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domingo, 12 de julho de 2020

ESPERANDO O TEMPO PASSAR


Nesse tempo em que as notícias superam, negativamente, os momentos tranquilos, os esportes ganharam a primazia da assistência de telespectadores que passam seu tempo a assisti-los em suas várias modalidades.

Diante dessa realidade, um poeta, com certeza, terá melhor chance de expressar sua emoção.

Portanto, vamos a uma breve reflexão.




Ah! Ia esquecendo...

Belinha dá uma sugestão para o tempo passar mais depressa.

Faça do seu espaço, do seu campo como mandante, um reduto de livros, onde lê-los somará pontos, tornando-o vencedor.

Assim, este tempo, que o autor aguarda por leitura, diminuirá. Ambos, então, sairão vencedores neste campo do aprimoramento, do conhecimento, do prazer estético, do encontro de si com o outro e com a cultura que, sem dúvida, aprimora o ser humano, tornando-o mais humano e civilizado.





sábado, 24 de novembro de 2018

ADIANTA, SIM!


Pela rua, com uma pequena mochila às costas, caminhava e falava. Não gesticulava. Apenas falava. Às vezes, num tom mais alto. As palavras eram repetidas à exaustão. Tive minha atenção despertada, pois eu caminhava alguns passos atrás. Ao ultrapassá-lo, lentamente, pude observar que não portava celular, nem fones de ouvido. Questionava o fato, demonstrando não se conformar com o ocorrido.

E o que ocorrera?

Parece que haviam roubado um verso. Mais precisamente o 5° verso.

Exasperado, repetia e repetia:

-Roubaram o quinto verso. Não adianta escrever!

Incrível ter ouvido esta frase de um transeunte sozinho, andando por uma calçada do bairro onde moro, longe de onde eles, os versos, flutuam por entre os jacarandás da praça que os acolhe.

Quem teria roubado o tal 5º verso?

De qual poema?

Quem seria o seu autor?

O próprio transeunte?

Ou estaria ele impregnado pela atmosfera de magia, própria daquela praça “dos livros”, que foi capaz de torná-lo tão imaginativo a ponto de transformar-se em um poeta.

Estaria nascendo um novo poeta?

Afinal, cantar e escrever, dizem, é só começar.

E quem teria roubado o seu 5º verso?

Seria apenas imaginação sua?

Quem sabe, uma desculpa para não escrever. Teria tentado escrever um poema, mas ao ver-se sem ideia alguma para tanto, alardeava, agora, que não escreveria mais. Seria apenas uma desculpa para encobrir a sua incapacidade.

Pessoalmente, não creio nessa possibilidade.

Um poema pode nascer desse seu caminhar que se deixa acompanhar pela sua própria voz. Basta sentir desperta esta vontade de expressar-se. E o verbo roubar, talvez, esteja tão em moda que o usou querendo dizer que este 5º verso sumiu da publicação. Um problema da editora.

Brincadeiras à parte, talvez o poema INSPIRAÇÃO represente, de forma plena, o amálgama entre o poeta e a sua criação. Uma completude que o sustenta, que o alimenta e que dá frutos para quem de sua obra puder sorvê-la.

Imagine se, acaso, sumisse o meu 5° verso da estrofe que segue. Ficaria ela, a Poesia, sem a definição do que ela é pra si mesma. Raciocínio que se completa no verso seguinte.

Ela, com certeza, é muito pra mim mesma, pois ela própria reforça a certeza de ser tudo pra mim.

Acompanhe a segunda estrofe e seu 5º verso:


Eu sou tua amada transfigurada.

Eu sou tua inspiração.

Então, vê se, qualquer dia,

Busca, em outra amada, mais do que sou:

Porque eu sou apenas POESIA.

Mas sou TUDO pra ti.


E se esta aprendiz de poeta, neste outro poema, descobrisse o sumiço do 5º verso que encerra a última estrofe do seu poema POETAR. Veja a falta que faria.


É saber-se artífice da palavra,

Mas não seu dono.

Pois essa arte de sua lavra,

Se a muitos puder encantar,

Aí, sim, valerá a pena poetar.



Agora, impensável seria o sumiço dos 5ºs versos do poema ISTO, do poeta/maior Fernando Pessoa. Imaginem a falta da confissão poética que tudo esclarece ao final.



(Poesia Completa, página 165)




Por isso, meu conselho ao transeunte/poeta é que persevere porque de uma perda poderá nascer uma ideia que resgatará esta frustração. Uma nova inspiração, um novo olhar, outro ângulo, outro enxergar.

Tenho pra mim que a atmosfera da Feira do Livro desceu sobre esta cidade uma aragem renovada, plena de emoções afloradas.

Todos ganharam. Os que escrevem, aqueles que leem, aqueles que apenas circulam, timidamente, por entre as bancas, mas absorvem as sensações que encontram pelo caminho, bem como as conversas que despertam a atenção.

Alguns, quem sabe, sentirão despertados em si o poder criador pela necessidade de exprimir suas emoções, preenchendo aquela folha em branco que há tempo jaz sobre a escrivaninha.

Outros se perderão no meio de tantos livros comprados, mas que serão apreciados pela leitura rotineira.

Aos que habitualmente escrevem, com certeza, terão seu prazer recompensado pela leitura e exposição de seus livros àqueles muitos que puderem encantar.

E ao nosso transeunte/poeta, que vive “off-line”, parece este mês de novembro ter trazido a ele a possibilidade de sentir-se poeta: o que não é de todo mau negócio.

Dizem alguns que “de poeta e louco todos têm um pouco”.

E isto ficou provado neste encontro inusitado com alguém que perdera o 5° verso.

Acredito, porém, que tenha ganhado momentos de êxtase com sua criação mental: o que já é um bom início para o nascimento de um poeta.

Portanto, siga em frente!

Afirmo com convicção, meu caro transeunte/poeta:

ADIANTA, SIM!


Pois, saiba que versos, mesmo sendo “Simples Versos”, feitos de coração, são um presente para quem os recebe. Veja o que a música VERSOS SIMPLES, cantada por uma das componentes do Grupo Chimarruts (vídeo abaixo), deixa como recado a todos nós.



Versos Simples - Chimarruts









terça-feira, 31 de janeiro de 2017

TOCANDO EM FRENTE...



Apertei o botão e desliguei. Desliguei a televisão.
Fui ouvir música.

Descansei meus olhos nas belas telas de Claude Monet.

Relembrei o último movimento da Sinfonia nº 9, em Ré Menor, Opus. 125, “Coral”, de Ludwig Van Beethoven, que incorpora parte do poema À Alegria, uma ode escrita por Friedrich Schiller, que se tornou o Hino da União Europeia, mais recentemente.

Nesta esteira deslizou a também Sinfonia nº 6, em Fá Maior, Opus. 68, conhecida por Pastoral, também de Beethoven.

Presenteei meus ouvidos com outras tantas inesquecíveis músicas de um baú, publicado em 20/08/14, seleção organizada por Susanldfran, que roda pela Internet.

Acrescentei álbuns de Tom Jobim, sambas de partido alto e músicas deste meu torrão gaúcho.

 
Cores, melodias, belas imagens... Depois?

Silêncio para descansar, para sonhar, para alimentar o espírito. Se tiver uma lua sobre a cama, melhor ainda.

 
Vou me abster de dizer o que ninguém mais aguenta ler ou ouvir, para não poluir este texto.

Neste fim de noite, a Internet foi usada para encantar os olhos com telas de Claude Monet como a que retrata O Jardim do Artista em Giverny. Também com seleções de músicas inesquecíveis que alimentam os ouvidos, que fazem bem ao corpo e à alma: que preparam para um sono tranquilo. E que apontam com a certeza de um novo renascer a cada manhã. Novas possibilidades, um ânimo renovado e uma prece Àquele que a tudo assiste. ELE que é presença constante: até quando se pensa o contrário.

 
Pontos para a Internet quando o acesso é previamente selecionado, dirigido para o belo e para o bom uso.

Precisamos resgatar, urgentemente, nossa capacidade multissensorial que nos define como seres pensantes, reflexivos e, por que não, atuantes numa sociedade globalizada.

 
O indiano Indrajit Banerjee, Secretário-Geral do Centro Asiático de Informação e Comunicação de Mídia (AMIC) cunhou a expressão globalização do local. Afirmou ele: “Não é mais o global que vem e nos envolve, mas é o local que se torna global”.
Isto só foi possível através da Internet.

Mas a telinha cobra um preço. Segundo alguns, alto demais. Principalmente, quando se trata de leituras que exijam maior atenção.

E não é questão de cifras, mas questão de perda da atenção e da profundidade com que lemos o texto escrito. Nossa ligação com ele torna-se quase que provisória, semelhante às relações que se desfazem de forma líquida como ensina o recém-falecido sociólogo polonês, Zygmunt Bauman.

Um texto é lançado na tela como algo já pronto para ser descartável, em que a visão da continuidade cede à fugacidade e ao aspecto também reciclável das coisas e dos seres.

Por outro lado, a ideia de perenidade dá-nos certa tranquilidade. Permite que desfrutemos, por mais tempo, de uma paz interior.

 
Aqui, não estamos a falar de situações de seres humanos em guerra.

Fala-se de um coletivo que vive uma vida “dita normal”, dentro de padrões razoáveis de sobrevivência.

De que nos adianta saber que apenas oito (8) pessoas, neste planeta, detêm a riqueza que corresponderia a três (3) bilhões e seiscentos (600) milhões de pessoas. Apenas 1% está no topo da pirâmide. Os demais 99% são apenas o resto. Nós somos o resto. E daí?

A globalização apenas escancarou o que já se desconfiava. E daí?

 
Já Confúcio, filósofo chinês, que viveu entre 551 a.C. a 479 a.C, procurou, à sua época, recuperar valores como altruísmo, integridade, retidão, honradez e sabedoria moral por considerá-los perdidos pelos homens de sua época. Segundo ele, se o Príncipe é virtuoso, os súditos tê-lo-ão como exemplo, numa relação que se estabelece inicialmente na família: pai/filho.

Em época posterior a ele, dinastias sucederam-se e as coisas deterioraram-se novamente.

No Antigo Egito, os faraós detinham poder total sobre o povo. Na base da pirâmide social egípcia, estava o povo: pagador de pesados impostos ao Estado e sem direitos. Ganhavam o suficiente para sobreviverem, vivendo em pequenos abrigos, trabalhando a maior parte do tempo e, muitas vezes, sem remuneração, pois o faraó os chamava para trabalhar em obras públicas, cujo trabalho, nesse caso, era obrigação do cidadão.
Portanto, desde os faraós egípcios até as dinastias chinesas, com seus primeiros-ministros, nada mudou. O planeta era habitado por um número infinitamente menor de pessoas, mas, mesmo assim, havia também um número expressivo, para os padrões da época, de espoliadores.

Assim, não me adianta saber que oito (8) pessoas apenas no planeta detêm o poder econômico. O que se precisa aprender é como vamos sobreviver, de forma digna, sem corromper-se neste cenário. Acreditamos que nada mudou. Os detentores do poder, em número infinitamente menor, continuam com as rédeas da tropilha sob comando, mesmo que de forma disfarçada. Convenhamos, o homem é um ser imperfeito. Um ser que, quando no poder, permite-se aflorar toda a sua ambição desmedida, sem travas, sem ética, sem humanidade. Exceções existem? Sim, poucas. Nem é aconselhável fazer-se qualquer menção a algum nome, pois há o perigo de esbarrar-se, lá pelas tantas, em alguma falcatrua relacionada a tal nome.

O que se pode fazer então?

Cobrar atitudes daqueles que nos representam? É claro que sim.

Fiquemos, porém, no nosso pequeno universo, na nossa aldeia onde nos situamos. Cobremos melhorias.
Todos nós, cada um em sua aldeia, devemos cobrar melhorias.

 
Que esta cobrança comece conosco.

Que os nossos sentidos não se distraiam com os milhares de links que se sucedem, a cada instante, para um novo tema. Isto capta nossa atenção, quer queiramos ou não, acarretando uma continuada perda de atenção e uma consequente diminuição na compreensão em profundidade de um texto lido sobre qualquer matéria.

A Internet nos conecta com o mundo, porém nos distancia do próximo e, o que é pior, nos desconecta de nós mesmos.

E, voltando aos nossos sentidos, é saudável que usufruamos deles quando folhamos um livro. Nosso olhar que vagueia sobre as páginas, nosso toque ao virar a página e o som deste leve folhear, no cheiro de coisa nova ou de não tão nova assim: tudo isto renova nossa vida sensorial. Ou, ainda, quando ouvimos uma melodia, o canto de um pássaro ao longe, um perfume que nos invade, uma chuva mansa que cai sobre o telhado, um cachorro que late distante, um olhar de criança, a violeta que floresce num canto da sala, ou um lírio da paz fazendo par com um pé de felicidade em outro.

Fizemos parte dos noventa e nove por cento (99%) que compõem a base da pirâmide social.

Isto não vai mudar. Foi sempre assim em escala planetária.

Temos é que construir a nossa base pessoal.

Que a nossa psique possa vibrar num tom harmônico entre o físico e o que nos cerca.

Ah! O que nos cerca? Tudo. Muitas coisas indesejáveis, mas muitas facilitadoras nesta nova era tecnológica que nos brinda com o belo, mas também com o deplorável, com o que deprime e que pode desencadear a desesperança. Sejamos seletivos nas escolhas e caminhemos junto àqueles que também buscam pontes para um amanhã mais ameno e mais fraterno.

Qualifiquemos nossas emoções ao nos deparar com a beleza da natureza, com a música e os ritmos que nos fazem vibrar, com o aperto de mão, com o olhar do vizinho nos cumprimentando, com o cheiro de terra molhada, com a lua nos espiando, com as estrelas traçando figuras, com as nuvens vagando.

E para quem gosta, por que não? Com o gosto do mate bem cevado. Afinal, precisamos sentir, todos nós, o sabor da vida e tocá-la em frente.








Beethoven – 9ª Sinfonia “Coral” - Ode à Alegria


Beethoven – 6ª Sinfonia  “Pastoral” 


Bossa Nova