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domingo, 14 de março de 2021

UM GRITO DE GOOOOOOLLLLLL QUE SE REPETE

 


Aquela amiga de Belinha, a Isabel, gostava, desde pequena, de brincar com bolinhas.

Colocava as bonequinhas, todas enfileiradas, e começava a jogar a bolinha, que ganhara da madrinha, para o alto. Quando a bolinha voltava, sua mãozinha direcionava a bolinha para o alto, novamente.

Sabem o que, então, fazia?

Aparava com o pé e jogava para o lado. Quem assistia, ficava meio surpreso com esse movimento tão rápido.

Pois, ali, já nascia uma jogadora que utilizaria as mãos no comando de uma bola no futuro. Tornou-se uma jogadora de vôlei.

Coisa que, na época, não era muito comum para uma jovem.

Mas fazer o quê?

Os pais não incentivavam. Não adiantou nada, porém. Seu futuro já estava traçado.

Hoje, essa vontade de tornar-se uma jogadora de vôlei seria incentivada. Seus pais e professores, com certeza, dariam apoio.

A luta dessas jovens, à época, foi dificultada pela distorcida visão de que mulheres não eram feitas para esse tipo de profissão.

Essa caminhada, na reversão de conceitos nitidamente errôneos sobre o que podem ou não podem fazer as mulheres, tem sido longa.

Ao longo do século XX, as bases para uma mudança nesses conceitos foram tornando-se visíveis.

Em todas as áreas do conhecimento, as mulheres têm-se notabilizado. Havia, porém, ainda redutos ocupados por homens desde sempre.

Neste novo século, porém, acredito que, finalmente, um reduto, reconhecidamente masculino, foi tomado pelas mulheres.

E qual seria ele?

O futebol.

Não é o futebol jogado, pois este já dispõe de excelentes jogadoras, que representam a Seleção Brasileira Feminina, e de uma técnica conceituada de nome Pia Mariane Sundhage. Portanto, um time de futebol de excelente nível técnico já reconhecido.

Um dos recentes redutos, ocupados pelas mulheres, é o das comentaristas de futebol, todas demonstrando excelentes desempenhos na atividade que abraçaram.

Agora, o mais recente nicho ocupado é o da narradora de jogos de futebol masculino.

Exemplo disso foi a narração da partida entre o Botafogo do Rio de Janeiro e o Moto-Club do Maranhão, jogo que aconteceu no Estádio Castelão, dia 10 de março, às 21h30min, pela Copa do Brasil.

A narradora da partida foi uma mulher. Seu nome: Renata Silveira.

Aquele placar de 5 a 0 para o Botafogo possibilitou que Renata lançasse seu grito de Gol por 5 vezes. Esta narração e os gritos de Gol ficarão na memória de quem assistiu tal jogo. A comentarista, neste jogo, foi Renata Mendonça.

Verificando seu currículo, vê-se que Renata Silveira é formada em Educação Física. A sua capacidade é visível, pois possui pós-graduação em Jornalismo Esportivo. Na Copa do Mundo de 2014, narrou a partida entre Uruguai e Costa Rica. Ainda, logo após, narrou a partida entre a Croácia e o México.

Com passagem pela Fox Sports, começou efetivamente a carreira de narradora apenas em 2018. Agora, em 7 de dezembro de 2020, foi contratada pelo Grupo Globo.

Aguarda ser chamada para narrar os Jogos do Brasil na Copa do Mundo.

Capacidade para tanto, não lhe falta.

Como fica evidente temos, igualmente, reconhecidas árbitras como Edina Alves que se tornou a primeira árbitra a apitar a Série A do Campeonato Brasileiro. No Mundial de Clubes, Edina Alves será, também, a primeira mulher a apitar um jogo masculino da FIFA.

Temos já comentaristas de arbitragem como Nadine Bastos.

Diante dessa nova realidade, Belinha lembra-se da amiga Isabel que, na sua época, também fez parte da história de luta pelo espaço feminino em redutos considerados masculinos.

As suas bonequinhas, perfiladas, aplaudiam a sua dona quando esta segurava a bolinha e jogava-a para o alto. As palmas, ouvidas por Isabel, transformaram-se em realidade quando, mais tarde, era aplaudida toda a vez que bloqueava uma bola adversária ou aplicava um saque devastador.

Estas atuações provam que a emoção se faz presente não apenas frente a uma bela paisagem, a um olhar convidativo, a um afagar de mãos, a um beijo roubado ou a tantas outras emoções próprias e exclusivas das mulheres.

E a emoção fez-se presente a todas as mulheres que assistiram esta partida, narrada por Renata Silveira, que confirma a presença da mulher em um novo campo de atuação da figura feminina em nossa sociedade.

Que novas fronteiras sejam rompidas pelo bem da evolução civilizatória, pelo bem da humanidade.

Navegamos, todos nós, seres humanos, no mesmo barco. É urgente que mantenhamos a igualdade em todos os patamares de atividades laborais.

Que, neste 8 mês de março, possamos comemorar o Dia Internacional da Mulher com alegria e a esperança de novas conquistas.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

sábado, 8 de março de 2014

TAREFA ÁRDUA

EU, MULHER
No assobio, um chamariz.
No teu abraço, aconchego.
Desnudei-me de um tudo.
Naveguei pela vida afora.
E nela, um dia, tracei meu rumo.
Como nos tempos ancestrais,
Em que eras parceiro
A cavalgar por montes abissais.
E eu?
Montaria frágil...
Mas esperta, pois te fiz escravo, sendo rei.
És meu!
Deposita em mim teu olhar.
E te verás por inteiro.
Verás, no olhar, estampado o poder da posse, do comando, do embate que nos nivela aos irracionais, o que é útil e desejável para a perpetuação da espécie.
Os tempos, porém, são outros!
Quem é capaz de gerar uma vida está na contramão da morte. Mas, a cada 1 hora e meia, uma mulher é morta no Brasil, segundo estatísticas.
Quem carrega a ninhada?
Os cachorrinhos, os gatinhos, os porquinhos, os potrinhos, onde todos buscam alimento nos primeiros meses de vida? A fêmea é soberana nesse mister. Trabalho duríssimo.
Ah! E tem aquelas outras todas, bilhões delas, que além de amamentarem, possuem um diferencial das primeiras: são seres pensantes ou, para satisfazer a nomenclatura, seres racionais.  Chega-se, então, a esse dado arrasador: dão vida e pensam, raciocinam. E como pensam!
E chegaram à conclusão que as coisas ainda estão bastante difíceis para as mulheres.
Pois é! Ouvi de um homem, dentro de um restaurante, a afirmação de que como dizia sua avó, lá no século passado: “É melhor um pouco do que nada”.
Nesse ritmo, as mulheres têm assistido aos séculos passarem.
Os direitos das mulheres, inseridos na Declaração Universal dos Direitos Humanos, adotada pela Assembleia Geral da ONU, em 1948, não se estabeleceram como prática cotidiana. A Convenção Sobre a Eliminação de todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, adotada em 1979 pela Assembleia Geral, chamada de Carta Internacional dos Direitos da Mulher, composta de 30 artigos, também, em grande parte, não é cumprida.
Sabe-se que, em algumas comunidades, são, simplesmente, ignorados tais direitos, sob o manto de leis criadas por um ente superior, divino ou não, invocado para dar respaldo a atrocidades de todo o tipo. Os séculos continuam passando e crueldades permanecem sendo cometidas.
Quantos outros séculos precisarão passar para que haja uma reversão do quadro posto?
Quantos modelos de burka, totalmente fechadas ou com espaços maiores ou menores, para olhares aflitos continuarão a existir em pleno século XXI?
Afinal, segundo o cidadão antes referido, é melhor um pouco do que nada...
Que nossas mulheres, aquelas que mais se aproximam dos direitos garantidos pela Carta da ONU, possam a cada dia expandi-los para bem além do que até agora conquistaram. Que possam desempenhar suas aptidões e capacidades como qualquer homem, colega ou chefe, no exercício pleno de sua cidadania.
Não cabem mais distinções em questões laborais ou de qualquer outra ordem.
Uma diferença inquestionável é o ato de gerar. É sua a exclusividade, embora sempre vá precisar de um parceiro. Mas isso já é assunto para uma nova crônica.
E a outra é a árdua tarefa de cuidar da prole, ampará-la e amá-la para todo o sempre, o que é uma bênção.
Esse olhar materno, amoroso, comprometido, que se perde no tempo, é o que nos diferencia daquele outro que, aparentemente, se submete, para tornar-se poderoso nos jogos do amor, em que o rei acaba seu súdito. Esse outro é apenas um olhar que se espelha no do outro e que nada tem de materno. É apenas um olhar de leoa no cio.
E, convenhamos, somos bem mais do que isso: somos mães, profissionais liberais, trabalhadoras, intelectuais. Somos mulheres livres: tão livres quanto nossos parceiros.
Com o tempo chegaremos lá. Só espera-se que não seja necessário mais um século para tal feito, pois a tarefa de ser mulher é árdua e requer muita coragem.
Salve o dia 8 de março!
Salve o Dia Internacional da Mulher!




Mujer Coraje – Ivan Lins  





terça-feira, 12 de março de 2013












É TEMPO DEMAIS!

Passaram-se séculos.


Um dia, o chefe da família retornou do trabalho e encontrou: uma mesa posta e uma carta.

Seu reinado acabara.

Ana, por alguns anos, ainda ouviria aquela voz que ecoava pelos labirintos de seus sonhos. Ou melhor, de seus pesadelos: sombrios, arroxeados, a lembrar as marcas deixadas em sua mãe.

                                                                             (trecho final do conto O CHEFE DA FAMÍLIA, de minha autoria)



Primeiras, ainda tímidas, reações das mulheres ao jugo machista. E já estávamos no último quartel do século XX, em pleno país chamado Brasil. E isso continuava acontecendo.

E isso continua acontecendo.

Como comemorar uma data que, em tese, não deveria existir?

Por acaso comemora-se o Dia Internacional do Homem? Ou o Dia do Homem?


A tragédia da época, ocorrida em Nova Iorque, em 08/03/1857, serviu como motivo para fixação de uma data que relembrasse o sacrifício das trabalhadoras mortas naquele incêndio, em número de 130, que não se pode afirmar tenha sido premeditado. Há quem afirme que tenha havido confusão com outra tragédia, ocorrida na fábrica Triangle Shirtwaist Company, em 25/03/1911, na mesma cidade, onde morreram, também em um incêndio, 150 mulheres. Essa seria efetivamente a tragédia que teria dado origem ao Dia Internacional da Mulher.

O fato é que a origem, na verdade, remete a greves de trabalhadoras de fábricas têxteis, onde a violência da repressão policial aos atos era desmedida. Mulheres que, à época, reivindicavam melhorias, pois trabalhavam até 16 horas diárias com salários em até 60% inferiores aos dos homens, além de sofrerem agressões físicas e sexuais.

A verdade é que, ainda hoje, tenta se minimizar os efeitos destrutivos de relações baseadas no poder de mando do homem sobre a mulher.

Só bem recentemente, as reações observadas são dignas de mudanças efetivas.

Mas lá se vão séculos. E estamos falando das populações que vivem no Ocidente.

E as pobres, infelizes, que “sobrevivem” às crueldades perpetradas contra elas em terras do Oriente Médio?

E que ninguém se levante para invocar o aspecto cultural como fator abonatório para tais atrocidades sabidamente praticadas contra mulheres.

Por quantos séculos ainda persistirão atos de extrema violência contra aquelas mulheres? Será justo “espiar” o mundo através de dois buracos, abertos no tecido, onde um par de olhos busca o inexplicável?

Do lado de cá, os avanços têm sido significativos em favor dos direitos fundamentais da pessoa, incluindo-se as mulheres, parte quantitativamente maior, porém mais negligenciada em seus direitos.

Por aqui, no Rio Grande do Sul, apenas em novembro de 1973 é nomeada a 1ª mulher, a Dra. Maria Berenice Dias, para o cargo de Juíza, ingressando no Poder Judiciário do Estado. Exatamente após 100 anos da criação do Poder Judiciário, que teve seu início datado de 03/02/1874, é que pôde uma mulher ter acesso à magistratura, conseguindo adentrar nessa esfera de Poder.

Até então, o Judiciário não homologava inscrição de mulheres para as provas da magistratura.

Somente após denúncia, junto à imprensa, da discriminação para com as mulheres candidatas, foi que o Tribunal julgou a questão favoravelmente. Porém, como as provas eram identificadas, as concorrentes às vagas exigiram que fossem retirados seus nomes dos documentos. De um número de 60 mulheres, naquele primeiro concurso, apenas 04 lograram êxito, passando no concurso para juiz.

Diante de tantos fatos entristecedores e de conquistas arduamente conseguidas, acredita-se que não haja muito a comemorar.

Pelo contrário, há ainda muita batalha pela frente.

Coragem, Mulheres!



Mas isso não impede que mantenhamos nossa sensibilidade à flor da pele, nosso olhar amoroso ao ser envolto em panos, fruto do nosso ventre, e que sigamos em frente, embora tendo ao lado aquele que escolhermos para um convívio mais íntimo, tão íntimo quanto o choro derramado em momentos de solidão.

Mas, ainda assim, uma mulher com a individualidade preservada, capaz de novos voos, com os limites próprios de uma sociedade fraterna para com todos os gêneros da espécie.





Maria, Maria – Milton Nascimento
HIMNO A LA MUJER


sexta-feira, 18 de janeiro de 2013










VIVA O AFETO!
 
Tudo vinha se arrastando. Os horários eram mais ou menos cumpridos. Nada que fugisse muito do acertado. O tempo ia também fluindo, como só ele sabe passar. Sem ninguém perceber. E já era Janeiro. Aquele fim de semana, porém, marcara profundamente o Carlos. Carlão era coisa do passado, bem remoto. Hoje, já é quase um Carlinhos em busca dos seus direitos.
 
Queridos leitores, sintam pena do Carlos.
 
Quando entrou na delegacia, estava mesmo no bagaço. Mas, logo, recuperou a postura e começou a discorrer sobre o ocorrido. Sua ex-mulher, dessa vez, tinha se excedido. No final do ano, no último fim de semana, resolvera descumprir, de fato, o acordado. Por isso, estava ali para registrar a ocorrência.

Eu, escondidinha, ouvia aquelas ponderações de Carlos, suas razões e o silêncio da inspetora de polícia que lavrava o ato. Tive até vontade de intervir para reforçar o depoimento. Porém, devido a minha pequenez, permaneci quieta e calada na minha insignificância.

E Carlos argumentava que sua ex-mulher acabaria não tendo recursos para manter aquela nova situação que se prenunciava. Que, recentemente, ela adquirira outro ser da mesma espécie. E a inspetora ia anotando tudo.

Por fim, disse que não pretendia levar o caso à Justiça. Esse ato de agora era apenas para assustá-la.

Eu que, quando posso, costumo atazanar o vivente pra valer, acho que o Carlos deveria levar adiante essa ocorrência. Ganharíamos nós, os dois. Eu que ando carente, que gosto de me grudar mais que pepino no baraço, eu acho que as coisas tendem a piorar se o Senhor Juiz não intervier.

Agora, sinceramente, acredito que caiba a ele dar uma última chance àquela ex-mulher desnaturada.

Isso não se faz com a gente.

O Carlos está “precisado” daquele que o acompanha nos passeios pela praça próxima a sua casa, pelas ruas do bairro. Recém aposentado, com aquele chamariz pela mão, até tem lançado olhares para a Cláudia, dona de um Shih-Tzu. Quem sabe?

Eu, por mim, asseguro que essa história é verídica. Eu a presenciei.

Claro, não como uma pulga, dessas metidas, que acompanha o Carlos e o seu fiel cãozinho.

Aliás, se a ex-mulher souber da minha existência, é capaz de registrar uma ocorrência por questões de higiene. Daí, o Carlos vai se ferrar.


 
 
Pessoal, brincadeiras à parte, o cidadão registrou uma ocorrência policial por descumprimento de visita, aos fins de semana, do cão (ou cãozinho).

Pena que não fiquei sabendo se havia filhos oriundos do casamento, já desfeito há algum tempo.

Também, isso é apenas um detalhe.

O afeto, às vezes, vem do convívio, da carência do ser humano e da dependência contínua, assegurada, do ser ali posto a conviver.

É que, muitas vezes, o ser, que se torna independente, nem sempre é de fácil convivência. Também porque, frequentemente, o mundo já o levou. Pelo menos, nos tempos atuais.

Haja vista o que me relatou um conhecido que, depois de um dia exaustivo de trabalho, quando retorna ao lar, doce lar, quem o recebe? Seu cão, feliz, abanando o rabo. Sua mulher está não se sabe bem onde, fazendo não se sabe o quê. Seus filhos? Estão pelo mundo afora.

O resto são detalhes.

Viva o afeto!


 
 
 
 
P.S:

A imagem, traduzida nos versos de Gujo Teixeira e na música de Diego Espíndola, na milonga Pra Quem Partiu, cantada por Luiz Marenco, diz bem de uma realidade onde o sossego, um cusco e um bom mate identificam o galpão do xiru. Pajador e guitarreiro, de tardezita, de vez em quando, pega da velha guitarra. É quando ela canta saudades pra ele.

O resto são detalhes.

Vivam os afetos!
 
 
 
 
 

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Comentário via -email:


Fernanda escreveu:

Eeee! Viva o afeto!
Aqui em casa tem bastante...
Abraço afetuoso
Lua,Célia,chica...rsrs
Bjo