terça-feira, 14 de dezembro de 2021

BUSQUEMOS O BELO



O céu nos cobre sem limitações. Um céu azul ou cinzento. À noite, um céu iluminado ou ameaçadoramente escuro. Nossos olhos repousam nessas imagens.

Das janelas, dos jardins ou dos parques buscamos com o olhar respostas para os momentos do nosso cotidiano.

Nosso convívio, infelizmente, com o pulsar dos dias e noites está cada vez mais restrito.

O sol, que adentra a sacada, vê-se dividido em pequenos triângulos que cobrem nossas janelas.

Elas, as conhecidas grades, são um péssimo adorno que encobrem as belas cortinas que enfeitam o lugar onde nos debruçávamos para apreciar o livre voejar dos pássaros.

Como poderemos interagir com o bem-te-vi que vinha nos visitar todas as manhãs?

Ele ainda vem, mas não mais nos encontra. Estamos enclausurados.

À noite, nosso olhar vislumbra, entre grades, nossa companheira de momentos idílicos e marcantes em nossa caminhada. Ela, a Lua, que tinha acesso fácil a nossas moradas, hoje, igualmente, é vista sem o romantismo de que sempre foi cercada e sua plenitude é buscada pelo nosso olhar entre as grades que nos cercam.

E as estrelas?

Essas, mais ainda, não nos chegam em sua plenitude, pois nosso espaço visual diminuiu. Elas, as grades, dificultam nosso deleite com tantos pontos iluminados que nos chegam do céu.

Serão as grades a herança que deixaremos a nossos filhos? A confiança, o respeito, a punição efetiva a tantos transgressores voltarão algum dia?

Considerando-se o que vem acontecendo pelo planeta, outro fator a nos impedir de apresentar nossa imagem real, a quem conosco interage, é termos licença de somente mostrarmos os olhos.

Com as grades, os olhos buscam espaços por onde possam acompanhar os movimentos que acontecem nos céus.

Agora, com as máscaras nossa fala vê-se tolhida. E o aroma da flor, entregue pelo galanteador, perdeu-se pelo ar.

O que mais de nós será tirado?

Acredito que o medo seja o resultado dessas imposições.

Estamos cercados pelo medo.

É difícil, portanto, reagir a este estado de coisas.

Se o objetivo era este, está sendo alcançado.

Se a real compreensão e o raciocínio, porém, permanecerem, acredito que possamos reagir.

A impunidade em todos os segmentos da sociedade e sob as mais diversas roupagens e esferas tem que ser combatida.

Abramos as janelas para o nosso cotidiano, sintamos o aroma das flores, ouçamos o canto dos passarinhos e a voz, plenamente audível, do nosso interlocutor.

Olhemos para o outro como um irmão que, como nós, é um sobrevivente do caos que, por ora, nos influencia.

Por aqui, espero que continuemos cuidando do nosso Planeta.

Controle e vigilância sobre quem nos administra são fatores que devem ser cobrados constantemente.

Os versos do Hino Sul-Rio-Grandense, que seguem, servem de alerta:

Mostremos valor, constância

Nesta ímpia e injusta guerra...

A união de todos pode definir o sucesso da luta do bem contra o mal.

Enquanto isto, a Lua e as Estrelas aguardam que continuemos nos emocionando com suas aparições, pois o belo é o que nos acalenta e nos prepara para os embates diários.

Segue um agradecimento à Lua.
















domingo, 28 de novembro de 2021

BEM-VINDA SEJA SUA LUZ!

Sombras existem. Elas nos protegem ou até mesmo nos escondem. Despertam nossa curiosidade ou até mesmo o medo do desconhecido.

Os guarda-sóis e as frondosas árvores têm a possibilidade de nos protegerem de um sol escaldante.

Mas quem quer mergulhar nas sombras ou na escuridão?

Ela, que já foi admirada pelos amantes, sente-se rainha quando se apresenta plena de luz. Ela, definitivamente, não gosta da escuridão. Por isso, levou 580 anos para permitir que a cobrissem, mesmo que de forma parcial.

Esconder sua luz, não exibir toda sua beleza, não servir de fundo para aquele beijo roubado, é desestimulante.

Por isso, já avisou que a próxima escuridão a que se submeterá só daqui uns 500 anos.

Sua cor é a branca da pureza, não lhe interessando tornar-se avermelhada.

Confessa que gostaria de estar presente a enfeitar, todas as noites, o céu visto por seus amantes.

Existe melhor recompensa do que esta?

As noites são feitas para que ela reine plena. Este é o seu desejo e de todos aqueles que a apreciam.

No meio de tanta escuridão, construída por ações deletérias de alguns seres que circulam por este Planeta, acredita que seu papel, na dinâmica desta esfera “abençoada”, seja manter sua luz plena, se possível, todas as noites.

Não sendo isto viável, não pretende, tão cedo, deixar de espargir sua luz sempre que se oportunizar esta possibilidade.

Coberta como se sentiu, não pôde desfrutar do carinho daqueles que tanto a admiram.

Está feliz, pois soube que somente daqui mais de 600 anos, novamente, será coberta pela sombra da Terra. Soube, offline, que seus admiradores assim também pensam e, igualmente, estão felizes com esta longa espera.

Ao ver milhares de olhares que a admiram, sente-se recompensada e continuamente pronta para este convívio noturno.

Seu lugar está garantido no apreço daqueles que a admiram e cultuam os céus deste nosso Planeta, desta nossa Casa.

E uma casa tem que estar sempre iluminada. De dia, pela luz do Rei Sol. À noite, pela beleza de sua companheira: a Lua.

E nós, habitantes dessa Casa, estaremos prontos a desfrutar dessas belezas que nos mantêm firmes e fortes.

Claro, desde que nos comprometamos com os padrões necessários para termos esta nossa Casa limpa. Porque na sujeira não há luz que queira permanecer por muito tempo.

Diante da saudação de boas-vindas, a Lua, feliz, responde assim:

domingo, 7 de novembro de 2021

QUAL DELAS?



Olhos que continuam buscando imagens. Elas estão em todos os lugares.

No céu, no chão, no pátio do vizinho, na quitanda da esquina, nas ruas por onde caminhamos, em meio ao trânsito, também acontecem.

Por vezes, depositamos nosso olhar em outro olhar. Se sorrimos, talvez, o dono deste outro olhar perceba que nossos olhos ficaram levemente franzidos. Seria uma prova do gesto de sorrir. Talvez, o aceno positivo com o polegar reforce este gesto.

Por ora, ainda podemos sorrir, embora não possamos mostrar nosso sorriso enfeitando nosso rosto.

Qual o enfeite visual, corpóreo, que ainda dispomos?

Aquele enfeite, que brota das entranhas e explode iluminando nosso rosto, está proibido por ora.

Até quando?

Olha pra mim!

Quero ver aquele sorriso maroto.

Ou, quem sabe, aquele outro meio torto.

Na dúvida, não sei bem quem é este outro.

E todo o cuidado é pouco.

Mas sorria, de qualquer jeito, porque dele preciso tanto!


De qualquer maneira, ainda posso escolher qual tipo de sorriso vou entregar a quem, também, parece sorrir com os olhos.

O que será melhor?

Deixar de sorrir ou manter esta atitude que nos faz humanos?

Mesmo com ela, aquela que nos impede de mostrarmos a face por inteiro, acredito que, ao perseverar com o gesto de sorrir com os olhos, este será o caminho para que mantenhamos as emoções dos encontros fortuitos ou não.

Talvez, este comportamento, exigido por ora, revele a importância de um sorriso e o quão é benéfico para quem dá, quanto para quem recebe.

Este seria um aspecto positivo trazido por ela: a máscara.

Outros fatores positivos foram já, sobejamente, mencionados pela Ciência. Tudo isto levando-se em conta que sejam verdadeiros os estudos até agora realizados.

Ao que parece há nomes expressivos nesta área comprometidos com a erradicação deste vírus que, por ora, ainda assola populações pelo mundo afora.

Por mais algum tempo ainda teremos que adotá-la como salvaguarda de nossa saúde. Pelo menos, a física.

Há, porém, uma outra, de mesmo nome, que sempre existiu e continua existindo. E faz parte de alguns seres humanos.

E, com certeza, é perigosíssima. Não se mostra, não a vemos. Esta, sim, é bastante deletéria.

Um sorriso estampado, num belo rosto, pode contê-la.

Contra ela não há vacina ou qualquer espécie de remédio.

Estamos todos nós à mercê de possíveis contatos com ela: travestida de amigo(a).

É a máscara da inveja, da desfaçatez, da dissimulação, da desonestidade.

Acredito que seja fácil escolher qual a pior.

Tenho a convicção de que esta última é a pior.

A primeira foi criada para nossa proteção e tem um tempo para sua extinção.

A segunda faz parte de alguns seres humanos. Seu tempo de extinção acompanha o do seu possuidor.

A esperança é de que nós, seres humanos, ao longo do tempo, evoluamos no sentido de que se estabeleça o bem comum como meta. Dessa forma, sairemos evoluídos o bastante para seguirmos em frente, buscando o melhor para si e para o semelhante.

Todos sem aquela máscara: a escondida.