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segunda-feira, 8 de julho de 2019

DESAFIOS...


Desafios fáceis de serem atendidos são aqueles que impactam pela leveza, pelo carinho que almejam, pela postura que apresentam, pela emoção que despertam. Disso bem sabe aquele pequenino ser que se deita aguardando os carinhos que sempre recebe de quem passa. É conhecido naquela rua de meu bairro. Nem ronrona mais.

Pra quê? O silêncio e o espreguiçar-se são suficientes para que obtenha tudo o que deseja.

Comida? Esta é fornecida pelo dono de uma Pet, bem em frente onde costuma deitar-se para os afagos que lhe são dispensados.

Outros seres enfrentam desafios mais contundentes como reproduzir a fala humana para auxiliar, esconder ou simplesmente alegrar seus donos. Não se sabe bem qual a recompensa por tal esforço. Mais comida? Algum afago?

Há os que cumprem sua jornada diária, enfeitando o céu de meu bairro, grasnando sobre os telhados mais altos: um desafio próprio deles. Livres, não possuem donos. Acho que são autossuficientes. Com certeza, em algum lugar, encontrarão alimento.

E os demais pássaros e aves, que nos brindam com seus cantos, servem para enfeitar os espaços em que o céu ainda é possível ser admirado. Aqueles vãos em que o concreto ainda permite que nossos olhos possam acompanhar um voo libertário: próprio de quem não precisa voar para imaginar o desafio e a beleza de um voo assim observado. Desafios daquele que voa e daquele cuja imaginação também voa.

São contribuições que interagem entre si. De um lado, seres humanos aptos a apreciar o belo, o intangível que é substituído pela possibilidade criativa de armazenar tais momentos através da palavra poética. Uma possibilidade de torná-los vivos a qualquer nova leitura.

Há, porém, desafios mais difíceis de serem aceitos.

Exemplo disso foi o caso do galináceo chamado Natal, mencionado na crônica UMA MANHÃ PARA ESQUECER, publicada no dia 20/08/14 neste blog.

Naquele caso, ocorrido no Rio de Janeiro, em plena Copacabana, parece que o Natal foi preso por ordem judicial.

Ele cantava de 8 em 8 segundos, o que parece um exagero, durante a madrugada, considerando a hora e o lugar em que o dito resolveu desafiar não se sabe bem a quem: se a si próprio ou a algum oponente. Isto não ficou esclarecido. Daí, foi demais.

Com certeza, há desafios e desafios.

Agora, o desafio de Maurice, acredito, permanecerá diário, a cada amanhecer. Embora haja contra ele um processo por poluição sonora na Ilha de Oléron, que fica na Costa Atlântica da França, não acredito em sua condenação.

Imaginem! Já há até o movimento “EU SOU MAURICE”, criado para defendê-lo, que conta com o apoio até da chefe do governo local.

Neste caso, Maurice não vive em Copacabana, mas numa zona rural. Não canta de 8 em 8 segundos durante a madrugada. Canta, isto sim, ao amanhecer. Mais precisamente às 6h30min, ele anuncia o novo dia que está chegando.

Ah! Não esqueçamos que a figura do GALO e sua história remonta ao tempo da Revolução Francesa que o tinha como símbolo de vigilância e valentia, dado histórico relatado na crônica “ESTE” TEM HISTÓRIA, publicada em 16/07/18 neste blog.

Por tudo isso, acredito que será inocentado de qualquer acusação, principalmente de cantar ao amanhecer: seu maior prazer. Eu imagino...

Os desafios permanecem para os nossos companheiros de caminhada, em maior ou menor grau de dificuldade. Quando geram prazer a ambos os lados: tudo bem. Quando ocasionam algum problema: vamos, então, discutir a relação. Afinal, algo tão em moda!

Convenhamos!

Os nossos desafios diante de outros iguais a nós, porque seres humanos, estão pra lá de difíceis. Tudo porque não somos todos iguais.

Que Movimento deveríamos iniciar?

“EU SOU BRASILEIRO”.

Todos iriam aderir?

Enquanto esta pergunta permanece ecoando, pousemos o olhar nos vãos, que ainda restam, que nos permitem vislumbrar, nem que seja pela imaginação, um caminho que, mesmo sendo desafiador, nos conduza a dias melhores. Dias em que sejamos todos MAIS IGUAIS.