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segunda-feira, 8 de abril de 2019

ONDE?



Uma luz que aquece e ilumina. Outra, que ilumina e, também, aquece. Ambas nos afagam de dia e à noite. De dia, para que sejamos saudáveis. À noite, para que estejamos aquecidos pelos sonhos que nos impulsionam e nos dão força. Aquela, necessária para que consigamos superar os obstáculos em busca dos objetivos pessoais.

Esta parceria perfeita é constituída por um casal que se reveza na arte do convívio. Raramente, somos privados de suas luzes. Quando isto ocorre, este fato é previamente informado a todos aqueles que com eles convivem. Ninguém é surpreendido.

Este casal causa inveja a todos os outros que dele dependem e que não se comportam dessa forma equilibrada. Aliás, estes últimos nunca se detiveram a fazer esta observação.

Quem se deteria, no meio de agressões verbais, tapas e pontapés, a tal reflexão?

Dirão alguns que isto é coisa de quem não tem nada mais o que fazer. Posso até concordar com tal assertiva. Para isto, porém, é que servem aqueles que, com bons sentimentos aflorados, registram tudo o que os cercam. Repassar esta poética comparação, diante de já tantas tragédias acontecidas, demonstra que já passou da hora de os casais reavaliarem suas condutas.

O Sol e a Lua, de forma poética, representam um casal perfeito. Revezam-se, de forma pacífica, em suas funções básicas. E nós usufruímos dessa parceria perene, dia e noite.

Claro que, por lá, não existe a possibilidade de troca de parceiro. Talvez, por isso, haja respeito.

Sinceramente, acho que esse não é o motivo.

Por lá, emoções não existem. Existe apenas uma dinâmica perfeita, sincronizada.

As emoções, então, seriam algo negativo?

Como fazer tal afirmação!

Somos seres diferenciados pelos sentimentos que fazem parte da nossa estrutura. Não somos autômatos. Daí, a dificuldade de contermos as emoções.

Muito equilíbrio, ponderação, transigência, negociação, afeto e amor são necessários para que se conviva em harmonia, de forma pacífica.

Quando, porém, não é mais possível essa convivência, parte-se, muitas vezes, nos últimos tempos, para desfechos fatais.

Diante desses fatos, noticiados diariamente pela imprensa, está se tornando um risco a união sem uma sólida compreensão do papel individual de cada parceiro.

Se continuarmos nessa escalada, restará a absorção de uma nova parceria que será “uma máquina”. Aquela parceira ou parceiro com quem vais poder xingar, chorar, aconselhar-se, dormir e... Bem, aí vai depender da criação mental de cada um/uma.

Talvez, finalmente, funcione.

Sophia veio para ficar? Ela é um robô humanoide, desenvolvido pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, capaz de interagir com seres humanos.

Esta nova parceria, a exemplo daquela primeira, será também dinâmica e sincronizada.

Ah! Se for agredida e quebrada, poderá ser trocada por outra. Bem diferente, porém, daquela primeira parceria que se encontra “ONDE”?

No firmamento, amigo.

Eu, ainda prefiro olhar para o céu e perceber que aquele casal continua por lá.

Receber suas benesses, diariamente, é um prazer indescritível.

Aliás, nessa altura, eles já me bastam como parceiros.

Para que outros? Ou outro?












quarta-feira, 11 de junho de 2014

NO CLIMA...


O olhar de Celinha é de quem a tudo entende e de tudo participa. Pequeno, mais na retaguarda, observa de longe, geralmente. Nada como fazer parte daquela vida tão atribulada.
Quem diria que Rô se completa, de verdade, quando abre a porta e dá de cara com aqueles dois pares de olhos à espera não se sabe bem do que. Bem, à espera de amor, atenção, afeto, carinho e outros que tais.

Rô, diga-se de passagem, não é exatamente assim tão dócil, tão afável, com os de sua espécie. Mas com eles! Sabe como cativá-los, atraí-los, chamá-los! E tem, da mesma forma, essa atenção retribuída. Um quase “namoro” diário, diria. 

Aliás, palavra essa que, já dicionarizada, data de 1881, sendo “namorada”, ainda antes registrada, em 1813. A primeira no Dicionário Caldas Aulete, 1ª edição, e a segunda no dicionário Morais, 2ª edição. Namorar não é somente inspirar amor ou apaixonar-se. É, bem antes, cativar, atrair, chamar a atenção, encantar-se.



O cessar do barulho de água do chuveiro prenuncia a hora da janta. Que hora tão feliz para os três!

Depois, uma breve olhada sobre aquilo que aconteceu pelo mundo e que, com certeza, não interessa àqueles que se enrodilham aos pés da já sonolenta assistente, Rô. Assiste à televisão, naquela hora, por hábito e por, até certo ponto, dever de ofício.

Ao deitar, porém, é que o namoro completa-se. Tudo aos moldes modernos. Os tempos são outros, caros leitores. Com certeza, depois de abraços, beijinhos e carinhos sem ter fim, conforme letra de Vinicius de Moraes, na música Chega de Saudade, de Antonio Carlos Jobim, a despedida dos enamorados à porta da casa da escolhida não se seguirá. Isso é coisa do século passado. Bem passado! 

Agora, antes de Rô deitar-se, lá já estão Celinha e Pequeno acomodados. Estabelece-se, então, sem querer ser vulgar, nem escandalizar, uma espécie de ménage à trois, numa versão puramente afetiva, desvestida de qualquer outra intenção, por óbvio! Rosângela, mulher de seus 50 anos, realizada em sua vida profissional, como autônoma no seu negócio de publicidade, aparenta ser feliz em sua vida pessoal. Tem um afeto correspondido, religiosamente, todo santo dia, sem cobranças, sem reclamações, sem agressões, hipocrisia e nem mentiras. Como Rô vai vivendo? Ao que parece, muito bem, obrigada!

E a jovem adolescente que espera um buquê de flores que o também adolescente lhe prometeu entregar no Dia dos Namorados? Ela transborda de felicidade!

E aquela outra que ama “de paixão” a amiga, ou aquele outro que encontrou no amigo a razão de viver? Também, vão bem.

E os outros, acho que ainda são a maioria, que trocarão juras de amor para todo o sempre? Também, estão felizes!

E os que nem mais olhares trocam, sobrevivendo como o par ideal aos olhares de terceiros? Sim, também esses parecem felizes!

E tantos mais que realmente encontraram a receita do viver harmonicamente, não sem sacrifícios pessoais? Esses comemoram a felicidade de estarem juntos, prova de que é possível trilhar o mesmo caminho de mãos dadas por tanto tempo.

E os enamorados das causas sociais que cativam aos necessitados de toda a ordem? Também esses estão a comemorar esse dia.

E os poetas? Aqueles enamorados das palavras e que as lançam sobre seus admiradores, num namoro constante e diuturno? Também esses estão no clima...





Portanto, namorem bastante. Continuem a namorar, porque, a despeito do escolhido/a para o namoro, o clima que se estabelece com o ser amado é que contará para que tudo pareça mais iluminado e belo.

Tal como na adolescência, ou quase infância, quando lá, distante no tempo, despertamos para o encontro amoroso.

Como nos excertos da poesia Dantes..., do livro Trocando Olhares, de Florbela Espanca, poetisa portuguesa, quando verseja:



Eu brincava a correr atrás de ti;

Uma sombra perseguindo um clarão...

E no seio da noite, os nossos passos

Pareciam encher de sol a ‘scuridão!



Eu tinha medo, um medo atroz infindo

De passear pelos campos a tal hora,

Mas, olhando os teus olhos cintilantes,

A noite semelhava uma aurora!



Ou, ainda, nos versos de Velha Infância, música de Arnaldo Antunes e Marisa Monte, quando diz:



E a gente canta

E a gente dança

E a gente não se cansa

De ser criança

A gente brinca 

Na nossa velha infância



Seus olhos, meu clarão

Me guiam dentro da escuridão

Seus pés me abrem o caminho

Eu sigo e nunca me sinto só



Você é assim

Um sonho pra mim

Quero te encher de beijos

Eu penso em você

Desde o amanhecer

Até quando eu me deito



Eu gosto de você

E gosto de ficar com você

Meu riso é tão feliz contigo

O meu melhor amigo

É o meu amor



Ou, ainda, quando a poeta quer o ser amado encantar, versejando:



Sei que não sei tudo.

Na verdade, apenas um bocado.

Contigo, porém, finjo saber quase tudo.

Só pra te deixar apaixonado.



Que a paixão é cega. 

Não vê um palmo além.

E por acaso existe alguém, 

Que já não conheceu essa entrega?



Se tiveres algum segredo a contar, 

Conta-o a mim.

Porque dele saberei guardar.

Mesmo daquela que sabe tudo de mim.

Pois sou duas e quero te encantar.

                                                     (Feitiço)



Mesmo depois, quando a saudade bater em sonhos à porta, ainda assim é preciso entrar no clima... e sorver o que de bom restou, como os versos que seguem:



O vento sibila lá fora...

Meus olhos se debruçam para além.

Um ruído de água toma conta de mim.

Eis que te vejo de roupão: é alucinação.

Viro-me e dou de cara com Chico: translúcido.

Hum! Que pelos macios!

Em êxtase, rodopio pela casa.

Busco aquele perfume,

Mas nada encontro.

Apenas um seio vazio é o que sinto: 

Vazio de seiva,

Vazio do teu cheiro,

Vazio de tuas mãos.

Opa! Por pouco não piso em Félix:

Bigodes brancos, pastosos, leitosos,

Que ronrona atrás de mim.

ACORDO...

E passo o mate pra mim.

                                                   (Em minhas mãos)



A todos que se sentiram representados ou que ainda buscam, em seus relacionamentos, esse estágio de encantamento

UM FELIZ DIA DOS NAMORADOS!







Velha Infância - Marisa Monte, Arnaldo Antunes e Carlinhos Brown



Chega de Saudade - Antonio Carlos Jobim
Montreal Jazz Festival – 1986 









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Comentários via Facebook:

Maria Odila Menezes escreveu:
Parabéns pelo teu inteligente trabalho, Soninha! Te admiro muito!!!

Sou fã!!! Leio todas!!!