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domingo, 29 de julho de 2018

UMA DUPLA AFINADA


Para um vizinho que observa com atenção, mas de longe, a dupla parece bem afinada. Quando um abre os olhos, o outro vai dormir. Isto pode dar certo? Nesse caso, sim.

Nós, aqui embaixo, pisamos em suas sombras nas calçadas, quando acordados estão.

Somos pequenos demais para lidar com tanta grandeza: em tamanho e em beleza.

Usufruímos desse par perfeito. Quando um não aparece, por qualquer motivo, ficamos desapontados e tristes. Ambas são figuras importantes em nossas vidas, se considerarmos o bem-estar físico, emocional e afetivo que nos proporcionam.

A luz de um nos possibilita ver tudo o que construímos, às claras, com todos os tons e nuances possíveis. Cabe a nós, é claro, construirmos belas imagens com o que dispomos, porque somente assim veremos canteiros floridos, passeios limpos e comunidades satisfeitas com o seu cotidiano.

Fazendo par com esta luz benfazeja, temos outra que ilumina os porões das noites: aquelas que são de todos e a outra: que cada um carrega. Sua beleza nos encanta. E quanto mais inteira, mais linda.

Nós, habitantes deste Planeta, somos os felizes vizinhos que olhamos estas distantes luzes, que acordam e dormem e que nos fazem tanto bem.

Agora, convenhamos, a nossa hospedeira é que, vez por outra, se intromete nesta parceria afinada. Daí, ficamos órfãos, perdidos, sem pai, nem mãe.

Mariazinha ainda lembra-se de uma tarde (?) ou manhã (?) em que, repentinamente, tudo ficou escuro. Era dia, mas... Deixa pra lá! Faz muito tempo!

E o nosso tempo parece ser medido por luzes e escuridão. E, novamente, luzes e escuridão.

Agora, quando em plena luz acontece um evento desse porte, nós, hospedeiros mirins deste Planeta, ficamos assustados. Mariazinha guardou, na memória visual, aquele instante.

E tudo por culpa de quem?

Da intrometida que resolve “melar” esta relação tão afinada. Ou será que há um acordo tácito entre os três que desconhecemos? Desconfio que sim.

Portanto, somos seres totalmente dependentes desta sincronia tão perfeita.

Resta usufruir desta luz que nos alimenta, nos fortalece, nos mantém ativos, nos “bate na cara, nos bate no rosto”..., como diz a letra da música Girassóis (vídeo abaixo), levando embora tudo o que nos faz mal.

E daquela outra que alimenta os apaixonados, acrescentando uma pitada de sensualidade nas relações de alcova.

Assim, temos a nossa escolha:

Uma luz tão quente que, às vezes, buscamos uma sombra, sem a necessidade da escuridão;

Uma luz tão fria, mas que aquece qualquer coração que se deixe por ela enlevar.

Portanto, pra que eclipse? Só para atrapalhar...





 Girassóis - Pouca Vogal








sexta-feira, 18 de janeiro de 2013










VIVA O AFETO!
 
Tudo vinha se arrastando. Os horários eram mais ou menos cumpridos. Nada que fugisse muito do acertado. O tempo ia também fluindo, como só ele sabe passar. Sem ninguém perceber. E já era Janeiro. Aquele fim de semana, porém, marcara profundamente o Carlos. Carlão era coisa do passado, bem remoto. Hoje, já é quase um Carlinhos em busca dos seus direitos.
 
Queridos leitores, sintam pena do Carlos.
 
Quando entrou na delegacia, estava mesmo no bagaço. Mas, logo, recuperou a postura e começou a discorrer sobre o ocorrido. Sua ex-mulher, dessa vez, tinha se excedido. No final do ano, no último fim de semana, resolvera descumprir, de fato, o acordado. Por isso, estava ali para registrar a ocorrência.

Eu, escondidinha, ouvia aquelas ponderações de Carlos, suas razões e o silêncio da inspetora de polícia que lavrava o ato. Tive até vontade de intervir para reforçar o depoimento. Porém, devido a minha pequenez, permaneci quieta e calada na minha insignificância.

E Carlos argumentava que sua ex-mulher acabaria não tendo recursos para manter aquela nova situação que se prenunciava. Que, recentemente, ela adquirira outro ser da mesma espécie. E a inspetora ia anotando tudo.

Por fim, disse que não pretendia levar o caso à Justiça. Esse ato de agora era apenas para assustá-la.

Eu que, quando posso, costumo atazanar o vivente pra valer, acho que o Carlos deveria levar adiante essa ocorrência. Ganharíamos nós, os dois. Eu que ando carente, que gosto de me grudar mais que pepino no baraço, eu acho que as coisas tendem a piorar se o Senhor Juiz não intervier.

Agora, sinceramente, acredito que caiba a ele dar uma última chance àquela ex-mulher desnaturada.

Isso não se faz com a gente.

O Carlos está “precisado” daquele que o acompanha nos passeios pela praça próxima a sua casa, pelas ruas do bairro. Recém aposentado, com aquele chamariz pela mão, até tem lançado olhares para a Cláudia, dona de um Shih-Tzu. Quem sabe?

Eu, por mim, asseguro que essa história é verídica. Eu a presenciei.

Claro, não como uma pulga, dessas metidas, que acompanha o Carlos e o seu fiel cãozinho.

Aliás, se a ex-mulher souber da minha existência, é capaz de registrar uma ocorrência por questões de higiene. Daí, o Carlos vai se ferrar.


 
 
Pessoal, brincadeiras à parte, o cidadão registrou uma ocorrência policial por descumprimento de visita, aos fins de semana, do cão (ou cãozinho).

Pena que não fiquei sabendo se havia filhos oriundos do casamento, já desfeito há algum tempo.

Também, isso é apenas um detalhe.

O afeto, às vezes, vem do convívio, da carência do ser humano e da dependência contínua, assegurada, do ser ali posto a conviver.

É que, muitas vezes, o ser, que se torna independente, nem sempre é de fácil convivência. Também porque, frequentemente, o mundo já o levou. Pelo menos, nos tempos atuais.

Haja vista o que me relatou um conhecido que, depois de um dia exaustivo de trabalho, quando retorna ao lar, doce lar, quem o recebe? Seu cão, feliz, abanando o rabo. Sua mulher está não se sabe bem onde, fazendo não se sabe o quê. Seus filhos? Estão pelo mundo afora.

O resto são detalhes.

Viva o afeto!


 
 
 
 
P.S:

A imagem, traduzida nos versos de Gujo Teixeira e na música de Diego Espíndola, na milonga Pra Quem Partiu, cantada por Luiz Marenco, diz bem de uma realidade onde o sossego, um cusco e um bom mate identificam o galpão do xiru. Pajador e guitarreiro, de tardezita, de vez em quando, pega da velha guitarra. É quando ela canta saudades pra ele.

O resto são detalhes.

Vivam os afetos!
 
 
 
 
 

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Comentário via -email:


Fernanda escreveu:

Eeee! Viva o afeto!
Aqui em casa tem bastante...
Abraço afetuoso
Lua,Célia,chica...rsrs
Bjo