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quarta-feira, 30 de janeiro de 2013







APESAR DE TUDO...

Diante da crônica anterior, imediatamente escrita antes da tragédia que se abateu sobre todas as famílias que perderam seus entes queridos, e que comoveu a todos os que assistiram às cenas, veiculadas exaustivamente pelos meios de comunicação, como ainda buscar belas imagens para olhos tão dolorosamente fustigados, impactados com cenas absolutamente chocantes?

Nada mais parece interessar. O olhar dirigido ao alto não mais acompanha as nuvens no seu trajeto (como na crônica passada), mas se perde no infinito, turvo pelas lágrimas, e incapaz de captar o belo.

A lua, por sua vez, está sumida. Desapareceu, escondeu-se, constrangida por tanta tristeza. Sua beleza restou ofuscada, não cabendo expor-se, por ora, ao vazio dos olhares. Sua beleza cedeu lugar à majestosa dor que a todos tomou de refém.

Tudo, hoje, é só tristeza.

 
 

Chopin – Tristesse  
 
 
Imagens da tragédia, nesse caso, absolutamente necessárias para que toda a sociedade indague sobre as responsabilidades e o Poder Público investigue, à exaustão, as causas que levaram a uma tragédia dessa proporção. Isso espera-se que seja feito. Que a legislação se aprimore e que a fiscalização se proceda com o efetivo rigor, para que tragédias desse tipo não mais ocorram.

Isso é o movimento externo às coisas e às pessoas.

Mas, o que dizer da avalanche de sentimentos que devem estar a cercar as mães, pais, irmãos, avós e todos os que mantinham laços de consanguinidade ou de grande proximidade com as vítimas?

Esses sentimentos permitirão que, após tão doloroso desenlace, ainda se possa ver o belo em alguma coisa?

Com certeza, o tempo será o único caminho, ele será o grande aliado dos familiares para que a imagem do ente querido, após doloroso rescaldo, que poderá durar um longo tempo, possa retornar, novamente, fixando-se naquilo que restou na lembrança: o brilho nos olhos, o sorriso habitual, os cabelos em desalinho, os jeitos e manias.

Só então será possível buscar nessas imagens, guardadas na retina, a paz de espírito.

Tal como as nuvens e a Lua, tão distantes e tão presentes no dia a dia, possa a imagem de seu ente querido aproximar seus sofridos familiares do Divino, apascentando-lhes o espírito  para buscarem entender os desígnios de Deus.



Que a paz e a alegria retornem um dia, abrindo frestas para a felicidade.

Apesar de tudo...




Jesus, Alegria dos Homens – Johann Sebastian Bach