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quarta-feira, 18 de janeiro de 2023

ENCANTE-SE... SURPREENDA-SE...


Observe aquela nuvem que se desloca, fazendo movimentos circulares, e que emoldura aquele prédio ao longe.

E aquele ventinho que passeia por entre as folhas das árvores que enfeitam a bela praça?

E aquela luz que brilha durante todo o dia sobre os prédios daquela saudosa rua?

Quanta beleza nos reserva a Natureza!

E aquela lua que convida os casais a trocarem afagos?

E as estrelas que se multiplicam e se espalham fazendo companhia à lua?

Se as coisas, aqui por baixo, não estão bem, erga os olhos e aproveite os presentes da Mãe Natureza. Ela ainda persiste em nos brindar com belos espetáculos.

Que fique, porém, claro que devemos mantê-la saudável. Afinal, é nossa parceira diuturna.

O controle da poluição nas esferas terrestre, marítima e aérea são de extrema importância. Ao que parece não estamos fazendo o dever de casa como deveríamos fazê-lo. Consequências virão. Aliás, em muitos lugares, isto já é uma realidade.

Neste espaço da pandemia, por estarem as pessoas mais reclusas, provavelmente, tenha havido uma diminuição na poluição como um todo.

Belinha confessa que tem ocupado seu tempo e seu olhar com imagens que a Natureza nos oferece diariamente, independentemente do momento desastroso e, por vezes, caótico em que nos encontramos.

Na praça do bairro, encontram-se crianças brincando e avós relembrando seus tempos de juventude.

No bar da esquina, todas às sextas-feiras, à noite, grupos musicais se apresentam.

É possível, ainda, encantar-se com a Natureza, com um semelhante a nós, com o desenrolar de uma conversa amena.

E por que não se surpreender com aquele vizinho que nos parecia chato, mas cuja conversa foi animadora para quem se deteve a ouvi-lo.

Como não se surpreender com aquele outro vizinho que, nos últimos tempos, tem cumprimentado com um bom-dia audível e um sorriso no rosto?

Belinha acha que esse tempo de reclusão serviu para mudanças de comportamento.

Acredita que as pessoas tenham percebido a importância do outro no seu cotidiano.

Embora ainda estejamos sob ameaça de uma nova cepa do tal vírus, sigamos nos encantando com a Natureza que nos cerca e nos surpreendendo com atitudes positivas, pois elas ainda existem.

 

 

 

 

 

segunda-feira, 30 de maio de 2016

CUIDADO! SE CONTINUAR, LEVÁ-LO-ÃO EMBORA!



Foram três meses de puro desrespeito com quem tem direito ao descanso durante a noite. Beatriz foi testemunha auditiva das investidas a qualquer hora do dia ou da noite.

Diferentemente daquele seu irmão, o EPA, que teve sua triste história contada em 20/08/14, na crônica do sugestivo título UMA MANHÃ PARA ESQUECER, este nem nome tem e não vive num rincão distante.

Este, na verdade, está mais para aquele transgressor de Copacabana que sofreu um processo e teve que cumprir uma decisão prolatada pelo 4º Juizado Especial Criminal do Rio de Janeiro que determinou sua prisão durante o horário entre às 22 horas e às 6 horas da manhã.

Pelo que Beatriz tem ouvido, estão tentando mandá-lo embora, para ir cantar noutra freguesia. Já faz alguns dias que não dá o ar da graça. Até então, era, dia e noite, aquela cantoria a plenos pulmões. Não só quando anoitecia, mas durante a noite. E, claro, pela manhã afora. Não queria nem saber. Quando dava na telha, abria o bico. Até elas, moradoras do mesmo chão, já não aguentam mais. Embora sempre em maioria, não têm voz ativa para detê-lo. Elas, que também cantam, assumem com este proceder a autoria de um ato sublime: a possibilidade de gerarem um novo ser. E este anúncio, geralmente, acontece em pleno dia.

Beatriz, sem querer ser feminista, porque politicamente incorreto, acredita que este galináceo já se excedeu. É um macho muito metido, pensa que é grande coisa. Aliás, Beatriz soube por elas, que residem no terreiro, que há outros machos que poderiam tomar este lugar com folga de popularidade. Porque um cargo de mando, assim, precisa de competência e de capacidade de agregar. Afinal, ser competente é vital. Convenhamos, há espaço para todos, desde que cisquem cada um no seu quadrado.

Na verdade, elas não aguentam mais aquela história de “daqui não saio, daqui ninguém me tira”. E continuam fazendo comparações com outros que circulam pelo mesmo terreiro. Há outro, muito conhecido, que não perturba à noite. Vive às claras. Não faz conchavos.

Pois, vejam vocês, Beatriz e os demais vizinhos não sabiam disto. Só quem está mesmo no galinheiro é que pode chegar a estas constatações. Somente vivendo ali o dia a dia, para saber desses detalhes.

Parece que a incompetência é tamanha do tal ser que elas e os outros poucos, que existem por ali, levá-lo-ão para fora do cercado, de qualquer maneira. Se não for à custa de muita conversa e de aconselhamento, será por força de alguma medida do “dono” do cercado, ou de quem o represente: em caso de impedimento. 

O fato é que os vizinhos das redondezas do cercado poderão, acredita-se, em curto prazo, voltar a dormir em berço esplêndido, ao som do mar e à luz do céu profundo.

Talvez, uma ordem judicial apresente-se como solução. De qualquer maneira, aquele “galo” de Copacabana e este de um bairro bem próximo ao centro da Capital, terão seus comportamentos corrigidos ou, pelo menos, disciplinados para o bem de todos.



Viva o galo EPA! Aquele do nosso rincão.

Quanto aos outros, cuidem-se dos maus procederes. A enxurrada poderá levá-los de roldão. Ou ela, a enxurrada, LEVÁ-LOS-Á de roldão, uma mesóclise tão ao gosto do momento.



Agora, galo bom é aquele que se junta a outros tantos galos e todos juntos vão tecendo o alvorecer de uma nova época, de uma nova manhã livre de armação. Uma manhã que se eleve por si numa luz balão, numa luz que a todos ilumine. Uma manhã tecida ao canto dos galos e poeticamente captada pelo nosso grande poeta João Cabral de Melo Neto. (trecho extraído e adaptado do poema – Tecendo a Manhã)








TECENDO A MANHÃ – poema de João Cabral de Melo Neto














segunda-feira, 2 de setembro de 2013

BABÁ-ELETRÔNICA



- Leco, onde estás?  Não te podes desarrumar... Hoje é o grande dia. Tua amiguinha, logo, logo vai chegar...
Era os dengues de dona Aidê. Ela e seu marido, na faixa dos cinquenta, viviam como se fossem hóspedes de Leco. Eram como estranhos naquele ninho, que mais pertencia a Leco do que a eles.
A sala da morada era praticamente de Leco. Todos os pertences, decoração e atmosfera indicavam que Leco era ali o rei.

- Filhinho, cuidado com o tapete! Não derrames nada aí.

Bah, mas que coisa! Não largam do meu pé, pensava sonolento. Às vezes, dava vontade de ser até desaforado. Que chatice! Nem namorar podia sossegado. Ficavam em cima, segurando a vela... Dessa vez, ia ser diferente. Das outras, tivera plateia o tempo todo. Que frustração! Não dera em nada. Mas, agora, já sentia no ar um cheiro diferente, um frêmito se avizinhava...

De repente, um barulho de campainha ecoa no ar.

- Calma, querido, mamãe já vai abrir a porta.

- Vilma querida, como estás? Que linda garota trazes!  Que filha mais bonita!

- Leco, querido, Laísa chegou... Veio para brincar con-ti-go...

Vilma, ao ver a cena, achou meio engraçado o cerimonial montado. De qualquer forma, adentrou na sala onde Leco, empertigado, sobre o tapete aguardava a frágil Laísa.

Vilma querida, meu menino será um verdadeiro cavalheiro. Não te preocupes.

Vilma achou tudo meio estranho, isto é, pareceu estranho o comportamento dos ditos racionais. O fato é que o marido de dona Aidê concordava com toda aquela ambientação meio kafkiana.

Feitas as apresentações, olhares, narizes e o resto, tudo em cima, restava à Vilma ir-se. E assim fez. Não sem antes observar alguns fios atravessados sobre o assoalho, próximo ao tapete, que a deixaram intrigada. Mas...

Ao fim do dia seguinte, passada a primeira noite, Vilma ligou.

- E daí, “rolou”, Aidê?

-Nada. E olha que fiquei observando a noite inteirinha, Vilma querida.

Vilma já começava a se preocupar. Por que Aidê ficara acordada a noite toda? E o seu marido? E por que só à noite deveria “rolar”?

Na segunda noite, conforme informação, o mesmo resultado. Nada... Dona Aidê fizera, de novo, plantão.

Ao fim do quarto dia, Vilma soubera pela mãe zelosa, que, em sua ausência, rolara uma verdadeira batalha. Os vizinhos assustados teriam procurado por dona Aidê, buscando informações mais precisas sobre o acontecido.

Dizem que dona Aidê, ao saber do ocorrido, teria esboçado um sorriso meio amarelado, misto de vitória e frustração. Afinal, Leco não a desapontara (já andava meio desconfiada dele), embora pudesse ter sido mais cavalheiro, poxa! Educação ela lhe dera bastante. Mas, no fundo, estava meio frustrada, pois quisera ter participado como “voyeur” de tal cena. Talvez isso pudesse reacender, no quarto ao lado, um fogo já quase apagado. Achava, sinceramente, que Euclides teria também gostado de assistir. Ou não?

O fato é que Leco recuperara sua autoestima. Sua fama, que já andava meio comprometida, graças à ausência da mãe, voltara ao que era. Bons tempos aqueles em que vagava pela redondeza, exibindo garboso passo, sedutor como só ele, passando todas no beiço, ou melhor, nos bigodes.

Isso até o dia em que foi adotado por dona Aidê. Triste dia! Dali em diante, iniciou-se seu calvário. Liberdade, nunca mais. Nem para namorar... Mas, agora, após seu desempenho, acha até que, de quando em vez, com jeitinho, poderá dar uma voltinha fora daquela horrenda sala. Que pessoa mais irracional essa dona Aidê!

Vilma, algum tempo após, recebeu por telefone votos de uma “boa hora” para Laísa, com o que teria se mostrado estupefata. A que ponto chegara dona Aidê.

A propósito... Aqueles fios esparramados pela sala eram parte de uma babá-eletrônica, para que a mamãe de Leco pudesse, a cada “miau-miau” estranho, certificar-se do que estava ocorrendo. A geringonça fora instalada de há muito. Tudo em prol do Leco.

Dizem que na noite do parto, que foi normal, segundo o veterinário, o Leco miou, miou e miou, pondo dona Aidê em polvorosa. Deve ter sido o stress de pai de 1ª viagem. Com certeza...

Ultimamente, dona Aidê tem pensado em mandar um whats de Leco para Laísa, coisa simples, só para saber da prole, novas visitinhas de fim de semana, quem sabe...

Ah! A propósito, quem sabe a Internet possa dar uma mãozinha: um acasalamento virtual e tal e coisa. Até que isso seria interessante... Acredita que Euclides adoraria.

Tem pensado nisso...

Ah, meus senhores! Que tempos estamos a viver!


Agora, assistam aos vídeos abaixo e vejam a importância de um miau e, principalmente, quantos miaus são necessários para um dueto, diferenciado, cantar, ao som de miaus, um extrato da cabaletta¹ da ária Ah, come mai non senti, cantada por Rodrigo, no 2º ato de Otello. Na realidade, o Duetto Buffo di Due Gatti, ou Dueto dos Gatos, não foi escrito por Gioacchino Antonio Rossini. É, segundo estudiosos, uma compilação escrita em 1825, com passagens retiradas de sua ópera Otello, de 1816. Seu autor acredita-se que tenha sido o compositor inglês Robert Lucas Pearsall, sob o pseudônimo de G. Berthold.

1. A Cabaletta, numa ópera, é a parte final de uma ária, onde, geralmente, observam-se movimentos alegres e virtuosos.

Miau, Miau – Floribella
Dueto dos Gatos - Um dueto diferente, baseado em ópera de Rossini