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sexta-feira, 26 de novembro de 2010








ESTOU TRISTE... ESTOU MUITO TRISTE...


O que pensariam os dois poetas que a tudo assistiram...

No último dia 12 de novembro, em meio a um lugar tradicionalmente reservado à cultura, aconteceram cenas deploráveis. A performance de uma poetisa, ao que parece, acabou por gerar um certo desconforto. O problema é que não se sabe bem a quem incomodava tal apresentação. O fato é que a Brigada Militar apareceu e exigiu a dispersão do grupo.





Que coisa mais lamentável!

Uma praça reservada, nessa época do ano, à cultura e àqueles que a fazem e a promovem, não poderia ter sido maculada por tão desastrada intervenção policial.

Os inúmeros pontos de cultura, no entorno, que compõem tão belo cenário, mereciam outro desfecho menos traumático, qual seja o da prisão de uma poetisa. Foi, no mínimo, um exagero do poder de polícia.

Estou muito triste...

O lado sombrio da praça, aquele por onde perambulam drogados e vendedoras do corpo, ilumina-se uma vez por ano. Circulam, por ali, nesse período, milhares de leitores, centenas de autores, dezenas de palestrantes. Acontece um sem-número de oficinas. A cultura por ali viceja. Milhares de pessoas adentram nas salas, nos museus, percorrendo caminhos que, não fosse pela existência da Feira do Livro, dificilmente seriam visitados durante o restante do ano.

Estou muito triste...

É um lugar próprio para a apresentação de performances. Aliás, deveria existir ali um espaço destacado, sobre um tablado, por exemplo, onde se realizassem tais apresentações a céu aberto, para que o público a elas tivesse total acesso. Dessa maneira, os próprios garis, vez por outra, repousariam a vassoura por instantes, para voar junto com as palavras, imagens e encenações que propiciam uma trégua nesse dia a dia, que anda por demais belicoso.

Estou muito triste...

Sorima, sentada ao lado dos poetas, não vê outra solução a não ser expandir as mais diversas manifestações culturais a todos os visitantes: do menos letrado ao mais intelectual. Tudo em absoluta consonância com o direito de ir e vir de cada cidadão, que pode circular sobre uma praça que é de todos. A menos que esteja a perturbar o sossego alheio, o que não é o caso quando se está promovendo uma apresentação de cunho cultural num lugar dedicado a esse fim.

Daí, talvez, a poetisa, motivo do tumulto, não precise mais gritar que está triste, muito triste.

E Sorima, com certeza, aos pés dos jacarandás floridos, transformará seu nome em Só Rima. Pra combinar, é claro, com o ambiente iluminado pelas letras que fazem morada nessa praça, a cada primavera. Um lugar mágico, encantado, capaz de transformar pedidos e ordens despropositadas em material para novas produções literárias e outras tantas manifestações culturais: isso é a nossa Feira na Praça.