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terça-feira, 11 de julho de 2017

REFLEXÕES NO PARQUE




Olhos pousados na mandala construída pela natureza.

Um céu completamente azul e árvores que com suas ramagens, galhos e folhas desenham sobre este fundo uma imagem em que o olhar se perde.

E o som, que embala esta dádiva, vem de músicos que tocam chorinhos e sambas e que integram o Grupo Naquele Tempo. Executam composições próprias e de autores reconhecidos nacionalmente.

Instrumentos como violão, cavaquinho, bandolim, violino e outros tantos de percussão compõem este grupo de artistas que se apresenta pela cidade.

Em parques, esquinas e onde houver o povo presente, lá estarão eles a alegrar quem deles aproximar-se, difundindo a música popular brasileira mais genuína.

Estão habituados a embalar o gestual de quem se achega e que não consegue ficar inerte a tanta sonoridade e ritmo.


Quanta poesia no ar...

É de tudo o que precisamos neste domingo de trégua da chuva e do frio.

Que delicadeza de som! Faz aflorar só bons sentimentos. Impossível ficar imóvel. É um pezinho que bate no chão, tímido, acompanhando as músicas, é um mexer de ombros e quadris: um quase sair dançando.

Olhos voltados ao azul do céu. Ouvidos que vibram ao ritmo de melodias bem brasileiras. O que mais querer?

É um sentir-se conectado à mãe Natureza e aos irmãos que circulam por entre as árvores, trazendo seus afetos pelas mãos. Mãos que afagam, que direcionam, que cuidam, não importando serem animaizinhos ou gente miúda.


E a grande imagem, que abarca tudo isso, parece congelar e não mais querer sair da retina.

E o criador dessa cena?

Será o olhar de quem se detém no particular para desaguar no conjunto absorvendo a beleza ali existente?

Ou, esse olhar também é parte desse todo maior?

Sim, somos, todos, provas existenciais desse milagre de existirmos.

Somos provas vivas.


Vivemos para erguer os sonhos ao alto,

Apesar dos tombos.

No calafrio das noites escuras,

Ou no suor dos pesadelos

Das noites maldormidas.



Sonhos cujas imagens repousam

Na mandala tecida por olhos poéticos.

Sonhos que bailam ao som

De chorinhos ao entardecer no parque.



Sonhos que nos mantêm vivos.

Que nos fazem chegar próximo aos poetas.

Eles que descrevem nem sempre o que veem,

Mas sempre o que a emoção permite experimentar.



E ela só permite aquilo que temos de bom.

Mesmo que de coisas más se poetize.

Seus versos esculpirão da miséria

Aquilo de sublime que ele, o Poeta, extrair.



Música e Poesia: dupla perfeita.

Uma tarde inteira para...

Ouvir... Olhar...

Sentir... Criar...

Poetar...


Somos provas vivas de que existimos para amar e não apenas para amargar.

E sempre estaremos por aqui, porque somos provas vivas de existências que, embora transitórias, revelam uma continuidade vivencial humana que se perde no tempo do Universo. Seres humanos serão substituídos por outros seres humanos.


Muito diferentes daquelas outras provas, aquelas passíveis de destruição, sem possibilidade de substituição. Aquelas que, em princípio, não se podem enterrar vivas, porque nada vivo se enterra, incluindo-se nós: os humanos. E, por último, porque, se ocultadas ou destruídas, serão insubstituíveis. Por isso, deveriam ser esmiuçadas, apreciadas e avaliadas à exaustão.

Nem sempre eles, os juízes, estão certos. Desta vez, porém, a indignação do Senhor Juiz foi procedente. 




 Choro na Rua – Grupo Naquele Tempo



 Grupo Naquele Tempo






terça-feira, 5 de agosto de 2014

BENDITA SINERGIA!


O olhar, que se abre naquela gélida madrugada de tempos atrás, nada vê com clareza. Os sons, porém, já são audíveis. Alguns mais graves, outros menos. Sussurros, com certeza. Um bater de porta, talvez. O mundo chegara de mansinho. Ou foi o contrário?

O que se sabe é que, bem depois, detentora de uma privilegiada audição, ouvia o bater de uma folha seca, caída de uma árvore sobre um chão batido. Igualmente, as palavras já então incorporadas faziam coro com imagens e sons que, por vezes, amedrontavam.

O som do afiador de tesouras metia medo. 

Alguém, em algum momento, atrelara a figura do afiador a um ser que pegava as criancinhas. Que dano irreparável!

Mesmo assim, aquele era reconhecido como um som que iniciava uma melodia num tom mais baixo e que, no ar e ao longe, se perdia em uma nota bem mais aguda do que a primeira da série.

Os anos que se seguiram foram ricos em descobertas. O mundo das palavras, com seus sons e ritmos, acabou por casar-se com a música. Esta foi, considero eu, um elemento-chave na engrenagem que alimenta meu ser até hoje. 

O gosto pela palavra também crescia a cada dia.

Houve palavras que, quando lidas por mim, naquele exato momento, causaram-me um impacto tão grande que nunca mais me esqueci daquele instante. A palavra objeto desse encanto foi “paladino”. A frase era um título: O Paladino da Natureza. Quando busquei o seu significado, mais maravilhada fiquei ainda. Paladino era aquele bravo defensor, no caso, da Natureza. A força da palavra, o som que dela emanava era como a marselhesa para os ouvidos. Ou como o próprio Hino Nacional Brasileiro com toda a sua bravura em sua letra descrita. Esse gosto pela palavra ampliava o vocabulário, o que era perceptível quando da elaboração das redações escolares.

Eis que, de repente, ela chegou para ficar. Aquela que já fazia par sem ainda ter-se revelado por inteira.

O estudo da música abriu um universo de novas possibilidades, de novos sentires, de uma percepção de sons e ritmos que poderiam embalar versos ou até mesmo uma prosa poética.

O reencontro, este ano, com a Professora de Música, Nívea Rosa Thumé Karam, através do facebook, foi extremamente gratificante. A crônica A ELA, publicada em 20 de maio de 2014, demonstra a importância que tiveram elas, a música e a mestra, nesta jornada.

Participando em festas na escola, em eventos na paróquia que frequentava ou viajando pelo Atlântico através do alto-falante do navio Ary Parreiras, conforme relato feito na crônica SUAVE É A NOITE, publicada em 30/01/14, ela sempre esteve junto a mim. Em momentos também difíceis, lá estava ela. Sempre pronta para ajudar. Uma amigona!

Hoje, confesso que retorno com mais força a estes dois amores: a palavra e a música. Aqueles outros amores, que me acompanham, já foram revelados na crônica BEM-VINDO, AGOSTO! publicada em 05/08/13.

Estes são amores que se curtem quase sempre a sós. Nada exigem. Apenas esperam que aquele que deles precise os busque no momento de necessidade.

E o melhor de tudo é que a Internet abriu a possibilidade de podermos aliar o texto escrito à música, para emoldurá-lo.

Que melhor moldura para a palavra do que a música?

Atualmente, cultivo a palavra como nunca fizera antes. Da música, jamais me afastei. 

Esta sinergia vale ouro!

Neste dia 5 de agosto, bendigo esta dupla.


Desfrutada, é claro, ao lado de um companheiro inseparável: o chimarrão.





Poema A Palavra – de Pablo Neruda 



Poem Op. 41, nº 4 - Zdenek Fibich




Palavra Mágica - Carlos Drummond de Andrade








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Comentários via Facebook:



Maria Odila Menezes escreveu:
Parabéns Soninha!!! Mil curtidas para Bendita Sinergia!!!


Nívea Rosa Thumé Karam escreveu:
Soninha Athayde A música , uma afinidade que muito cedo nos aproximou . Lendo teus textos, senti que mesmo sem saber ,uma grande influência eu tive despertando em ti ,o gosto pela música Agradeço todas as belas referências e lembranças que guardas de mim,igualmente jamais esqueci aquela meiga menina dos olhos encantadoramente azuis.Um abraço querida.



terça-feira, 20 de maio de 2014

A ELA

Desde sempre ela me acompanha. Suave som que me embalava já nos primeiros momentos de vida. Vibrações que percorrem meu ser, ainda tão pequenino. Sons da primeira infância, tão presentes. Ouvido extremamente perceptivo aos sons que me rodeavam. Assim foram os sons das folhas ressequidas, caindo ao chão, no pátio lá de casa. Transformei, bem mais tarde, esses sons em poesia e crônica.

Assim, sempre atenta aos silêncios, percebia também neles sons, os mais diversos. Fui, aos poucos, vivenciando os sons musicais, propriamente ditos. Fui acercando-me dela, habituando-me com ela. Fui aprendendo a senti-la das mais diversas maneiras: em exaltação, em êxtase, em recolhimento, em profunda tristeza, em apoteose.

Até que tive o privilégio de poder atravessar o Atlântico, sem nunca lá ter estado, pelo som de um alto-falante do navio que levava os pracinhas gaúchos à Suez, pois eu gravara músicas em uma fita cassete levada por um tio. Disso resultou uma crônica, também.

Não menos importantes foram as tardes de sábado e domingo, nas distantes décadas de 70 e 80, quando, novamente, sua companhia foi decisiva em momentos difíceis, de desesperança e muito trabalho. Mas ela estava lá, fiel. Sempre foi perfeita em todos os momentos, adequada a cada situação vivida. Em instantes de dor ou de alegria, uma diferente era escolhida e cumpria seu papel catártico de forma exemplar. Sempre foi capaz de restabelecer o equilíbrio interior, de confortar com sua divina presença. Sim, porque deve haver algo divino nesse poder que ela exerce sobre meu ser.

Buscar, na Ouverture “1812” de Peter Ilich Tchaikovsky, garra para avançar nos dias que se iam sucedendo, era uma constante. Captar a apoteose de uma Nona Sinfonia de Beethoven e vibrar com ela, bem como ouvir o belíssimo Concerto Tríplice, em dó maior, opus 56, acompanhado do Coral Fantasia, do mesmo autor, era um deleite para os meus ouvidos. Apreciar o virtuosismo de Salvatore Accardo, interpretando os seis concertos para violino de Nicolò Paganini, era inspirador. Perceber a riqueza de sonoridades das Quatro Estações de Antonio Vivaldi transmitia leveza. Sorver a paz, que emana de uma Ave Maria de Schubert, é divino. E quantos outros mais compositores clássicos poderíamos aqui mencionar, como: Brahms, Bach, Chopin, Haydn, Rachmaninoff, Liszt, Handel, Mozart, Strauss, Mendelssohn, Schumann, Wagner, Albinoni. Carlos Gomes e suas aberturas e prelúdios e Heitor Villa-Lobos, mais recentemente, já mais próximos do nosso tempo e de raízes brasileiras.

Também orquestras como as de Andre Kostelanetz, Mantovani, Franck Pourcel, Billy Vaughn, Glenn Miller, Henry Mancini, Bert Kaempfert, Burt Bacharach, Ray Conniff, Waldir Calmon, Radamés Gnatalli, famosas à época, ofereciam interpretações de músicas de excelente qualidade.

E o que dizer de Acker Bilk e seu trompete? E os tangos da Orquestra Típica de Edoardo Lucchina? E a excelente música popular brasileira, oriunda dos grandes festivais da época? E a nossa Bossa Nova? E os nossos cantores e cantoras mais conhecidos já incorporados aos novos tempos, com ritmos bem ao gosto da galera de hoje?

Ela está, como sempre esteve, por todos os lados a nos brindar através de inspiradas melodias e letras que nos acompanham no dia a dia. Mais recentemente, os sambas de partido alto e a música gauchesca foram incorporados ao meu cotidiano. Tudo, claro, com uma roupagem nova para entrar de vez no ritmo da Internet. Cada tipo de composição e letra tem o seu lugar guardado para um ouvinte que se disponha a buscar, sem preconceito, aquilo que aquela música, naquele momento, pode lhe acrescentar. Haja vista, as inúmeras bandas gaúchas e brasileiras que, com uma batida moderna, fazem os jovens, e também os não tão jovens, sacudirem “o esqueleto”. Ela é poderosa. Não importa se ela remonta aos tempos do Barroco, do Classicismo ou do Romantismo. Lá, foi importante. E, ainda, o é para quem se dispõe a ouvi-la com atenção redobrada, quase de forma reverencial. Composições primorosas em que a melodia torna dispensável qualquer letra. A exceção eram partituras que incluíam corais, como a apresentada no primeiro vídeo, em sua parte final, que segue abaixo. Ou se já pertence à era Modernista, onde a composição reúne melodia e letra, pelo menos na música dita popular.



Portanto, para mim ela tem ciclos mais ou menos predominantes, mas sempre presente. Quanto mais vazios existirem, mais ela far-se-á presente. Sempre foi assim. Ela preenche vazios, pois reverbera no meu interior.

Assim, desfilaram, ao longo dos anos, um sem-número de sons que se harmonizavam em composições clássicas ou populares. Coincidentemente, quando um ciclo de vida encerrava-se, ela aparecia com redobrada força a amparar essa sua amante, sempre tão carente de sua presença. Continuo a mesma. Encharco-me dela em momentos de necessidade. E ela possui a mim de forma avassaladora. Entrego-me a ela de bom grado. E ela, fidelíssima, nunca me desampara. Ao contrário, nada pede a mim. Apenas dá-me, em abundância e a minha escolha, o que de melhor possui: sua envolvente e inebriante sonoridade. Minha necessidade é o de que precisa. E é ela uma de minhas necessidades básicas. E, como tal, sempre que necessito (e sempre necessito) lanço mão dessa companheira. Às vezes, seu som basta-me. Outras, quero ouvi-la e vê-la executada por quem tem esse mister por profissão.

Ouço-a, também, num chilreio, num pingo d’água teimoso, até no bater ritmado de um coração que nunca para, obra-prima do Criador.

Originários de um universo barulhento, fomos embalados em suave borbulhar, nadando num meio ritmado. Expelidos, passamos a conviver num novo mundo sonoro, bem mais agitado. Mas, com o passar dos anos, descobrimo-la. Ela, agora, aparece já de forma ordenada. É uma festa de ritmos e sons. Tudo humanamente trabalhado para que ela se apresente de forma total: ritmos e sons perfeitamente ajustados e harmônicos.

E dela nunca mais nos separamos. Alguns serão mais dependentes, outros nem tanto. Mas de todos nós, em algum momento, ela fará parte. Nem que seja no Parabéns a Você, tão aguardado pelas crianças e por nós adultos, também.

Então é isso... Começa com aquele sonzinho do tapinha ao nascer, do estalo de um beijo, do som da chuva sobre o telhado, do vento zunindo. E por aí vai... Com o tempo, tomará contornos definidos e será cantada nas cantigas de roda, se ainda existirem, é claro. Acalantará o sussurro ao pé do ouvido, relembrará encontros inesquecíveis. Nunca mais nos largará. Acompanhar-nos-á até quando os sinos derem o toque final. Serão cânticos de despedida que, em algum momento, anjos entoarão, dando aos que ficam a certeza de que sua existência nos empresta motivo suficiente para vivermos melhor por aqui.



Portanto, sugiro que guardemos um tempo, a cada dia, para desfrutarmos de sua envolvente presença que nos reenergiza, descontrai, acalma, nos faz sonhar, tudo dependendo de qual carência estivermos apresentando e da correta escolha que fizermos dela. Com certeza, ela cumprirá seu papel, alimentando nossa vida interior com aquilo de que estivermos precisando.



Segundo John M. Ortiz, compositor, multi-instrumentista e psicólogo, autor do livro O TAO DA MÚSICA, ela é invisível, mas sabemos que está presente. Não podemos tateá-la, mas ela pode ser tocada. Não podemos prová-la, mas ela pode ser saboreada. Não podemos cheirá-la, mas ela enche o ar de fragrâncias. Quando sentimos o Tao da música, nunca mais o esquecemos.

E, mais adiante, continua:

Muitas pessoas, ao se sentirem deprimidas, escutam músicas, que refletem essa emoção ou que, ao contrário, as tornam alegres. Ela nos propicia uma oportunidade rara e prazerosa para alterar o padrão de nossos pensamentos, tornando nossa vida mais saudável e satisfatória.

O caminho da música, digo eu, é eterno, porque infinito.



Artur da Távola, conhecido jornalista, advogado, professor e escritor, cunhou uma frase que se tornou muito conhecida e com a qual encerrava um programa da Rádio MEC sobre música clássica, que é absolutamente verdadeira. Dizia ele:

“Música é vida interior. E quem tem vida interior, jamais padecerá de solidão”.

Ah! Ia esquecendo de acrescentar que parte desse amor à música deve-se ao contato que tive muito cedo com ela. Há poucos dias, graças ao Senhor Google e ao Facebook, descobri que minha professora de música, Nívea Rosa Thumé Karam, continua bela, como sempre foi. 

Um agradecimento especial a essa professora e a minha homenagem a ELA, a MÚSICA.



Em dias tão conturbados, precisamos cada vez mais dela. Busquemos nela a força para enfrentar os embates diários, a alegria que pode nos transmitir, a descontração tão necessária, bem como a fruição de momentos de paz e vivência interior. Tudo a nossa escolha.






Triple Concert - Choral Fantasy – Beethoven


Ave Maria de Schubert - Daniela de Santos



Pink Panther Theme - Henry Mancini




Afrikaan Beat  - Bert Kaempfert  



Stranger on the Shore – 1988 (Live) - Mr. Acker Bilk
  



Pela Internet – Gilberto Gil 




Fundo de Quintal ao Vivo 




Cheiro de Galpão - Os Monarcas 











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Comentário via Facebook:


Nívea Rosa Thumé Karam escreveu: 
"Soninha Athayde Parabéns pela maneira fácil com que consegues te expressar,li tua crônica do dia 20 de Maio e muito me envaideceu saber que de alguma forma eu contribui para que também te apaixonasses por Ela a música.Com esse poder que ela exerce sobre nós Soninha ,creio piamente a Solidão será para qualquer um que a cultivar,uma eterna desconhecida..Um grande abraço e obrigada menina dos olhos azuis."