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domingo, 29 de novembro de 2020

O ENCANTO POR ESTAS CORES




O pátio e a praça sempre foram atrativos para aquela menininha. O gramado e as pequenas árvores faziam par com o bangalô pintado de verde. Pelas ruas, observava que havia muitas árvores, todas esbanjando um verde de variados tons.

Ao amanhecer, um sol radiante despontava no horizonte, enfeitando aquele céu muito azul.

Cores que enfeitaram a infância e que se mantêm na retina até hoje. É um legado que a Natureza deixou na memória visual daquela garotinha.

Talvez, por isso, o dia 19 de novembro, dedicado à Bandeira Nacional e cujas cores são exatamente aquelas que vestiam o olhar daquela garotinha, seja por ela tão reverenciado.

Temos o verde das matas, o amarelo do sol que nos banha intensamente, pois somos um país tropical, somados ao azul que nos cobre e ao branco que simboliza a paz. Todas estas quatro cores devem nortear nossa trajetória.

Se atentarmos para o valor e para o que representam estas quatro cores, veremos que é preciso respeitar o poder advindo da Natureza, desde que haja conscientização e ordem: o que nos trará progresso.

A bandeira, que tremula sob o Hino Nacional Brasileiro, traz aos olhos e ouvidos de quem assiste o sentimento de proteção daquela que nos abriga desde o nascimento e que por nós deve ser reverenciada.

Se por alguns é vilipendiada, estes não nos representam. Devemos amá-la, respeitá-la e envidar todos os esforços para honrá-la.

Ela nos representa como cidadãos, nascidos e criados neste chão pátrio. Um civismo adormecido é o que parece estar existindo.

Investir em escolas que ministrem conteúdos necessários para o bom desempenho futuro do alunado, bem como fazer transitar valores que elevem o amor à Pátria e aos símbolos que a representam, deveria ser obrigação pedagógica dos colégios.

E a Natureza foi pródiga para conosco. Temos que nos orgulhar do que dispomos e do que podemos melhorar para que todos os cidadãos tenham acesso a benefícios que o trabalho proporciona.

O trabalho será o caminho para que o progresso apareça. Claro, desde que a ordem seja mantida para o bem de todos.

A bela letra do Hino à Bandeira é do nosso poeta Olavo Bilac (1865-1918) com música do maestro Francisco Braga (1868-1945).

Nela, há a referência à verdura sem par das matas, ao céu de puríssimo azul, ao esplendor do Cruzeiro do Sul e ao querido símbolo da terra que representa, da amada terra do Brasil.

Considerada pavilhão da justiça e do amor, traz, em sua letra, ínsitas a ordem e a paz (símbolo augusto da paz).

E o Progresso?

A estrofe que segue contempla este vaticínio:


Contemplando o teu vulto sagrado,

Compreendemos o nosso dever.

E o Brasil por seus filhos amado,

Poderoso e feliz há de ser!


Estas cores, dispostas nesta bandeira, sempre encantaram aquela que, hoje, presta homenagem ao símbolo que nos identifica como cidadãos brasileiros na origem ou mesmo daqueles que buscaram em nossa pátria o reconhecimento de uma nova cidadania.

Este é um olhar cuja emoção de hoje é fruto ainda daquele olhar de criança e, como tal, dispensa a parte histórica que dá outra origem às cores de nossa bandeira. Dados históricos, que remontam séculos passados, revelam que Portugal adotara estas cores como símbolos usados por lá. Colonizados por eles, estas cores foram transferidas até nosso país e adotadas por nós com novos significados a partir da Natureza aqui existente e da índole do nosso povo.

Particularmente, prefiro a letra de Olavo Bilac e a minha memória de criança fazendo parceria com o poeta.

 

 

 

 

 

 

 

 

segunda-feira, 7 de outubro de 2019

QUANDO O AMOR FAZ A DIFERENÇA


A premiação é o coroamento de um amor que iniciou quando a mãe, adotiva, o recebeu em seu colo. Um menino que nascera com 500 gramas, fruto de uma gestação de apenas 5 meses, interrompida por uma tentativa de aborto. Vários casais haviam rejeitado uma possível adoção deste ser. Um bebê deficiente visual com este pregresso histórico teria alguma chance? Sim, ele teve.

O amor, que o conduziu até os atuais 12 anos de idade, é de ser enaltecido. Ainda, aos 5 anos, foi diagnosticado com um autismo leve. Nada impediu a caminhada deste ser, porém.

Uma forte ligação e um profundo amor têm sido os determinantes que fizeram com que Nickollas alcançasse a possibilidade de alegrar-se, de sentir-se partícipe, de vibrar, de ter suas emoções positivas preservadas. Que bom ter, sem mesmo ver, aquela que o embalou, que o acariciou nos primeiros meses de vida. Que bom existir Silvia, aquela que substitui até a visão do Nickollas pela também narração do que vê, presencia, sente e, também, vibra.

Embalada por esta possibilidade e, após verificar que ouvir apenas os jogos pelo rádio não o satisfazia, o que mais queria era escutar a torcida, presente no entorno, decidiu começar a levá-lo aos estádios de futebol.

Resolvera-se a falta de torcida, pois, agora, Nickollas estava junto a ela. Não satisfeita, Silvia tratou de imitar os narradores que depositam emoção a cada lance. Também ela, a partir desta prática junto ao Nickollas, conseguiu transmitir a emoção que cerca uma partida de futebol. Emoção pura!

Silvia, sendo palmeirense, frequenta os estádios em que o Palmeiras se faz presente. A estreia de mãe e filho deu-se em 2012, no estádio do Pacaembu.

Uma pequena digressão cabe aqui.

Uma tela de celular ou de um notebook será capaz de transmitir toda a emoção que se faz presente num estádio? Mesmo tendo todos perfeita visão? A frieza de uma tela, a falta de interagir com o semelhante, a possibilidade de as emoções acumuladas serem drenadas, este conjunto não seria um bom motivo para que se frequentem mais os estádios? Perdendo ou ganhando, acredita-se que esta interação pode ser benéfica, desde que os exageros sejam coibidos por aqueles que têm esta função.

Nickollas está certo. O estádio repleto transmite a ele as emoções das quais precisa. Ele, também, as tem, embora, por vezes, adormecidas. Este jovem de 12 anos ainda concilia os estudos frequentando a 5ª série de um colégio inclusivo em São Paulo.

Esta dupla de mãe e filho em estádios de futebol, torcendo pelo Palmeiras, time do coração de Silvia, é reconhecida desde algum tempo.

Agora, Nickollas acaba de receber o título de Torcedor do Ano da FIFA. O troféu foi entregue na Festa de Gala da FIFA, o FIFA THE BEST, no Teatro Alla Scala, em Milão, na Itália.

Silvia, lá também, descreveu a festa de entrega e quem estava presente: autoridades, jogadores, torcedores, ídolos. Enalteceu o esporte, em especial o futebol, como algo que deve ser, também, inclusivo. Dedicou o prêmio a todos os torcedores que “torcem” pela pessoa com deficiência. E, claro, estava ali representando todos os brasileiros que possuem alguma deficiência.

Pois é!

O amor faz toda a diferença.

E o barulho da torcida? Completa o cenário.

Precisamos nos sentir vivos, partícipes, unidos. Só assim desenvolveremos nossas capacidades, pois o nosso semelhante tem muito a nos dar, se soubermos captar, por algum dos sentidos, nossas semelhanças e possibilidades de realização pessoal. Nossos aplausos a esta mãe tão amorosa e a este filho: fruto do momento em que amarrou seu coração ao de Nickollas, palavras de Silvia ao descrever o momento de tê-lo no colo pela primeira vez.




Silvia Grecco e seu filho Nickollas. Reprodução/Instagram















segunda-feira, 15 de julho de 2019

SAUDADES? COMO NÃO TÊ-LAS!


Fernando Pessoa sabia bem que senti-las somente os portugueses conseguiam, porque tinham esta palavra para expressar que as tinham.

Seguindo este raciocínio, podemos concordar com este expoente maior da Literatura Portuguesa.

Assim, temos saudades que sempre serão boas e que se ajustam perfeitamente àquilo que queremos expressar. A saudade reveste-se de uma luz própria que emana de um sentimento guardado com carinho no recôndito do ser. Nesta palavra, concentra-se todo o significado do que queremos expressar ao dizê-la.

Ao senti-la sabemos, com certeza, qual a sua origem, o momento vivido, a realidade que foi aquele instante. A saudade repousa no real. Por isso, não pode ser questionada sua veracidade, pois faz parte da nossa interioridade afetiva que encontra, na saudade, o refúgio para amenizar nossa caminhada. Afinal, deixamos rastros de saudade por onde andamos e com quem interagimos.

Saudades do chafariz da Redenção! E já faz tempo que não mais esparge suas gotículas sobre os passeios próximos.

E a mão do avô dando adeus! Melhor quando chegava, batendo palmas no portão.

E o banco da praça onde descansava, após saltitar por entre as árvores.

E o beijo roubado, muito tempo depois, cujo gosto ainda traz saudade.

Bendita memória que nos permite relembrar com saudade os bons momentos vividos.

E os maus? Não é absolutamente território da saudade. Ela os repassa para a companheira lembrança que é muito mais completa e, por isso, talvez, menos feliz que a saudade.

Para a saudade bastam aqueles momentos que a deixaram existir como algo capaz de, no futuro, expressar com uma única palavra sentimentos positivos com relação a algo ou alguém. As lembranças, porém, são mais completas. Jamais serão, contudo, tão bem-vindas quanto a saudade: que se basta. As lembranças precisam de explicação, pois nem sempre são agradáveis.

Ao dizer “eu tenho saudade”, já prenunciamos um sentimento de felicidade.

E quando a letra da música diz “Chega de saudade”, é porque os momentos bons existiram e geraram uma saudade, que é sempre boa, mas que o apaixonado pretende extingui-la com a volta da amada, que será melhor ainda.

Saudade, bela palavra que exprime um sentimento bom de quem o experimentou e que deseja o seu retorno.



Daí, as diferenças entre a lembrança, que nem sempre é boa, e a saudade que é única e faz relembrar bons momentos ou, quando é possível, o retorno daqueles momentos que causaram tanta felicidade.

E é isto que o nosso criador da Bossa Nova, João Gilberto, violonista, compositor e cantor, que levou a música brasileira ao mundo com sua batida inconfundível ao violão, sob influência do jazz, de súbito nos impõe, isto é, um sentimento de saudade pela obra deixada com a sua marca.

Suas apresentações tornaram-se memoráveis junto ao Carnegie Hall, em Nova York, no México e Japão, apresentando-se, também, em vários países europeus como a Inglaterra, Espanha, Portugal, Bélgica Itália, Holanda, França, Suíça (Festival de Montreux).

Diante dessa saudade, que já desponta a partir da despedida desse divulgador de excelência da nossa música popular brasileira, volto a sentir também saudade daqueles momentos inesquecíveis da infância e de uma juventude que teve que abrir as porteiras desta vida desde muito cedo.

E é com saudade que relembro, também, momentos vividos junto ao companheiro que se foi, perdendo-se, ao longo dos dias, e sumindo na fumaça que o destruiu por completo.

Neste caso, não coube invocar o retorno dada a impossibilidade.

Pois é! Às vezes, as coisas assumem duas faces: a das lembranças e a das saudades. Eu teimo em ficar com a saudade, pois ela teve origem num grande amor.



João Gilberto e Caetano Veloso – Chega de Saudade





domingo, 24 de dezembro de 2017

É TEMPO...



As horas contadas no silêncio são mais longas e podem ser muito mais criativas.

Para quem pensa sobre o ontem, durante o hoje que se esvai e que nos leva para o amanhã, que será hoje quando lá chegar, é necessário estabelecer regras para entendê-lo.

Existirá tempo de plantar e de colher para nós humanos? Ou, nos tempos atuais, as coisas serão diferentes?

Filósofos, cientistas, sociólogos, todos já falaram sobre o tempo. Ao que parece, nada de relevante ao cidadão mediano serviram tantos conceitos emitidos por tais autoridades.

Agora, o tempo de tosquia é algo bem palpável e deve ser observado sob pena de o rebanho sofrer grave prejuízo em seu desenvolvimento.

O tempo de semeadura e o da colheita são momentos únicos para quem pretende ver o fruto acabado dessa laboriosa atividade. Claro, pronto para a comercialização e consumo.

É tempo de olhar para o ontem e ver-se no colo do pai, para que o olhar pudesse enxergar a estrela de cinco pontas a enfeitar a árvore de Natal, tal era a altura das árvores natalinas de antigamente. Todas, é claro, pinheiros verdadeiros cujo limite de altura era o teto da casa. Plantava-se ali, à época, a esperança de momentos felizes, aguardando-se as bênçãos do Criador pelas preces invocadas. Seu filho, logo abaixo, numa manjedoura, representava o tempo renovado, o futuro abençoado por sua presença.

O tempo, intangível, continua o mesmo. É o tempo do amor renovado, das renovadas promessas, do olhar que busca a mesma estrela de cinco pontas que ainda enfeita a já, agora, pequena árvore de Natal. As cinco pontas que nos lembram as quatro energias formadoras do planeta, isto é, ar, água, terra e fogo, acrescidas do espírito. Os nossos cinco sentidos, mas, também, os nossos quatro membros mais a cabeça. Também, os chamados cinco estágios da vida do homem, a saber: nascimento, infância, maturidade, velhice e o último estágio que é, na verdade, um novo início.

Quanta simbologia que nos acompanha pelos tempos afora...

A minha arvorezinha permanece comigo, renovada a cada ano. Como adorno há sempre uma estrela de cinco pontas, com uma das pontas voltada para o alto, para as alturas, a nos lembrar de que nosso tempo é infinito, pois sempre terá um fim e um recomeço.

Portanto, a esperança permanece. Aquela que nos faz refletir e melhorar a cada etapa da caminhada.

Há dois mil anos, naquele berço simples, nascia alguém que nos embala e nos impulsiona até hoje. Uma estrela, a Estrela de Belém, à época, iluminou os céus anunciando sua chegada. E com ELE a esperança de salvação para seres terrenos, frágeis e carentes.



Lembre-mo-nos de que nossa bandeira também carrega várias estrelas, todas de cinco pontas e de mesma importância, embora de tamanhos diversos.

É tempo de nos perguntarmos se podemos transmudar as tantas estrelas que nos representam em nossa bandeira, para que sirvam de anunciação de que novos e melhores tempos virão para tantos que aqui aguardam solução para seus problemas terrenos.

Para o depois, para um novo reinício? Temos AQUELE, que é o nosso salvo-conduto, para uma passagem iluminada e redentora.

Que o nosso Natal permaneça iluminado pela chama que nos habita há tantos mil anos. Que nossa fraqueza encontre força e apoio na crença de que não estamos aqui por acaso.

Que toda a inspiração e criatividade dos poetas e escritores se transformem em mensagens de esperança para um amanhã mais promissor.

Que as artes e a música, linguagens universais, façam parceria em busca do mesmo objetivo.

Que, neste Natal, busquemos a compreensão, a solidariedade, a generosidade e o amor como parceiros.

Quanto às inúmeras estrelas que representam cada Unidade da Federação é o nosso desejo de que passem a iluminar com seu brilho os caminhos percorridos por tantos sofredores.

É tempo de Natal. É tempo de uma esperança renovada nessas estrelas que compõem nosso território. Que seus dirigentes percebam que o tempo escoa: o tempo terreno, aquele que é passageiro. Quanto ao outro, o eterno, saibam que a dívida permanecerá.

Enquanto aguardamos mudanças, ouçamos conhecidas músicas natalinas ao som de um cavaquinho, bem ao gosto dos brasileiros espalhados por tantas estrelas que pavimentam nossa bandeira.

UM FELIZ NATAL A TODOS!



Músicas de Natal ao som de cavaquinho





 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

ELA É PARTE DE NÓS





Todos a possuem, embora nem saibam.

Quem se interessaria por aquelas formigas, carregadinhas de folhas, levando o alimento para os seus esconderijos? Pisar sobre elas sem olhá-las é absolutamente normal. Porém, há quem, olhando a cena, dê vazão a uma perspectiva interpretativa do mundo, daquele recôndito íntimo que guarda sensibilidade e atenção e extraia da cena palavras que expressam a semelhança entre todos os seres vivos: a luta pela sobrevivência, comum a todos.

Todos possuem este instinto como também possuem um olhar possível de transcender uma cena tão insólita, irrelevante, quanto uma fila de formigas. É nessa transcendência, que alguns não exercitam, que se poderia avaliar a capacidade de percepção e de construção da palavra pensada, falada e escrita: da palavra poética.

Ela nos pertence. Apenas, alguns não acordaram para ela. O ato da Criação já é um ato de pura Poesia. E a fantasia faz parceria com a utopia para colorir uma realidade nem sempre colorida. A Poesia pode, porém, transformá-la, transformando o próprio ser em agente único com esta capacidade, porque está na gênese do ser humano pensar poeticamente. 

Portanto, ela, a Poesia nunca morrerá, enquanto um só homem existir. Ela sempre servirá para a expressão mais íntima, mais absoluta, mais necessária a este ser humano carente de respostas, abraçado por dúvidas e questionamentos. Ela sempre exercerá o seu papel de dar vazão a essa necessidade constante. Ela veio com ele para lhe dar suporte e lhe possibilitar extravasar o que, por vezes, lhe é pesado demais. Ou, quem sabe, até o que lhe transborda de felicidade e que se derrama para lhe dar novo fôlego às certezas e incertezas do dia a dia.



O poeta Affonso Ávila, detentor do Prêmio Jabuti de Literatura, mineiro de Belo Horizonte, já falecido, escreveu:


“Vejo que a poesia nunca desaparecerá. Dentro de séculos ou milênios vamos ter poesia publicada na Lua, em Marte. Por onde o homem for a poesia vai com o homem. Ela vai dentro do homem, está na gênese do homem”.


E observem como, desde jovem, é possível ter um olhar diferenciado sobre o aparentemente trivial, mas que transformado em poesia demonstra o quão importante é a capacidade de expressão poética, como seguem os exemplos abaixo, transcritos textualmente. Todos os textos poéticos foram elaborados por alunos de escolas estaduais do Rio Grande do Sul e publicados, em 2009, no livro Crianças do Rio Grande Escrevendo Histórias.













No primeiro poema, cenas aparentemente banais como a imagem de pés ressaltam a importância dos caminhos que irão percorrer, não importando qual tipo de pé esteja sendo observado. O que se impõe é saber quais caminhos serão escolhidos pelo ser humano para a sua caminhada pela vida afora. E as antíteses, figuras de linguagem de aspecto semântico, por várias vezes repetidas, demonstram que a construção poética pode surgir a partir da necessidade de expressão de opostos, elementos que nos acompanham desde tenra idade. 

Ou, ainda, no segundo poema, uma reflexão sobre a ação deletéria do homem sobre o meio ambiente, ressaltando, porém, a inabalável esperança que deve uma criança portar. Surpreende a percepção infantil de que por ser criança a esperança ainda persiste como perspectiva.

O terceiro poema traça, de forma ordenada, o desfilar de sentimentos egoístas que não apontam para um viver saudável.

E o tema da adolescência, no quarto poema, aparece como um extravasar de sentimentos numa fase da vida ainda por firmar-se, com todos os atropelos causados pelos hormônios em alta, retratando de forma até bem-humorada o seu próprio quadro de vida, valendo-se de figuras iguais a si mesmo.

É! A poesia está dentro de nós. Quando instigada, acorda e faz maravilhas.

Para os mais crescidos e que acreditam no amor cabe, hoje, Dia da Língua Portuguesa, lembrarmo-nos do poeta Luís Vaz de Camões e sua extensa produção literária. E ele soube com grande virtuosismo cantar o amor.

E como todo bom poeta a centelha que alimenta a sua expressão escrita é produto desse amor que se encontra na sua própria origem, pois a Poesia está na gênese do próprio poeta.

E quando ela faz parceria com a música, melhor ainda fica.

Exemplo dessa bela combinação fica evidente na música MONTE CASTELO do Grupo Legião Urbana, na voz de Renato Russo, onde versos de um conhecido soneto de Camões são muito bem aproveitados em letra, música e arranjo de sua autoria. O título Monte Castelo é uma referência à principal batalha ganha pela FEB durante a 2ª Guerra Mundial.



Nesta data de 10 de junho, em que se comemora o Dia da Língua Portuguesa, nada mais apropriado do que refletirmos sobre a importância dela em nosso dia a dia e, em especial, quando ela está vestida de POEMA, que é a expressão mais completa e mais reveladora do nosso eu.

O título da música, Monte Castelo, traz um claro antagonismo à mensagem da letra, pois a referida batalha é de desamor como todos os atos de guerra mantidos pela humanidade.

Em razão não só da data de 10 de junho, como também a de 12 do mesmo mês, Dia dos Namorados, vale a pena ler a bela mensagem de amor contida no soneto AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER do tão prestigiado poeta português. Nele, os oxímoros e paradoxos, figuras de linguagem de aspecto semântico, bem como as anáforas, figuras de linguagem de aspecto sintático, estão presentes enriquecendo o produto final: um belo e atual poema, com todas as incertezas e surpresas que o AMOR possibilita. E este sentimento, com certeza, é o que interessa aos apaixonados.

A leitura deste soneto de Camões é um presente da cronista para o Dia dos Namorados. 

Após, ouçam o soneto recitado por um ator português, com uma ligeira modificação no final do texto, bem como o mesmo soneto musicado e interpretado por uma dupla de cantores portugueses que conferem ao poema um ritmo, uma batida bem atual.

Para finalizar, o arranjo da música Monte Castelo com a letra do soneto de Camões interposta.









João Villaret – Amor é fogo que arde sem se ver 


Luis Represas & João Gil – Amor é fogo que arde sem se ver 


Legião Urbana – Monte Castelo