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sábado, 21 de março de 2015

RENOVAÇÃO
















Renovar é reinventar-se. É assistir ao espetáculo do chão atapetado pelas flores recém-caídas dos jacarandás da rua onde moro. É saber que este tapete se renovará, por primeiro, em novas flores exuberantes e em um novo tapete de rua no próximo Outono.

Com tantas datas a serem comemoradas no mês de março, é difícil escolher apenas uma para se comentar. Com certeza, porém, todas contêm o aspecto da renovação. Não só porque serão novamente comemoradas no ano seguinte, mas porque implicam num contínuo desejo de melhora daquilo que se está a homenagear.

Quem não quererá melhorar a situação das florestas e da água no planeta?

Para isso, porém, não basta elegerem-se os dias 21 e 22 de março para tais comemorações.

Aliás, se não cuidarmos desses dois fundamentais bens da humanidade, os nossos futuros Outonos não serão tão belos quanto os de hoje. Os jacarandás, talvez, nem mais depositem suas flores sobre os passeios porque, quem sabe, nem mais floresçam para nos dar este espetáculo.

E a nossa cidade, esta jovem de 243 anos, precisa se reinventar para que continue ainda jovem por mais 243 Outonos.

Temos que cuidar das poucas áreas de mata nativa de que ainda dispomos. Isto é absolutamente urgente.

E o nosso Guaíba? O nosso Arroio Dilúvio? Tanto se tem falado e tão pouco se tem feito.

Em A HORA É AGORA!, crônica publicada em 02/01/14, fiz referência a outra crônica, de nome RS + 25 – OH, GAIA! HAVERÁ SAÍDA?, publicada em 04/07/12, onde o vídeo anexado demonstra o que foi feito no Arroio Cheong Gye Cheon, em plena cidade de Seul, capital da Coreia do Sul.

Na mesma crônica, outro vídeo apresenta estudos iniciais feitos pela parceria UFRGS/PUC, onde as Universidades colocam todo o seu aparato humano e tecnológico à disposição dos gestores públicos, para que se leve adiante essa proposta de despoluição do Arroio Dilúvio. Tais vídeos são bastante elucidativos para a resolução de problemas como a despoluição e o cuidado com os mananciais, criando-se com estas medidas um forte apelo ao turismo na região.

Em outra crônica, À BEIRA DE UM RIO, publicada em 27/08/14, fiz uma reflexão sobre a situação do nosso Guaíba, de todos os demais rios que o compõem e dos arroios que desembocam nestes rios. A poluição hídrica é um fato gravíssimo.



Embora diante de tantas mazelas que nos cercam, é preciso ser feliz.

Não é nem preciso comemorá-la na data de 21 de março, dia dedicado a ela.

É preciso, porém, vivenciá-la diariamente. Renovando-se cada um de nós a cada amanhecer.

Na crônica UMA BUSCA DIÁRIA, publicada em 26/03/14, a felicidade é descrita como a capacidade de encantamento, de entrega, de emoção e paixão pela vida. Instantes do dia que o transformam para além do trivial, embora, como escrevi, esse aspecto contenha elementos significativos na busca de instantes em que a felicidade pode ser, também, ali encontrada. 

Como as marés, ela vem e vai. O importante é que esse movimento se estabeleça com constância. E cabe a cada um de per si captar, pelo menos, um instante diário em que o espírito, que é amor, possa sentir com o coração o poder de amar. A felicidade, neste momento, inundará aquele ser amoroso que detém o poder divino de fazer-se feliz, porque filho do Criador.

O aprendizado da felicidade requer um exaustivo trabalho do sentir. É pela capacidade de sentir que nos tornaremos mais próximos do outro e descobriremos o valor maior que representamos para nós mesmos e para o conjunto. Por isso, o embate é constante e necessita de um compromisso diário.

Torçamos para que os amanheceres sejam mais plenos e fraternos. Que novos caminhos se abram a todos que acreditam num olhar amoroso para consigo e para com o outro.

Aí estará depositada a semente da felicidade. Dela surgirá uma colheita digna de quem a plantou. 

E renovar-se será o propósito diário, a cada amanhecer...








Felicidade – Marcelo Jeneci






quarta-feira, 27 de agosto de 2014

À BEIRA DE UM RIO



Não temos a estátua do Cristo. Não temos o mar.

Temos, porém, o nosso Guaíba. 

E o vemos do alto do Morro Santa Tereza. Através das precisas aberturas, que enquadram a paisagem no Museu Iberê Camargo, obra do premiadíssimo arquiteto Álvaro Siza Vieira, também podemos vê-lo. Acompanhá-lo também é possível ao longo da Avenida Edvaldo Pereira Paiva. No Gasômetro e no Cais do Porto nossos olhos esbarram com ele o tempo inteiro. 

Atravessá-lo com as antigas barcas, num caminho de ida e volta até a cidade de Guaíba, era um divertimento. Barcas enormes onde cabiam vários automóveis. Claro, não havia o conforto dos catamarãs de hoje. O visual, porém, era o mesmo. Um rio que desliza suave, que não amedronta. Um rio que é o cartão postal desta cidade. Que mais lindo ainda se torna quando o sol se deita para iniciar o seu sono profundo.

As imagens diárias das inúmeras guerras que se sucedem deixam nossos olhos por demais fustigados. São escombros, uma mortandade generalizada, semblantes retorcidos pela dor, pela fome e pela perda de familiares e de seus bens. E a beleza natural dessas terras, referenciais para esses povos, também estão destruídos. Rios que serviram de cartão postal para suas comunidades e que hoje estão deteriorados pelos artefatos de guerra, ali, constantemente, despejados.

Longe da devastação, produto de guerras fratricidas, por aqui se propaga outra devastação. Esta, com certeza, deveria ser bem mais fácil de ser estancada. Infelizmente, porém, não o é. 
A recente reportagem de ZH, de 26 de julho, confirma esta assertiva.

E pensar que eu me banhei nas águas da Praia de Ipanema, zona sul de Porto Alegre.

A perda para os negócios turísticos é incalculável. Uma orla extensa sem qualquer aproveitamento para o turismo, tal a sujeira e poluição que grassam por todo o rio.

Lixo, lixo e mais lixo.

O Museu Iberê Camargo, o Parque Marinha do Brasil, o Anfiteatro Pôr do Sol, as margens da Usina do Gasômetro, o Cais do Porto, todas estas belezas aos pés da imundície, da podridão, do descaso, do descompromisso com o meio ambiente, com a sua cidade.

Como é possível um rio sobreviver diante de tal devastação! Afinal, bebemos deste rio. Até quando será possível consumi-lo sem que nos prejudiquemos, tal a quantia de produtos químicos necessários para que se consiga sua potabilidade?

Este é um assunto de extrema gravidade e que deve envolver a todos: comunidades, indústrias da região metropolitana, Governos do Estado e dos Municípios.

A Lei nº 12.305, de dois de agosto de 2010, que instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos, estipulou o prazo de quatro anos para a total implantação dos chamados aterros sanitários em substituição aos lixões. Os rios Jacuí, Gravataí, Sinos e Caí, todos eles formam o nosso Guaíba, que desemboca na Lagoa dos Patos. Mas quantos arroios desembocam nestes rios? Quantos deles também já se encontram poluídos? 


Belas imagens dos arroios de outrora foi o que nos legou Mário Quintana, através dos versos que seguem:





Infelizmente, nem estes se salvaram da poluição. Às vezes, é por eles que começa ela a espalhar-se.

Luiz Coronel, em NOTURNO DE PORTO ALEGRE, do livro Um Querubim de Pantufas, nos versos nºs 17 a 24, exalta o Guaíba, despejando perfume em suas margens e vendo em seu pôr do sol, quase uma miragem.


- Ó cidade, bem não te conhece quem um dia não tenha
se entregue aos teus braços de rio de margens perfumadas.
Breve, eu sei, tenho certeza, muros e anteparos tombarão
e o “Porto dos Casais” e o rio serão uma verdade única e entrelaçada.

Mas quais virtudes, além de tua beleza, te fazem assim
amada e envolvente? Teu pôr do sol, quase miragem?



Como seria belo vê-lo assim. Belo para os olhos de quem não cansa de apreciá-lo, e fornecendo água limpa, própria para um mergulho nas águas de Ipanema. Uma Ipanema que se juntava as outras praias da região: a do Lami, a do Espírito Santo, a do Veludo e por aí...

Um rio abandonado a sua própria sorte, com lixo depositado às suas margen, é o que a cidade observa.

Porém, acreditem, suas águas ainda encontram-se, quase que diariamente, com ele, o Sol, oferecendo-se para o encontro amoroso.

E ele, acariciado pelas suas mãos de seda, deita-se no leito, conforme RELATO DAS RELAÇÕES DO SOL COM AS ÁGUAS DO GUAÍBA, poema de Luiz Coronel, do livro Um Girassol na Neblina, espargindo luz até o final do encontro.




E a cidade, à beira deste rio, agradece o espetáculo que se renova sempre que propício o tempo. 

Na verdade, os cidadãos querem bem mais do que assistir ao espetáculo do pôr do sol às suas margens. Querem, novamente, desfrutar de suas mansas águas.

E a cidade aguarda que o Estado tome as medidas necessárias para a implantação efetiva desta importante política ambiental, acompanhada de uma fiscalização rigorosa pelo seu não cumprimento.

E o cidadão aguarda...

Nós, porto-alegrenses, aguardamos...

Até quando?









Entre o Guaíba e o Uruguai – Noel Guarany





sábado, 12 de abril de 2014

A RECOMPENSA


 
Para mim, uma leiga e simples observadora, a coisa mais visível da passagem do tempo, quase instantânea, é a mudança, com o piscar dos olhos, no desenho das nuvens no céu. As bordas das nuvens se redesenham em milésimos de segundo. É o instante que não perdura.

E o que é o instante?

É uma porção brevíssima de tempo?

Segundo um grupo de cientistas alemães e espanhóis, que tratou desse assunto, o tempo de duração de um instante é de 320 attosegundos. E um attosegundo corresponde ao trilionésimo de segundo.

Que coisa mais difícil de imaginar!

Os primeiros raios de luz da manhã, seguidos da luminosidade intensa ao longo do dia, dá-nos a possibilidade de acompanhar o tempo que vai seguindo o seu curso até o anoitecer, completando-se com a total escuridão que recai sobre nós a cada fim de dia.

O passar dos dias, meses e anos também possibilita a percepção desse senhor implacável chamado Tempo.

Mas quando o tempo dura um piscar de olhos, essa percepção torna-se assombrosa. 

Mario Quintana, em seu Caderno H, escreveu sobre o Tempo: 

"Coisa que acaba de deixar a querida leitora um pouco mais velha ao chegar ao fim desta linha".

E o tempo continua a fluir, imperceptível, a partir daquela linha referida. 

O interessante, porém, é que aquele trecho lido continuará lá, no mundo dos livros, embora venham a se passar 200 anos. 

O ser humano, por outro lado, dura tão pouco frente às obras construídas por ele próprio.

As pirâmides estão lá e a Acrópole de Atenas também resiste ao tempo. 

As águas do rio fluem, sempre sendo diferentes a cada fluir, assim como somos também diferentes a cada instante. Heráclito já explicara, há muito tempo atrás, essa condição nossa e da natureza. Nós, humanos, estamos em desvantagem, porém. 

A nós não é dado esse privilégio de acompanhar as obras, produto nosso, pelos séculos afora. 

Claro que, se assim ocorresse, o globo terrestre não suportaria tamanha quantidade de gente, considerando-se a natalidade permanente. Há que se abrir espaço para outros que vão chegando. 

Agora, um rio, embora diferente a cada instante, estará sempre ao nosso alcance: ontem, hoje e até quando possamos dele usufruir. Que isso não nos cause pressa, porque ele estará lá a nossa espera. 

Ainda segundo Quintana, o segredo da eternidade repousa na seguinte assertiva: 

"Naquele seu ímpeto ascendente e embora retombe a cada instante, ninguém, nem ele mesmo o sabe: o repuxo é o eterno recém-nascido". 

O que significa que esse rio estará lá presente a cada repuxo, perpetuando-se. 

E nós? Onde estaremos? 

Estaremos representados na figura do nosso filho? 

Mas, se cada um de nós é insubstituível, como sair desse dilema? 

Sobra a nós apenas a lembrança do ancestral, através da sua própria imagem ou de suas obras. Essas são as que permanecem para serem vistas, reverenciadas ou até execradas, dependendo do valor positivo ou negativo que encerrem. 

Nada, portanto, é tão passageiro quanto a condição de ser humano ou de pertencer ao reino dos seres vivos. 

Assim, calma, Coimbra! 

O rio Guaíba continua no mesmo lugar, talvez algumas margens tenham se estreitado ou se alongado, mas suas águas continuam correndo. E para algum lugar correm, com certeza. 

E nós? 

Temos ainda tempo de acompanhá-lo, porque ele se renova a cada repuxo. Ele é para os séculos.

Quanto a nós? 

Cuidemos das nossas atitudes, nossas ações e obras, porque é o que deixaremos. E que, com certeza, não durarão séculos. Apenas uns poucos anos até que caiam no esquecimento.

A menos que nos enquadremos na galeria dos grandes luminares da Humanidade. O que, a essas alturas, acho que não faz grande diferença. Pela simples razão de que do outro lado, se é como dizem, o que contará serão os gestos de amor, solidariedade e fraternidade com os próximos a nós e com aqueles que vierem até nós. 

O que se leva e vale é o AMOR, já diz a letra da música O QUE SE LEVA de Guilherme Arantes. 

E o céu estará garantido. 

Acho, sinceramente, que essa será a melhor recompensa

Os séculos que se passem, então. Tal como Marcel Proust, Henri Bergson, Walter Benjamin também passaram com suas importantes teorias sobre o Tempo, os quais, considerados por muitos, foram grandes luminares do pensamento. 
 
 
 
 
E eu, de repente, dou com os olhos na ampulheta, no quadro em frente a mim. 

Ela está por sobre livros em cima de uma mesa. Não há movimento algum. Acho que o tempo parou! 

Desvio o olhar depressa para o céu em busca delas, as nuvens. Essas continuam a fornecer dados visíveis do fluir do tempo. E acho que é bom vê-lo passar, pois assim acompanhamos o processo contínuo de seu movimento. E isso é pura energia. 

E é disso que precisamos.
 

 
 
 
 
 
O Que Se Leva  - (Temor ao Tempo) – Guilherme Arantes  
 
 

Oração ao Tempo – Caetano Veloso

 
 
 
Trechos:
 

 

quarta-feira, 4 de julho de 2012









 
RS +25
OH, GAIA! HAVERÁ SAÍDA?

Já imaginaste deslizar pelas águas do Arroio Dilúvio, em plena Avenida Ipiranga? Barcos circulando desde a nascente do Arroio até o seu encontro com as águas do lago Guaíba? Não te agradaria este passeio turístico? Em plena tarde, com o famoso pôr do sol a te conduzir por mansas águas até desaguar em teu rosto os últimos raios do astro rei? Que tal essa imagem? Poética demais? Não. Plenamente possível, é a resposta. 
 
Seria tão difícil para nós, porto-alegrenses, levarmos essa ideia adiante? Como ela acrescentaria dividendos ao nosso bem-estar, ao nosso meio ambiente, à qualidade da nossa água, ao nosso potencial turístico. 

O que temos a fazer? Arregaçar as mangas e começar pela conscientização da população com relação à necessidade do destino correto do lixo, de uma preocupação com o uso correto da água. Paralelamente, exigirmos do Município de Porto Alegre uma ação mais combativa da que vem sendo apresentada, com relação ao tratamento do esgoto cloacal e à recuperação do nosso Guaíba. 

O nosso ambientalista, reconhecido internacionalmente, José Lutzenberger criou a Fundação Gaia há 25 anos. Antes mesmo dessa iniciativa, tivemos a criação da AGAPAN, em 27 de abril de 1971. A Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural foi a primeira entidade ecológica da América Latina e uma das primeiras em nível mundial. Já são 41 anos de lutas pela preservação do meio ambiente, numa clara visão em defesa de uma nova forma de desenvolvimento. 
 
Aliás, o nome Gaia era usado pelos antigos gregos ao se referirem à nossa mãe Terra. 
 
Então, o que dizer de nossa Gaia? Ela que está ligada de forma indissociável a todos nós. Aliás, nós somos, na verdade, a própria Gaia. O que estamos fazendo com nós próprios? 
 
Seria muita burrice se nos colocássemos em dissonância com Gaia, tendo ao nosso alcance, pelo que já se sabe, toda uma tecnologia funcionando em termos planetários. Por que não nos tornarmos a massa cinzenta do cérebro de Gaia, conforme discorria Lutzenberger sobre o tema? 





Portanto, podemos começar pelos nossos mananciais de água, puros em suas nascentes, como a do nosso Arroio Dilúvio. Que suas águas, em seu trajeto até a foz, possam ir sendo preservadas do esgoto ali despejado, do lixo depositado em seu percurso. É urgente um saneamento básico mais abrangente, um tratamento efetivo da água que se bebe, coleta e reprocessamento do lixo diário e um olhar diuturno mais atento à conscientização dos problemas ambientais via educação. Não é possível pagar-se por uma água, que se têm restrições ao consumi-la, e gastar-se na compra de garrafões de água mineral oriunda de fontes que nem se sabe, também, se livres de resíduos prejudiciais à saúde. A comunidade científica já questiona o grau de potabilidade da água do Guaíba, considerando-se a relativa eficácia dos produtos utilizados para a sua descontaminação. 

Particularmente, acredito mais num movimento RS + 25, que acrescenta mais 25 anos à Fundação Gaia, na luta pelo desenvolvimento sustentável, do que na Rio + 20 com seus créditos de carbono tão aplaudidos. Há quem se posicione sobre esses tais créditos comparando-os com o ato de matar. 

Há quem diga que é como se permitíssemos o ato de matar, e que o homicida, depois, pagasse uma fiança para ficar imune a qualquer processo. Quanto mais monstruoso o crime, maior seria a conta a pagar em dinheiro. Então, quanto mais poluição for detectada, maior o valor a ser indenizado. Não esqueçamos, porém, que isso não serve à natureza, mas sim ao homem, que apenas se preocupa com o vil metal. Muitos danos ambientais levarão séculos para serem revertidos. 

Por outro lado, há já, inclusive, investigações, que tramitam na Polícia Federal, acerca de fraudes na venda de créditos ambientais da Mata Atlântica em São Paulo. O que evidencia que tais créditos estão alimentando o novíssimo, rico e especulativo mercado de créditos de carbono. 

Na verdade, o que se tem de buscar são fontes de energia mais limpas. Para isso, precisa-se de pesquisa, excelência nos quadros acadêmicos, verba direcionada para experiências e, é claro, uma educação ambiental desde as primeiras letras. Tudo isso somado a muita conscientização, prevalência de valores morais, ética e comprometimento de toda a sociedade com metas definidas, que se estenderão ao longo do tempo necessário, independentemente de cores partidárias. E o caminho a trilhar deverá ser mantido com foco, determinação e disciplina, ingredientes imprescindíveis para qualquer ação humana que se pretenda exitosa. 

Se soubermos aproveitar os próximos anos, poderemos implementar medidas ambientais, em termos de solo, água e ar, que comecem, efetivamente, a reverter o quadro devastador que se avizinha. 

Considerando entidades como a AGAPAN, inúmeras outras associações espalhadas pelos diversos municípios gaúchos, centros de estudos, institutos, com o apoio da Fundação Gaia e, ainda, da Assembleia Permanente das Entidades em Defesa do Meio Ambiente (APEDeMA/RS), é de se ter esperança numa mudança nos padrões de sustentabilidade no nosso Estado. 

Cobremos das autoridades estaduais um maior empenho e uma atitude mais resolutiva no enfrentamento da questão ambiental, principalmente na fiscalização das indústrias poluidoras. Deverão essas dispor de mecanismos despoluidores dos seus dejetos ou o reprocessamento dos resíduos jogados, hoje, livremente nas águas que compõem a Bacia Hidrográfica do Guaíba. 

Há que se investir mais no tratamento da água que se está a consumir em Porto Alegre. Para isso, acredita-se que haja pessoal técnico capaz de fazer uso de modernas tecnologias no manejo da água. Portanto, esse investimento é uma das prioridades de qualquer governo que se instale. 

Não percamos a esperança. 

Gaia, nossa Terra, nosso Planeta Água deve sobreviver. Talvez, não exatamente como nós a conhecemos hoje. 

O problema maior somos nós, pobres mortais! 

Trabalhemos para reverter o quadro e... rezemos. 

Sabe como é, uma ajudazinha do CÉREBRO, que está bem além de Gaia, sempre é bem-vinda. 
Aliás, para descontrair, corroborando o que foi dito acima sobre a água, vejamos o que imagina Martha Medeiros na última crônica, “Afogando-se num pires”, publicada no jornal Zero Hora de 01/07/12, e que vem confirmar a ideia, já incorporada, da necessidade de comprar-se água, dispensando, dessa maneira, aquela fornecida pelo DMAE. Atentem para o trecho extraído da referida crônica: 

“Se a última garrafa d’água da casa foi aberta, não custa passar num mercadinho e renovar o estoque pra não ser surpreendida por uma sede absurda no meio da noite.” 

Pode? 

Pode, sim. Urge que se tomem medidas drásticas contra essa possibilidade cada vez mais constante e preocupante.






Planeta Água – Guilherme Arantes 

Arroio Dilúvio  - como despoluir? Veja como a Coreia do Sul despoluiu seu arroio

Bacia Arroio Dilúvio – Um Futuro Possível - PUC/UFRGS

Arroio Dilúvio (Passado, Presente e Futuro) 



Lutzenberger – Forever Gaia – filme 



 
Notícias:

- Créditos de carbono: os oportunistas em ação 

- Créditos de carbono: negócios privados garantidos por terras da União




Jornal Zero Hora 10/09/2012


 

Parabéns ao Governo Municipal pelo enfrentamento de questão tão importante à saúde da comunidade porto-alegrense.
 
Jornal Zero Hora 10/11/2012



Intervenção Cultural ocorrida em 21 de março de 2014,sobre o Arroio Dilúvio – Projeto Ecopoética


 

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Comentário via e-mail:
Prezada Sra. Sonia,

muito obrigado pela sua mensagem. É muito bacana saber que nosso trabalho é bem acolhido e que se constitui de mais um elemento mobilizador em prol da construção de uma sociedade humana mais consciente de seu protagonismo na sustentabilidade planetária.

Apenas para esclarecimento, a Fundação e o Rincão Gaia são a mesma entidade. O Rincão é a sede da Fundação e está localizado próximo à Pantano Grande - RS.

Votos de continuado sucesso para a Sra e todos nós!

Lara Lutzenberger
Presidente
Fundação Gaia - Legado Lutzenberger

















segunda-feira, 9 de janeiro de 2012











UM OLHAR... 
                       UM OLHARTE...

Mergulhe o olhar no muro. Extraia dali o que vê e bem mais: o que sente.

Depois da inundação, nada será como antes. Desaparecerão todos. Restará apenas concreto e muita água. Água sem vida: nem dentro, nem no entorno. Nem as lendas e histórias sobreviverão sem seu principal personagem: o rio. Um rio sem mais identidade. Um rio que terá morrido. Sobrará apenas uma imensa quantidade de água amorfa, sem saliências, declives, sombras. Suas margens não servirão mais para descanso de conhecidos frequentadores, nem suas entranhas tomadas por parceiros que nele transitam há muito tempo. Séculos de convivência respeitosa, entre o rio e aqueles ditos “selvagens”, é o que existiu. E agora? Para onde irão?

O muro está lindo. Fica nos fundos da Escola Estadual Presidente Roosevelt, local que servia de dormitório para moradores de rua. Ainda há restos de pertences deles por lá. Talvez, à noite, voltem a dormir por ali. Afinal, o lugar está mais bonito. E esses já são civilizados. Não são selvagens, mas precisam também daquele rio, ali retratado, pelo bem do ecossistema do país. Aliás, necessitam, bem antes, de um lugar para dormir. E esse ficou bem mais agradável. No silêncio da madrugada, talvez ouçam o canto de algum pássaro que se perdeu muro adentro, levado pelo som da floresta, ali evocada, que só ele consegue ouvir.

Toda arte é rica ao ponto de sensibilizar, fazer pensar, desnudar, questionar. E essa, de rua, mais ainda. Ela esbarra direto no cidadão, sem precisar esperar que ele a visite. Ela está ali, numa esquina qualquer.

Pois é, um rio sempre impressiona. São suas águas que nos atraem. Afinal, vivemos por um período em águas calmas, aconchegantes, um verdadeiro fluido denso onde nos abrigamos até despertarmos para o mundo. Nós próprios somos constituídos de aproximadamente setenta e cinco por cento de água.

Por isso o muro nos impacta. E esse rio, de nome Xingu, parece pedir socorro.

 Agora, há outro muro que nos emociona. É o muro da Avenida Mauá, pois ali repousa parte da história de nossa cidade. Ou melhor, é o Rio Guaíba e suas plácidas águas retratadas num painel de mais de cem metros de comprimento. Que bela imagem!

Já que não podemos tê-lo junto a nós, mergulhemos o olhar nessa imagem virtual. Precisamos dela.

É claro que, com a revitalização do Cais Mauá, conseguiremos desfrutar desse encanto, bem mais próximo, em bares ou no próprio píer.

Aqueles, porém, que usarem a avenida como trajeto diário, têm o direito de, pelo menos virtualmente, sentirem-se acompanhados por tão ilustre criatura.

Aliás, o Criador o que estará pensando das suas obras?

Do Xingu, do Guaíba...

E da Belo Monte?

Bem, essa não é obra sua. Deve ser do Outro.

E como na história bíblica, o Outro deve ser controlado, combatido, para que não prospere.

O que o leitor acha?











Parabéns aos autores do Coletivo, os artistas/grafiteiros Emir Sarmento, Cusco Rebel, Lidia Brancher, Seilá Pax e Pablo Etchepare.







Parabéns, igualmente, ao artista plástico Leandro Selister que, de forma virtual, interveio na paisagem nos relembrando a beleza do lugar onde moramos.









Parabéns à idealizadora, ao curador do projeto, aos patrocinadores e aos demais artistas que participam do Artemosfera, edição 2011.




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*Segue abaixo a manifestação dos artistas sobre a publicação acima:



"puxa sonia! que legal!!!
muuuuito obrigado de coração!
realmente nossa mensagem foi passada com amor. 
tudo de bom pra ti!!!
keep strong!!!"

Cusco Rebel - Alexandre Cravo




"Oi Sonia
Te agradeço muito o email e o texto também. Esse trabalho foi especial para mim.
Coloquei no meu Facebook, o link para o teu Blog.
Um grande abraço"

Leandro Selister