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sábado, 23 de outubro de 2021

ACORDEMOS...


Olhos que acompanham o movimento das nuvens. O silêncio como companhia. É noite. A Lua, teimosamente, apresenta-se gigante, impondo-se como rainha absoluta no cenário visto por aquela garotinha.

Ela, a Lua, sempre teve uma presença constante, uma curiosidade permanente e um repositório de imagens para aquela que, do seu pátio, construía figuras e cenas musicais.

A garotinha estudava música. Talvez, por isso, enxergava naquela esfera gigante, sempre quando estava cheia, uma orquestra com vários instrumentos e cenas musicais.

Na sua criativa mente, imaginava ouvir melodias. Não via os instrumentistas. Bastava a ela o som que recebia como mensagem daquela que tanto admirava.

Esta Lua foi sua companheira por muito tempo. Participou de importantes momentos em sua caminhada.

Quando se apresentava com seu formato minguado era porque deveria estar com frio. Era o que a garotinha pensava. Ela nem sabia o que significava a expressão minguante e, muito menos, crescente. Se estivesse crescendo, talvez representasse o tempo necessário para vestir-se, ou porque estivera dormindo e, finalmente, acordara.

Tempos de melodias, de sons prazerosos, de um sonhar acordada, de um sentir-se crescendo embalada pela fantasia.

Com o tempo esta Lua foi adquirindo uma importância e cumplicidade notáveis.

Seria testemunha, em diversos momentos, de encontros amorosos. Passava ela a ser mais observadora do que observada.

A sua admiradora, não mais uma garotinha, vez por outra, a espiava com o canto dos olhos. Às vezes, ao ser flagrada em uma cena mais “caliente”, percebia uma Lua mais “distante”, mas era apenas impressão.

É o que demonstra o poema que segue.



Portanto, sendo amigas de longa data, o constrangimento que, por vezes, podia acontecer era rapidamente absorvido pela outrora garotinha.

Hoje, a bela companheira continua linda e, ainda, admirada por aquilo que fez história entre as duas. E uma história que não se apaga, pois nós, humanos, temos a capacidade de lembrar dos bons e maus momentos. E mesmo que não esqueçamos os maus momentos, temos que superá-los, agradecendo pelas belas imagens que fizeram parte dos bons momentos.

Crescer num pátio, cercado por árvores, e ter um jardim florido é ter podido manter contato com a Natureza.

Preocupante, no momento, é perceber-se a expressiva distância da possibilidade de uma sadia criação mental, considerando-se as cenas de violência distribuídas pelos canais de televisão, pelas telas de celulares e pelo embotamento das mentes infantis em face das poucas oportunidades de se criarem belas imagens mentais.

A Lua continua lá, no mesmo lugar, linda como sempre foi.

Será que alguma criança ainda deposita seu olhar sobre ela?

Impressiona, negativamente, os adultos de hoje acompanharem a enxurrada de notícias negativas. Claro que a alienação a esses fatos é prejudicial. Ao procurarem diversão, porém, escolhem filmes e programas que retratam o cotidiano violento e as mesmas atrocidades como entretenimento.

Aos pais resta a pergunta:

Onde ficou o olhar sensível ao belo, à Natureza, às coisas tangíveis que cercam os pequenos e que podem lhes despertar imagens, que farão parte das belas lembranças, quando já adultos.

Somos um ponto no Universo.

Um ponto, porém, que carrega uma riqueza incalculável de seres dotados de uma sensibilidade que deve ser preservada, pois ela é que nos faz humanos.

Caso contrário, a barbárie poderá ser instalada.

E a Lua? Permanecerá ainda linda, porém não servindo de inspiração para nada mais, nem para ninguém. Mas aquela menininha de outrora ainda torce por ela e para que acordemos dessa inação destrutiva que nos cerca: a nós todos, humanos.

 

 

 

 

 

 

 

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sábado, 23 de novembro de 2013

GRADES INVISÍVEIS

Você é prisioneiro e nem suspeita. E o mais aterrador é exatamente isso: não se dar por conta.
Você está diuturnamente ligado. Até quando dorme, o seu entorno mantém-se conectado. Há quem diga que seus dedos, em pleno sono, são, por vezes, vistos a deslizar sobre o lençol na busca incessante da conexão. Há quem já esteja próximo do ser “autômato”, aquele descrito por George Orwell.
E o pior é que essa contínua conexão, que começa precocemente, prima pela pura diversão, pelo simples entretenimento.
Como esse ser irá adquirir cultura, aquele ingrediente que o tornará diferenciado e não apenas uma mera reprodução do coletivo de que faz parte em número, porém, não necessariamente em pensamento, em virtudes, em sensibilidade, em imaginação?
Como se pode adquirir cultura sem ler uma obra literária?
Como aguçar a sensibilidade para a música sem apreciá-la? Será que é suficiente, para tanto, ouvi-la como fundo de uma conversa pelo facebook, que, por sua vez, usa uma linguagem quase criptográfica?
Reflexão é coisa que se adquire após um tempo suficiente de amadurecimento obtido através de leituras e não em bate-papos pelo face.
Qual o futuro de um jovem que permanece sete horas em frente a uma tela, apenas divertindo-se, jogando, digitando letras desconexas que expressam sentimentos de alegria, prazer, raiva, descontentamento?
Há que ter presente a indiscutível importância da tecnologia da informação como ferramenta auxiliar do conhecimento. Nunca, porém, como base para uma sólida formação. Isso, claro, se estivermos interessados em capacitar os jovens a assumirem o papel que lhes cabe, qual seja o de transformar, para melhor, as sociedades as quais pertencem.
Agora, se esse não for o propósito, acredito que essa tecnologia poderá estar a serviço da criação de hordas de seres que absolutamente não pensariam, pois o pensar, ato que distingue o ser humano dos demais, estaria totalmente refém do inconsciente. Essa é a chamada sociedade Ingsoc, vislumbrada por Orwell em seu livro 1984, onde sistemas sofisticados, aparentemente não totalitários, poderão conduzir-nos a perdas de conquistas humanas que levaram séculos para se constituírem. Aliás, um livro escrito em 1948 e profundamente atual.
Qual de nós não pensa na linguagem da Internet ao se deparar com o vocabulário da Novilíngua?
Quem não se enxerga no duplipensar, quando vê mudanças repentinas de posições ideologicamente contrárias e que a nós passam a tornarem-se legítimas, tão legítimas que podemos adotá-las, conforme as conveniências do momento, de uma forma ou de outra?
Quem não se assusta ao ver os “Proles” de 1984 serem, hoje, uma expressiva fatia da humanidade, cujas opiniões ou a ausência delas é absolutamente indiferente para o “establishment”?
Há sempre o risco de esses usuários tornarem-se tão despreparados, tão vulneráveis à realidade que exige conhecimento, competência, espírito crítico nas escolhas, que ao abrir-se a porta dessa grade que os aprisiona, não consigam por ela escapar. Permanecendo, portanto, presos ao comodismo, a uma parca sobrevivência, pois não terão possibilidades de um pleno desenvolvimento da sua individualidade. Essa perder-se-á nos estereótipos do grupo, da turma, do coletivo massificado.
Agora, para descontrair, leia O PASSARINHO ENGAIOLADO de Rubem Alves que demonstra bem essa possibilidade de desistência da liberdade até para um animalzinho que só sabe viver voando, livre, capaz de, pelo instinto, safar-se dos perigos.
Por outro lado, Martinho da Vila traz, para compensar, uma passarinha bem mais corajosa que sai em busca de companheiro e que não deixaria, com certeza, as pimentinhas do conto de Rubem Alves intactas. Acompanhe a letra do samba GAIOLAS ABERTAS na voz de um de seus autores. O outro é João Donato. Bom divertimento!
Ah! Não se esqueça de conviver mais, conversar mais, ouvir mais, enxergar mais. Tudo ao vivo e em cores.
E, por favor, desligue o tablet na hora do almoço!









Martinho da Vila – Gaiolas Abertas





terça-feira, 1 de outubro de 2013

PODEROSOS! ALGUÉM DUVIDA?



Adivinhem o que faz, todos os sábados e alguns domingos, aquela senhora de 75 anos, magrinha, diminuta na altura, com um pouquinho menos que 1m50cm, mãe de quatro filhos, uma simpatia de pessoa, com uma boa audição e que nem óculos usa (pelo menos para longe, constato eu), pois enxerga muito bem?
Ela dança! Não pensem que é uma valsinha lenta ou tal e coisa. Não! São vaneiras, chamamés, rancheiras, xotes e por aí... E isso desde as 15 horas até às 17 horas, com um intervalo de uns 15 ou 20 minutos, no máximo, para um lanchinho. E depois?
Pois o baile estende-se até aproximadamente às 18 horas e 15 minutos.
Fazendo par com ela, eventualmente, um cidadão, de mesma idade, que costuma assustar as suas parceiras de dança, tamanha a rapidez com que avança sobre o tablado, rodopiando em toda a extensão do salão. Vitalidade é o que não lhe falta.
Também presença constante, um outro cidadão, ao que parece de igual idade ou um pouco mais, de estatura baixa, magro e, igualmente, com fôlego de fazer inveja a muito jovem, pelo menos quando dança.
E há outros tantos, homens e mulheres, a que assisti, quando lá estive, para justamente ver “in loco” o que esses jovens de ontem fazem no CTG 35, todas as tardes de sábado.
E é de deixar qualquer um entusiasmado. Todos os participantes apresentam idade acima de 60 anos e a grande maioria comparece pilchada, como manda a tradição.
E não pensem, já que referimos dois exemplos de pessoas magras, que são todos assim. Há os mais gordinhos e que nem por isso deixam de dançar, demonstrando grande vitalidade e desenvoltura.
Com certeza, estamos hoje muito melhores em aptidão física do que estávamos há séculos atrás.
A propósito, lembrei-me de outra senhorinha que, aos 75 anos, resolveu vender seu apartamento, num edifício já antigo, simplesmente porque queria ir morar em um novo, recém-construído. Instalou-se lá com móveis novos e utensílios mais modernos.
E assim o fez. Isso lá pelo ano de 1980.
E, para completar, a compradora desse apartamento da referida senhorinha soube, tempos depois, que aquele senhor que ela encontrara no apartamento, quando fora visitar o imóvel, era um amante, de velha data, da "vovó" vendedora.
Pois é! Imagine-se como estarão as coisas hoje em dia.
Com o advento da Internet, as fronteiras expandiram-se e os jovens de ontem viram-se frente a novos desafios. Mas aqueles que abraçaram o novo, procurando inteirar-se dessa nova maravilha, hoje usufruem dessa companhia diuturna.
Como exemplo dessa integração daqueles de ontem com as tecnologias de hoje, temos os nossos cantores/compositores Caetano e Gil, que se mantêm vivos, plenamente inseridos nos ritmos e no vocabulário atual, e com uma disposição física de causar inveja, como demonstram os vídeos abaixo. Nesse rol, encontram-se outros tantos cantores e cantoras, atores e atrizes. Os avanços da Medicina no combate e prevenção às doenças também é um dado relevante nesse contexto.
O fundamental é que nós, os menos jovens, permaneçamos prontos para constante mudança, pois é dela que se fazem os dias. Não apenas fiquemos numa posição de espectadores ou até mesmo de acolhedores, como este verso de Olavo Bilac propõe:
“Dando sombra e consolo aos que padecem!” (da poesia A Velhice, abaixo transcrita)
Sejamos mais do que isso. Recomecemos a cada dia um novo dia. Exercitemos aquilo que o poeta Mário Quintana chamou de CANÇÃO DO DIA DE SEMPRE.
 


 
Agora, nem só de diversão vivem os menos jovens. Há muita gente que trabalha, de forma competente, com idade acima de 70 anos. Temos aí enquadrados vários profissionais liberais, os taxistas e outras tantas atividades que exigem atualização constante, atenção e também bons reflexos, como a classe dos motoristas.
 
 
E, para tornar ainda mais leve e fácil o dia a dia, nada melhor do que a companhia dela: da música. Desde aquela que nos traz tranquilidade, serenidade, até a mais vigorosa. À erudita, com sua beleza e virtuosidade intrínsecas, somam-se aquelas joias, tão nossas conhecidas, da Música Popular Brasileira, e outras tantas do nosso cancioneiro regionalista. E para curtir, com humor, essa etapa da vida, ouçam a letra da música Envelhecer, cantada por Arnaldo Antunes.
Não esqueçamos, porém, de que o novo não pode ser de plano descartado. Há que se vê-lo, ouvi-lo, senti-lo para, só então, descartá-lo ou incorporá-lo. Muito provavelmente, se assim os menos jovens receberem o novo, terão melhores condições de entendê-lo e, por conseguinte, orientar os mais novos sobre a importância dos movimentos e ideias que surgem de um dia para o outro.
E esse grupo poderoso (alguém duvida?), que o diga a indústria do turismo, ainda tem a comemorar o seu dia.
Portanto, viva o 1º de Outubro!
Viva o Dia dos Menos Jovens!
 
Ah! E, se sobrar um tempinho, curtam ainda, com intensidade, um afeto que pode perdurar por muuuuuito tempo!
Assistam ao vídeo que virou hit no iTunes e inspirem-se!
 
 
 
 
 
 

 
 
Gilberto Gil – Pela Internet
 
 
Arnaldo Antunes – Envelhecer – Acústico MTV
 
 
Viúvo faz música para amada e vira hit no iTunes