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terça-feira, 31 de janeiro de 2017

TOCANDO EM FRENTE...



Apertei o botão e desliguei. Desliguei a televisão.
Fui ouvir música.

Descansei meus olhos nas belas telas de Claude Monet.

Relembrei o último movimento da Sinfonia nº 9, em Ré Menor, Opus. 125, “Coral”, de Ludwig Van Beethoven, que incorpora parte do poema À Alegria, uma ode escrita por Friedrich Schiller, que se tornou o Hino da União Europeia, mais recentemente.

Nesta esteira deslizou a também Sinfonia nº 6, em Fá Maior, Opus. 68, conhecida por Pastoral, também de Beethoven.

Presenteei meus ouvidos com outras tantas inesquecíveis músicas de um baú, publicado em 20/08/14, seleção organizada por Susanldfran, que roda pela Internet.

Acrescentei álbuns de Tom Jobim, sambas de partido alto e músicas deste meu torrão gaúcho.

 
Cores, melodias, belas imagens... Depois?

Silêncio para descansar, para sonhar, para alimentar o espírito. Se tiver uma lua sobre a cama, melhor ainda.

 
Vou me abster de dizer o que ninguém mais aguenta ler ou ouvir, para não poluir este texto.

Neste fim de noite, a Internet foi usada para encantar os olhos com telas de Claude Monet como a que retrata O Jardim do Artista em Giverny. Também com seleções de músicas inesquecíveis que alimentam os ouvidos, que fazem bem ao corpo e à alma: que preparam para um sono tranquilo. E que apontam com a certeza de um novo renascer a cada manhã. Novas possibilidades, um ânimo renovado e uma prece Àquele que a tudo assiste. ELE que é presença constante: até quando se pensa o contrário.

 
Pontos para a Internet quando o acesso é previamente selecionado, dirigido para o belo e para o bom uso.

Precisamos resgatar, urgentemente, nossa capacidade multissensorial que nos define como seres pensantes, reflexivos e, por que não, atuantes numa sociedade globalizada.

 
O indiano Indrajit Banerjee, Secretário-Geral do Centro Asiático de Informação e Comunicação de Mídia (AMIC) cunhou a expressão globalização do local. Afirmou ele: “Não é mais o global que vem e nos envolve, mas é o local que se torna global”.
Isto só foi possível através da Internet.

Mas a telinha cobra um preço. Segundo alguns, alto demais. Principalmente, quando se trata de leituras que exijam maior atenção.

E não é questão de cifras, mas questão de perda da atenção e da profundidade com que lemos o texto escrito. Nossa ligação com ele torna-se quase que provisória, semelhante às relações que se desfazem de forma líquida como ensina o recém-falecido sociólogo polonês, Zygmunt Bauman.

Um texto é lançado na tela como algo já pronto para ser descartável, em que a visão da continuidade cede à fugacidade e ao aspecto também reciclável das coisas e dos seres.

Por outro lado, a ideia de perenidade dá-nos certa tranquilidade. Permite que desfrutemos, por mais tempo, de uma paz interior.

 
Aqui, não estamos a falar de situações de seres humanos em guerra.

Fala-se de um coletivo que vive uma vida “dita normal”, dentro de padrões razoáveis de sobrevivência.

De que nos adianta saber que apenas oito (8) pessoas, neste planeta, detêm a riqueza que corresponderia a três (3) bilhões e seiscentos (600) milhões de pessoas. Apenas 1% está no topo da pirâmide. Os demais 99% são apenas o resto. Nós somos o resto. E daí?

A globalização apenas escancarou o que já se desconfiava. E daí?

 
Já Confúcio, filósofo chinês, que viveu entre 551 a.C. a 479 a.C, procurou, à sua época, recuperar valores como altruísmo, integridade, retidão, honradez e sabedoria moral por considerá-los perdidos pelos homens de sua época. Segundo ele, se o Príncipe é virtuoso, os súditos tê-lo-ão como exemplo, numa relação que se estabelece inicialmente na família: pai/filho.

Em época posterior a ele, dinastias sucederam-se e as coisas deterioraram-se novamente.

No Antigo Egito, os faraós detinham poder total sobre o povo. Na base da pirâmide social egípcia, estava o povo: pagador de pesados impostos ao Estado e sem direitos. Ganhavam o suficiente para sobreviverem, vivendo em pequenos abrigos, trabalhando a maior parte do tempo e, muitas vezes, sem remuneração, pois o faraó os chamava para trabalhar em obras públicas, cujo trabalho, nesse caso, era obrigação do cidadão.
Portanto, desde os faraós egípcios até as dinastias chinesas, com seus primeiros-ministros, nada mudou. O planeta era habitado por um número infinitamente menor de pessoas, mas, mesmo assim, havia também um número expressivo, para os padrões da época, de espoliadores.

Assim, não me adianta saber que oito (8) pessoas apenas no planeta detêm o poder econômico. O que se precisa aprender é como vamos sobreviver, de forma digna, sem corromper-se neste cenário. Acreditamos que nada mudou. Os detentores do poder, em número infinitamente menor, continuam com as rédeas da tropilha sob comando, mesmo que de forma disfarçada. Convenhamos, o homem é um ser imperfeito. Um ser que, quando no poder, permite-se aflorar toda a sua ambição desmedida, sem travas, sem ética, sem humanidade. Exceções existem? Sim, poucas. Nem é aconselhável fazer-se qualquer menção a algum nome, pois há o perigo de esbarrar-se, lá pelas tantas, em alguma falcatrua relacionada a tal nome.

O que se pode fazer então?

Cobrar atitudes daqueles que nos representam? É claro que sim.

Fiquemos, porém, no nosso pequeno universo, na nossa aldeia onde nos situamos. Cobremos melhorias.
Todos nós, cada um em sua aldeia, devemos cobrar melhorias.

 
Que esta cobrança comece conosco.

Que os nossos sentidos não se distraiam com os milhares de links que se sucedem, a cada instante, para um novo tema. Isto capta nossa atenção, quer queiramos ou não, acarretando uma continuada perda de atenção e uma consequente diminuição na compreensão em profundidade de um texto lido sobre qualquer matéria.

A Internet nos conecta com o mundo, porém nos distancia do próximo e, o que é pior, nos desconecta de nós mesmos.

E, voltando aos nossos sentidos, é saudável que usufruamos deles quando folhamos um livro. Nosso olhar que vagueia sobre as páginas, nosso toque ao virar a página e o som deste leve folhear, no cheiro de coisa nova ou de não tão nova assim: tudo isto renova nossa vida sensorial. Ou, ainda, quando ouvimos uma melodia, o canto de um pássaro ao longe, um perfume que nos invade, uma chuva mansa que cai sobre o telhado, um cachorro que late distante, um olhar de criança, a violeta que floresce num canto da sala, ou um lírio da paz fazendo par com um pé de felicidade em outro.

Fizemos parte dos noventa e nove por cento (99%) que compõem a base da pirâmide social.

Isto não vai mudar. Foi sempre assim em escala planetária.

Temos é que construir a nossa base pessoal.

Que a nossa psique possa vibrar num tom harmônico entre o físico e o que nos cerca.

Ah! O que nos cerca? Tudo. Muitas coisas indesejáveis, mas muitas facilitadoras nesta nova era tecnológica que nos brinda com o belo, mas também com o deplorável, com o que deprime e que pode desencadear a desesperança. Sejamos seletivos nas escolhas e caminhemos junto àqueles que também buscam pontes para um amanhã mais ameno e mais fraterno.

Qualifiquemos nossas emoções ao nos deparar com a beleza da natureza, com a música e os ritmos que nos fazem vibrar, com o aperto de mão, com o olhar do vizinho nos cumprimentando, com o cheiro de terra molhada, com a lua nos espiando, com as estrelas traçando figuras, com as nuvens vagando.

E para quem gosta, por que não? Com o gosto do mate bem cevado. Afinal, precisamos sentir, todos nós, o sabor da vida e tocá-la em frente.








Beethoven – 9ª Sinfonia “Coral” - Ode à Alegria


Beethoven – 6ª Sinfonia  “Pastoral” 


Bossa Nova 






 

sexta-feira, 12 de junho de 2015

ELA É PARTE DE NÓS





Todos a possuem, embora nem saibam.

Quem se interessaria por aquelas formigas, carregadinhas de folhas, levando o alimento para os seus esconderijos? Pisar sobre elas sem olhá-las é absolutamente normal. Porém, há quem, olhando a cena, dê vazão a uma perspectiva interpretativa do mundo, daquele recôndito íntimo que guarda sensibilidade e atenção e extraia da cena palavras que expressam a semelhança entre todos os seres vivos: a luta pela sobrevivência, comum a todos.

Todos possuem este instinto como também possuem um olhar possível de transcender uma cena tão insólita, irrelevante, quanto uma fila de formigas. É nessa transcendência, que alguns não exercitam, que se poderia avaliar a capacidade de percepção e de construção da palavra pensada, falada e escrita: da palavra poética.

Ela nos pertence. Apenas, alguns não acordaram para ela. O ato da Criação já é um ato de pura Poesia. E a fantasia faz parceria com a utopia para colorir uma realidade nem sempre colorida. A Poesia pode, porém, transformá-la, transformando o próprio ser em agente único com esta capacidade, porque está na gênese do ser humano pensar poeticamente. 

Portanto, ela, a Poesia nunca morrerá, enquanto um só homem existir. Ela sempre servirá para a expressão mais íntima, mais absoluta, mais necessária a este ser humano carente de respostas, abraçado por dúvidas e questionamentos. Ela sempre exercerá o seu papel de dar vazão a essa necessidade constante. Ela veio com ele para lhe dar suporte e lhe possibilitar extravasar o que, por vezes, lhe é pesado demais. Ou, quem sabe, até o que lhe transborda de felicidade e que se derrama para lhe dar novo fôlego às certezas e incertezas do dia a dia.



O poeta Affonso Ávila, detentor do Prêmio Jabuti de Literatura, mineiro de Belo Horizonte, já falecido, escreveu:


“Vejo que a poesia nunca desaparecerá. Dentro de séculos ou milênios vamos ter poesia publicada na Lua, em Marte. Por onde o homem for a poesia vai com o homem. Ela vai dentro do homem, está na gênese do homem”.


E observem como, desde jovem, é possível ter um olhar diferenciado sobre o aparentemente trivial, mas que transformado em poesia demonstra o quão importante é a capacidade de expressão poética, como seguem os exemplos abaixo, transcritos textualmente. Todos os textos poéticos foram elaborados por alunos de escolas estaduais do Rio Grande do Sul e publicados, em 2009, no livro Crianças do Rio Grande Escrevendo Histórias.













No primeiro poema, cenas aparentemente banais como a imagem de pés ressaltam a importância dos caminhos que irão percorrer, não importando qual tipo de pé esteja sendo observado. O que se impõe é saber quais caminhos serão escolhidos pelo ser humano para a sua caminhada pela vida afora. E as antíteses, figuras de linguagem de aspecto semântico, por várias vezes repetidas, demonstram que a construção poética pode surgir a partir da necessidade de expressão de opostos, elementos que nos acompanham desde tenra idade. 

Ou, ainda, no segundo poema, uma reflexão sobre a ação deletéria do homem sobre o meio ambiente, ressaltando, porém, a inabalável esperança que deve uma criança portar. Surpreende a percepção infantil de que por ser criança a esperança ainda persiste como perspectiva.

O terceiro poema traça, de forma ordenada, o desfilar de sentimentos egoístas que não apontam para um viver saudável.

E o tema da adolescência, no quarto poema, aparece como um extravasar de sentimentos numa fase da vida ainda por firmar-se, com todos os atropelos causados pelos hormônios em alta, retratando de forma até bem-humorada o seu próprio quadro de vida, valendo-se de figuras iguais a si mesmo.

É! A poesia está dentro de nós. Quando instigada, acorda e faz maravilhas.

Para os mais crescidos e que acreditam no amor cabe, hoje, Dia da Língua Portuguesa, lembrarmo-nos do poeta Luís Vaz de Camões e sua extensa produção literária. E ele soube com grande virtuosismo cantar o amor.

E como todo bom poeta a centelha que alimenta a sua expressão escrita é produto desse amor que se encontra na sua própria origem, pois a Poesia está na gênese do próprio poeta.

E quando ela faz parceria com a música, melhor ainda fica.

Exemplo dessa bela combinação fica evidente na música MONTE CASTELO do Grupo Legião Urbana, na voz de Renato Russo, onde versos de um conhecido soneto de Camões são muito bem aproveitados em letra, música e arranjo de sua autoria. O título Monte Castelo é uma referência à principal batalha ganha pela FEB durante a 2ª Guerra Mundial.



Nesta data de 10 de junho, em que se comemora o Dia da Língua Portuguesa, nada mais apropriado do que refletirmos sobre a importância dela em nosso dia a dia e, em especial, quando ela está vestida de POEMA, que é a expressão mais completa e mais reveladora do nosso eu.

O título da música, Monte Castelo, traz um claro antagonismo à mensagem da letra, pois a referida batalha é de desamor como todos os atos de guerra mantidos pela humanidade.

Em razão não só da data de 10 de junho, como também a de 12 do mesmo mês, Dia dos Namorados, vale a pena ler a bela mensagem de amor contida no soneto AMOR É FOGO QUE ARDE SEM SE VER do tão prestigiado poeta português. Nele, os oxímoros e paradoxos, figuras de linguagem de aspecto semântico, bem como as anáforas, figuras de linguagem de aspecto sintático, estão presentes enriquecendo o produto final: um belo e atual poema, com todas as incertezas e surpresas que o AMOR possibilita. E este sentimento, com certeza, é o que interessa aos apaixonados.

A leitura deste soneto de Camões é um presente da cronista para o Dia dos Namorados. 

Após, ouçam o soneto recitado por um ator português, com uma ligeira modificação no final do texto, bem como o mesmo soneto musicado e interpretado por uma dupla de cantores portugueses que conferem ao poema um ritmo, uma batida bem atual.

Para finalizar, o arranjo da música Monte Castelo com a letra do soneto de Camões interposta.









João Villaret – Amor é fogo que arde sem se ver 


Luis Represas & João Gil – Amor é fogo que arde sem se ver 


Legião Urbana – Monte Castelo 







quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

CUIDADO! FIQUE ATENTO!

Pois, em 2013, o papo era de sedução!

A cobra foi recebida com todas as honras. Houve até quem escrevesse e publicasse, em 10/01/13, a crônica SALVE O ANO DA SEDUÇÃO!

Lá, no início do ano, falou-se bastante da Serpente Água, ela que regeu o referido ano pelo Calendário Chinês.

Por incrível que pareça a cobra prenunciava coisas boas, pelo menos para quem estava envolvido na tarefa de seduzir, encantar. De resto, o saldo não foi dos melhores. Sendo ela do tipo Água, escorreu pelos dias daquele ano sem se deixar pegar em erros, isto é, não deixando rastros. E o que é pior: não melhorou a saúde no Brasil, ela que é o símbolo que identifica a Medicina e o próprio SAMU. O SUS, portanto, também não se beneficiou pela passagem dela por aqui. Quem ler a crônica entenderá melhor a analogia.

O saldo foi apenas reforçar a ideia, exposta no início da crônica, de que ela continua dona do pedaço, desde que o casal foi jogado lá de cima, como castigo pela desobediência.


E mais um ano irrompeu.

Desta vez, chegava ele: o cavalo. E era o Cavalo de Madeira, aquele que se reveza de 60 em 60 anos. A crônica A HORA É AGORA!, publicada em 02/01/14, trazia a esperança de que, pelo menos por estes pagos, o ano seria de realizações.

Considerando o cavalo como signo regente, seria a hora e a vez da gauchada começar a transformar a própria realidade. Ele nos oferecia a força e o impulso para a execução de tantos projetos que não saíam do papel.

À época, a crônica mencionava várias obras de grande importância para a capital dos gaúchos.

Ao que parece, deixamos o cavalo passar encilhado. E nada aconteceu.



Pois, agora, acredito que a vaca foi pro brejo.

O ano de 2015, regido pelo carneiro, segundo o Calendário Chinês, será um ano mais calmo, o que não quer dizer mais seguro. O carneiro, dizem, é o patrono das artes. Portanto, ótimas ideias deverão aflorar. O bicho, porém, vai precisar de uma ajudinha, pois tem dificuldade em tornar as coisas concretas, sozinho. Nada que não se possa resolver. Aliás, quem não precisa de auxílio nestes tempos atuais!

O ano será para fazer as coisas sem grande pressa, pois o dinheiro estará curto e os investimentos, infelizmente, todos eles serão arriscados. Como tudo estará mais lento, talvez, haja uma tendência ao desânimo. Portanto, deverá preponderar uma visão de longo prazo.

Agora, segundo os conhecedores do tal calendário, o ano de 2015 será o ano do Carneiro de Madeira, que também acontece de 60 em 60 anos e que regeu o ano de 1955, período em que houve até a decretação do Estado de Sítio no Brasil. Por um breve espaço de tempo, é claro. Só para as coisas se acomodarem.

Também, só para relembrar, aconteceu no final do mês de julho daquele ano, a chamada super onda polar. O território brasileiro, como um todo, não apenas a Região Sul, sofreu baixíssimas temperaturas, algumas negativas, recordes registrados oficialmente pelo INMET.

Na verdade, o que mais preocupa quem não entende de calendário chinês, mas assiste, cotidianamente, ao ato de roubar e pedir, de forma institucionalizada ou não, é a permanência de tais comportamentos num ano tipo Carneiro.

Gente, o bicho não é confiável!

Sabe, por acaso você, o que sejam “marradas”?

Pois é! Elas vêm de berço. Estão no DNA do carneiro. Servem para fazer valer a posição de macho dominante. Por viverem em bandos, há a necessidade de um comandante. Daí os cutucões com os chifres, as cabeçadas, as marradas. E o melhor será aquele que melhor souber usar as marradas no adversário. Elas é que determinarão a hierarquia de dominação.

Sendo este o esporte favorito do carneiro, nunca lhe passe a mão sobre a cabeça. Nem para lhe acariciar. O bicho receberá o gesto como sinal de provocação. Nesta hora, saia da frente, pois lá vêm marradas pra todos os lados.

E não pense você que isto é tudo. Às vezes, parecendo estar vencido ou desinteressado, retorna com ímpeto maior ainda: isto em pelejas com outros machos.

É! O animal é perigoso!

Portanto, fique atento este ano. Todo o cuidado será pouco. O bicho não é confiável. Jamais lhe dê as costas. 

Isto, talvez, explique o conselho dado pelo Calendário Chinês para o ano do Carneiro. Diz ele que é preciso tomar cuidado para não confiar demais em pessoas recém-conhecidas, pois se corre o risco de que haja exploração das carências de alguns indivíduos mais sensíveis por pessoas de má índole.



Bem, afora estas recomendações e desejando que não se repitam eventos já ocorridos há 60 anos, o ano de 2015 acena com a esperança: mola propulsora de todos os dias de cada novo ano.

Ela, que acredito ser infinita, nos lembra que a soma dos números que compõem o ano de 2015 totaliza o algarismo 8.

Em berço esplêndido, ele restará deitado, lembrando o símbolo do infinito () a nos conclamar que sejamos esperançosos e que plantemos a semente da mudança, lentamente, porém de forma determinada e responsável. Afinal, o ano vai requerer muita responsabilidade sobre nossas ações individuais. Tudo o que plantarmos, com certeza, vamos colher. As possibilidades serão infinitas. Há futuro, porém o tempo para plantá-lo é agora.

Portanto, sigamos de MÃOS DADAS, com esperança, conforme versejou o poeta Carlos Drummond de Andrade:




Mantenhamos, como último recurso, na ausência de algum sinal de mudança, o costume do nosso chimarrão, que tem a cor e o sabor da esperança. E, também, como imagem de uma esperança maior ainda a figura da criança, pois ela traz um futuro no olhar, como diz a letra de AINDA EXISTE UM LUGAR, composição de Miguel Marques e Ivo Brum, na voz de Wilson Paim, transcrita no vídeo abaixo. 

Acreditemos na letra. 


É o que sobra!




Ainda Existe Um Lugar – Wilson Paim






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Amelia Mari Passos: "Há futuro, porém o tempo para plantá-lo é agora. Soninha Athayde" Obrigada. Excelente leitura. Um fraterno abraço





quarta-feira, 11 de junho de 2014

NO CLIMA...


O olhar de Celinha é de quem a tudo entende e de tudo participa. Pequeno, mais na retaguarda, observa de longe, geralmente. Nada como fazer parte daquela vida tão atribulada.
Quem diria que Rô se completa, de verdade, quando abre a porta e dá de cara com aqueles dois pares de olhos à espera não se sabe bem do que. Bem, à espera de amor, atenção, afeto, carinho e outros que tais.

Rô, diga-se de passagem, não é exatamente assim tão dócil, tão afável, com os de sua espécie. Mas com eles! Sabe como cativá-los, atraí-los, chamá-los! E tem, da mesma forma, essa atenção retribuída. Um quase “namoro” diário, diria. 

Aliás, palavra essa que, já dicionarizada, data de 1881, sendo “namorada”, ainda antes registrada, em 1813. A primeira no Dicionário Caldas Aulete, 1ª edição, e a segunda no dicionário Morais, 2ª edição. Namorar não é somente inspirar amor ou apaixonar-se. É, bem antes, cativar, atrair, chamar a atenção, encantar-se.



O cessar do barulho de água do chuveiro prenuncia a hora da janta. Que hora tão feliz para os três!

Depois, uma breve olhada sobre aquilo que aconteceu pelo mundo e que, com certeza, não interessa àqueles que se enrodilham aos pés da já sonolenta assistente, Rô. Assiste à televisão, naquela hora, por hábito e por, até certo ponto, dever de ofício.

Ao deitar, porém, é que o namoro completa-se. Tudo aos moldes modernos. Os tempos são outros, caros leitores. Com certeza, depois de abraços, beijinhos e carinhos sem ter fim, conforme letra de Vinicius de Moraes, na música Chega de Saudade, de Antonio Carlos Jobim, a despedida dos enamorados à porta da casa da escolhida não se seguirá. Isso é coisa do século passado. Bem passado! 

Agora, antes de Rô deitar-se, lá já estão Celinha e Pequeno acomodados. Estabelece-se, então, sem querer ser vulgar, nem escandalizar, uma espécie de ménage à trois, numa versão puramente afetiva, desvestida de qualquer outra intenção, por óbvio! Rosângela, mulher de seus 50 anos, realizada em sua vida profissional, como autônoma no seu negócio de publicidade, aparenta ser feliz em sua vida pessoal. Tem um afeto correspondido, religiosamente, todo santo dia, sem cobranças, sem reclamações, sem agressões, hipocrisia e nem mentiras. Como Rô vai vivendo? Ao que parece, muito bem, obrigada!

E a jovem adolescente que espera um buquê de flores que o também adolescente lhe prometeu entregar no Dia dos Namorados? Ela transborda de felicidade!

E aquela outra que ama “de paixão” a amiga, ou aquele outro que encontrou no amigo a razão de viver? Também, vão bem.

E os outros, acho que ainda são a maioria, que trocarão juras de amor para todo o sempre? Também, estão felizes!

E os que nem mais olhares trocam, sobrevivendo como o par ideal aos olhares de terceiros? Sim, também esses parecem felizes!

E tantos mais que realmente encontraram a receita do viver harmonicamente, não sem sacrifícios pessoais? Esses comemoram a felicidade de estarem juntos, prova de que é possível trilhar o mesmo caminho de mãos dadas por tanto tempo.

E os enamorados das causas sociais que cativam aos necessitados de toda a ordem? Também esses estão a comemorar esse dia.

E os poetas? Aqueles enamorados das palavras e que as lançam sobre seus admiradores, num namoro constante e diuturno? Também esses estão no clima...





Portanto, namorem bastante. Continuem a namorar, porque, a despeito do escolhido/a para o namoro, o clima que se estabelece com o ser amado é que contará para que tudo pareça mais iluminado e belo.

Tal como na adolescência, ou quase infância, quando lá, distante no tempo, despertamos para o encontro amoroso.

Como nos excertos da poesia Dantes..., do livro Trocando Olhares, de Florbela Espanca, poetisa portuguesa, quando verseja:



Eu brincava a correr atrás de ti;

Uma sombra perseguindo um clarão...

E no seio da noite, os nossos passos

Pareciam encher de sol a ‘scuridão!



Eu tinha medo, um medo atroz infindo

De passear pelos campos a tal hora,

Mas, olhando os teus olhos cintilantes,

A noite semelhava uma aurora!



Ou, ainda, nos versos de Velha Infância, música de Arnaldo Antunes e Marisa Monte, quando diz:



E a gente canta

E a gente dança

E a gente não se cansa

De ser criança

A gente brinca 

Na nossa velha infância



Seus olhos, meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só



Você é assim

Um sonho pra mim

Quero te encher de beijos

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito



Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

O meu melhor amigo

É o meu amor



Ou, ainda, quando a poeta quer o ser amado encantar, versejando:



Sei que não sei tudo.

Na verdade, apenas um bocado.

Contigo, porém, finjo saber quase tudo.

Só pra te deixar apaixonado.



Que a paixão é cega. 

Não vê um palmo além.

E por acaso existe alguém, 

Que já não conheceu essa entrega?



Se tiveres algum segredo a contar, 

Conta-o a mim.

Porque dele saberei guardar.

Mesmo daquela que sabe tudo de mim.

Pois sou duas e quero te encantar.

                                                     (Feitiço)



Mesmo depois, quando a saudade bater em sonhos à porta, ainda assim é preciso entrar no clima... e sorver o que de bom restou, como os versos que seguem:



O vento sibila lá fora...

Meus olhos se debruçam para além.

Um ruído de água toma conta de mim.

Eis que te vejo de roupão: é alucinação.

Viro-me e dou de cara com Chico: translúcido.

Hum! Que pelos macios!

Em êxtase, rodopio pela casa.

Busco aquele perfume,

Mas nada encontro.

Apenas um seio vazio é o que sinto: 

Vazio de seiva,

Vazio do teu cheiro,

Vazio de tuas mãos.

Opa! Por pouco não piso em Félix:

Bigodes brancos, pastosos, leitosos,

Que ronrona atrás de mim.

ACORDO...

E passo o mate pra mim.

                                                   (Em minhas mãos)



A todos que se sentiram representados ou que ainda buscam, em seus relacionamentos, esse estágio de encantamento

UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS!







Velha Infância - Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown



Chega de Saudade - Antonio Carlos Jobim
Montreal Jazz Festival – 1986 









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Maria Odila Menezes escreveu:
Parabéns pelo teu inteligente trabalho, Soninha! Te admiro muito!!!

Sou fã!!! Leio todas!!!