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segunda-feira, 16 de agosto de 2021

PURA EMOÇÃO...


 
Aqueles instantes que antecedem o início da competição representam o esforço despendido ao longo de anos. Lá, na infância, já despontavam habilidades, sonhos e vontade de alcançá-los. Então, se o desejo é intenso, o resultado virá.

Alguns exemplos vencedores, para orgulho de nós brasileiros, marcaram estes Jogos Olímpicos de 2020.

O tipo de medalha não é o que mais interessa. O que importa é que, enfrentando muitas dificuldades, conseguiram ter em mãos a tão sonhada honraria.

Para quem acompanhou estes Jogos Olímpicos, valeram todos os minutos dispensados a assistir nossos atletas brasileiros superando dificuldades, bem como todos os outros que lá se apresentaram.

Sem citar nomes, quase todos são oriundos de segmentos considerados pobres de nossa sociedade. Jovens cujas famílias têm dificuldades financeiras bastante expressivas.

Cabe ressaltar, aqui, que entidades ligadas aos esportes e clubes deram respaldo a estes jovens atletas. Sem a ajuda e colaboração dessas instituições este sonho de participar de uma Olímpiada nem teria existido.

Importante, também, é dizer que, mesmo sem medalha olímpica conquistada, a participação tão somente em uma Competição Olímpica deste nível já é uma conquista.

Sem desmerecer a conquista de qualquer um de nossos medalhistas, devemos, antes de mais nada, refletir sobre a importância da participação de um expressivo número de participantes brasileiros nestes Jogos Olímpicos de 2020. Ter alcançado a chance de fazer parte do plantel brasileiro, em quaisquer modalidades apresentadas lá, em Tóquio, já valem os nossos aplausos e reconhecimento.

Se lá chegaram, é porque demonstraram capacidade de lá estarem. Isso deve ser enaltecido. São atletas capazes de traçarem um futuro promissor para si e para o país.

Nesse momento tão atribulado pelo qual a humanidade passa, sentir a emoção, o desejo, a garra e a obstinação demonstrados, de certa forma, alimenta-nos de uma redobrada esperança num possível novo amanhecer.

As dificuldades enfrentadas pela maioria desses atletas acendem uma luz de que é possível, mesmo nas adversidades, galgar um degrau na autoestima e na crença de que nossos atletas, ao lado de tantos outros, merecem conquistar o respeito como cidadãos capazes de fazerem a diferença numa sociedade mais solidária, harmônica e capaz de conquistas, mas, também, de deveres para com o seu próximo.

Um redemoinho de cores, ao final da Cerimônia de Encerramento, representou todas as bandeiras dos países participantes, bem como os 5 Anéis Olímpicos que reforçaram a união entre os continentes.

Inúmeros pontos de luz representaram, igualmente, o espírito olímpico existente em cada um de nós.

Ao final, a chama apagou-se, a pira fechou-se.

Permanece, porém, a certeza de que estes Jogos Olímpicos representaram a força, a resiliência, a obstinação e a certeza de que juntos somos mais fortes.

O que fica relevante é que os povos, como um todo, assumam o papel de cuidadores da nossa Mãe-Terra e de cada um dos irmãos que nela habitam.

 

 

 

 

 

 

 

terça-feira, 20 de outubro de 2020

COMO SE FOSSE HOJE... SERÁ, AINDA, POSSÍVEL?

  

A busca, a cada dia, torna-se mais presente. No balançar das folhas do arvoredo, no solitário passarinho pousado no telhado, no cheiro do capim cortado há pouco, no casal de pombos em dança de acasalamento, eis que o passado retorna nestas cenas atuais. E o som das folhas secas sob os pés daquele, ainda, pequeno ser é o que lembra Belinha quando pisa na calçada do vizinho: um verdadeiro tapete florido. Algumas flores já estão a cair para que outras surjam, pois ainda há tempo para que outras nasçam e floresçam naquela bela árvore. As estações sucedem-se, tal como nós que guardamos lembranças que se acumulam.
 
Caminhar por entre árvores, esconder-se no porão da casa só de brincadeira, arrastar os chinelinhos sobre o assoalho só para ouvir o barulho que faz.

Hoje, ainda, o olhar que busca: encontra.

Os mesmos cheiros, os mesmos sons, o mesmo passeio entre árvores, os sabores que permaneceram são a prova de que necessitamos de uma infância preservada daquilo que não expõe os nossos sentidos. Precisamos ouvir, ver, observar, trocar brincadeiras com outros iguais a nós, em idade, para que tais experiências alojem-se em nossa memória e, de lá, encontrem eco durante a caminhada pessoal de cada um.

Na ampulheta do tempo, o nosso olhar infantil mantém-se pleno de imagens que encontram hoje, em essência, os mesmos sinais reveladores de que somos o produto daquelas cenas e, portanto, nos sentimos acolhidos pelos momentos presentes.

Claro, isso para quem conheceu e reconhece ainda hoje, embora com algumas alterações, este meio sonoro e visual que ainda nos cerca.

Será que uma telinha é capaz de despertar todas essas sensações?

Uma formiguinha carregando uma folhinha, uma joaninha escondidinha entre as folhas daquele arbusto no meio-fio da calçada; ver o sabiá ou o bem-te-vi pousado, cantando, sobre o telhado da casa do vizinho.

Buscar com o olhar tudo o que nos cerca, mergulhando naquelas imagens que nos causam estranheza, deslumbramento, curiosidade, emotividade. Sensações que captamos quando aprendemos, ainda na infância, a nos deter frente a tantas cenas que permanecem em nossa memória. Lembranças que não se perdem no tempo.

Agarrem-se às emoções de ontem porque elas podem tornar-nos mais resilientes aos tropeços, acaso existam, durante a caminhada individual.

Emoções captadas em instantes que se mantiveram no baú da memória.

Caminhar por entre as roseiras do jardim, pousar o olhar no caramanchão de trepadeiras, na goiabeira com seus frutos tão cheirosos...

Talvez, não mais encontremos tais cenas, porque vivemos pendurados em blocos, frios, de cimento.

Como restaurar tais sensações?

Acredito que, ainda, haja tempo. Ouçamos o cantar dos passarinhos que teimam em permanecer nos brindando com sonoridades bastante diversas, conforme a espécie que visita as árvores de nossas ruas.

Há que se conduzir nossas crianças a que aprendam a observar, a captar imagens e sons que serão patrimônio interior de cada uma delas. Fazemos parte da natureza e com ela temos que conviver em harmonia, preservando-a.

Caso contrário, apenas botões a serem acionados é o que terão.

E se, repentinamente, aquele mecanismo falhar, o vizinho do lado, um ilustre desconhecido, talvez nem lhe atenda, pois nunca lhe deram um bom-dia.

Aproveitando o belo poema MEU CORAÇÃO DE POETA da poetisa Ilda Maria Costa Brasil, publicado no livro A Essência da Poesia, temos a demonstração da importância do olhar infantil, bem como daquele olhar poético que transforma simples gotículas de água em mensagens que permitem revermos o filme particular de cada um de nós nesta jornada que se chama VIDA.




Portanto, cultivem essas gotinhas mágicas, pois se transformarão em lembranças especiais que nos permitirão rever o filme de nossas vidas.

Quanto aos anjos, que são nossos constantes protetores, que possamos revê-los com aqueles olhos infantis que, digo eu, veem, em suas asas, a proteção estendida da mãe. Acredito que possamos ver o mundo, ainda hoje, com olhos infantis desde que preservemos nossas crianças cultivando imagens, sons, cenários que possam torná-las, num futuro, adultos resilientes, embora em harmonia com os semelhantes, conforme prevê o olhar poético da autora do belo poema.






segunda-feira, 2 de dezembro de 2019

UMA PALAVRA QUE FAZ A DIFERENÇA


Após tantas cenas impactantes, tantos momentos em que o tempo de um antes e um depois pode ser o fim de um caminhar, em que o olhar pode representar um desafio, enfrentado antes que a clareza se estabeleça e permita o diálogo, todos esses breves instantes tornaram-se parte da rotina de todos nós.

Sempre existiram, dirão alguns. Muitos outros, porém, observam um recrudescimento e um avolumar-se de situações extremamente estressantes. Poder-se-ia dizer que vivenciamos, hoje, uma passagem do tempo mais rápida, porque carente de harmonia, de encantamento, de prazer estético.

Percebe-se, salvo raras exceções, que os seres nascidos nestes novos tempos não mais pousam o olhar sobre a vida pulsante que a natureza nos oferece como espetáculo diário: tudo isto gratuitamente. O céu que nos cobre, as árvores que enfeitam nossas ruas, a chuva mansa que molha nossas vidraças, o som do vento acariciando nossos ouvidos, o sol que ilumina nossos dias, a lua, companheira noturna que, com o seu séquito de estrelas, embala nosso sono e que, também, é parceira de momentos amorosos que se guardam na memória: tudo isto é possível se pudermos nos adaptar aos avanços tecnológicos sem abandonar o puro prazer estético.

Para todos aqueles que percebem o impacto negativo que a carência dessas cenas acarreta a um viver cotidiano mais harmonioso, sugere-se que sejam resilientes e busquem no canto dos sabiás, pousados nas árvores que enfeitam nossas ruas, o reiterado esforço de seres que teimam em cantar, exaustivamente, para alertar os demais companheiros ou conquistar a amada, pousada logo ali, que aguarda o convite para juntos saírem voando para bem longe ou, quem sabe, para aquele caramanchão já tão conhecido. Ele que fica naquele terreno baldio: pronto para acolhê-los.

Ah! Quando o silêncio fizer parte do cenário: respeite-o. No silêncio, dizem, é que acontecem os melhores momentos a dois.

Para quem não teme a idade e encontrou nela momentos de realização pessoal, tudo é possível. Como exemplo, temos aquele cidadão de 65 anos de idade, português de nascimento, que corre de um lado para o outro, na beira do campo, gritando, dando ordens e sendo exemplo de competência e obstinação. Nem precisamos dizer seu nome. Todos sabem.

Da mesma forma obstinada, poder-se-ia citar nomes consagrados na música, na regência, no canto, na literatura e nas artes em geral.

O foco, porém, não são os nomes. O foco é o que os move, o que os mantêm firmes, com objetivos definidos e plenos no ato de criar, transformando as desilusões e agruras em páginas motivadoras para um viver cotidiano mais prazeroso.

Há uma palavra que, com certeza, faz parte do universo pessoal de cada um.

Resiliência é o seu nome.

A patronesse da Feira do Livro de Novo Hamburgo, edição 2019, é um exemplo dessa capacidade de ser resiliente às dificuldades que deve ter enfrentado ao longo de todo este tempo de vida. Isto, porém, não foi empecilho para que mantivesse seus sonhos vivos, indo sempre em busca de oportunidades de desenvolvimento pessoal. No alto de seus 103 anos de idade, Maria Emília de Mendonça acaba de publicar seu primeiro livro.

Sim, seu primeiro livro. Por que não? Um sonho que se tornou realidade. Histórias que compõem uma trajetória de vida. Com certeza, suas experiências servem de exemplo e motivação para os seus próximos, que são muitos, pois teve 7 filhas, e para os demais que lerem as narrativas literárias que fazem parte de sua biografia cujo título é Encontro das Águas. Possuidora de uma memória privilegiada, que permanece igual, diga-se de passagem, para fatos recentes. Surpresa pela indicação de seu nome, afirmou:

“Eu acho que vou ter que escrever outro livro para contar essa história maravilhosa”.


Uma palavra, tão em voga, serve para qualificar figuras que despontam no cenário cotidiano e que servem de exemplos a tantos outros desconhecidos que compõem este tecido social, por ora, tão fragilizado. Um tecido que parece romper-se a todo instante e que vai exigir que esta palavra seja usada constantemente. Embora diante de um quadro preocupante, um ser resiliente é capaz de readquirir o equilíbrio emocional suficiente para fazer frente a todo o tipo de pressão.

Acredito que, de verdade, um ser resiliente, que é ter esta capacidade de manter uma visão positiva diante da vida e dos percalços que ela proporciona, torna-se mais resistente fisicamente.

Entenda-se que ser resiliente também é adaptar-se aos avanços da tecnologia, embora não deixando que a tela fria possa assenhorear-se do nosso olhar humano que enxerga o semelhante como um irmão e, portanto, capta pelo olhar as emoções que os unem, que os fazem humanos e não máquinas ou meros olhares robóticos. É o que se almeja construir através da leitura, de uma educação inclusiva, humanizada e redentora: capaz de verter lágrimas de felicidade pelo encantamento com o belo e com a natureza que nos cerca. Tudo objetivando alcançar as mais variadas áreas do conhecimento.

Que o firmamento, esse ainda desconhecido, continue servindo de inspiração, pois a curiosidade e a imaginação criadora lá irão encontrar motivos para o desabrochar de cientistas, músicos, poetas, escritores, artistas e todos os demais que, cá embaixo, resistem, através da sua capacidade de resiliência, à destruição dos sonhos e das capacidades humanas em prol do bem comum.