domingo, 7 de outubro de 2012


CHEGA DE MAQUIAGEM!

A gôndola está repleta delas. São bem vermelhas, dá vontade de comê-las. Experimenta, então, fazer isso. Dá uma dentada! O cheiro de veneno que exala, meus caros, desestimula qualquer um de comer tais maçãs.

Com certeza, estão mais para a maçã da bruxa malvada, aquela da Branca de Neve, do que outra coisa. Pois a linda menina, quando presenteada com aquela maçã tão vermelhinha, entregue pela madrasta, disfarçada de camponesa, não resistiu. E comeu a maçã envenenada. Na realidade, comeu uma parte da maçã e, não resistindo, caiu no chão, aparentemente morta. Na verdade, ela não tinha morrido, porque não havia engolido o pedaço envenenado. Estava esse trancado na garganta. E o tão conhecido conto dos irmãos Grimm, Jakob e Wilhelm, deu uma guinada quando, já colocada no esquife, os servos, que a levavam nos ombros, tropeçaram numa raiz e com a sacudidela o pedaço de maçã envenenada saltou de sua garganta. E ela renasceu nos braços do príncipe que por ela se apaixonara.

E olha que a madrasta malvada, uma verdadeira bruxa, preparara aquela maçã de tal maneira, com tal esmero, tornando-a tão vermelha e apetitosa, que dera água na boca da Branca de Neve. Só que a bela fruta fora envenenada previamente.

Pois, as nossas maçãs são igualmente preparadas, maquiadas para encherem nossos olhos com sua beleza e seu frescor. Quanto ao gosto e ao cheiro, pensando bem, isso são detalhes. Não vamos, com certeza, cair fulminados. Só o tempo de consumo poderá revelar o malefício que possam causar. Mas e daí? Quem se importa com a saúde do outro?

E isso é uma constatação que vale para quase todas as frutas. E estamos aqui a falar apenas das frutas. Cada uma mais linda do que a outra. E vêm dos mais distantes lugares do Planeta até a nossa mesa. E as que são cultivadas por aqui também apresentam as mesmas características comprometedoras. São todas maquiadas, sofrendo um processo que as deixam lindas. Um autêntico banho de maquiagem para que todas pareçam belas e todos nós sejamos enganados com tal formosura.

Dessa maneira, podemos consumi-las ao longo de todo o ano. A sazonalidade é coisa do passado. Para tanto, o uso de agrotóxicos, em vários países do mundo, é totalmente liberado, não havendo qualquer restrição. Por aqui, essa restrição a algumas espécies de agrotóxicos parece que ainda persiste. E isso é um verdadeiro incômodo para quem não está nem aí para a saúde da coletividade.

Vez por outra, afloram ideias de que se deva fazer uso dos tais agrotóxicos, por aqui proibidos. Haja vista o Projeto de Lei, engavetado por ora, que flexibilizava o uso de agrotóxicos no Rio Grande do Sul. Tudo sob o argumento de que a legislação do nosso Estado, mais rígida, torna os agricultores gaúchos menos competitivos em relação aos demais agricultores de outros Estados da Federação. O Projeto de Lei nº 78/2012, de autoria do Deputado Estadual Ronaldo Santini, previa a alteração da Lei Estadual nº 7747/82 que proíbe o uso, em território gaúcho, de agrotóxicos que já são proibidos em seu país de origem. Graças à atuação do Ministério Público Estadual, de entidades ambientalistas e de movimentos sociais, não prosperou a tramitação desse projeto de lei. Tramita, porém, na Assembleia Legislativa outro projeto de lei, o PL nº 20/2012, que trata sobre o mesmo tema dos Agrotóxicos.

A sociedade gaúcha, porém, parece estar acordando para um problema tão sério como esse. Na verdade, já bastam aqueles permitidos pela legislação estadual. E já são esses que estão a transformar maçãs apetitosas em verdadeiras maçãs da bruxa. Querer mais do que já se usa por aqui, é correr o risco de ser envenenado na primeira dentada e não, pelo menos, ao longo de trinta, quarenta anos. O que já faz alguma diferença!

Mas é isso que queremos para nós e para os nossos filhos e netos?

O que deveria prosperar seria a ideia de que se podem ter plantações sadias manejando o solo adequadamente, usando-se adubos orgânicos, restringindo-se o desmatamento, para que os predadores naturais façam parte do serviço necessário no combate às pragas. Por conseguinte, respeitando-se a cadeia alimentar de animais e plantas. Outro aspecto a considerar é o controle biológico no combate às doenças em plantas, o que é algo incipiente ainda no país. Há notícias, porém, de que esse será, modernamente, o principal mecanismo a se instalar, tornando-se uma alternativa saudável no enfrentamento dessa questão. E isso, sim, nada tem a ver com agrotóxicos.

A sociedade do nosso Estado, portanto, deve estar atenta quanto ao uso de agrotóxicos em nossas lavouras o que, comprovadamente, traz malefícios à saúde de agricultores e consumidores. Segundo informações do criador e organizador do site Feira da Cultura Ecológica, Senhor Anselmo, em Porto Alegre encontra-se a mais antiga feira do Brasil, em pleno funcionamento desde a sua criação, que somente vende produtos orgânicos. Seu início data de 1989 e funciona, aos sábados, na Rua José Bonifácio, Bairro Fim. Posteriormente, em 1993, instalou-se, no antigo Parque de Exposições do Menino Deus, a denominada Feira da Cultura Ecológica que atende aos sábados e às quartas-feiras. Existe outra no Bairro Tristeza que, também, oferece produtos orgânicos. Cabe à população buscar os demais locais onde existam tais feiras na nossa cidade.

E o que se percebe é que tais feiras são visitadas por um número cada vez maior de consumidores. E não poderia ser diferente. A tendência é que aumentem, pois a comprometida qualidade de frutas, verduras e grãos, presentes no mercado atual, com altíssimo teor de agrotóxicos, produtos, portanto, inadequados para o consumo humano, é cada vez mais flagrante. Frutas com aspecto saudável, mas sem gosto (e, quando o tem, é de veneno), sem o aroma característico. Quando cortadas, sobressai o cheiro de veneno e, às vezes, o próprio gosto está dele impregnado.

Saudemos, portanto, as iniciativas que visam difundir uma agricultura sustentável e o mais possível isenta de venenos. Que proliferem tais feiras e que se fiscalizem aqueles que, porventura, venham a infringir as regras de uma agricultura saudável.

Parabéns aos agricultores que labutam nessa esteira, bem como aos sites que divulgam tais produtores e o local de comercialização de seus produtos.

Às bruxas espalhadas e ao seu arsenal de maldades (leia-se venenos), reiteramos o nosso repúdio.

Oh, Deus! Livre-nos de tanta maldade!




Agora, quanto à eleição que transcorre hoje, tomara que consigamos não nos iludir com a maquiagem que apresenta um simpático sorriso, um aperto de mão, um abraço para a foto do jornal, ou um colo para uma criança ranhenta, que sobrevive nos brejos da vila.

Oh, Deus! Livre-nos de tanta falsidade!

Quer dizer, de tanta maquiagem!
  





OBS: NÃO DEIXEM DE ASSISTIR AOS DOIS VÍDEOS QUE ABREM A SELEÇÃO DO MATERIAL ACERCA DO ASSUNTO. SEUS CONTEÚDOS SÃO DE EXTREMA IMPORTÂNCIA PARA O ENTENDIMENTO DAS QUESTÕES RELATIVAS AOS ALIMENTOS QUE ESTAMOS CONSUMINDO.







O veneno está na mesa (completo)






El mundo según Monsanto



Coluna do Leitor (p.2) – depoimento – Zero Hora de 06/10/12
 
Coluna do Leitor (p.2) – depoimento – Zero Hora de 20/10/12



INFORMAÇÕES SOBRE LOCAIS DE COMERCIALIZAÇÃO DE PRODUTOS ORGÂNICOS


João Chagas Leite – Cria Enjeitada


quinta-feira, 20 de setembro de 2012










ENCILHANDO...

Gira, para e retorna o giro, freneticamente. Para um lado, para o outro, para frente, para trás, rodopiando em direção ao golo. Por vezes, até cai. Mas, num piscar de olhos, já está de volta, na posição que o mantém dono da situação. É quase inacreditável vê-los, todos, em seus corcéis mecânicos, a buscar o objetivo último: a marcação de um golo. São muito bons no que fazem. São os times de cadeirantes que jogam basquete e o futebol 7. Não interessam os motivos pelos quais se tornaram cadeirantes. O que a nós interessa apreciar são as suas habilidades como atletas de nível olímpico. São mais do que cadeirantes. São ginetes competentes no uso de suas cadeiras de rodas. Aventuram-se, encilhados, em giros e mais giros, buscando, num campo restrito, o objetivo maior: um golo marcado para a sua equipe. A extensão de seus corpos lhes ajuda a vencer desafios. Ela é, na verdade, uma amiga sempre pronta a lhes carregar. Tanto faz que seja nesses pequenos campos, onde buscam a excelência no desempenho, quanto pela vida afora. Uma caminhada em campo descoberto e cheio de desafios.
 
A apresentação de um cavalo de ferro, mecânico, na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Paraolímpicos, bem como a profusão de alegorias em metal e ferro, remete-nos, provavelmente, salvo outras interpretações, a uma caracterização da dureza, da obstinação e dos desafios que tais atletas devem enfrentar e vencer a cada dia em suas vidas. Com certeza, eles foram a expressão da capacidade e do enfrentamento que os movem.

Saudemos, aqui, a todos os atletas paraolímpicos, nas mais diversas modalidades apresentadas. Em especial, aos nossos medalhistas. Foi um belo espetáculo que apresentaram. Deixaram um exemplo a ser seguido e a marca da presença de um Brasil mais competitivo.
 

Agora, aqui pelos pagos, a cada 20 de setembro, encilhamos nossas tradições, para que não se percam por aí. Muito mais que nossas cavalgadas, muito mais que a figura do cavalo e seu ginete, estão o amor pelo nosso chão, pelas nossas raízes, pela nossa cultura, pelo nosso povo.

Continuemos nossa jornada encilhando sonhos, num trote largo ou num trotezito, quando assim for conveniente.
 

Eu, por ora, continuo encilhando o mate. E isso já exige certa competência. 






 Paraolimpíadas 2012 – Delegação do Brasil faz festa






 Detalhando – Encilha do Cavalo






 Cavalo Crioulo – Luiz Carlos Borges e Mauro Ferreira 
  



 Grupo Mirim Alma de Vaneira
















 

terça-feira, 28 de agosto de 2012

 
 
CAMINHEMOS TODOS JUNTOS

Como prender as lágrimas quando a emoção aflora em ritmo desordenado, acelerado, a coroar um momento tão esperado?

Diante da importância da conquista de um tão cobiçado prêmio, por ganhadores tão especiais, não se poderia esperar outra coisa senão o extravasamento das emoções. Após quatro anos de esforços dedicados a ensaios, obtiveram o merecido prêmio que deixou os três protagonistas, diretor e todo o staff profundamente emocionados. Três meses de filmagens tornou concreto o desejo de Marcelo Galvão, diretor do filme Colegas, de transmitir alegria a todos que venham a assisti-lo. Aquela mesma alegria que se revelou a ele, em sua infância, através de um tio, portador da Síndrome de Down, com quem conviveu.

Pois esses três protagonistas principais do filme Colegas são portadores da Síndrome de Down. Ao que se sabe, foram sessenta jovens que atuaram no filme: todos com a mesma síndrome. Levaram o Kikito de melhor filme nacional e ainda um prêmio especial do júri aos três protagonistas: Ariel Goldenberg, Breno Viola e Rita Pokk.

O 40º Festival de Cinema de Gramado ficará marcado pela inclusão, na sua galeria de atores/atrizes, de três jovens que demonstraram capacidade de superação, que os faz mais especiais ainda.

E esse bom desempenho, movido a muito esforço, dá-se, atualmente, em todas as atividades. Estamos aqui a tratar de uma deficiência intelectual, cognitiva. Porém, mesmo assim, passível de transformação, dentro de certos limites. O interessante é que parece que os limites estão se alongando, ou que, pelo menos, muitos indivíduos têm ultrapassado esses limites, antes tão restritos. Hoje, é possível vê-los empregados, namorando, alguns já casados e por aí afora. É de fundamental importância explorar, desde bebê, as potencialidades que cada um deles apresenta. Isso contribuirá para o desenvolvimento muito próprio de cada um.

Quando se fala de esportes, os avanços também são visíveis. Tem portador dessa síndrome que, com o auxílio de um professor, vem praticando surfe já há algum tempo.

A propósito desse tema, lembremos que se realizou, há pouco, a XVIII Semana Estadual da Pessoa com Deficiência, de 21 a 28 de agosto desse ano.

A Fundação de Esporte e Lazer do Rio Grande do Sul, FUNDERGS, órgão da Secretaria Estadual do Esporte e do Lazer, elaborou uma extensa programação durante esse período. Tivemos, de 24 a 26 de agosto, a 2ª edição dos Jogos Abertos Paradesportivos do Rio Grande do Sul, PARAJIRGS, e o 1º Campeonato Estudantil Paraesportivo do Rio Grande do Sul, PARACERGS.

Nas modalidades de Atletismo, Natação, Futebol de Cinco, Goalball, Tênis de Mesa, Bocha, Judô, Basquete em Cadeira de Rodas e Esgrima em Cadeira de Rodas, nas categorias A, B e C, conforme a idade, observou-se a participação expressiva de 544 participantes (paratletas, técnicos e staff), 42 instituições e 26 municípios do Rio Grande do Sul. É considerado o maior evento paradesportivo do nosso Estado. Nele participaram deficientes físicos, visuais e intelectuais ou cognitivos, bem como alguns portadores da Síndrome de Down.

Quem acompanhou a participação dos atletas durante as competições e a posterior premiação dos melhores, com as respectivas medalhas sendo recebidas, pôde ver a alegria estampada em rostos guerreiros, destemidos, arrojados. Verdadeiros vencedores, sobretudo, é o título que devem ostentar.

Quanto a nós? Devemos tê-los como exemplos.

E que mantenham a alegria e a perseverança com que enfrentam os desafios. Esse enfrentamento é o primeiro passo para a conquista do almejado, mesmo que pareça um sonho. Pois, a grandeza para todos nós, com certeza, está nos desafios do caminho. E sonhar também faz parte da trajetória.

Apesar das diferenças, caminhemos todos juntos.






Jornal Zero Hora de 20/08/12 – FINAL FELIZ EM GRAMADO
 
Globo News – Colegas - parte 1
 
Globo News – Colegas - parte 2
 
Globo News – Colegas - parte 3
 
 
 
Vídeo de Ivo Dias – E Daí? Reggae da Inclusão






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Comentário recebido via e-mail:

Prezada Sônia,

Na ocasião anterior, acredito que a Prof. Eneida tenha retornado seu contato, porém, por alguma falha no servidor ou erro na digitação do endereço eletrônico, o e-mail não chegou até a senhora.
 Contudo, em nome da Presidente Renita, subscrevo suas palavras em agradecimento à atenção e ao carinho que a senhora demonstra em registrar os seus cumprimentos a esta Fundação pela realização dos eventos referentes a XVIII Semana Estadual da Pessoa com Deficiência.
Para a FUNDERGS, é um grande orgulho poder contribuir para o desenvolvimento do esporte sem fronteiras e para a valorização e respeito à pessoa portadora de deficiência que, dentro do universo esportivo, se percebe capaz e livre de limitações, fortalecendo assim sua autoestima e confiança.
Agradecemos muitíssimo pelo reconhecimento e publicidade em seu blog sobre este importante evento.


Cordialmente,
Silvana Ojeda (Secretária da Presidência), em nome da Diretora-Presidente da FUNDERGS, Renita Dametto.