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segunda-feira, 31 de agosto de 2015

UM POUCO MAIS... UM POUCO MENOS...


Nem sempre é questão de escolha. Ou, quem sabe, seja de escolha única e última pra não sucumbir, pra empurrar o destino para não sei onde, pra não sei quando. Um movimento alternativo entre jazer quieto, escondido. Ou lançar-se ao desconhecido, como possibilidade única de agarrar-se ao que restou, ao que ainda persiste vibrando e que impulsiona na aventura de viver, de conseguir continuar a viver, mesmo que apenas seja uma sobrevivência.

Um pouco mais de coragem é preciso.

Um pouco menos de medo.

O caminho é por aqui. A fronteira é logo ali.



Quem de terras distantes vem, vem para reafirmar sua condição de um ser que veio ao mundo para viver, para sonhar, para lutar, se for preciso. Mas, sobretudo, para exercer o direito de existir até que o tempo bata à sua porta e o leve a ultrapassar o umbral. O caminho nem é preciso buscar. Ele se estende, como um tapete, ao natural, pela ação do tempo.

Um pouco mais de fé é preciso.

Um pouco menos de descrença em si e no outro é necessário. Para tanto, caminhos alternativos devem ser buscados para que a caminhada se prolongue com êxito.



Há quem, porém, venha de uma terra, de um mundo imaginário que apenas existe no pensamento negativo de seu autor.

Para esses um pouco mais de iluminação é preciso.

Um pouco menos de trevas, assombros e fantasmas é necessário. O caminho, porque interno, é solitário. Mas, quando alcançada a luz, é plenamente gratificante porque os fantasmas dissipam-se, possibilitando o voo para a liberdade interior.

É preciso muito mais determinação, muito mais disciplina, muito mais conhecimento de si próprio.

E um pouco menos de competição com o outro. É reconhecer-se, ao fim e ao cabo, iluminado pela ação DELE.



A fronteira, que o separa do nada para o existir, pode não ser apenas uma miragem. Pode tornar-se algo concreto, visível, até palpável.

Um ninho que acolhe não é exatamente um acampamento que abriga. Mas um acampamento pode vir a tornar-se um ninho. E isto só depende de quem acolhe.

É preciso um pouco mais de solidariedade. E um pouco menos de egoísmo.

E o Ninho do Pássaro, em Pequim, acaba de nos presentear com imagens de atletas, oriundos de países paupérrimos, que primeiro competiram consigo próprios para agora competirem com outros e, ao final, darem-se as mãos: porque o esporte une. Assim como a música, como a poesia. Elas não têm cor, nem cheiro, nem raça, nem crença, nem ideologia.

Elas têm tudo o que de melhor o ser humano produz. Elas são a expressão da interioridade de cada um de nós. E esta é uma dádiva que todos recebem, indistintamente.

Aceitemos que a fronteira está próxima. Depende de nós. Para que a ultrapassemos e atinjamos melhores dias, todo o esforço é bem-vindo.



Recebamos o irmão que foge em busca de sobrevivência, direito indiscutível e inalienável de todo e qualquer ser humano.

Recebamos, com um aplauso ensurdecedor, aqueles que, de territórios de extrema pobreza, se sobressaem, apresentando suas melhores performances, alcançando premiações em competições internacionais.

Recebamos a nós próprios com carinho e enlevo, ao alcançarmos a paz interior que nos fará melhores para nós mesmos e para os outros.

Um pouco mais de luz nas relações.

Um pouco menos de visões estereotipadas, pois somos únicos e insubstituíveis.

Daí, fazermos diferença no coletivo.

E o coletivo é o futuro.

Um pouco mais de diálogo.

Um pouco menos de intolerância.

Lembremos que a capacidade de comunicar-se, através da palavra, é inesgotável. Façamos uso dela até a exaustão. Porque melhor a exaustão pela palavra do que o enfrentamento pela força bruta.



Aliás, quando usada na plenitude, nem se precisaria mais dela, porque, olho no olho, chegaríamos à comunhão. Poderíamos, após, até emudecer para, apenas, ficarmos saboreando-a como versejou Carlos Drummond de Andrade no poema A Palavra, em “A Paixão Medida”, publicado a seguir.

E nós, seres humanos, detentores do poder da palavra, deveríamos usá-la para nos tornarmos ainda mais humanos durante os momentos de dificuldade por que passam seres iguais a nós. É o que prega a música Ser Humano, interpretada por Zeca Pagodinho, quando diz:

- Você tem sempre uma palavra de consolo.

- Fica sem jeito se deixar alguém na mão.



E vai por aí...









Música Ser Humano interpretada por Zeca Pagodinho





sábado, 7 de setembro de 2013

DA PÁTRIA-MÃE, DE POMBAS E DE QUERO-QUEROS


Quão minúsculo é aquele pontinho que, graças ao avanço tecnológico e às viagens siderais, pode-se, hoje, observar, quando aqui tal imagem chega!
Aquilo, pasmem, é a pátria onde vivemos, isto é, o local de nascimento da espécie humana, daquele primeiro representante chamado Homo Sapiens.
Milênios passaram-se. Cá estamos, e ela, nossa mãe, ainda minúscula, continua  frente à infinitude espacial.
E nós? Ainda mais minúsculos, porque agora somos bilhões. De uma Pré-História exterminada a uma História em que os progressos das grandes civilizações não foram suficientes para promover o bem comum a todos os povos, porque sempre calcado no poder de dominação de uns sobre outros, pretendendo perpetuarem-se, porém todas soçobrando, mais dia, menos dia.
Todos os grandes impérios, num determinado momento, desapareceram. Deixaram, porém, milhões de mortos ao longo da sua existência.
Os nossos conhecidos “ismos” de hoje, também, já claudicam, porque não se sustentam por si sós. Repousam na exploração, nos horrores, nas atrocidades, porque a natureza humana é ambivalente, não conseguindo expressar-se apenas pela grandeza, pela criação e pelo sublime.
Encontramo-nos diante de uma nova faceta: a chamada globalização.
Ela nos faz cientes dos embates que se processam em todos os cantos do planeta.
Hoje, sabemos que somos interdependentes numa intensidade infinitamente maior do que no século XVII, época em que foram constituídas as grandes companhias marítimas inglesas, francesas e holandesas, que possibilitaram, à época, as trocas com as Índias, Oriental e Ocidental.
Hoje, conhecemos a globalização da guerra, da economia e de ideias, também. Com certeza, isso não é algo positivo.
Quem sabe, porém, não sirva essa globalização para a percepção, cada vez mais próxima, da ameaça nuclear global. E isso, por sua vez, traga-nos a formação de uma consciência ecológica planetária. Está mais do que na hora de tomarmos consciência da ameaça que paira sobre a integridade do planeta.
São tantas as questões e tão multifacetado o processo cultural, a que todos os povos estão submetidos, que é difícil ver-se uma luz no fim do túnel.
Quem sabe para viver mais e melhor, devêssemos atentar para o que dizia Fernando Pessoa. Afirmava ele que em cada um de nós habita dois seres. Aquele dos devaneios, o puro, o poético, o que nasce na infância e nos acompanha para sempre e, o outro, o das aparências, aquele prosaico, aquele funcional, que é bem utilitário. Numa visão mais abrangente, teríamos a ciência e a arte se complementando.
Se pudéssemos equilibrar esses dois mundos internos, o prosaico e o poético, na classificação de Edgar Morin, talvez, digo eu, pudéssemos concentrar em nós a mesma capacidade do nosso conhecido quero-quero, isto é, a luta pela sua sobrevivência e de seus filhotes, com a poesia que nos inspira a Lua, numa relação estética com a nossa Pátria-Mãe, tornando-nos capazes de fazer retornar, a qualquer momento, os sonhos aos nossos corações, contrariamente ao que Fernando Pessoa versejou em AS POMBAS.
Pois disso é de que se está a precisar.
Precisamos manter vivos os sonhos e a Paz, que tem a pomba como ave-símbolo.
Precisamos viver mais, embora tenhamos que sobreviver.
O nosso estado poético/criança, com certeza, tem seu papel fundamental no viver pessoal, assim como no viver planetário.
Salve nossa Pátria-Mãe, a TERRA!
Terra – Caetano Veloso
Absurdo – Vanessa da Mata
A Paz – Roupa Nova
Ouça o canto do quero-quero
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Comentários via Facebook:
Excelente, professora! Estou encantada - estás cada vez melhor, mais incisiva, mais direta, mais tudo o que precisamos ler. Agora saio, mas depois volto e leio de novo e vejo vídeos de novo - amei "... os pombos voltam ao seu ninho, eles (sonhos) aos corações não voltam mais..." ai meu Deus, é tudo! Sabes pinçar os autores certos e os textos certos, professora, grande qualidade o teu trabalho. Abraço, me orgulha ser tua amiga!
Bela crônica! ..."Em cada um de nós habita dois seres." Parabéns, Soninha!!!