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sábado, 20 de abril de 2019

SELECIONE MELHOR...


Pois da janela vê-se uma árvore, que estende seus galhos, onde repousam alguns bem-te-vis.

No alto de um prédio, mais ao longe, chegam, em dupla, os conhecidos papagaios, comuns no bairro.

Sobre um telhado, bem mais próximo, um atento gato, vez por outra, espreguiça-se.

E o Sol a tudo e a todos ilumina na tarde que desce sobre o horizonte.

Um cachorro late ao longe.

O perfume que exala do pé de lavanda, bem mais próximo, completa o cenário.

É reconfortante sentir-se integrado nestes momentos que se sucedem frequentemente.

Ouvir o canto de um pássaro ou mesmo o silêncio é apaziguador.

Elevar o olhar e perceber, no céu, o movimento lento das nuvens e uma luz brilhante que se despede, pois o seu tempo findou. Quem sabe outra virá logo mais. Ou, talvez, a escuridão total seja o cardápio desta noite que se aproxima.

Um ciclo virtuoso que nos aproxima do nosso viver diário.

Sem esta percepção adulta, uma menininha, tempos atrás, também se encantava com esse acender e apagar de luzes. Tudo “comandado pelo céu” que cobria o pátio da sua infância.

Claro que, no escuro da noite, ficava muito difícil seguir o carreiro daquelas formiguinhas que se sumiam no porão de sua casa.

A seleção de imagens não se fazia presente naquela etapa da vida. Todas as imagens chegavam para acrescentar. Tudo era novo.

E hoje? Será tudo já tão velho, tão conhecido?

Com certeza, não.

Aquilo que encanta, que apazigua e que faz sonhar continua acrescentando, embora tais cenas sejam tão velhas quanto os olhos que hoje deparam-se com outras cenas pouco conhecidas: tão mais novas, tão mais violentas.

É fundamental para um equilíbrio no viver cotidiano que selecionemos as imagens e os cenários que nos cercam.

Tragédias reiteradas, mostradas à exaustão, devem ser vistas com cautela. Debates, em que as manifestações revestem-se de ironia, escárnio e termos chulos, tendem a se tornar desprezíveis por quem se preocupa com aquilo que tais comportamentos suscitam.

Não podemos e não somos alienados.

De forma constante, porém, ficar à mercê, em programas televisivos que se sucedem, de imagens e manifestações verbais que depõem contra os próprios participantes, nada acrescenta ao público que assiste.

Selecionar o que acrescenta, o que irmana, o que promove o conhecimento e o que encanta deve ser, cada vez mais, uma necessidade para que mantenhamos o equilíbrio corpo/mente.

É bom que sejamos um pouco crianças e possamos enxergar, no meio deste turbilhão, aquele carreiro de formigas, todas unidas, levando comida ao ninho, numa típica ação comunitária que a todas beneficiará.

Busquemos este caminho, pois somente ele nos qualificará como seres humanos dotados de pensamento crítico, reflexão e poder de decisão.

Urge que selecionemos aquilo que não ultrapasse o limite do tolerável.

Não podemos transigir com a barbárie que invade os lares pelas telas, espalhadas pelos cômodos e, igualmente, por aquelas outras constantemente manuseadas, a qualquer instante, em qualquer lugar, ao longo dos dias.

Salvemos a nossa capacidade de emocionar-se quando o olhar se perde no azul do céu, quando o som da cachoeira, seguindo seu rumo, nos leva junto ou quando o aperto de mão é o convite para uma nova amizade.

Estas são coisas que acrescentam em qualquer tempo e em qualquer idade.

Afinal, aproveitemos esta época de renovação para revermos nossos propósitos de vida e quais sentimentos, comportamentos e imagens farão parte do nosso dia a dia. 

FELIZ PÁSCOA!







sexta-feira, 5 de agosto de 2016

NÃO DELETE! REPAGINE!






O esquecimento carrega consigo o vazio, o nada. E o nada é simplesmente o nada. Não acrescenta, não diminui. Não nos possibilita lembrar as imagens de momentos vividos que foram deixados no reino do esquecimento, do nada. Lá, nem as sombras existem para que a imaginação possa recriar, repintando com novas cores aqueles instantes já passados.

Sem a lembrança não nos é permitido acompanhar a linha tênue entre o ontem e o hoje nem, tampouco, traçar caminhos mais iluminados para um futuro que se quer o mais distante possível.

Somos uma soma em que a subtração, às vezes, é necessária. A divisão é sempre interessante, mas a multiplicação é por demais almejada. E esta deve repousar sobre o rescaldo das coisas positivas que ficaram. Para isso, precisa-se da lembrança daquilo que foi negativo e prejudicial na caminhada.

Somos como os atletas que disputam uma maratona, onde o que interessa é alcançar a linha de chegada.

A nós, atletas do dia a dia, não importa se chegamos em primeiro lugar ou em último. Não disputamos com o outro. A disputa é consigo próprio. Para isso, a lembrança de cada obstáculo, vencido ou não atingido, é de extrema importância.

Para os atletas de verdade, os de competição, isto é fundamental. Para os demais atletas, metaforicamente falando, a importância da lembrança é, também, com certeza, a possibilidade de somar experiências para alcançar novos momentos mais exitosos.

Tudo ao natural, sem doping. Dele não se precisa.

Do quê se precisa? Do quê?

Da construção da sua autoimagem: ela depende de você.

Busque o silêncio, reconstrua as lembranças com novas cores, ilumine os novos roteiros, mantendo acesa a chama que surgiu com o primeiro abrir de olhos. Ela, que nunca se apaga, ilumina todos os momentos vividos: tenham sido bons ou maus.

Ela serve de farol para onde todas as lembranças afluem, pois o escuro não existe. Ela garante isto. Nós é que teimamos em torná-la menos nítida, quando os momentos difíceis batem à porta, forçando ao esquecimento tais instantes.

Nesta maratona da vida, somos os atletas. E a chama que carregamos é eterna, pois ultrapassa os umbrais do desconhecido.


Muito mais do aquela Chama Olímpica ou do que aquela outra dos nossos pagos, a Crioula, a nossa própria surgiu quando o primeiro sopro de vida foi ouvido no silêncio do Universo.

Portanto, não delete o seu passado. Reconstrua-o em novos moldes, mesmo que isto agora seja possível, apenas, pela imaginação. Novos cenários, usando-se os materiais já existentes e disponíveis, com novos formatos e cores, vão possibilitar um olhar compassivo para o passado e renovado na criação de um futuro.

Os atletas por profissão aprendem com os erros cometidos: corrigindo-os.

Nós, atletas da vida, detentores da chama eterna, podemos dar uma roupagem nova a antigos figurinos e reconstruir velhos cenários com cores mais suaves e promissoras.

De resto, tudo é uma eterna repetição. Podemos, porém, percorrer a caminhada de agora de forma mais leve, mais aprazível, com mais sabedoria.


Pois é! Cadê? Cadê?

Cadê o sorriso? Cadê o bom humor?

Faça um selfie de si com seu passado e curta os Jogos Olímpicos.

Afinal, os próximos no Brasil? Não se sabe a data.


Viva o dia 5 de agosto!

Ah! Lembrei que uns olhinhos azuis abriram-se, num dia 5 de agosto, há algum tempo atrás. Estes olhinhos revisam o passado com compaixão e gratidão, repaginando, com as cores de uma aquarela, os instantes perdidos, os momentos sofridos. Que a esperança e a alegria de viver prevaleçam e mantenham a chama sempre viva a iluminar os belos instantes que virão, a exemplo dos que já aconteceram.

Em homenagem aos olhos azuis, seguem dois poemas que falam deles. 








E ouça, para reforçar a chama existente em cada um de nós, o oitavo poema de “O Guardador de Rebanhos”, chamado de o Poema do Menino Jesus de Alberto Caeiro, um dos heterônimos de Fernando Pessoa, recitado por Maria Bethânia, poema este adaptado e com alguns cortes numa apresentação ao vivo da cantora. Ao final da leitura do poema, a intérprete canta a versão de Ah! Sweet Mistery of Life, composição de Victor Herbert e Rida Johnson Young. A versão em português recebeu o nome de O Doce Mistério da Vida.


O Doce Mistério da Vida – Maria Bethânia




sábado, 21 de março de 2015

RENOVAÇÃO
















Renovar é reinventar-se. É assistir ao espetáculo do chão atapetado pelas flores recém-caídas dos jacarandás da rua onde moro. É saber que este tapete se renovará, por primeiro, em novas flores exuberantes e em um novo tapete de rua no próximo Outono.

Com tantas datas a serem comemoradas no mês de março, é difícil escolher apenas uma para se comentar. Com certeza, porém, todas contêm o aspecto da renovação. Não só porque serão novamente comemoradas no ano seguinte, mas porque implicam num contínuo desejo de melhora daquilo que se está a homenagear.

Quem não quererá melhorar a situação das florestas e da água no planeta?

Para isso, porém, não basta elegerem-se os dias 21 e 22 de março para tais comemorações.

Aliás, se não cuidarmos desses dois fundamentais bens da humanidade, os nossos futuros Outonos não serão tão belos quanto os de hoje. Os jacarandás, talvez, nem mais depositem suas flores sobre os passeios porque, quem sabe, nem mais floresçam para nos dar este espetáculo.

E a nossa cidade, esta jovem de 243 anos, precisa se reinventar para que continue ainda jovem por mais 243 Outonos.

Temos que cuidar das poucas áreas de mata nativa de que ainda dispomos. Isto é absolutamente urgente.

E o nosso Guaíba? O nosso Arroio Dilúvio? Tanto se tem falado e tão pouco se tem feito.

Em A HORA É AGORA!, crônica publicada em 02/01/14, fiz referência a outra crônica, de nome RS + 25 – OH, GAIA! HAVERÁ SAÍDA?, publicada em 04/07/12, onde o vídeo anexado demonstra o que foi feito no Arroio Cheong Gye Cheon, em plena cidade de Seul, capital da Coreia do Sul.

Na mesma crônica, outro vídeo apresenta estudos iniciais feitos pela parceria UFRGS/PUC, onde as Universidades colocam todo o seu aparato humano e tecnológico à disposição dos gestores públicos, para que se leve adiante essa proposta de despoluição do Arroio Dilúvio. Tais vídeos são bastante elucidativos para a resolução de problemas como a despoluição e o cuidado com os mananciais, criando-se com estas medidas um forte apelo ao turismo na região.

Em outra crônica, À BEIRA DE UM RIO, publicada em 27/08/14, fiz uma reflexão sobre a situação do nosso Guaíba, de todos os demais rios que o compõem e dos arroios que desembocam nestes rios. A poluição hídrica é um fato gravíssimo.



Embora diante de tantas mazelas que nos cercam, é preciso ser feliz.

Não é nem preciso comemorá-la na data de 21 de março, dia dedicado a ela.

É preciso, porém, vivenciá-la diariamente. Renovando-se cada um de nós a cada amanhecer.

Na crônica UMA BUSCA DIÁRIA, publicada em 26/03/14, a felicidade é descrita como a capacidade de encantamento, de entrega, de emoção e paixão pela vida. Instantes do dia que o transformam para além do trivial, embora, como escrevi, esse aspecto contenha elementos significativos na busca de instantes em que a felicidade pode ser, também, ali encontrada. 

Como as marés, ela vem e vai. O importante é que esse movimento se estabeleça com constância. E cabe a cada um de per si captar, pelo menos, um instante diário em que o espírito, que é amor, possa sentir com o coração o poder de amar. A felicidade, neste momento, inundará aquele ser amoroso que detém o poder divino de fazer-se feliz, porque filho do Criador.

O aprendizado da felicidade requer um exaustivo trabalho do sentir. É pela capacidade de sentir que nos tornaremos mais próximos do outro e descobriremos o valor maior que representamos para nós mesmos e para o conjunto. Por isso, o embate é constante e necessita de um compromisso diário.

Torçamos para que os amanheceres sejam mais plenos e fraternos. Que novos caminhos se abram a todos que acreditam num olhar amoroso para consigo e para com o outro.

Aí estará depositada a semente da felicidade. Dela surgirá uma colheita digna de quem a plantou. 

E renovar-se será o propósito diário, a cada amanhecer...








Felicidade – Marcelo Jeneci






quarta-feira, 24 de setembro de 2014

AS CAIXINHAS


Quando tia Ernestina aparecia com aquelas caixinhas, era uma festa. Aninha corria ao seu encontro no afã de abri-las.

Uma delas sempre continha sementinhas. A menina jurava que aquela goiabeira, que embelezava o pátio, era produto de algumas das tantas sementinhas. Também tinha uma pereira e um caquizeiro, tudo obra daquelas sementinhas tão aguardadas pela menininha.

Agora, tinham também outras caixinhas. Todas eram gratas surpresas. Nunca se sabia bem o que elas continham. Uma delas, por exemplo, de tempos em tempos, vinha com minúsculos pares de olhinhos, feitos com fios de lã. Estes podiam ser trocados por outros já colocados nas bonecas de pano, mas facilmente removíveis, para que os novos “olhinhos” assumissem o seu papel de renovação daquelas companheiras de brincadeiras.

Havia, também, a caixinha das pequeninas bolinhas de algodão, que eram guardadas para enfeitar a árvore de Natal, como se fossem flocos de neve nos moldes europeus, tão apreciada à época.

Outra caixinha aparecia, vez por outra, com florzinhas, habilmente confeccionadas pela tia, que serviam para lembrar quão bonita e alegre é a estação delas: a Primavera.

As tais caixinhas eram todas aparentemente iguais, mas escondiam surpresas. Todas, porém, agradáveis. Nada que, naquele tempo, tenha assustado Aninha.

Tinha aquela dos balões, todos coloridos.

Havia outra que continha inúmeras estrelinhas com uma lua e um sol misturados no meio delas.

Existiam duas outras caixinhas que iniciaram Aninha nas primeiras letras e números: um verdadeiro jogo de armar. O raciocínio ia sendo exercitado através de brincadeiras com a formação de palavras e com a junção de números para as primeiras continhas.

Outra caixinha muito aguardada era aquela em que, ao abri-la, saltavam carinhas de bichinhos, alguns domésticos, outros da selva distante. Todos, porém, amigos de quem se dispunha a vê-los como irmãos de brincadeira.

Um mundo encantado aquele das “caixinhas surpresa”.

Esperar pela chegada delas era sempre motivo de grande expectativa. Nem sempre continham novidades. Muitas vezes, repetiam-se. Eram, porém, repetições saudadas, pois guardavam lembranças queridas.

Tia Ernestina sabia “das coisas” do mundo.

Encantar-se era parte da vida de Aninha. E nisso, tia Ernestina colaborava como ninguém.

Daquelas sementes de goiabeira, pereira e caquizeiro nasceu um pé de cada árvore no quintal da casa. Nasceu, igualmente, o amor pelas árvores.

Do trabalho artesanal com fios de lã, nasceram não somente novos olhinhos para as bonecas, mas um olhar sempre disposto ao novo.

Do algodão ficou a imagem do inverno europeu, não nosso conhecido, porém reverenciado pela beleza plástica que encerra.

Das flores permaneceu o colírio que a cada Primavera nos invade o olhar. Imagens floridas que tornam nosso olhar mais brilhante.

Os balões ainda despertam Aninha quando ela os vê na mão de algum vendedor ou de uma criança. Dá vontade de alçar voo junto e descobrir o que existe no distante infinito. A curiosidade pelo desconhecido sempre é um desafio ao ser humano. E isso se completa com o olhar perdido em noite de estrelas e lua, tudo junto. E os sonhos tudo admitem. E é bom sonhar!



Como só de sonhos não se vive, permaneceram as letras e os números para, ambos, deixarem Aninha com os pés no chão. Ela confessa que preferiu as letras aos números. Claro que, sem eles, não se vive. Eles são, diria ela, decisivos numa disputa acirrada.

Quanto aos animais, tia Ernestina também soube, através da caixinha respectiva, demonstrar que eles são nossos companheiros nesta viagem. Alguns mais próximos de nós, outros nem tanto, mas não menos importantes.



Aninha acredita que tia Ernestina cumpriu com o seu papel. Afinal, ela era a sobrinha de que tanto gostava.

Alguns dirão que tia Ernestina falhou. Falhou? Em nada, ela falhou.

Foi excelente o seu desempenho em instigar a curiosidade, a expectativa e a descoberta do que continham as caixinhas. As surpresas eram sempre proveitosas, recheadas de ação, de emoção e de sensibilidade na medida certa. Tudo com frutos colhidos naquele presente e imaginados para um futuro que se anunciava.

Perguntarão alguns:

- E quanto às surpresas desagradáveis que não lhe foram ensinadas?

- Caberá à vida encarregar-se de oferecê-las, digo eu em favor de Aninha. 

O fato é que Aninha sabe como abrir as tais caixinhas surpresa. Já está treinada.

Quando tem certeza do seu conteúdo, numa rápida passada de mão.

Quando pairam dúvidas, com muita cautela.

Quem sabe, o sonoro canto de alguma ave possa ser decisivo neste momento de tantas dúvidas, de tantas indefinições. Afinal, a caixinha dos bichinhos pode ser inspiradora nesta hora.



Vivam as Árvores!

Viva a Primavera!

Vivam elas!







Agora, surpresa mesmo, em alto nível, foi a que tiveram os jogadores do principal time de basquete da Turquia, o Anadolu Efes, conforme mostra o vídeo que segue.

A música, que é tocada na surpresa, chama-se Senden Daha Güzel e representa o hino da torcida do time. Ela foi capaz de despertar os jogadores, já que alguns estavam visivelmente entediados com o espetáculo que acontecia.





Surpresa em um concerto de Música Clássica