Mostrando postagens com marcador tradição. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador tradição. Mostrar todas as postagens

segunda-feira, 29 de abril de 2013

VERDE QUE TE QUERO VERDE, “BEM VERDINHO”

Não importa muito a hora, nem o lugar. Sempre é hora pra quem curte esse fiel companheiro. Aquele parceiro que não tem ciúme se você o desfruta com outrem ou, se na roda, ele passa de mão em mão. E você, sendo o primeiro a senti-lo, não se importa de dividi-lo com tantos outros que, porventura, forem se achegando. Em cada sorvo, um momento de reflexão, uma conversa consigo próprio. E, quando um ronco se ouvir, um novo momento já estará a surgir. Reflexões e pensamentos escorrerão conversa afora, quando outro companheiro estiver sorvendo pela biqueira, na mesma bomba, a mesma seiva verde, bem verdinha.
 
Hábito agregador, a roda do chimarrão escancara palavras, pensamentos, amores, causos. É terapia entre aqueles que se dispõem a usufruí-lo com sabedoria. Sem, é claro, os inconvenientes dos que se atiram ao álcool ou, quem sabe, ao facebook. Um, pela dependência física que pode gerar, quando usado em excesso. O que, não raras vezes, acaba acontecendo ao longo dos anos. O outro, pela exposição ao mundo, ao coletivo, e não ao pequeno grupo, geralmente constante e amigo.
 
Agora, é também excelente terapia para aqueles gaúchos que andam mais extraviados que filhos de perdiz, ou aquele que anda extraviado “das ideias”. Nada como um bom mate pra “sentar as ideias”. É um companheiro fiel para as horas de solidão. É terapia barata e que dá bom resultado.

A sessão terapêutica já começa no preparo do mate. Escolhidos os avios (cuia, bomba, erva mate bem verdinha) pelo vivente, dá-se início ao ritual. Essa etapa já vai preparando o espírito para o que vem a seguir. Não vamos aqui ensinar como fazer um mate, nem como encilhá-lo, o que demanda certa habilidade. Para isso, acesse o material que segue abaixo.

Hoje, o que nos interessa é relembrar o dia 24 de abril como o Dia do Chimarrão.

Homenageá-lo, cultuá-lo como uma tradição nossa, que permanece até os dias atuais com reconhecida importância.
 
Tenho para mim que são, justamente, os momentos de reflexão que ele proporciona que o mantém tão vivo, tomado em grupo ou solitariamente.
 
É uma espécie de amigo de todas as horas.
 
Pasmem! Inclusive no momento de um assalto estava ele lá, presente. Uma cuia cheia de chimarrão foi arremessada sobre um assaltante. Esse ato forneceu os segundos necessários a que a vítima, um caminhoneiro que descansava no interior do veículo, tomando um mate “amigo”, gritasse por socorro. Acudido por outros colegas caminhoneiros, que estavam próximos, safou-se do assalto e, quem sabe, de ser morto. O bandido, assustado, fugiu sem levar nada. 



Parafraseando o verso VERDE QUE TE QUERO VERDE, do célebre poema Romance Sonâmbulo, da obra Romancero Gitano (1924-1927), do poeta espanhol Federico García Lorca, para VERDE QUE TE QUERO VERDE, "BEM VERDINHO", adotamos, esse último, como título dessa despretensiosa crônica.

Nesse famoso poema, o tempo é figura que subjaz ao fazer poético. Observa-se a importância do tempo na vida do indivíduo: sua inexorabilidade.

Com García Lorca, o tempo se sucede em formas, imagens, sensações, que deságuam com o fim da amada e com o seu próprio, trágico e precoce.

Com esse nosso matear dos pampas, também o tempo, mais ameno nesse caso, fornece o lapso necessário para pôr as ideias em ordem, para refletir sobre o tempo de cada um; para pensar sobre o viver, o amar, o sonhar, solidificando laços, renovando-se. E, inclusive, ter em mãos o próprio tempo, o tempo necessário para revidar a agressão a que estava submetida a vítima de mais um assalto.


Meus caros!

É sempre tempo de matear!
 
Revigora o corpo e a mente.
 
Apascenta a alma.

Até percebe-se melhor o tempo passar.

E, quem sabe, até nos faça voar pra longe do tempo presente, levados pela aparente presença do nada.




 
 
 
 
 
Seiva de Vida e Paz – João Chagas Leite
 
 
Roda de Chimarrão e Nós – Osvaldir e Carlos Magrão
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 12 de abril de 2013











SIM, TUDO CERTO...

Foquemos as imagens que seguem:
 

Luana, seu nome verdadeiro, 28 anos, de cor preta, mãe de quatro filhos, atirada no meio-fio da calçada, na Avenida Getúlio Vargas, no bairro de nome de santo;

Pelé, apelido, de cor preta, aparentando 30 anos, atirado na calçada de outra rua do mesmo bairro;

Paulinho, nome fictício, 15 anos, deitado na calçada, sob uma marquise, em outra rua do mesmo bairro;

Beatriz, indiazinha de 14 anos, com um nenê no colo, seu filho, sentada na calçada da Rua José Bonifácio, pedindo esmolas. Junto a ela, mais uma criança de 3 anos, filha de uma outra jovem índia de 17 anos;

As quatro cenas registram o que o nosso olhar, teimosamente, finge não enxergar. Aparentemente, pelo simples fato de que não nos afeta o bolso, nem o nosso direito de ir e vir. Poluímos o olhar, é verdade. Mas desviamos daquele incômodo e vamos em frente.

Por acreditar que essa situação de abandono não nos diz respeito, ignoramos seus protagonistas. Mas eles se avolumam dia a dia.

O que nos cerca é assombroso. Corpos imundos, atirados, sobre calçadas também, muitas vezes, sujas. Varrer as calçadas: não é o bastante. Há que se dar um destino correto ao “chamado lixo”. Há que se reciclar a ambos. Um, pela destinação correta dos resíduos. Outro, por políticas públicas adequadas à faixa etária de quem lá se encontra jogado. Casas de Passagem, Albergues, Instituições Públicas que ofereçam Educação Formal, Educação Profissionalizante, encaminhamento para empregos: são alguns caminhos possíveis para tentar reverter esse quadro. Paralelamente a isso, a desintoxicação daqueles já dependentes químicos. Investimento nas crianças, filhos desses moradores das calçadas, para que essa prole não venha a se somar aos que já se encontram nessa situação trágica.

Essa será uma conta que teremos que pagar pelo não enfrentamento da questão.
 

Continuando nessa caminhada do assombro, encontramos as seguintes cenas:

Marcos chegou feliz em casa. Comprara um ventilador de teto. Marisa, sua mulher, preparava a janta na nova cozinha, que ainda estava por completar a mobília. Não entendia ela como poderia fixar a pia, definitivamente, no lugar previsto sem furar a parede para colocação dos canos. A construtora avisara que não poderiam furar paredes. Em todo o caso, Marcos dissera que ia dar um jeito. O barulho da furadeira já se ouvia da cozinha. Era Marcos furando o teto para fixar o ventilador.

De repente, batidas na porta de entrada fizeram Marisa ir atender a quem batia. Era a vizinha do apartamento de cima que, com olhos arregalados, vinha anunciar que acabara de quase ver atingido seu pé esquerdo pela ponteira de uma furadeira.

E o barulho viera debaixo. Pode me explicar o que está acontecendo?

Marcos, já sentado no sofá da sala, entre surpreso, apavorado e indignado, gritou de lá: furei a sala da vizinha.

Ah! Minha Casa, Minha Vida!

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

Agora, queridos leitores, decidi:

- Para não ficar muito cansativo vou agora ensinar a fazer um belo miojo.

Não! Desisti. Não sou muito chegada a esse tipo de comida.

Deixo isso para o nosso candidato ao exame do ENEM.

Poderia, quem sabe, descrever as façanhas do Tricolor (Até a pé nós iremos...) ou do nosso Inter (Glória do desporto nacional...).

Também disso desisto.

Vou deixar essas duas pérolas para o outro candidato ao exame do ENEM, aquele torcedor do Palmeiras.

Pergunta-se:

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

Pois, mesmo fardada, uma policial militar foi assaltada em frente ao prédio da Secretaria Estadual de Segurança, no horário das 18h30min, tendo o ladrão roubado o revólver calibre38, que a policial portava.

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

Levantamento revela que 101 postos de combustíveis da Capital foram assaltados no período de 1º de janeiro de 2013 a 04 de abril desse ano, conforme estatística da Brigada Militar.

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

E Vladimir Dias, pai de Luiz Marcelo, chora a morte do filho por falta de atendimento adequado a quem estava em estado de emergência, lutando pela vida, apresentando um quadro gravíssimo, com dores lancinantes. As emergências de todos os hospitais procurados não o acolheram como determina a sua condição de cidadão. É o caos da superlotação. (matéria publicada em Zero Hora de 10 de abril de 2013)

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

E o que fará a Professora Rosinha com aqueles seus seis alunos que não venceram todos os conteúdos da série anterior, mas já cursando a série seguinte? Lá estão juntos com todos aqueles outros, que foram aprovados, mas que por suas individualidades, aprendem, também, em ritmos diferentes e, portanto, exigem da Professora Rosinha um atendimento diferenciado. Terá, então, ela que prestar esse atendimento, diferenciado, ministrando os novos conteúdos compatíveis à série, aos alunos que foram aprovados. Correto? Aos seis alunos, que não venceram todos os conteúdos da série anterior, deverá a Professora Rosinha prestar atendimento individualizado, objetivando a que atinjam o resultado deles desejado, à época, quando cursavam aquela série. Acrescido esse atendimento individualizado a outro, também individualizado, onde ministrará conteúdos da nova série. Claro está que esses alunos sentirão mais dificuldades do que os que venceram anteriormente tais conteúdos. Complicado? Por demais.

Tentando esquematizar, para melhor entendimento:


Aluno A (aprovado na série anterior)

Conteúdo: novo (série atual)

Atendimento: constante

Aluno B (parcialmente aprovado na série anterior)

Conteúdo: novo (série atual), acrescido do antigo (da série anterior)

Atendimento: constante e personalizado (quanto aos conteúdos da série anterior, bem como quanto aos conteúdos da série atual).

OBS: A dificuldade, nesse caso, quanto aos conteúdos da série atual será maior, pois esses seis alunos não terão como base os conteúdos da série anterior.

E a Professora Rosinha? E seus trinta e tantos alunos? Sem comentários.

A Professora Rosinha precisa, com urgência, de uma colega que, pelo menos, lhe ajude a atender esses seis alunos. Quem sabe, um atendimento em horário inverso ao das aulas?

Caso contrário, todos sairão prejudicados, porque ninguém será bem atendido.

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...
 

E para não se dizer que não se falou dos gaúchos e sua cultura, até para fazer jus ao nome do blog, verifica-se a introdução de um famoso uísque nas comemorações da Semana Farroupilha de 2012. Com galpão armado, “prendas pilchadas” e uma garrafa do dito destilado em cima da mesa onde se preparava um prato, acredita-se que típico da culinária campeira. O piquete do tal destilado promoveu uma “harmonização” do conhecido uísque com o churrasco. E a nossa cachaça?

É possível isso?

Está certo isso?

Sim, tudo certo...

Mas bah!

Que cansaço!

A essa última cena os patrões dos diversos CTGs e o próprio Movimento Tradicionalista Gaúcho, todos esses organismos voltados às tradições gaúchas têm de estar atentos, para que não se desvirtuem os verdadeiros valores da cultura gaúcha e de seu povo.  
 

Quanto às cenas anteriores, cabe lembrar que nós, sul-rio-grandenses e brasileiros que somos, pagamos a maior carga tributária do planeta e, portanto, cabe aos governos constituídos resolverem as questões acima referidas. Essas são, fundamentalmente, questões de Estado nas esferas federal, estadual e municipal, e não de governo.
 

Assim, diferentemente da música Dois e Dois, de Caetano Veloso, que era um grito camuflado contra a opressão, existente à época da sua criação, esse grito hoje é para que se alertem todos que, ainda, temos a liberdade para modificar os quadros apresentados. O problema é agirmos com relativa rapidez, ordem, ética e honestidade. Precisamos, com urgência, da tão desejável e necessária integridade moral.

Por ora, cabe apenas completar a última frase do mote:

SIM, TUDO CERTO... COMO DOIS E DOIS SÃO CINCO.




Caetano Veloso – Como dois e dois

quinta-feira, 20 de setembro de 2012










ENCILHANDO...

Gira, para e retorna o giro, freneticamente. Para um lado, para o outro, para frente, para trás, rodopiando em direção ao golo. Por vezes, até cai. Mas, num piscar de olhos, já está de volta, na posição que o mantém dono da situação. É quase inacreditável vê-los, todos, em seus corcéis mecânicos, a buscar o objetivo último: a marcação de um golo. São muito bons no que fazem. São os times de cadeirantes que jogam basquete e o futebol 7. Não interessam os motivos pelos quais se tornaram cadeirantes. O que a nós interessa apreciar são as suas habilidades como atletas de nível olímpico. São mais do que cadeirantes. São ginetes competentes no uso de suas cadeiras de rodas. Aventuram-se, encilhados, em giros e mais giros, buscando, num campo restrito, o objetivo maior: um golo marcado para a sua equipe. A extensão de seus corpos lhes ajuda a vencer desafios. Ela é, na verdade, uma amiga sempre pronta a lhes carregar. Tanto faz que seja nesses pequenos campos, onde buscam a excelência no desempenho, quanto pela vida afora. Uma caminhada em campo descoberto e cheio de desafios.
 
A apresentação de um cavalo de ferro, mecânico, na Cerimônia de Encerramento dos Jogos Paraolímpicos, bem como a profusão de alegorias em metal e ferro, remete-nos, provavelmente, salvo outras interpretações, a uma caracterização da dureza, da obstinação e dos desafios que tais atletas devem enfrentar e vencer a cada dia em suas vidas. Com certeza, eles foram a expressão da capacidade e do enfrentamento que os movem.

Saudemos, aqui, a todos os atletas paraolímpicos, nas mais diversas modalidades apresentadas. Em especial, aos nossos medalhistas. Foi um belo espetáculo que apresentaram. Deixaram um exemplo a ser seguido e a marca da presença de um Brasil mais competitivo.
 

Agora, aqui pelos pagos, a cada 20 de setembro, encilhamos nossas tradições, para que não se percam por aí. Muito mais que nossas cavalgadas, muito mais que a figura do cavalo e seu ginete, estão o amor pelo nosso chão, pelas nossas raízes, pela nossa cultura, pelo nosso povo.

Continuemos nossa jornada encilhando sonhos, num trote largo ou num trotezito, quando assim for conveniente.
 

Eu, por ora, continuo encilhando o mate. E isso já exige certa competência. 






 Paraolimpíadas 2012 – Delegação do Brasil faz festa






 Detalhando – Encilha do Cavalo






 Cavalo Crioulo – Luiz Carlos Borges e Mauro Ferreira 
  



 Grupo Mirim Alma de Vaneira