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domingo, 13 de outubro de 2019

MAIS LONGE? OU... MAIS PERTO?


O que busca o nosso olhar?

Os movimentos do corpo podem até ser rápidos, porém o olhar é seletivo e se detém naquilo que lhe é mais familiar. Viveu pouco, mas já tem referenciais que prendem a sua atenção.

Na outra extremidade, temos outro olhar, também mais seletivo, mais necessitado do que já observou, viveu e sedimentou em uma lembrança que lhe acompanha, trazendo momentos de paz interior.

O olhar que busca, atrás da cortina, o presente prometido é o mesmo olhar, acredito, que já descobriu o que lá existia, mas que, mais uma vez, quer lembrar a magia daquele momento e abraça o ursinho que enfeita a sua cama. Ele é o que seu olhar reteve de mais puro naquele tempo passado. E uns versos surgem no embalo desta lembrança. 


Hoje, passados tantos anos, há como que uma volta na postura do que busca este sábio olhar.

Tornou-se menos saltitante. Busca o que de menos efêmero existe, pois só assim poderá estender seu olhar por mais tempo sobre aquilo que representa um maior tempo de existência. Pois, estamos a falar do tempo que passou àquele que ocupa o seu olhar agora.

O tempo, que intermediou estes dois momentos, foi extremamente diversificado, dividido, sobrecarregado a tal ponto que o olhar foi incapaz de selecionar a necessária paz interior, tal a profusão de focos diferenciados.

A resposta à pergunta inicial traz a certeza que somos, com o passar dos anos, cada vez mais semelhantes ao que fomos quando o nosso olhar era tão seletivo ao ponto de apenas buscar o seio materno.

A idade traz a sabedoria com o acréscimo de um olhar mais pacífico, mais seletivo, menos célere: mais infantil no sentido da sua busca pelo olhar do outro, como uma fonte que alimenta.

Acredito que o próprio tempo tenha possibilitado esta volta no tempo que nos permite voar, não contra o tempo, mas de forma mágica através dos seres, dos fatos, dos momentos guardados na lembrança que nos aproximam da criança que fomos.

Hoje, estamos mais perto do que fomos ontem.

Seria uma volta no tempo que robustece a ideia de que somos eternos. Apenas, para não perder a graça, voltamos de tempos em tempos para curtir novos tempos, pois gostamos de exercer essa constante proximidade da criança com alguém “mais experiente”.

Voltar a ter um olhar de criança é apaziguador.

Aliás, saudemos nossa criança interior neste Dia das Crianças!

Por que não?