Tenho muitos tamanhos, formatos e utilidades. Não gosto de ser jogada em qualquer lugar, deixada no chão, quase esquecida num canto da sala.
Sou vaidosa e tenho milhares de irmãs espalhadas por aí: tão vaidosas como eu.
Tem gente que se mantém fiel a uma por décadas, mesmo que não seja de grife. Apenas por puro afeto. Afinal, guardamos com carinho tudo aquilo que nos é colocado a guardar. Carregamos desde lencinhos, que oferecemos para as lágrimas enxugarem ou os espirros abafarem, a remedinhos, canetinhas, bloquinhos e aquele complemento que acompanha os batons, isto é, um blushzinho para retocar a maquiagem da dona.
Como circulo no meio feminino, devo confessar a minha ignorância quanto ao que carregam os homens em suas bolsas, incluindo-se todas, de todos os tipos.
Sei, também, que há donas que armazenam barrinhas de cereal para uma fome repentina, bem como outros pertences eventualmente necessários, mas tão íntimos que me abstenho de citá-los.
Sirvo, também, e isto me desgosta profundamente, para esconder objetos. Adoro, portanto, quando me abrem e arrancam de mim aquilo para o qual não fui feita. Fui feita para carregar os pertences pessoais de cada dona: não os surrupiados.
Há quem me confunda com sacola. Não gosto disto. Não é mania de grandeza. Sacola para mim, que sou uma bolsa, dá a impressão de um lugar em que se carrega de tudo um pouco: inclusive lixo.
Também não gosto que me confundam com bolso. Bolso lembra lugar para colocar o chamado lenço de bolso nos paletós ou blazers, quando isto era sinônimo de elegância. Bolso lembra-me, também, daquela menininha que guardava no bolso do casaquinho as florzinhas e sementinhas que encontrava pelo caminho. Era um lugar tão pequeno que só cabia a mãozinha com as sementinhas: as florzinhas saíam voando.
Pois eu sou esta bolsa que tem tantas utilidades. Eu reconheço-me assim.
Por outro lado, de uns tempos pra cá, tenho ouvido meu nome a torto e a direito. Não me tenho mais reconhecido nesta nova versão. Estão usando meu nome de forma metafórica. Foi o que disse minha dona. Ela contou-me que, atualmente, existe uma infinidade de bolsas. Todas diferentes de mim. Estas novas bolsas não são um objeto: são uma criação. Claro, todas se servindo da noção de utilidade que me é intrínseca.
Vejam só! É bolsa disto, bolsa daquilo...
Disse-me ela que tais bolsas servem para alimentar, para estudar, para morar... Que foram criadas para auxiliar os mais carentes.
No princípio, até fiquei feliz. Imagina! Eu servindo de inspiração para tão nobres causas!
Só que minha dona afirmou que tudo foi dominado, virando uma sacola de bondades, onde cabe de tudo um pouco, pois fiscalização nunca existiu sobre tais auxílios.
Confesso que não entendi o que ela quis dizer. Avisou que, qualquer dia, vai me explicar melhor. Que tudo só valeu porque eu virei uma metáfora. Metáfora? Ela também vai explicar isto.
Disse mais:
Que está esperando a Bolsa de Valores dar uma folga, para ver se melhora de vida. Porque do jeito em que está a coisa, qualquer dia, mesmo sentindo ter que assim agir, vai me vender para o brechó do bairro. Anda precisando de um dinheirinho...
Puxa! E eu vou para outra dona.
Só espero que, antes de me vender, me explique o que é metáfora.
E quanto às outras manas que estão por aí, isto é, as verdadeiras bolsas: tenho certeza que continuaremos nossa caminhada. O que importa é servir bem a quem de nós precisa.
Agora, senhoras, cuidado! Não se deixem levar pelas bolsas de grife.
Calma! Nada contra as de grife. Apenas considero que elas, as bolsas de grife, não resolvem os problemas existenciais. Isto fica claro na letra da música Bolsa de Grife, cantada por Vanessa da Mata.
Afinal, não sou de grife, mas executo com mestria meu trabalho.
Que o diga minha dona!
Quanto às outras, as metafóricas, aguardo as explicações.
Tenho pra mim que ela também aguarda mais detalhes.
Afinal, parece que há um pessoal já trabalhando, numa nova Operação, para sair atrás do prejuízo causado por tais bolsas.
Tem gente que se mantém fiel a uma por décadas, mesmo que não seja de grife. Apenas por puro afeto. Afinal, guardamos com carinho tudo aquilo que nos é colocado a guardar. Carregamos desde lencinhos, que oferecemos para as lágrimas enxugarem ou os espirros abafarem, a remedinhos, canetinhas, bloquinhos e aquele complemento que acompanha os batons, isto é, um blushzinho para retocar a maquiagem da dona.
Como circulo no meio feminino, devo confessar a minha ignorância quanto ao que carregam os homens em suas bolsas, incluindo-se todas, de todos os tipos.
Sei, também, que há donas que armazenam barrinhas de cereal para uma fome repentina, bem como outros pertences eventualmente necessários, mas tão íntimos que me abstenho de citá-los.
Sirvo, também, e isto me desgosta profundamente, para esconder objetos. Adoro, portanto, quando me abrem e arrancam de mim aquilo para o qual não fui feita. Fui feita para carregar os pertences pessoais de cada dona: não os surrupiados.
Há quem me confunda com sacola. Não gosto disto. Não é mania de grandeza. Sacola para mim, que sou uma bolsa, dá a impressão de um lugar em que se carrega de tudo um pouco: inclusive lixo.
Também não gosto que me confundam com bolso. Bolso lembra lugar para colocar o chamado lenço de bolso nos paletós ou blazers, quando isto era sinônimo de elegância. Bolso lembra-me, também, daquela menininha que guardava no bolso do casaquinho as florzinhas e sementinhas que encontrava pelo caminho. Era um lugar tão pequeno que só cabia a mãozinha com as sementinhas: as florzinhas saíam voando.
Pois eu sou esta bolsa que tem tantas utilidades. Eu reconheço-me assim.
Por outro lado, de uns tempos pra cá, tenho ouvido meu nome a torto e a direito. Não me tenho mais reconhecido nesta nova versão. Estão usando meu nome de forma metafórica. Foi o que disse minha dona. Ela contou-me que, atualmente, existe uma infinidade de bolsas. Todas diferentes de mim. Estas novas bolsas não são um objeto: são uma criação. Claro, todas se servindo da noção de utilidade que me é intrínseca.
Vejam só! É bolsa disto, bolsa daquilo...
Disse-me ela que tais bolsas servem para alimentar, para estudar, para morar... Que foram criadas para auxiliar os mais carentes.
No princípio, até fiquei feliz. Imagina! Eu servindo de inspiração para tão nobres causas!
Só que minha dona afirmou que tudo foi dominado, virando uma sacola de bondades, onde cabe de tudo um pouco, pois fiscalização nunca existiu sobre tais auxílios.
Confesso que não entendi o que ela quis dizer. Avisou que, qualquer dia, vai me explicar melhor. Que tudo só valeu porque eu virei uma metáfora. Metáfora? Ela também vai explicar isto.
Disse mais:
Que está esperando a Bolsa de Valores dar uma folga, para ver se melhora de vida. Porque do jeito em que está a coisa, qualquer dia, mesmo sentindo ter que assim agir, vai me vender para o brechó do bairro. Anda precisando de um dinheirinho...
Puxa! E eu vou para outra dona.
Só espero que, antes de me vender, me explique o que é metáfora.
E quanto às outras manas que estão por aí, isto é, as verdadeiras bolsas: tenho certeza que continuaremos nossa caminhada. O que importa é servir bem a quem de nós precisa.
Agora, senhoras, cuidado! Não se deixem levar pelas bolsas de grife.
Calma! Nada contra as de grife. Apenas considero que elas, as bolsas de grife, não resolvem os problemas existenciais. Isto fica claro na letra da música Bolsa de Grife, cantada por Vanessa da Mata.
Afinal, não sou de grife, mas executo com mestria meu trabalho.
Que o diga minha dona!
Quanto às outras, as metafóricas, aguardo as explicações.
Tenho pra mim que ela também aguarda mais detalhes.
Afinal, parece que há um pessoal já trabalhando, numa nova Operação, para sair atrás do prejuízo causado por tais bolsas.
Bolsa de Grife – Vanessa da Mata