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domingo, 10 de novembro de 2013

IMAGINAR É PRECISO!



O olhar pousado no infinito. Por detrás da janela gradeada de um quarto de orfanato da Capital, percebo o olhar daquele menino. Passava eu em frente à Instituição naquele exato momento: o momento da imersão. E aquele olhar, naquele instante, captava mais pela imaginação do que pelos olhos. Os olhos eram um acessório. Aquele olhar, com certeza, transcendia o espaço colocado à sua frente. Era mais um olhar/pensamento, um olhar que buscava o que já se encontra dentro.
Aquele jovenzinho, porém, ainda não sabe disso.
Certamente o ato de ler conseguirá lhe trazer a possibilidade maior de cultivar a imaginação. Como lembra a raposa de O PEQUENO PRÍNCIPE, “o essencial é invisível aos olhos, só se vê bem com o coração”.
Imaginar é fundamental no ato de ler. A palavra escrita trará a magia para o texto, se acrescida de imaginação.
Essa é uma verdade para todos os que leem. Tanto para aqueles que com os olhos acompanham o cortejo das palavras, que se vão somando, quanto para os que com o tato perseguem as palavras com invejável precisão.
E isso nos faz iguais.
Leiam, agora, o poema LENDO de autoria da deficiente visual Ivanes Fátima Nunes Cavalheiro, estudante de Letras da UniRitter, que demonstra a importância do ato de ler com imaginação.


                                
Esse ler, revelado pela poetisa, é, também, aplicado a todos nós.
Agora, curtam a poesia escrita por uma jovem de 16 anos, deficiente visual, chamada Francieli Portela, cursando, à época, a 8ª série, sob a orientação da Profª Dilene Ávila Lunardi, da Escola Estadual Telmo Motta (CIEP) do Município de Giruá.



Nesse exato momento, cabem elogios, aplausos e um incentivo ao Projeto Poesia Inclusiva, do qual faz parte, como integrante, a já referida poetisa Ivanes, e cuja idealizadora e coordenadora é a poetisa e contadora de histórias Roselaine Funari. Esse projeto, iniciado em 2010, é realizado com deficientes visuais em escolas e entidades e inclui Oficinas de Criação Poética e Saraus, onde os trabalhos, realizados pelos deficientes, são apresentados pelos próprios. Participa, também, ativamente desse trabalho, prestando assessoria, Patrícia Cruz, formada em Educação Especial e Arteterapia.
Uma amostra desse belo trabalho ocorreu no dia 10 de novembro, na Sala Bridge do Palácio do Comércio, fazendo parte das inúmeras atividades paralelas que acontecem nessa 59ª Feira do Livro de Porto Alegre.
Na oportunidade, a apresentação dos poetas deficientes visuais foi abrilhantada pelo músico harpista Daniel Uchoa, também deficiente visual, e pelo Grupo de Danças Gaúchas Peleando pela Inclusão, idealizado e coordenado pelo casal Gelson Casser Timotheo e Lisi Silveira. O grupo é composto por pessoas com e sem deficiência visual.
Também se apresentou a Banda Fagy do Grupo Além da Visão, cujos participantes, igualmente deficientes visuais, são alunos da Escola Estadual Barão do Cerro Largo, do Município de Rio Grande.
Ainda, numa perfeita integração, tivemos a performance do Grupo Vivapalavra, momento em que as participantes, todas poetisas, leram poemas seus e dos poetas deficientes visuais.
Portanto, perceber que é possível essa integração de artes diversas com pessoas tão diversas fez parte do nosso encantamento com o momento. Treinemos nossa imaginação com o que vem por aí. Imaginar não apenas para sonhar, mas também para criar possibilidades de realizações concretas.
Imaginar como John Lennon imaginou e ir além. O vídeo abaixo é  um exemplo dessa concretização do, aparentemente, inimaginável: a perfeita sincronia entre todos os participantes, deficientes ou não.
Saudemos, portanto, a 59ª Feira do Livro que nos trouxe momentos dessa importância. Cabe a nós desfrutarmos desses encontros onde o fazer literário firma-se na figura do livro, reverenciado e motivo de constante dedicação por todos aqueles comprometidos com a sua difusão. E nós, leitores, fazemos parte desse compromisso, também.
Castro Alves, em seu poema O LIVRO E A AMÉRICA, cujo excerto é transcrito abaixo, clama, com justa razão, pela sua inserção entre o povo. Aliás, é o que se percebe na nossa Feira do Livro, que se agiganta a cada ano.


Parabéns a todos os participantes!
 
Parabéns a nós todos!
Ah! Pretendo doar alguns livros à Instituição daquele jovenzinho, o da janela. Talvez, consiga fazê-lo pousar o olhar em LIVROS... livros às mãos-cheias..., digo eu, porque é disso que o povo necessita, como premissa fundamental para a conscientização de seus direitos e garantias.

Aliás, ler é poder.



 E Daí? Reggae da Inclusão - Ivo Dias


 Glee Imagine Official Music Vídeo





Projeto Poesia Inclusiva/Realização: Roselaine Funari


Poesia Inclusiva – a poesia em ação social


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 Comentários via Facebook:

Maria Odila Menezes  escreveu:
Divina tua crônica!!!!Me fez reviver a emoção sentida, naquela tarde! Parabéns, Soninha!!!

Mirta Pereira de Araujo escreveu:
Pura sensibilidade e muita emoção. Parabéns!

Roselaine Funari escreveu:
Obrigada Soninha Athayde, por teu olhar sensível, por tua presença no Recital. Adorei a tua escrita, parabéns.