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sexta-feira, 3 de novembro de 2023

BUSCANDO... PROCURANDO... ENCONTRANDO?


O amanhecer, naquele findar de noite, foi muito aguardado por aquela menina que acreditava ser possível encontrar aquela boneca, tão sonhada, junto aos presentes que esperava receber no dia do seu aniversário. Ela, porém, não estava lá. Que frustração! Que tristeza!

Hoje, são apenas lembranças.

O cenário atual, porém, assemelha-se ao desapontamento daquela época, porém, com nuances mais dramáticas porque, ao que parece, plenas de uma realidade cruel.

Buscamos a paz, a manutenção do diálogo entre os povos, independente de etnia ou credo.

Continuamos buscando, procurando, mas não encontrando.

E o nosso planeta, nossa casa comum, é belo por natureza.

Levantemos os olhos e olhemos para o céu. Lá, veremos um esplêndido azul. Às vezes, plúmbeo, mas não menos majestoso. Assim, ele mostrar-se-á aos olhos de quem se detiver a contemplá-lo. Não importa em qual região do planeta estivermos.

Nossas matas, nossas florestas, nossas cidades devem ser mantidas com iguais cuidados.

Com tantos conflitos, guerras e destruição teremos algum futuro promissor?

O futuro constrói-se no presente e este está sendo vilipendiado constantemente.

Será que a humanidade conseguirá acordar-se a tempo de ainda deliciar-se com um pôr de sol ou com um céu azul, bordado de estrelas?

Aquela boneca, que não estava lá, ficou na lembrança.

Agora, a paz tão desejada, talvez, nem seja lembrada, pois milhões não viverão para lembrar, se acaso ela chegar algum dia.

Torçamos para que o desfecho não tarde e que consigamos desfrutá-la.

Só assim, encontraremos razão para nos identificarmos como humanos, pois seres feitos à imagem e semelhança DELE.















quinta-feira, 22 de julho de 2021

SONS... PALAVRAS... FRASES...

Para quem tem uma audição privilegiada, qualquer som, até mesmo aquele vindo do relógio digital, traz uma sensação, um sentir diferenciado.


Vindo de um pássaro, será um canto ou som cifrado para a companheira ao lado.

Se os ventos soprarem com força ou forem tênues, a mensagem estará dada e chegará aos ouvintes.

Aos trovões todos ficarão atentos.

O reino animal é pródigo em sons.

O gênero humano, por sua vez, é capaz de ouvir tudo, praticar todos os tipos de sons, desde o dedilhar de notas em um instrumento até o falquejar de um tronco ao abatê-lo.

Ouvimos até o bater do nosso próprio coração. Somos privilegiados e ricos até na percepção dos nossos sons interiores.

O belo canto, que ouvimos e gostamos, nos motiva a que cantemos juntos.

Quantos sons diferenciados! Quanta riqueza sonora!

E os corais que esbanjam múltiplas sonoridades!

O nosso mundo sonoro é riquíssimo.

Muito mais importante ainda é o mundo das palavras. Apenas nós, do gênero humano, somos capazes de falar, de expressar em palavras o que nos é perguntado, de declamar, de conversar com os amigos ou, até mesmo, conosco na solidão dos dias.

As palavras têm uma força poderosíssima. Temos, portanto, o dever de escolhê-las com responsabilidade e com cautela. Caso contrário, podem causar efeitos deletérios indesejáveis.

Quando aquela jovem, personagem de um conto, ouviu um familiar afirmar que melhor teria sido ela ter morrido, ao invés de o carro ter sido danificado quando caiu em uma vala, aquelas palavras ecoaram tão fortes que jamais esqueceu tal frase. Claro, com certeza, não era este o desejo daquele familiar, dono do carro.

Agora, já no mundo das frases, os efeitos danosos, que podem deixar naqueles que as ouvem, são imensuráveis.

Os sons de agora, em algumas comunidades, causam temor, medo, desespero.

Os estampidos ouvidos são um alerta para que todos se protejam.

Por outro lado, mesmo não havendo tais sinais, as palavras de ordem, que compõem a frase mais atual, são: FIQUEM EM CASA.

Por quanto tempo?

O ser humano na sua estrutura física continua o mesmo. As savanas, onde corria, foram substituídas pelas cidades, parques e praças.

Fazer caminhadas é necessário para que nós mantenhamos uma boa forma física.

E os projéteis disparados?

E as armas mostradas em selfies?

E os diálogos que mostram a força de tantos malfeitores?

Sons que se transformam em palavras e que se apresentam em frases. Tudo mostrado em vídeos e áudios.

Apesar de tudo isso, precisamos nos manter firmes, esperançosos e combativos no bom sentido. Naquele em que somos campeões em várias modalidades: nos Esportes.

Àqueles em que depositamos nossos votos, aguardamos as ações em prol da sociedade.

Aos nossos atletas de várias modalidades, esperamos aquilo que de melhor puderem oferecer nas Olimpíadas de Tóquio/2020.

A nós, que circulamos pelas ruas, seja permitido pousarmos o olhar na cerejeira da esquina, toda florida, parando por instantes, sem que nos seja subtraída a bolsa pendurada no ombro. Que, ainda, consigamos fazer caminhadas, sem que sejamos surpreendidos pelas palavras “deu”, “perdeu”.

Que nossas mulheres continuem sendo acariciadas com palavras amorosas, sussurradas ao ouvido.

Que nossos olhares se cruzem com outros olhares, confirmando a existência de seres iguais a nós: solícitos, prestativos, amáveis.

Embora com tantas transformações acontecendo em nível planetário, que possamos encontrar um céu ainda hospedeiro de um sol acariciante, de uma lua inspiradora e de estrelas a iluminar nossa caminhada.

Que aqueles que encontram, na palavra escrita, motivos para tornarem-se mais felizes, que o façam em nome da paz, da união, da solidariedade, da igualdade entre todos os que habitam este planeta.

Que estes Jogos Olímpicos ofereçam esta oportunidade de união e congraçamento, pois “o barco é único e a tripulação é, também, única, pois todos são seres humanos”.

Que a palavra almejada por todos seja aquela que a todos beneficiará.

Seu nome?

PAZ

 

 

 

 

 


domingo, 3 de fevereiro de 2019

IMAGENS... SENSAÇÕES... LEMBRANÇAS...



Quando pequena, ainda uma menininha, a escada onde se colocava, sob o olhar da mãe zelosa, era fora do pátio. Sua casa ficava abaixo do nível da rua.

Depois, mais grandinha, eram os vãos da cerca que fazia divisa com a casa da melhor amiga de infância.

Bem mais tarde, vieram os campos por onde se deslocava até a escola.

Sabe, hoje, que aprendeu, naquela época, que o olhar sobre as coisas e as gentes é um legado que permanecerá na memória como algo extremamente importante. As imagens deixam marcas durante a nossa caminhada. Elas estão presentes, são pessoais e intransferíveis. São criações próprias em parceria com o outro e com a Natureza.

Bem depois ainda, as manhãs, tarde e noites, cada uma delas, do jeito com que as enfrentamos, foram acumulando mais imagens.

Confesso que as imagens de hoje são bem diferentes das de ontem, mas não menos importantes. Muitas delas, ainda belas. Imagens vividas, sentidas ao vivo e a cores. O real é, ainda, o melhor meio de fixá-las na mente, pois contam com nossa emoção ao vê-las, ao participar delas. Fixam-se na memória para sempre. A nossa história de vida, pelo nosso visual, é plena de significados. E com tantas imagens poderíamos traçar o trajeto que percorremos desde o momento em que percebemos o nosso entorno até, tardiamente, quando resgatamos estas imagens e acrescentamos outras tantas, sempre diferenciadas das anteriores. Por isso, sempre ricas de conteúdo.

Todas as imagens que nos acompanham deixam um legado. Alegria, tristeza, desespero, medo, surpresa, perplexidade, afeto, carinho, amor, paixão e tantos outros sentimentos.

Imagens como este corredor de árvores que me acompanham, há algum tempo, em breve desaparecerá. Um pátio arborizado com muitas árvores cederá lugar para um prédio de apartamentos. Mas esta imagem permanecerá em minha memória visual, assim como faz parte da capa de meu livro, recém-publicado. Ao fundo, acompanho uma árvore plantada no último andar de um prédio. Parece querer alcançar o céu, tamanha a vontade com que cresce.

Bela imagem que permanecerá como uma referência do desafio da Natureza em meio a tantos obstáculos. Um ser vivo se impondo pela grandiosidade e pela admiração que inspira. Tal qual um ser humano, obra do Criador, apresenta-se como um ser ainda sobrevivente neste universo de concreto.

Como se esquecer daquele pátio onde imagens se sucediam, ano após ano, com uma interação sempre pessoal com a Natureza, embora se vivesse na cidade.

O afiador de facas e seu chamado com o apito não mais assusta. A imagem ainda é a mesma. Continua passando pelas ruas do bairro atual.

Já o assobio do catador de latinhas é algo novo. De uns tempos para cá, começou a assobiar. Acho que para tornar seu caminhar mais leve. São imagens que se encontram com as antigas. Todas presentes numa interação ser humano/ser humano. Não há barreiras, nem telas a separar. Tudo é tangível. Esta interação é primordial em algum momento da vida. E a infância é o melhor momento para que isto se sedimente na memória de cada um de nós. Esta interação nos acompanha já na fase adulta. Uma amiga bem próxima revelou que, durante suas viagens, não tem mais registrado no seu celular paisagens pelas quais passa. Tem dado preferência a fixar as imagens através de seus olhos, guardando-as naquele compartimento secreto que aciona quando quer lembrar ou sentir aqueles momentos desfrutados junto à Natureza. Tem pensado, inclusive, em voltar a bater fotografias com sua máquina fotográfica tradicional, revelando após estas imagens. Com certeza, elas não se perderão na nuvem. As imagens fixadas em sua mente serão confirmadas pelas fotos que guardar nos álbuns que possui. E olha que esta afirmação é de uma pessoa jovem.

Hoje, com uma bagagem suficiente de belas imagens parceiras, pergunto como não chocar-se com as recentes imagens de devastação que se abateu sobre um lugar considerado ponto turístico, envolto pelas brumas da região, daí a origem de seu nome.

Como fazer frente a tantas imagens chocantes que nos cercam hoje?

Acredito que o caminho é buscar, no fundo do baú da memória, imagens que nos deem algum alento e que possam fazer frente a cenas tão esvaziadas de amor: amor ao próximo, amor à Natureza.

Quem ainda consegue buscar a beleza que existe no céu estrelado, no sol que acorda ou que se põe, nas nuvens que bailam, na chuva mansa, no voejar dos pássaros, no canto do bem-te-vi? Todo aquele que ainda se importa consigo, com o outro e com a Natureza.

A comunidade aguarda que os poetas, os escritores, os compositores, os músicos instrumentistas, os pintores, os paisagistas, todos aqueles cuja sensibilidade clama pela apreciação do belo: se manifestem. É um pedido de socorro, em forma criativa, que deve chegar aos que administram as cidades, o país.

Se nada for feito pela preservação e respeito à Natureza: todos perecerão.

Estaremos envolvidos pelas brumas que escondem as tragédias, pela devastação de nossa Natureza, pela poluição de nossas fontes hídricas.

Mostremos a importância dos sons que nascem das fontes, da luz que repousa, ao entardecer, no horizonte dos rios, dos animais que compõem a Natureza.

Preservemos estas belas imagens para que nossas crianças também possam tê-las como lembranças de uma infância saudável.

Que seus olhos infantis guardem imagens, sons, cheiros e tantas outras sensações que lhes servirão de referenciais para um caminhar suave sobre a terra em que nasceram. Que esta terra sirva a seus filhos como uma mãe zelosa que cuida para que nada falte ao seu pleno desenvolvimento, tornando-os cidadãos responsáveis.

Tudo para que nossos olhos não se turvem com as lágrimas diante de cenas de devastação que se estão tornando corriqueiras.

Que imagens estamos deixando para olhos infantis que assistiram cenas de tamanho impacto?

Somos seres vivos carentes de outros seres vivos. Sobrevivemos nesta cadeia de interação, bem como perpetuamos a espécie.

Tudo o que avassala os nossos bens, oriundos da mãe Terra, nos torna vulneráveis física e espiritualmente.

Desastres possíveis e alguns previsíveis não podem ser mais tolerados.

É! O tempo dos campos floridos, do cheiro do jasmim no jardim, do leve piu-piu ao longe, do rom-rom na calçada, do grasnar no telhado, do leve som que cai sobre as pedras, abaixo da cachoeira... Tudo isto está fadado a desaparecer? Será?

Acordemos dessa letargia.






Apesar de tudo...

Fixemos o olhar no que ainda resta.

E ainda resta o bastante para que nos empenhemos em sua preservação.

Que as imagens, sensações e lembranças dos que sobreviveram possam ser superadas por novas imagens que se sobreponham e indiquem a possibilidade de construção de novos modelos para a economia da região.

Talvez os olhinhos infantis daquela bela região possam ainda usufruir de novas e belas imagens que façam parte de suas lembranças. Porque lembrar faz parte de nossa caminhada. E é muito bom quando estas lembranças só nos fazem bem.



Ah! A Banda São Sebastião, fundada em 13 de maio de 1929, formada por músicos da região devastada, encontra, nas músicas que continuam a executar, lenitivo para tanto sofrimento que se abateu sobre a cidade. (Depoimento prestado por um de seus músicos ao Fantástico neste domingo, dia 3 de fevereiro)














sexta-feira, 4 de novembro de 2016

A CAÇADA CONTINUA...






Embora a selva seja bem outra, a caçada continua. A matança, também.


Bem antes, sentia fome, os pelos esvoaçavam, as passadas se somavam pela planície.

Muitas luas se sucederam. Muitos sóis se puseram. A deusa floresta fez parte desse tempo remoto.

Num tempo em que não era ele medido, sequer conhecido, apenas sentido, porque sensações sempre existiram, pousou, de repente, o olhar num igual. Estacaram frente ao inusitado e como dois animais aproximaram-se para um primeiro reconhecimento.

Descobriram, depois de não sei quando, que tinham mesmas necessidades. Por causa delas e para satisfazê-las mediram forças. Talvez, tenha havido um vencedor que, provavelmente, satisfez sua necessidade mais premente. Logo, porém, depois de um tempo que não era ainda medido, mas sentido, porque sensações sempre existiram, um vazio instalou-se. Onde estaria aquele seu outro igual?

Um dia, quando o sol se pôs, encontrou outro igual a si. E já não reagiu como dantes. A percepção da solidão tinha se instalado. E assim foi se acostumando à presença do outro: daquele que lhe faria companhia.
Depois, num tempo que já se conhecia e se media, a sobrevivência tornou-se mais “civilizada”. Algumas regras começaram a existir. Regras?

Regras foram feitas para serem transgredidas, pensaram alguns.

Mais tarde, muitos assim pensaram.
E o domínio estabeleceu-se sobre outro igual a si. E o jugo, pela força ou pelo ardil nas relações, consolidou-se como uma forma de convivência.

E o lucro astronômico de poucos se implantou sobre todos os outros. Alguns, conscientes e críticos, tornaram-se os arautos na denúncia das mazelas impostas. A maioria, porém, quedou numa aparente liberdade.

Infelizmente, dessa parcela maior, surgiram muitos que se associaram a uma banda podre e facilitaram as coisas em benefício próprio.

E a massa “das gentes”? Ficou sob fogo cruzado.

Num tempo, já agora medido, misturam-se dia e noite, pois o sono dos inocentes sequer consegue acontecer. São as bombas a iluminar as cidades. É a guerra fratricida.

Rousseau afirmava que o homem é bom por natureza. O que o deturpa é ter-se tornado um homem civilizado, vivendo em sociedade onde há profundos interesses privados. Este fato torná-lo-ia egoísta e individualista a ponto de colocar o indivíduo e o cidadão em campos opostos. O primeiro, livre por natureza; o segundo, subordinado a regras.

Uma tese um tanto quanto discutível esta de Rousseau.

Aquele homem livre, que corria pelas planícies, que media forças com outro igual, teria se contido e não matado seu oponente em busca da caça?

Com o passar do tempo, afirmou que este aprendizado do viver em sociedade, segundo ele, só seria possível se não descaracterizasse a essência do ser humano, se houvesse investimento no saber daquele ser “ainda criança”, advindo do próprio lar, onde os princípios éticos e morais deveriam ser cultuados.

Acredito que seja este o caminho para tornar-se um cidadão e não apenas um indivíduo, considerando-se que se adotou a civilização como padrão da humanidade.

O regramento, para que se viva em sociedade, é necessário. Agora, a liberdade é intrínseca ao ser humano. Ele é livre para pensar, para decidir, para tomar posições, para buscar instrução, para ser solidário, para denunciar. E se os sistemas impostos restringem tais atitudes: mudem-se os sistemas.

O que se observa, porém, é que a caçada continua e a matança, também.

Sem entrar nas teses defendidas pelos grandes filósofos, é a sociedade composta de indivíduos/cidadãos que, quando lhes é permitido, exercem os dois polos concomitantemente, pois não devem ser colidentes.

Quando colidem, algo está errado. Ou entra-se na barbárie, ou afunda-se na devassidão, na espoliação, no rompimento dos padrões éticos e morais.

Não bastassem esses comportamentos deploráveis que permeiam as sociedades, tem-se, agora, uma criação virtual dessas práticas deletérias.

Pois, caça-se e mata-se hoje por “puro lazer”.

Há alguns dias, um taxista que carregava três jovens foi perguntado, em certo trecho da corrida, se poderia dar “uma paradinha”, porque eles tinham encontrado um Pokémon, logo ali atrás.

O mesmo taxista tem também notícia de que jovens costumam pegar colegas do concorrente Uber, para caçar Pokémon pela cidade.

Há dias atrás, ouvi de um cidadão conhecido que sua filha, de 37 anos, com duas graduações, também caça Pokémon pela cidade, em especial na Redenção.

Pode?

O nosso taxista, referido acima, indignado, pergunta o que ganham estas pessoas com tal comportamento.

Eu respondo:
-Ganham reconhecimento no “Grupo dos Caçadores de Pokémon”, tornando-se alguns melhores do que outros porque caçam mais e com melhor técnica.

Imaginem!

Se um jogador de Pokémon, que é chamado de Treinador Pokémon, consegue capturar um Pokémon Selvagem, através de um objeto esférico chamado Pokébola, e este Pokémon não escapar da Pokébola, ele será considerado oficialmente pertencente ao Treinador. Este Treinador, isto é, este jogador de Pokémon, a partir de então, será considerado seu Mestre. E o tal Pokémon terá que obedecer a todos os comandos deste Mestre. É pouco?

 
É! Quando a vida real não possibilita, não favorece, não permite tal ascensão do indivíduo, ele pode tornar-se um mestre no mundo dos Pokémon, esquecendo a sua condição de cidadão na vida real. Adquire um status falso, como se fosse um cidadão, mas não passa de um indivíduo que caça, que persegue, que subjuga, que abate, que mata, tornando-se um Mestre na matança virtual.

Será que esta nova faceta “de cidadão” não convém ao “establishment”?

A caçada continua e a matança, também. Mesmo quando se torna virtual. Ainda, assim, é matança.

A selva apenas mudou de lugar. Agora, são as cidades, as praças, as ruas. 
E o que é pior?

Na vida real e na virtual, também.

E o mais desalentador é quando alguém, possuidor de todas as condições intelectuais para ascender na escala evolutiva, como o exemplo acima referido da graduada por duas vezes, anda a caçar Pokémon pela cidade afora. Talvez, a Ciência possa, algum dia, explicar as nefastas consequências deste dito “lazer”.

Ou, quem sabe, viraremos todos Pokémon, matando apenas virtualmente.

Desconfio, porém, que isto não faria bem à mente de ninguém.

 

Enquanto isso, vamos em frente.

Eu, pessoalmente, preferiria sair à procura daquele olhar que, um dia, chamou tanta atenção e que ainda mantém acesa tamanha emoção, expressa no poema IMPRESSÃO.

Este olhar, pelo menos, é um olhar virtual que guarda uma história real.












segunda-feira, 7 de setembro de 2015

A VIAGEM


Um dia, aquela desastrada viagem teve um final feliz. E a crônica recebeu o nome de O RETORNO DOS DESGARRADOS. Começava, assim:

Nada como dar uma esticada até o Nordeste, não é?

Pois os jovenzinhos saíram, como sempre fazem, em busca de alimento. Só que as águas estavam tão quentinhas, e tão repletas de comida, que ficou difícil resistir à tentação de esticar mais um pouquinho a viagem anual que realizam.

Aqueles mais afoitos acabaram morrendo lá pras bandas de Sergipe e do Espírito Santo. Mas, os que permaneceram pela Bahia, foram mais sortudos. Eles bem que quiseram deixá-la, mas a Bahia com seu encanto, seu axé, seu mar piscoso, não os deixou sair.

E lá ficaram eles: brincando em suas águas. Dizem que foram vistos. Denunciada sua presença, foram capturados com toda a garantia de sua integridade física. Após, embarcados em avião da FAB num voo de Salvador até Pelotas. Aqui, no Estado, foram acomodados em um caminhão refrigerado e levados ao Centro de Recuperação de Animais Marinhos (CRAM), em Rio Grande. Nesse local, após tratamento, foram liberados para voltarem ao lar: as colônias do Sul da Argentina (Patagônia) e do Chile. A soltura dos animais no oceano teve o apoio da Petrobrás e do Exército.

Lá, então, deram, com certeza, continuidade à espécie. 

Que coisa maravilhosa! Perder-se e ter gente sempre atenta a guiá-los de novo ao lar. Gente que se preocupa com os animais.

Pois, os pinguins-de-magalhães voltaram para casa.

Uma viagem que teve um final feliz.

Agora, na viagem em que o mar jogou à praia aquele ser absolutamente indefeso, o final trágico marcou, a ferro e fogo, para sempre, a visão e a consciência de todos os que assistiram à cena. A imagem é por demais impactante, chocante, de profunda emoção e tristeza.

Pátrias deixadas para trás por absoluta impossibilidade de sobrevivência de seus cidadãos. Cidades destruídas, terras arrasadas por revoluções em nome de ideologias, religiões e etnias que se digladiam. Regiões espoliadas de suas riquezas naturais, bem antes, pelos detentores do poder local em arranjos espúrios com outras grandes potências. Venda de armas, que alimentam o terrorismo, encontram nestas áreas terreno fértil. Resta aos seus cidadãos o inquestionável direito de buscarem a sobrevivência a qualquer preço, sob qualquer sacrifício. Seguem, porém, reféns de abjetos “mercadores de sonhos” que os empilham em pequenas embarcações, onde até o ar que respiram será cobrado. Seres vis que são a escória dessa espécie, chamada humana.

Aqueles, que conseguirem chegar ao destino, sofrerão toda a série de dificuldades. Porém, estarão vivos, sobreviverão. Novas terras, novas línguas, novos costumes, novas culturas serão alguns dos desafios que enfrentarão. 

A viagem terá valido a pena, acredita-se.

Ah! Os países que os acolherem não estarão fazendo favor algum. Muitas destas terras, de onde vieram estes milhares de refugiados, foram espoliadas de suas riquezas naturais pelas grandes nações que, agora, os acolhem.



Talvez o problema seja mais complexo que o dos pinguins. No nosso caso, jogá-los ao mar, depois de tratamento, próximo à sua região de origem, foi o bastante. Eles viraram-se sozinhos. E, em suas colônias, sabem proteger-se dos demais predadores. Afinal, podem contar com os da sua espécie.


Parece que não é o que acontece conosco. Somos predadores de nós mesmos.

Precisamos, na verdade, aprender mais com os animais.

Já imaginaram? Se nós, humanos, colocássemos todo o nosso potencial construtivo e de solidariedade em favor dos da nossa espécie?

Infelizmente, o acolhimento dos pinguins, tanto por nós, quanto pelos de sua espécie, causa inveja!

A viagem do pequeno Aylan Kurdi não se completou. Assim como, também, a de seu irmão e sua mãe.

A imagem não se apagará dos nossos olhos.

Também não se apagará a constatação da necessidade de que olhemos com mais humanidade para o nosso semelhante.

Aylan buscava com sua família melhores condições de vida. O seu país de origem não lhe propiciou este direito inalienável de qualquer ser humano.

Da mesma forma, o jovem morto por uma bala perdida ou aquele que jaz inerme de fome e frio são credores do Estado por mais segurança, educação e saúde. Segurança para que possam ir e vir; educação de qualidade para que possam igualar-se aos melhor aquinhoados e saúde para que a geração que os suceda possa levar a frente o projeto de um país grande por natureza, mas, também, de homens dignos e honrados por opção.



Por ora, a nossa viagem, pelos meandros da vida, continua.

A de Aylan, mal tinha começado.

Terminou nas areias de uma praia distante. Seu corpo, entregue pelo mar, repousa, agora, na sua pátria: aquela que não lhe soube dar amparo, que não cumpriu seu papel.

Assim como tantas outras, que conhecemos tão bem.


Que o poema AS FLORES, de Ígor Begossi, aluno da 5ª série da Escola Estadual de Ensino Fundamental Reinaldo Cherubini, do Município de Nova Prata/RS, algum dia possa confirmar-se pela prática efetiva e planetária da generosidade do ser humano para com o seu semelhante.





Por ora, um TOQUE DE SILÊNCIO é o que cabe, o que resta a nós todos.


No vídeo abaixo, descobre-se a inutilidade das guerras na própria história da descoberta da letra deste hino ao silêncio: um verdadeiro pranto a todos aqueles que tombam lutando e àqueles que nem ainda viveram o suficiente para entenderem os horrores da guerra, sendo já vítimas.






Toque do Silêncio





Em tempo:

O RETORNO DOS DESGARRADOS – crônica publicada em 06/10/08.

- Pinguins resgatados na Bahia...