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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013










VIVA O AFETO!
 
Tudo vinha se arrastando. Os horários eram mais ou menos cumpridos. Nada que fugisse muito do acertado. O tempo ia também fluindo, como só ele sabe passar. Sem ninguém perceber. E já era Janeiro. Aquele fim de semana, porém, marcara profundamente o Carlos. Carlão era coisa do passado, bem remoto. Hoje, já é quase um Carlinhos em busca dos seus direitos.
 
Queridos leitores, sintam pena do Carlos.
 
Quando entrou na delegacia, estava mesmo no bagaço. Mas, logo, recuperou a postura e começou a discorrer sobre o ocorrido. Sua ex-mulher, dessa vez, tinha se excedido. No final do ano, no último fim de semana, resolvera descumprir, de fato, o acordado. Por isso, estava ali para registrar a ocorrência.

Eu, escondidinha, ouvia aquelas ponderações de Carlos, suas razões e o silêncio da inspetora de polícia que lavrava o ato. Tive até vontade de intervir para reforçar o depoimento. Porém, devido a minha pequenez, permaneci quieta e calada na minha insignificância.

E Carlos argumentava que sua ex-mulher acabaria não tendo recursos para manter aquela nova situação que se prenunciava. Que, recentemente, ela adquirira outro ser da mesma espécie. E a inspetora ia anotando tudo.

Por fim, disse que não pretendia levar o caso à Justiça. Esse ato de agora era apenas para assustá-la.

Eu que, quando posso, costumo atazanar o vivente pra valer, acho que o Carlos deveria levar adiante essa ocorrência. Ganharíamos nós, os dois. Eu que ando carente, que gosto de me grudar mais que pepino no baraço, eu acho que as coisas tendem a piorar se o Senhor Juiz não intervier.

Agora, sinceramente, acredito que caiba a ele dar uma última chance àquela ex-mulher desnaturada.

Isso não se faz com a gente.

O Carlos está “precisado” daquele que o acompanha nos passeios pela praça próxima a sua casa, pelas ruas do bairro. Recém aposentado, com aquele chamariz pela mão, até tem lançado olhares para a Cláudia, dona de um Shih-Tzu. Quem sabe?

Eu, por mim, asseguro que essa história é verídica. Eu a presenciei.

Claro, não como uma pulga, dessas metidas, que acompanha o Carlos e o seu fiel cãozinho.

Aliás, se a ex-mulher souber da minha existência, é capaz de registrar uma ocorrência por questões de higiene. Daí, o Carlos vai se ferrar.


 
 
Pessoal, brincadeiras à parte, o cidadão registrou uma ocorrência policial por descumprimento de visita, aos fins de semana, do cão (ou cãozinho).

Pena que não fiquei sabendo se havia filhos oriundos do casamento, já desfeito há algum tempo.

Também, isso é apenas um detalhe.

O afeto, às vezes, vem do convívio, da carência do ser humano e da dependência contínua, assegurada, do ser ali posto a conviver.

É que, muitas vezes, o ser, que se torna independente, nem sempre é de fácil convivência. Também porque, frequentemente, o mundo já o levou. Pelo menos, nos tempos atuais.

Haja vista o que me relatou um conhecido que, depois de um dia exaustivo de trabalho, quando retorna ao lar, doce lar, quem o recebe? Seu cão, feliz, abanando o rabo. Sua mulher está não se sabe bem onde, fazendo não se sabe o quê. Seus filhos? Estão pelo mundo afora.

O resto são detalhes.

Viva o afeto!


 
 
 
 
P.S:

A imagem, traduzida nos versos de Gujo Teixeira e na música de Diego Espíndola, na milonga Pra Quem Partiu, cantada por Luiz Marenco, diz bem de uma realidade onde o sossego, um cusco e um bom mate identificam o galpão do xiru. Pajador e guitarreiro, de tardezita, de vez em quando, pega da velha guitarra. É quando ela canta saudades pra ele.

O resto são detalhes.

Vivam os afetos!
 
 
 
 
 

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Comentário via -email:


Fernanda escreveu:

Eeee! Viva o afeto!
Aqui em casa tem bastante...
Abraço afetuoso
Lua,Célia,chica...rsrs
Bjo