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sexta-feira, 4 de julho de 2014

SERÁ?


Nos primórdios da China Antiga, lá por volta de 3000 a.C., estudiosos afirmam que militares chineses praticavam uma espécie de jogo. Macabro, diga-se de passagem. O divertimento era chutar a cabeça dos soldados inimigos abatidos durante o confronto.

Daí, a coisa evoluiu e passaram a confeccionar bolas de couro. Claro, para não perder a graça de todo, continuavam a usar cabelo para revestir as tais bolas. Provavelmente, o cabelo seria aquele retirado da cabeça dos vencidos.

No Antigo Japão, esse jogo com a bola começou a tornar-se mais parecido com o futebol atual. Estabeleceram-se regras e a bola já era feita de fibras de bambu.

Quando os romanos chegaram à Grécia, lá já existia o jogo chamado Episkiros. Os jogadores continuavam sendo militares e a bola era uma bexiga de boi cheia de areia ou terra. A violência, porém, continuava a existir. Agora, já entre os próprios jogadores. Há relatos de que, na Idade Média, os jogadores, ainda militares, dividiam-se em defensores e atacantes, num jogo chamado Soule ou Harpastum. Nessas partidas, aconteciam mortes de alguns jogadores, dado o grau de agressividade da contenda ocasionado por problemas extracampo, questões de cunho social em que mergulhava a sociedade medieval.

Nessa evolução, surgiu, na Itália Medieval, um jogo chamado gioco del calcio. A violência, porém, perdurava igualmente entre os jogadores a tal ponto que se estabeleceram regras mais rígidas com a presença de, pasmem, 12 juízes, para que as mesmas fossem cumpridas.

Lentamente, com o passar dos tempos, os povos foram se civilizando e transformando o jogo de futebol em algo organizado e sistematizado. Assim, o gioco del calcio chegou à Inglaterra por volta do século XVII, vindo da Itália.

A partir dessa época, foi criado todo o regramento até hoje conhecido, passando-se a usar uma bola, já de couro, enchida com ar. Aos poucos, foi-se popularizando o futebol. Em 1888, fundou-se a Football League que visava organizar e difundir torneios e campeonatos internacionais. E a tão conhecida FIFA teve sua criação efetivada em 1904. Cabe a ela a organização dos grandes campeonatos de Seleções (Copa do Mundo) e de clubes ao redor do mundo (Libertadores da América, Liga dos Campeões da Europa, etc.).

No Brasil, o futebol foi introduzido, afirmam alguns, pelo paulista Charles Miller que, ainda criança, viajou à Inglaterra para estudar. Retornando posteriormente ao Brasil, em 1894, trouxe consigo a primeira bola de futebol e as regras para jogá-lo.

Já o pesquisador da História do Futebol, Paulo Goulart, informa que, bem antes, em 1878, o religioso jesuíta José Maria Mantero trouxe da França um compêndio que descrevia 80 jogos praticados em escolas jesuítas no mundo todo. E o primeiro jogo a ser descrito era o “Ballon au Camp” ou Bola no Campo.

Corroborando essa informação, o historiador da PUC-Campinas, José Moraes Neto, diz:

“O futebol associação, o campo regulamentar, o 11 contra 11, isso tudo vem com o Charles Miller mesmo, não tem como negar”. “Mas o jogo em si, a bola, a disseminação em escolas, nas fábricas, isso é anterior a ele”.



E hoje? Será que as regras em campo persistem?

A bola chutada é a cabeça do adversário já abatido? Não, claro que não mais! Não sei, não! Às vezes, assalta-me uma dúvida.

O futebol não estará sofrendo aquilo que as civilizações atingem, mais dia menos dia, um apogeu e um declínio posterior?

Quando o futebol/arte cede ao futebol/técnica, e esse esbarra em equipes igualmente de alta capacidade técnica, o que resolve, para que a bola atinja a rede adversária, é afastar o obstáculo, de qualquer maneira. As formas podem ser diversas, desde a mordida, a pisada intencional, o golpe mais pra judô do que futebol, até a derrubada do oponente com sérias consequências para a sua integridade física. Todo o cuidado é pouco! Não podemos retornar aos tempos da Idade Média onde havia mortes durante as contendas. A violência era tanta, à época, que para os 27 jogadores por equipe, havia 12 juízes para vigiá-los. Quem sabe a gente adota a marca de sete juízes (um em campo e três para cada lado do campo)? 

Será que isso resolverá? Não, não resolverá.

O que se tem a fazer é civilizar-se. Ter em mente que o futebol é um esporte que traz alegria e divertimento para milhões de pessoas. Não estamos mais numa arena romana, onde seres humanos eram entregues aos leões famintos. O espetáculo deve ser bem outro. Toda a tecnologia que nos permite visualizar, em instantes, se a bola adentrou à linha do gol, também nos dá detalhes de ações deliberadamente mortais contra colegas de profissão. Pois, hoje, ser jogador tornou-se uma profissão. Aquela profissão que deve trazer momentos de alegria e de encantamento com o time do coração. Claro que, também, nos ensina a encarar a frustração da derrota que pode ser aprendida, gratuitamente, toda a vez que o nosso time perder.

Agora, se ficar muito difícil, consulte uma psicóloga. Faça análise!

Veja o que é possível fazer para compensar sua frustração com o futebol.

Garanto-lhe que as opções são várias.

Por favor, será que voltaremos à Idade Média?

Será que estamos em plena decadência civilizacional?

Será que o nosso futebol/arte não mais existe?

Será que a plasticidade cedeu lugar à barbárie?

Acho que, sinceramente, não somos mais únicos e imbatíveis nesse chamado futebol/arte. O negócio é continuar se aperfeiçoando e criando dribles nunca dantes conhecidos neste país. Isso é que trará beleza ao futebol. Aquele jogador que desestabiliza o oponente pela surpresa, pelo voleio que termina num “carrinho” que leva a “brazuca” a se aninhar naquele cantinho inesperado da rede. Isso é o que encanta, é o que inova, surpreende e acrescenta qualidade ao esporte. Com certeza, todos com ele envolvidos sairão beneficiados. 

Será que passamos pela gloriosa Alemanha?

Será?





Tatu Bom de Bola - Arlindo Cruz 


Rumo à Copa – Arlindo Cruz cria samba para decorar os grupos da Copa do Mundo