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quarta-feira, 9 de julho de 2014

E AGORA, TATU?

Lembrando e usando, de forma jocosa, a indagação contida no poema E AGORA, JOSÉ? do grande poeta Carlos Drummond de Andrade:


E agora, Tatu?

A festa acabou. 

A luz apagou.

O povo sumiu.

A noite esfriou.

E agora, Tatu?


Que escolha!

Ele se parece com uma bola e esta espécie está severamente ameaçada em Minas Gerais e vulnerável no Pará. Está enquadrada no grau de Vulnerabilidade pela Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN, na sigla em inglês). Corre, portanto, alto risco de extinção em médio prazo.

A intenção, quando da escolha, era chamar a atenção de governantes para a necessidade de conservação da espécie. Isso de acordo com a ONG, Associação da Caatinga que lançou, em 2011, campanha para que essa espécie, o tatu-bola, se tornasse a mascote da Copa do Mundo de 2014.

A campanha foi exitosa e seguiu-se a escolha do nome entre os três lançados, a saber: Amijubi, Zuzeco e Fuleco.

Venceu o nome Fuleco que é a combinação das palavras futebol e ecologia. Tudo muito apropriado ao evento e às necessidades da Associação da Caatinga que visa à preservação deste animal em extinção no Cerrado e na própria região da Caatinga.

Ao que se sabe, essa espécie é a menor e a menos conhecida no Brasil. Propuseram, inclusive, um desafio à Fifa e ao governo brasileiro. Durante a Copa do Mundo no Brasil, a cada gol marcado transformar-se-iam mil hectares de caatinga em área protegida. A ideia da Associação era ambiciosa, mas perfeitamente factível, considerando a força da Seleção Brasileira, incontestada por jogadores e comissão técnica. 

Pelo visto a Seleção Brasileira contribuiu com a sua parte, sofrendo sete gols em prol da preservação do tatu-bola.

Não se sabe se o desafio foi aceito por ambas as partes. Acredita-se que o coitado do tatu-bola selou o seu destino, agora, de total extinção.

O tatu-bola não foi decididamente uma boa escolha. 

Um animalzinho pequeno, de aproximadamente 50 cm e 1 kg e 200g, que tem como principal característica a capacidade de se fechar na forma de uma bola ao se sentir ameaçado, tornando-se vulnerável ao ataque de qualquer predador. Não possui dentes, possui unhas que não atacam, não escava buracos e utiliza tocas abandonadas como esconderijo. Segundo Monteiro Lobato, quando da escolha do tatu para fazer dupla com o seu Jeca, o famoso personagem Jeca Tatu, o danado do tatu era um “bichinho feio, magruço, arisco e desconfiado”. E um fazedor de estragos nas roças de milho. É o que conta a biografia desse conhecido escritor. Isso, porém, já é outra história.

Voltemos ao tatu.

O bicho escolhido não foi feito para ataque, nem para defesa. O que sabe muito bem é enrolar-se e travar.

E foi o que se viu. Os tatus travados, sem observar as distâncias abissais que existiam entre si, pois nem estavam a enxergar. Estavam escondidos dentro daquela maldita carapaça. Ela só atrapalhou. Ninguém enxergava coisa alguma, nem sabia para onde ia.

E a Alemanha? Livre, leve e solta.

Aliás, Arthur Schopenhauer, filósofo alemão do século XIX, deixou escrito:

“Não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai.”

Na verdade, essa falta de avanços estratégicos e uma flagrante desorganização em campo já eram observados desde o início da competição.

E aquele que ousou voar como um filhote de borboleta, no jogo anterior contra a Colômbia, saiu lesionado com tal gravidade que não pôde mais retornar ao certame.

É! A escolha de um tatu-bola como mascote não foi uma boa ideia.



Brincadeiras à parte, o que faltou então? Faltou TUDO, praticamente.

Há que se reverem os tópicos de planejamento, de organização, de trabalho técnico e tático, de busca pela excelência do coletivo em detrimento do individual, de disciplina, de humildade e de respeito para com todos os adversários. Se algum talento individual sobressair-se, que bom! Isso, porém, não é o principal. O importante é a segurança que o jogador deve sentir na equipe em que joga. Se assim acontecer, a psicóloga pode ser dispensada. A sua presença é importante quando estão esses jogadores ainda em formação. Depois de formados, com experiência e tendo a certeza dos caminhos que deverão trilhar para levá-los ao sucesso, ela poderá permanecer apenas para casos pontuais, se houver. E não o que ocorreu: uma equipe inteira fragilizada desde o início da competição.

Nem o hino cantado à capela foi capaz de levar à frente a Seleção Brasileira. É preciso bem mais que isso.

É preciso estar seguro da sua capacidade e de como fazê-la mostrar-se, no momento necessário, na hora da finalização em gol, tendo havido, anteriormente, um longo trabalho de preparação, treinamento à exaustão, estratégias e alternativas, detidamente estudadas, e um espírito do coletivo como valor maior da equipe. Ou não é para isso que se formam equipes? Não existe equipe formada por um ou dois jogadores.

Quem leva sete (7) gols em uma semifinal, numa Copa do Mundo, não possui equipe. Comprovou-se que tudo o que a Equipe Alemã possuía, faltou ao grupo escolhido para representar o Brasil nesta Copa.



Ah! Ia esquecendo!

O tatu-bola está absolvido por falta de provas. 














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Comentários via Facebook:


Maria Odila Menezes escreveu:
Adorei tua crônica Soninha! Schopenhauer tinha razão:" Não existe vento favorável para aquele que não sabe para onde vai."


Mirta Pereira de Araujo escreveu:
Soninha, adorei como foi feita essa análise, tanto do desempenho da seleção, como também do nosso mascote. Uma certa ironia e uma crítica bem fundamentada. Abraços