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segunda-feira, 21 de setembro de 2020

SOBRE... SOB...


Sobre o terreno, em que há uma casa, que foi bela, mas está abandonada, permanecem, ainda, belas árvores, plantas floridas que resistem ao frio e ao abandono de seus antigos donos. Vivem da chuva, do vento, do sol, do canto dos pássaros que lá se refugiam. Elas sobrevivem pela própria ação da natureza que as suprem do que precisam.


Sobre uma área de um apartamento de cobertura, aquela árvore imponente balança seus galhos ao sabor do vento. Por lá, seus donos cuidam-na com carinho. Nada lhe falta. Tem tudo aquilo que as outras têm e mais carinho e cuidado.

Esses são seres que podem sobreviver sozinhos.

Sob a marquise jaz alguém que necessita muito mais do que uma árvore necessita.

Sobre as notícias que chegam até nós, dos quatro cantos do mundo, todas estão, sempre, sob suspeição. Serão verdadeiras? Serão fidedignas?

Nós, humanos, habitantes deste planeta, estamos sob controle constante, sob influências passíveis de questionamento, sob-relatos desastrosos de eventos que estão acontecendo ou que podem vir a acontecer.

Sob discursos inflamados, falaciosos e inverídicos nosso dia a dia é recheado.

Ainda teremos capacidade de exercer influência sobre nosso destino?

A partir de eventos dramáticos, repetidos pelos noticiários, à exaustão, a nossa mente, o nosso emocional vê-se bombardeado cotidianamente.

Afinal, somos bem mais que árvores, mesmo aquelas bem cuidadas. Nossas necessidades não são apenas aquelas básicas, mas outras que se somam àquelas.

Nossa caminhada foi construída a partir de nossas necessidades supridas. Nesse item, tem importância fundamental nossos sentimentos, nossa vida interior, nossos encontros e desencontros, nossas alegrias, tristezas e desencantos.

Somos bem mais do que aquelas árvores que vicejam no terreno baldio ao lado.

Temos uma mente que raciocina, que elabora pensamentos a partir de fatos e sensações.

Como sobrevivermos sem a necessidade de qualquer marquise que nos proteja?

O caminho é construído palmo a palmo com o comprometimento dos pais, dos educadores, dos governantes. Aqueles em que se depositou o voto e que deles se espera uma atuação ética, honesta e capaz de suprir carências de alguns indivíduos que não tiveram todas as suas necessidades atendidas ao longo da caminhada. À Educação espera-se a oferta de escolas públicas de excelência. À Saúde, igualmente, um atendimento gratuito para quem realmente precise. À nossa Segurança todo o aparato possível para que somente a lua nos faça companhia ao voltarmos para casa.

Nossos governantes deveriam direcionar suas ações sobre essas questões, em vez de estarem, reiteradas vezes, sob investigação em relação a várias questões.

O instinto de sobrevivência, daquele que jaz sob a marquise, é pedir o que é essencial: comida.

A sobrevivência, daquele melhor afortunado, mas que, também, sofre pelo caos reinante em vários setores da sociedade, é ditada pela resiliência em encantar-se com momentos que o dia proporciona ou, mesmo, a noite.

Ler sob a luz do sol, que ilumina a janela; acompanhar a leveza do voo dos pássaros; imaginar qual desenho aparecerá no céu quando aquela nuvem chegar; observar que, também, sobre aquela marquise tinha uma pomba branca pousada; sentar-se naquele banco da praça, próxima de casa, observando os vizinhos que por lá circulam; estabelecer diálogos construtivos e esperançosos; ouvir música e, finalmente, dormir sob um manto diáfano, repleto de bons sonhos, de imagens alvissareiras e do desejo de um bem-vindo amanhecer.

Temos que fazer com que o sob e o sobre se completem.

Temos que ter esperança de que venhamos a permanecer sob encantamento. Que este nos motive a dialogar sobre novos comportamentos que venham em benefício de todos os indivíduos que compõem a nossa sociedade.

Aí, sim, valerá a pena os dias que virão.

Ah! Que as máscaras obrigatórias, colocadas sobre a nossa face, estejam sob controle rígido de sua necessidade, mas que nossos olhos permaneçam acima delas, sempre atentos, sempre confiantes, sempre cordiais e esperançosos de que por trás delas existem outros seres iguais a nós.

Falemos sobre elas com destemor, mesmo que permaneçam, para alguns, dúvidas sobre sua necessidade.

Sob o enfoque particular de cada um de nós, que haja prudência no seu uso e que nossos olhos sejam portadores e transmissores de muita fé em nosso amanhã.

Sobre ele?

Aguardemos o próximo amanhecer.