

Por suas ruas destacava-se o calçamento muito bem assentado, a inexistência de depósitos de lixo e um sopro do vento matutino a brindar os passantes que se deslocavam desde o amanhecer.

Quando era o dia de resplandecer um brilho maior, o Sol aparecia despejando alegria a todos aqueles que o observavam.

Uma vila planejada pela reconhecida Urbanizadora Benno Mentz.

As ruas eram, periodicamente, visitadas por equipes enviadas pela Urbanizadora. O lixo era acondicionado em sacos pelos moradores e colocado em frente à residência. Equipes da Prefeitura recolhiam o lixo a cada três dias.

Que época!

Esta é uma exclamação de aplauso àquela época e seus gestores.

Com certeza, também, era uma época de reconhecimento à excelência de uma educação pública com reconhecidos e respeitados professores em todas as áreas de ensino.

E as imagens com as quais, hoje, somos brindados todas as manhãs?

Ao abrirem as janelas, muitos munícipes receberão o impacto de uma sujeira que já se instalou, definitivamente, em nosso dia a dia.

Ela revela o nível de educação e cultura que, atualmente, apresenta-se a quem se detém a observar estas imagens, tornadas corriqueiras.

Um equipamento que veio para auxiliar no trato com o lixo caseiro, mas que expõe sua inutilidade frente ao que se observa diariamente.

Há algum tempo, tínhamos a retirada desse lixo por equipes do DMLU. Tudo se resolvia de forma limpa e efetiva.

Hoje, todo o tipo de lixo é colocado nesses contêineres.

O que é coleta seletiva?

Para que equipes do DMLU continuam buscando o lixo seco ou inorgânico?

Pelo que se observa, tudo é despejado, por todos, nos contêineres.

Ah! E o melhor vem agora...

Há quem entre para dentro dos contêineres e de lá jogue para fora o que vai levar e, também, aquilo que, depois, desiste de levar, deixando tudo para fora do contêiner.

Estes contêineres são equipamentos para uso em comunidades afeitas ao cumprimento de práticas que visam à limpeza das ruas, bem como a um convívio saudável entre os seus moradores.

Ruas conhecidas, de bairros conhecidos, estão entregues à sujeira espalhada em torno desses equipamentos.

A minha Porto Alegre apresenta, hoje, uma imagem visível, por onde encontrarmos estes equipamentos, da sujeira depositada no seu entorno, que se espalha pela rua e, inclusive, pelas próprias calçadas.

Abrir uma janela de frente para a rua, ao amanhecer, é deparar-se com estas novas imagens que só trazem tristeza e desalento para os olhos de quem vê-se diante deste quadro.

A exclamação do título é de absoluta indignação e tristeza.

Neste aniversário de seus 149 anos, gostaria de relembrar um pequeno poema, inserido na crônica CONTINUA SORRINDO, publicada em 22/05/19, cujo título é DESEJO.



Que bom se pudéssemos voltar no tempo e o órgão competente, em dias programados, levaria o lixo seco e o orgânico, depositados pelos próprios moradores em frente às suas residências e retirados por diligentes funcionários, encaminhando tais resíduos para locais previamente adaptados ou construídos para a destinação final. Quem sabe, um dia, ainda possamos abrir a janela e mergulharmos o olhar na árvore que é visitada pelos passarinhos da região e colorirmos o olhar com as flores do jacarandá rosa que enfeitam a calçada, que mais lindas ainda parecem, sob o brilho do sol que banha tudo e todos.

Ou, quem sabe, consigamos, um dia, alcançar um grau de excelência na cultura do convívio em sociedade, onde regras sejam respeitadas.

Para que catadores?

As escolas públicas, nos moldes de décadas passadas, transformariam o futuro destino desses jovens a exercerem atividades mais produtivas, dignas, restabelecendo-se, dessa forma, a importância da educação nesse processo de socialização em prol da cultura de um povo.

Que possamos abrir as janelas e ver a árvore que nos brinda com seu verde, já iluminado pelos raios do Sol que passeiam por entre os seus ramos.

Será puro sonho?

Mario Quintana deixou escrito:

Viver é buscar nas pequenas coisas um grande motivo para ser feliz.

Então, iluminar nosso olhar com imagens, que nos transmitam beleza, paz e a expectativa de que cada amanhecer trará a promessa de um dia melhor para si e para os seus, é de grande valia para cada um de nós que abre a sua janela da casa, bem como aquela outra. Aquela que garante a nossa saúde física, mental e emocional ao cultivar boas imagens e bons pensamentos. Estas imagens, sim, merecem um sinal de exclamação que passa encantamento e esperança em cada amanhecer.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

quinta-feira, 11 de julho de 2013

DAS MARÉS



Com um movimento que vem e que vai, espera-se, a cada ciclo, uma nova chegada e um novo recuo, intermitente, aos olhos de quem observa e acompanha tal movimentação. Ela não é de hoje, ela é de sempre. O que muda é a sua força, sua intensidade, conforme a posição dos astros, ao longo dos tempos. Das marés não se pode prescindir. Elas são o próprio inspirar e expirar que se faz gigante, quando tratamos de Planeta. Nossos mares sabem bem como fazê-lo. Embora a produção das marés resulte de um mecanismo relativamente simples, que é o movimento oscilatório da massa líquida dos oceanos produzida pela atração gravitacional do Sol e da Lua, as marés manifestam-se de maneira extremamente complexa e muito variável, segundo o lugar onde ocorrem. Seu ritmo e amplitude estão ligados não somente à posição relativa da Terra, do Sol e da Lua, que se modificam a cada dia, como também às irregularidades do contorno e das profundidades das bacias oceânicas de determinado lugar. Daí, às vezes, serem diurnas, semidiurnas, como também mistas.

Mas isso para nós, que apenas observamos o mar como meros espectadores, são apenas detalhes.

O que interessa mesmo é observar o mar aproximando-se, com aquela imagem grandiosa, quase assustadora, e vê-lo encolher-se, num movimento de quase humildade. É uma respiração bem mais perceptível que a nossa, convenhamos.

Desde sempre, ao que sabemos, isso acontece.

Há algo de novo de um tempo para cá, porém.

Suas águas parecem estar mais revoltas, mais violentas nesse seu expirar constante. As águas dos mares estão, a cada dia, querendo mais mostrar sua força, achegando-se bem além dos limites antes atingidos.

O que mais preocupa, porém, é a constatação de que quando ele inspira, recuando como a natureza determina, escancara a podridão nele lançada e que o está transformando em um celeiro de dejetos e não mais de vida.

O que fazer com essa sujeira toda?


Nós, por nossa vez, também respiramos exatamente num ciclo, porém infinitamente mais curto e também carregado de lixo que expelimos através do gás carbônico.

Pois, Amanda, que adora olhar o mar, vive se comparando a ele, porque também ela inspira e expira para manter-se viva. Ao inspirar busca ar puro. Pois é!

Quando inspira, ela, diferentemente do mar, não desnuda o que é nocivo. Isso acontecerá quando expirar, momento em que jogará no meio ambiente o lixo acumulado dentro de si, o nosso conhecido gás carbônico.

Então, para entender o pensamento de Amanda, temos:

1- Mar e suas marés:
a) inspiração=sujeira à mostra

b) expiração=volumosas águas que se espalham, cada vez mais, terra adentro; 

2- Amanda:
a) inspiração= busca pelo ar puro                                             

b) expiração=sujeira invisível

Como Amanda é uma jovem sonhadora e preocupada com o meio ambiente, consigo própria e com os outros, anda, ultimamente, num dilema. Tem ido pouco às praias que costumava frequentar, para não assistir a esse vai e vem das águas que se tornou algo preocupante, de beleza discutível hoje e um termômetro que está a mostrar os riscos que corremos todos, quanto ao equilíbrio do Planeta.

Como também é uma jovem inteligente, uma leitora atenta e que faz parte de uma massa crítica, não da manada, já percebeu que tudo na vida é cíclico.

Por isso, a cada manhã, quando lê, ouve ou fica sabendo através de terceiros, que mais um escândalo revelou-se, não mais se surpreende.

Tudo é verdadeiramente cíclico, inclusive a sujeira, que perpassa muitas transações, negociatas, favores. São como os dejetos que o mar revela, isto é, visíveis e comprováveis: mais dia, menos dia.

E assim sempre foi ao longo dos tempos. Apenas, hoje é quase instantânea a sua percepção.

A diferença está, mais ou menos, de acordo com as marés, isto é, dependem do lugar onde ocorrem.
 
Em alguns lugares, as punições são exemplares. Em outros, há que se ter paciência e esperar a maré mais propícia, aquela que expõe os dejetos totalmente a olho nu, para que, só então, se tomem as medidas cabíveis, isto é, aquelas que, talvez, num prazo bem looooongo, possam surtir os efeitos que se buscava desde o início do seu conhecimento.

Amanda, que também é uma jovem otimista, espera que a maré baixa impulsione, na maré alta, a que uma verdadeira maré humana invada a praça. Pois o que se observa é uma crescente maré de insatisfação!

E enquanto se aguarda a maré adequada, assistam ao vídeo abaixo. Parem e pensem, que nem Zeca Pagodinho.

Ou, então, deixem-se levar pela Maré Mansa, na voz, também mansa, de Simone.





Parei e Pensei – Zeca Pagodinho - Clique aqui para ver a letra 
Maré Mansa – Simone