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terça-feira, 3 de março de 2015

DE RECUOS E AVANÇOS

Qual a hora certa para avançar ou recuar?

Aquela que amanhece cinzenta?

Aquela em que o sorriso alaranjado, lá no horizonte, prenuncia um dia gostoso de saborear desde os primeiros raios de sol?

Há pouco, uma amiga poetisa confidenciou-me que está há bastante tempo sem escrever. Recuou, não entendi bem o motivo.

Na verdade, se muitos eventos estiverem acontecendo, mais inspiração deve haver. Afinal, ela brota de dentro. E, bem lá dentro, tudo repercute e tende a ser devolvido com a vestimenta do belo ou do menos feio. 

Afinal:





O médico Dráusio Varella informa que nós, seres animais, não fomos feitos para o exercício. O movimento, na verdade, só é buscado em três situações:

1- Obter satisfação sexual (sexualidade)

2- Conseguir alimento (alimentação)

3- Sobreviver (enfrentamento ou fuga)


Portanto, se quisermos implantar uma rotina de exercícios físicos só se apelarmos para uma “disciplina militar”, segundo ele.

Daí, muitos recuam. Só há avanços, se houver disciplina na realização das ações propostas.



Outro amigo observou, dias atrás, que, descendendo nós dos símios, trouxemos o hábito do furto. Isto já faria parte da espécie.

Neste particular, com certeza, houve avanços. A dissimulação, a hipocrisia e o transvio de obrigações e valores avançaram ao longo do tempo. E o recuo parece quase impossível.



E a linguagem?

Estaria avançando ou recuando na proposta de comunicação entre seres dotados de capacidade intelectiva?

A poesia, a prosa poética ou mesmo o texto narrativo bem elaborado sobreviveriam frente àquilo que George Orwell, em seu livro 1984, chamou de Novilíngua? Vale a pena a leitura deste livro. Percebe-se sua atualidade, embora escrito em 1948.


George Orwell


Na Novilíngua, considerava-se a redução dos vocabulários por si só como um objetivo desejável, e não era permitida a sobrevivência de palavras das quais se pudesse prescindir. A finalidade da Novilíngua não era aumentar, mas diminuir a extensão do pensamento, finalidade que poderia ser atingida pela redução do número de palavras ao mínimo. (p.288)

Segundo o autor do livro, a adoção definitiva da Novilíngua dar-se-ia lá pelo ano de 2050. Estamos ainda a caminho.


E o duplipensar? O que seria?

O duplipensar queria dizer a capacidade de guardar simultaneamente na cabeça duas crenças contraditórias e aceitá-las ambas. Dizer mentiras deliberadas e nelas acreditar piamente, esquecer qualquer fato que se haja tornado inconveniente, e depois, quando de novo se tornar preciso, arrancá-lo do olvido o tempo suficiente à sua utilidade, negar a existência da realidade objetiva e ao mesmo tempo perceber a realidade que se nega – tudo isso é indispensável. Mesmo no emprego da palavra duplipensar é necessário duplipensar. Pois, usando-se a palavra admite-se que se está mexendo na realidade; é preciso um novo ato de duplipensar para apagar essa percepção e assim por diante, indefinidamente, a mentira sempre um passo além da realidade. (p.206)


Acredito, dado o exposto, que não mais estamos falando de avanços e sim de recuos.

Ah! Deixa pra lá... Afinal, isto é só ficção!


E a Inteligência Artificial?

O físico britânico Stephen Hawking acredita que os esforços para criar máquinas pensantes podem significar o fim da raça humana. Disse ele:






“Quando a inteligência artificial for completamente desenvolvida pelos seres humanos, ela pode progredir por si mesma, e se redesenhar a um ritmo cada vez maior.







Segundo ele, os humanos, possuindo lenta evolução biológica, não poderão competir com estas máquinas, sendo por elas substituídos.

Seria isto um avanço ou recuo?

Em 05/03/13, publiquei a crônica UFA! onde aparecem exemplos de como está se tornando gutural a forma escrita, bem como a falada, ou melhor, cantada. 

Estaremos avançando ou recuando na forma como nos comunicamos?

São os novos tempos?

É a velocidade das coisas e fatos que estará nos fazendo engolir partes do discurso?

Já quase não nos comunicamos. Ou melhor, nos comunicamos por símbolos, através de máquinas. Qualquer dia, falar ao vivo e em cores será coisa do passado.

Com certeza, a Inteligência Artificial trabalhará muito mais veloz e de modo mais perfeito com um universo de símbolos do que os humanos poderiam fazer frente. Há um forte risco de sermos substituídos. Stephen Hawking tem razão.


E se nós próprios nos tornássemos máquinas ambulantes? Com chips implantados para as diversas funções poderíamos voltar a vagar pelas savanas, sem compromissos com nada. Num absoluto “dolce far niente”. Na hora da alimentação, apertaríamos um botão de alguma máquina especializada para este fim e saltaria de lá uma barrinha, sintética, de cereais que conteria todos os nutrientes necessários à sobrevivência. O sexo seria virtual e só para o prazer, pois a função principal estaria bloqueada. E a terceira necessidade, apontada pelo Dr. Dráusio, a de fugir ou lutar pela sobrevivência, não teria mais sentido, pois andaríamos aos magotes pelas savanas. Todos iguais, com necessidades prontamente atendidas ao apertar de um botão: no seu próprio corpo.

E a mente, o pensamento, a emoção?

Ui! Que coisa mais démodé!

Afinal, o duplipensar acabaria com este sacrifício de ter disposição e capacidade para pensar a fundo em alguma coisa. Para que liberdade intelectual, se não seria mais necessário possuir intelecto.

Seria isto um avanço ou um recuo?

Orwell sinalizou o ano de 2050 como o ano em que a Novilíngua estaria completamente implantada. Hawking não previu data para as máquinas nos substituírem.

Apenas como exercício de futurologia, descrevemos acima o novo ser, já transformado em máquina, tendo os elementos de sujeição ao sistema, imaginado por Orwell, contribuído para este novo ser.

E apenas para percebermos a complexidade destes novos tempos, o reconhecido psiquiatra Augusto Cury deu nome à torrente de informações ininterruptas que estressam e desgastam o cérebro, chamando-a de Síndrome do Pensamento Acelerado ou SPA.

Esta aceleração do pensamento impediria o desenvolvimento de funções da inteligência como, por exemplo, o ato de refletir, expor ideias, exercer o pensamento com consciência crítica e não apenas com uma visão maniqueísta.

Isto sem falar que uma mente hiperexcitada determina a morte precoce do tempo emocional. Aquele que nos permite conversar sentados num banco à sombra de uma árvore. Aquele em que acompanhamos o desenvolvimento das flores no jardim, quando se curte este jardim.

O “eu” estaria tornando-se embotado, perdendo a sua capacidade de escolha consciente, de crítica, de dúvida ou de estabelecer relações.

Segundo o Dr. Cury, a geração da era da indústria do lazer é a mais triste de que se tem notícia. A emoção genuína estaria sendo empobrecida por uma mente hiperexcitada. A emoção/contemplação, que o filósofo francês Michel Lacroix tão bem descreve como sendo aquela que nos permite usufruir o sabor do mundo, estaria com os dias contados.


Recuaremos ou avançaremos?

Tudo é uma questão de enfoque.

Avançaremos como espécie, ainda atenta, por temer o desconhecido, recuando no desenvolvimento da inteligência artificial?

Recuaremos, involuindo como espécie, ao seguir avançando por este caminho veloz e tentador? 


Acredito que, no ano de 2050, não se concretizarão as previsões de Orwell. Muito menos a transformação do homem em máquina. Bem antes, o homem recobrará a razão e nos veremos ainda como seres com as mesmas necessidades básicas descritas pelo Dr. Dráusio, porém menos predadores. O que será muito bom, pois ainda teremos a possibilidade de avançar em busca da imagem e semelhança com o Criador, reconstruindo um novo homem: mais atento e zeloso da importância da sua espécie.

Não esqueçamos que uma máquina é uma máquina.

Ela tem a mão do Homem sobre ela.

E o Homem?

Tem a mão de Deus sobre ele.




Aliás, FÉ EM DEUS, na voz de Diogo Nogueira, é o que nos motiva e dá alento nesta caminhada rumo aos novos tempos, bastante incertos.






Fé em Deus – Diogo Nogueira 




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Comentários via Facebook:

Loraine Canabarro: Vou ler...tuas crônicas são perfeitas. bj

Amelia Mari Passos: "É a velocidade das coisas e fatos que estará nos fazendo engolir partes do discurso? Soninha Athayde ". Como sempre impecável. Tu nos leva a refletir no ato, na hora do susto. E logo ali, nos enche de esperança. Gosto de teu coração e de tuas palavras Soninha.Forte abraço.



domingo, 2 de novembro de 2014

O DIA DA SAUDADE

A percepção do primeiro canto de algum passarinho, o cheiro do doce de abóbora, o gosto da massa crua, que restava na vasilha, do bolo que ia ao forno, o passeio pelo parque, o olhar sobre aquelas luzes, que teimavam em piscar sem parar, naquela árvore bem verdinha todos os Natais: estes são momentos que permanecem na minha retina e, quem sabe, também, na de outros tantos de nós.

Uma trajetória faz-se com uma superposição de imagens. Muitas restarão no emaranhado invisível do nosso interior. Outras permanecerão sempre prontas a emergir, vindo à tona, não importando serem acolhedoras ou devastadoras. Tudo dependerá das circunstâncias e do momento em que foram captadas.

Aquelas imagens que nos trazem a beleza, a emoção, o encantamento, o carinho, o convívio, a surpresa agradável, todas estarão junto a nós, lembrando-nos de quem conosco participou desses momentos. A memória é a soma de pensamentos que criarão as pontes necessárias para a travessia que estamos a empreender desde o nascer até a derradeira hora.

Lembranças que continuarão a enfeitar o caminho que cada um irá trilhar. Elas serão renovadas a cada evento em que haja similitude de momentos. E todas aquelas pessoas que participaram daqueles instantes estarão presentes como se vivas estivessem. Será como uma repetição de cenas que nos fizeram tanto bem há tempos atrás.

Assim, também, permanecerão vivas aquelas imagens que nos marcaram de forma negativa e que não são esquecidas. Estão em nossa bagagem e devem servir de reflexão, para que não se repitam conosco e nem com os de nosso convívio. Nesses episódios negativos, pessoas participaram, gerando conflitos ou sofrendo suas consequências.

Sendo assim, os registros que nos acompanham, desde tenra idade, são por demais importantes ao longo da caminhada.

Na medida em que foram bons, nós e os que já se foram estaremos juntos numa saudade boa de curtir. E isto é o que acredito deva ser lembrado a cada dia de Finados. 

Quanto aos maus momentos deixados por quem os ocasionou: que sirvam de alerta a todos nós. Cuidemos dos bons momentos de convívio, pois serão eles que deverão ficar na memória dos que aqui permanecerem. E, com certeza, aqueles que propiciaram tais instantes serão lembrados com amor por cada um de nós.



Nós, que somos A MORADA DOS AUSENTES, dedicamos este dois de novembro para homenageá-los. Não esquecendo, porém, que eles nos acompanham no dia a dia. Sem eles não existiríamos. Sem eles lições não teriam sido aprendidas. Eles guiaram nossos passos e ainda caminham conosco nesta jornada pautada pelas boas e más lembranças.

Pela importância do que a memória representa, busquemos cultivar momentos agradáveis junto aos próximos a nós. As boas lembranças nascerão dos bons registros que deixarmos.

O nosso conhecido poeta Luiz Coronel, no poema A MORADA DOS AUSENTES, transcrito abaixo, chama de saudade a este espaço das lembranças boas que nos acompanham desde a nossa infância, sempre de mãos dadas com os ausentes a quem devotamos amor.



Boas lembranças a todos neste Dia da Saudade.

Uma homenagem especial à minha mãe, através da música MÃE, de Caetano Veloso. Particularmente nos versos que dizem:

“Eu sou um homem tão sozinho,
Mas brilhas no que sou”.





A Morada dos Ausentes - Poema de Luiz Coronel



Mãe – Caetano Veloso







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Comentários via Facebook:

Amelia Mari Passos: "E, com certeza, aqueles que propiciaram tais instantes serão lembrados com amor por cada um de nós. Soninha Athayde" Belo e tocante texto. A poesia . A música. Grata, me fez bem passear no teu Blog. Um abraço.


segunda-feira, 28 de abril de 2014

ESCREVER É PRECISO


Não sei se, algum dia, não mais usaremos a caneta ou o lápis para irmos juntando letra por letra e construindo palavra por palavra. Talvez, percamos a habilidade manual de desenharmos as letras. Esse construir que exige paciência e bem mais tempo do que um clicar numa tecla ou encostar o dedo sobre uma letra em uma tela.
O que sei é que precisaremos continuar a nos derramar em versos, isso para aqueles que assim se expressam. Para os demais, a correnteza de palavras, que jorra ideias em textos bem elaborados, deverá permanecer existindo, igualmente.
Nada mais humano do que pensar. Expor essa reflexão num texto, porque ainda não cercearam, pelo menos em regimes não totalitários, essa capacidade humana de expressão, é o objetivo concreto do pensar.
Escrever é preciso, porque leitores existem para todos os gêneros literários.
Há quem preferirá ler num tablet o que, para alguns tipos de textos narrativos, como um romance, por exemplo, será algo meio complicado. Acho que se perderá, dado o volume de páginas e o tipo de mídia impressa, aquela sensação de individualidade que cada um imprime no ato da leitura como virar a página, fazer observações à margem do texto, desligar-se do entorno, suspender a leitura com a devida marcação, coisas desse gênero. Para textos menores, como poesias e crônicas, não haverá maiores problemas, creio.
Esse, talvez, seja um pensamento obsoleto. Mas o homem continua o mesmo na essência. Precisa deixar suas marcas naquilo que se encontra em suas mãos. É como se fosse um carimbo individual. Poderá, um dia, voltar a folhear as mesmas páginas e lá encontrar uma mancha sobre a página 30, marca indelével de uma lágrima que lá permaneceu junto às anotações ao pé da página. Devaneio? Coisas dos séculos passados? Não sei, não!
Para mim o ser humano continua sendo o mesmo da época da escrita cuneiforme, dos hieróglifos ou já dos tipos móveis de Johannes Gutenberg. Razão e sentimentos foram, sim, aprimorando-se. O processo civilizatório trouxe esse benefício. O que não pode ocorrer é um retrocesso como a possibilidade de perder-se a capacidade de crítica por faltar o exercício do pensar. É necessário que se cultivem formas de reflexão desde tenra idade, ainda na Escola Fundamental, para que não se formem cidadãos multiplicadores de discursos impostos, ardilosamente, por quaisquer detentores de poder.
Por isso, grupos formadores de opinião, abertos ao diálogo, que propiciem esse ambiente, sempre serão bem-vindos. Programas de debates na mídia televisiva, associações culturais voltadas às artes, à literatura e projetos educativos, que visem ao desenvolvimento de capacidades na área do pensamento, são grandes alavancas para uma sociedade que busca o desenvolvimento verdadeiro para todos.
É necessário que coloquemos nossas ideias para o grupo e oportunizemos ao outro a mesma possibilidade. Assim, acredito, constrói-se uma sociedade: a partir do consenso obtido dessa exposição, através da reflexão.
E nada melhor do que aprender a pensar e refletir. Depois? Colocar no papel o produto da reflexão. Isso se aprende na escola. É para isso que ela existe. Mas, esse já é um assunto para outra crônica.
O que importa é alertar para a necessidade de se cultivar o hábito da leitura e da escrita.
Para quem aprecia versos, seguem dois tímidos exemplos.
Há, porém, quem necessite, mesmo poetando musicalmente, dizer ao seu amor que o ensine a escrever, para que ele, seu admirador, possa fazer um poema a ela, mesmo que esse não saia bonito. É o que, no vídeo abaixo, nos entrega Oswaldo Montenegro.
É! Escrever é preciso. Está no nosso DNA.
 
Do poeta Mario Quintana, de sua CARTA, publicada no Caderno H, extraímos esse trecho que descreve parte do trabalho poético, referindo-se, também, aos textos discursivos e expositivos.
“Quanto a escrever para os contemporâneos, está muito bem, mas como é que vais saber quem são os teus contemporâneos? A única contemporaneidade que existe é a da contingência política e social, porque estamos mergulhados nela, mas isto compete melhor aos discursivos e expositivos, aos oradores e catedráticos. Que sobra então para a poesia? – perguntarás. E eu te respondo que sobras tu. Achas pouco? Não me refiro à tua pessoa, refiro-me ao teu eu, que transcende os teus limites pessoais, mergulhando no humano. O Profeta diz a todos: “eu vos trago a Verdade”, enquanto o poeta, mais humildemente, limita-se a dizer a cada um: “eu te trago a minha verdade”. E o poeta, quanto mais individual, mais universal, pois cada homem, qualquer que seja o condicionamento do meio e da época, só vem a compreender e amar o que é essencialmente humano”.
 
O homem, reafirmo eu, continua o mesmo na sua essência: pensante, reflexivo e dotado da capacidade de compreender e amar. Daí sua universalidade. Cabe à sociedade, que se diz civilizada, aprimorar essas marcas que o distinguem dos demais seres.
Pensar e Escrever são características próprias desse ser. Por conseguinte, a capacidade criativa em todos os campos do pensamento é a sua marca. E são ideias e não força que mudam o mundo. É o que diz a conhecida frase, transformada em chamada provocativa pela Globo News.
Portanto, devemos nelas investir para melhorarmos a espécie humana.
 
 
 
 
 
 
 

 
 
 
 
Me ensina a escrever - Oswaldo Montenegro 

 
 
 
 
 
 
 

domingo, 20 de abril de 2014

DE MIAUS... COCORICÓS... E COELHOS


 
Pois aqueles miados não eram de sedução pra cima de Isadora, ela que recém procriara e andava às voltas com as crias. Eram, na verdade, um alerta para que seu dono não se arriscasse tanto.

De nada adiantou. Soube, tempos depois, que alguém até escrevera sobre sua angústia, algo com o título de MENOS, MEU DONO, MENOS..., na já distante data de 5 de fevereiro de 2009.

O senhor Eurico, seu meio-pai, foi recentemente exonerado, não se sabe bem se do cargo ou da função que exercia. Demorou tempo, mas aconteceu.

Ele avisara, miando pelos quatro cantos da casa. Seu esforço para livrar o meio-pai não teve êxito.

Pois botar a mão na coisa furtada, trilhando sendas e caminhos tortuosos, com a conivência de outros iguais, torna-se mais difícil e mais lenta a descoberta da falcatrua. E o nome do beneficiado, também, certamente, colaborara para não despertar suspeitas. Afinal de contas, Billy é um nome respeitável, em que se vislumbra algum futuro. Mas de nada adiantou. Um dia, seu meio-pai virou as "cangaias".

E hoje, Billy, seu filho, anda em busca de referências. Não sabe mais onde anda todo o pessoal da casa. Parece que o abandonaram a Deus dará. E nem Isadora aparece mais. Os miaus são, agora, de tristeza, solidão. Até já nem ostenta aquele miado barulhento que é característico de um namoro de gato. Até parou de namorar... Por ora, por ora!



História bem diferente foi a de Epaminondas. Conhecido, na redondeza, como Epa. Na realidade, era assim chamado por Dona Geneci, quando se excedia nos galanteios sobre qualquer coisa que apresentasse penas.

Parece que só se continha ao ouvir "Epa!", ou quando aparecia a Mindinha. Daí percorria garboso, sempre junto da cerca, mantendo a distância regulamentar, só para melhor impressionar. Mindinha era diferente das outras. E tinham muitas à sua disposição. Dona Geneci tinha posto nomes em todas e também nele, o seu rival, o Safa. Nunca soube o porquê desse nome. Provavelmente, fosse uma abreviação do nome completo.

O tal não jogava limpo. Estava sempre se fazendo e olhando de revesgueio. Por isso, Epa estava sempre de olho nele. Principalmente, quando aparecia a Mindinha por perto.

Depois que ele surgira no pedaço, tinha perdido a graça a vida mansa que levava o Epa.

Agora, infelicidade foi mesmo quando foi agarrado pelas asas junto com a Gabi, metida que só ela, e levados embora por um cara chamado, pasmem, Afanásio.

Tudo feito às claras, sem grandes armações. Portanto, só podia dar no que deu. Um trabalho de aprendiz de ladrão. Algo horroroso! E para piorar, com testemunhas que flagraram a ação.

O tempo que passou, não sabe onde, foi de grande angústia para o Epa. Principalmente, é claro, porque a Mindinha estava, agora, à mercê do Safa.

Com a graça de Deus, o imbróglio terminou rápido. Em pouco tempo, ele e a sirigaita foram devolvidos ao antigo lar.

Paira, até hoje, a dúvida se Mindinha cedeu aos cocoricós do Safa.

Nada melhor do que o tempo para o Epa se recuperar.

Agora, o afanador de penosas, chamado Afanásio, continua mais enrolado que namoro de cobra.

E tudo isso por falta de conhecimento dos meandros dos grandes golpes. Se quiser subir na vida, vai ter que se apoderar de meios mais sutis de apropriação. Afanásio terá que aprender o que é articular-se. Do jeito que foi feito, só podia ter um desfecho rápido na elucidação, embora longo na tramitação. Acredita-se que tenha, urgentemente, que trocar de nome, porque o seu depõe contra ele próprio, de plano.

Após isso, aprender com os grandes articuladores, aí não se incluindo o meio-pai do Billy, porque também esse se deu mal.

Outros tantos maus exemplos existem para inspirar-se. É tudo questão de pensar grande, isto é, pensar em grandes golpes. Deixar de ser ladrão de galinha, pô!

Agora, o bom mesmo é ter o respaldo de uma festa por trás da sua figura. E o coelho sabe disso. Por isso, nem precisa fazer barulho. Nada de miaus e cocoricós. Há quem sustente que o coelho é tão fogoso que, se desse um só chiadinho, ouvir-se-ia uma profusão de coelhinhas gemendo.



Brincadeiras e ironias à parte, e independentemente da figura do coelho, a Páscoa é época para se refletir sobre o seu significado, termo que em hebraico, Pessach, quer dizer passagem.

É necessário que ultrapassemos o desencanto e renovemos a crença nas Instituições.

Que mantenhamos a expectativa de surgimento de lideranças probas, capazes de dar bons exemplos às novas gerações.

Que renasçamos como uma sociedade de indivíduos dignos de representá-la.

Reflitamos, a cada nova Páscoa, sobre nossas atitudes em prol do coletivo, pois nele estamos inseridos e só com ele é que poderemos construir a passagem para um momento mais iluminado dessa nossa civilização planetária.

E que se tornem mais frequentes gestos como o que aconteceu com Aninha.

Quando foi buscar um relógio, que deixara para conserto numa conhecida relojoaria da Avenida Getúlio Vargas, em Porto Alegre, foi informada que dos R$ 10,00 (dez reais), que deixara como pagamento do conserto, devolviam-lhe no ato R$ 7,00 (sete reais), porque ela encontrara a minúscula peça que faltava e levara até eles. Então, o conserto ficara por R$ 3,00 (três reais). Um valor tão insignificante que nem desconfiaria se a quantia de R$ 10,00 (dez reais), já paga, considerada esta também irrisória pela própria cliente, permanecesse como pagamento do serviço.

Esse, como tantos outros gestos de igual relevância para o coletivo, é digno de menção sob o título:

AQUELES CIDADÃOS QUE FAZEM DIFERENÇA

 
Uma FELIZ PÁSCOA a todos.



Assistam, a seguir, a dois vídeos com mensagens para reflexão, sob um inspirador fundo musical. Boa audição.

 

 
 
 
 

Vídeo Páscoa
 
 
 
 
Oração de Páscoa
 
 
 
 
 
 
 

quarta-feira, 5 de fevereiro de 2014

TAREFA INDELEGÁVEL


Aquela menininha que ouvia o bater de folhas secas, caídas das árvores, sobre um chão batido e que formava figuras quando olhava o passeio das nuvens no céu, só pode, hoje, encantar-se com imagens como as que seguem:
Que no céu só vi tudo quieto, só um moído de nuvens (...) e tantas cordas de chuvas esfriavam as cacundas daquela serra.
Olhei para cima: pegaram nas nuvens do céu com as mãos de azul.
O luar que põe a noite inchada.
Saí de lá aos grandes cantos, tempo de verde no coração, numa alegria feito nuvem de abelhas em flor de araçá.
Me lembrei da luzinha de meio mel, no demorar de olhares dela, (...) a docicez da voz, os olhos tão em sonhos.
                
(Trechos da obra GRANDE SERTÃO VEREDAS de João Guimarães Rosa)

Ou, quem sabe:
É uma sombra verde, macia e vã.
                                                        (Carlos Drummond de Andrade)

Ou, ainda:
Nasce a manhã, a luz tem cheiro... Ei-la que assoma
Pelo ar sutil... Tem cheiro a luz, a manhã nasce...
Oh! Sonora audição colorida do aroma!
                                                          (Alphonsus de Guimaraens)

Ou, também:
A noite dorme um sono entrecortado, alfinetado de grilos.
Há sempre, afastada das outras, uma nuvenzinha preguiçosa que ficou sesteando no azul.
As águas riem como raparigas
À sombra verde-azul das samambaias.
                                                 (CADERNO H – Mario Quintana)
                        
Essas são imagens ligadas à Natureza descritas não apenas por poetas, mas por escritores que usam da infinita possibilidade que ela oferece a quem se detém a observá-la.
Mas será que hoje, ainda, será possível manter-se essa capacidade de observação diante do uso da Internet, quase que dia e noite?
Já Quintana escrevera em seu CADERNO H, sob o título O MUNDO, o seguinte:
A coisa começou desde os dias já remotos da invenção do telégrafo. Depois foi o TSF, o rádio, a TV, etc. E o Tempo, atônito, engolindo o Espaço. E esse vasto mundo diminuindo, diminuindo, diminuindo... até se vir esconder covardemente dentro do nosso quarto.
E para piorar, quando esse jovem sai do quarto, o que encontra pelo caminho, no bairro onde mora? Lixo espalhado, árvores que teimam em sobreviver, seres humanos atirados pelas calçadas a dormir o sono dos anestesiados pela fome, pela droga, pelo desamparo, pelo “nem aí” do coletivo que desvia, sem muito olhar.
À noite, o céu ficou reduzido a faixas entre um edifício e outro. E ela, a noite, está perigosa, muito perigosa. Sentar na calçada é coisa de antigamente. A coisa de hoje é trancar-se dentro de casa, de preferência no quarto, em frente à Internet. Mas existe muito mais além dessa tela.
Existem:
Uma rãzinha verde no gris da manhã...
Um sorriso na face de um ceguinho...
Uma nota aguda como uma pergunta de criança...
Um cheiro agradecido de terra molhada...
Um olhar que nos enche subitamente de azul...
                                                         (COISAS – CADERNO H)

E, também, muito tempo atrás:
Havia um tempo de cadeiras na calçada. Era um tempo em que havia mais estrelas. Tempo em que as crianças brincavam sob a claraboia da lua. E o cachorro da casa era um grande personagem. E também o relógio de parede! Ele não media o tempo simplesmente: ele meditava o tempo.
                                                          (TEMPO PERDIDO – CADERNO H)

E, ainda, Quintana:
Aprendi a escrever lendo, da mesma forma que se aprende a falar ouvindo. Naturalmente, quase sem querer, numa espécie de método subliminar. Em meus tempos de criança, era aquela encantação. Lia-se continuamente e avidamente um mundaréu de histórias (e não estórias) principalmente as do Tico-Tico. Mas lia-se corrido, isto é, frase após frase, do princípio ao fim.
Ora, as crianças de hoje não se acostumam a ler correntemente, porque apenas olham as figuras dessas histórias em quadrinhos, cujo “texto” se limita a simples frases interjetivas e assim mesmo muitas vezes incorretas. No fundo, uma fraseologia de guinchos e uivos, uma subliteratura de homem das cavernas.
Exagerei? Bem feito! Mas se essas crianças, coitadas, nunca adquiriram o hábito da leitura, como saberão um dia escrever?
                         (O QUE ACONTECE COM AS CRIANÇAS - CADERNO H)

Competiria aos pais dessas crianças, não a nós, incutir-lhes o hábito das boas leituras. Ora essa! Mas se eles também não leem... Vivem eternamente barbiturizados pelas novelas da Televisão.
                     (O QUE ACONTECE COM OS PAIS – CADERNO H)


Mas o que tem isso a ver com a tela do computador, com o acesso ilimitado a todos os sites possíveis, durante um tempo ilimitado, sob um bombardeamento de assuntos, propagandas, mensagens subliminares e por aí?
Pois a questão de fundo é mais grave do que se pensa.
E aqui chegamos ao excelente livro de Nicholas Carr, traduzido para o português, em dezembro de 2011, com o título A Geração Superficial: o que a Internet está fazendo com os nossos cérebros. Vale a pena lê-lo. É um livro de grande profundidade onde Carr analisa as influências negativas que a Internet exerce sobre quem a usa.
Na obra, Carr comprova, por experiência própria, a considerável diminuição da sua capacidade de concentração e contemplação. Ele próprio afirma que estava se tornando incapaz de prestar atenção a uma coisa por mais do que uns poucos minutos. Conforme narra em seu livro:
“Comecei a perceber que a net estava exercendo uma influência muito mais forte e mais ampla sobre mim do que o meu velho PC solitário jamais tinha sido capaz. Não era apenas que eu estava despendendo muito mais tempo defronte a uma tela de computador. Não era apenas que tantos dos meus hábitos e rotinas estavam mudando porque me tornei mais acostumado com, e dependente dos, sites e serviços da net. O próprio modo como o meu cérebro funcionava parecia estar mudando. Foi então que comecei a me preocupar com a minha incapacidade de prestar atenção a uma coisa por mais do que uns poucos minutos. Primeiramente tinha imaginado que o problema era um sintoma de deterioração mental da meia-idade. Mas o meu cérebro, percebi, não estava apenas se distraindo. Estava faminto. Estava exigindo ser alimentado do modo como a net o alimenta – e, quanto mais era alimentado, mais faminto se tornava. Mesmo quando eu estava longe do meu computador, ansiava por checar meus e-mails, clicar em links, fazer uma busca no Google. Queria estar conectado. Assim como o Word da Microsoft havia me transformado em um processador de texto de carne e osso, a Internet, eu sentia, havia me transformado em algo como uma máquina de processamento de dados de alta velocidade, um HAL humano”. (p.31 do citado livro)

O autor do livro destaca, segundo sua própria experiência, vários efeitos que a Internet ocasiona em quem dela faz uso constante. Entre tantos, ressalta a distração do usuário, a alteração da sua estrutura cerebral, a modificação na maneira de pensar e agir, bem como a perda do autocontrole e da calma interior. A partir dessas conclusões, teríamos uma leitura descuidada, um aprendizado superficial e o cultivo de um pensamento distraído e apressado.
A Internet, conforme estudos, cerca-nos de estímulos sensoriais e cognitivos intensos, repetidamente, de forma interativa e aditiva, levando-nos à condição de um viciado, sofrendo esse intensas e rápidas alterações dos circuitos e funções cerebrais.
Com isso, estamos perdendo a capacidade de ler profundamente.
Jakob Nielsen, dinamarquês, cientista da computação com PhD em interação homem-máquina, já em 1997, afirmara que os usuários da web não leem. E isso seria, segundo Carr, uma involução da civilização, pois estaríamos passando da condição de cultivadores de conhecimento pessoal para os ancestrais caçadores e coletores da floresta dos dados eletrônicos. (p.192 do citado livro)
Se a web consegue fragmentar nossos pensamentos, desconcentrar-nos, levando-nos a perder o foco, ou melhor, pulverizando-o para multitarefas, o que acarretará uma diminuição na capacidade de pensar e raciocinar sobre uma questão, perderemos a originalidade e a possibilidade criativa de um cérebro livre, não dominado.
E ao que parece ninguém está muito interessado em uma leitura vagarosa, num pensamento concentrado. O negócio, que é um negócio, é mesmo a distração dirigida aos produtos que estão em oferta no mercado para serem vendidos e consumidos.
E isso compromete a cultura, pois ela não pode ser volátil e sim renovada nas mentes daqueles seres que compõem cada geração.
Carr, ainda afirma, na página 293 do citado livro:
“Quando alguém escavando valas troca a sua pá por uma escavadeira, os músculos dos seus braços se enfraquecem mesmo que a sua eficiência aumente. Uma troca semelhante pode acontecer ao automatizarmos o trabalho da mente.”

E, mais adiante, ainda afirma na página 299, que experimentos indicam que quanto mais distraídos nos tornamos, menos aptos somos a experimentar as formas mais sutis, mais distintamente humanas, de empatia, compaixão e outras emoções. Seria precipitado concluir que a Internet está solapando nosso senso moral. Não seria precipitado sugerir que, à medida que a net está fazendo o roteamento dos nossos caminhos vitais e diminuindo a nossa capacidade de contemplação, está alterando a profundidade de nossas emoções, assim como de nossos pensamentos.
.
E, na página 301, finaliza citando Martin Heidegger, filósofo alemão que, já na década de 50, observara que:
“A onda de revolução tecnológica iminente poderia cativar, enfeitiçar, deslumbrar e distrair de tal forma o homem que o pensamento calculista poderia um dia vir a ser aceito e praticado como o único modo de pensar. A nossa capacidade de engajamento no pensamento meditativo, que ele via como a essência mesma de nossa humanidade, poderia se tornar vítima de um progresso desenfreado. O avanço tumultuado da tecnologia poderia abafar as percepções, pensamentos e emoções refinados que somente surgem com a contemplação e a reflexão.”

A constatação de Carr, ao sentir-se como uma máquina de processamento de dados de alta velocidade, corrobora estudos que conduzem à conclusão de que seus usuários constantes, alvos de estímulos sensoriais e cognitivos intensos, são levados à condição de viciados.
Ao que parece, por aqui, já começaram a surgir casos de drogadição por uso constante da Internet, como demonstra a reportagem do Jornal Zero Hora, de 02 de fevereiro de 2014, juntada abaixo. Nela, a psicóloga, que atende a paciente, afirma que no processo de reabilitação os sintomas são os mesmos de um viciado em drogas.
Então, meus caros, trabalhos como o citado na crônica ATÉ QUE ENFIM..., publicada em 19/10/13, são de vital importância para a manutenção, no ser humano, daquilo que lhe é próprio. A capacidade de expressar em palavras o sentimento que se instala pela junção de todos os sentidos convergidos, transpondo para o papel todo um poder de contemplação, de observação, de ligação entre o eu e o outro, entre o eu e a Natureza. Nada virtual. Tudo bem real.
Chuva é uma gota que cai do céu.
Paz é quando a gente fica quieto. Daí conseguimos escutar a paz.
                                    (trabalhos de alunos de escolas da Capital, inseridos numa Amostra de W. Carol, artista plástica). 

Uma iniciativa de grande valor.
Ah! Levem suas crianças para os parques, para locais onde possam manter contato com a Natureza. Isso será de grande valia para elas e seus descendentes.
Portanto, crianças, saiam do quarto, façam o contrário do descrito por Quintana em seu O MUNDO, transcrito acima.
E, uma vez mais, Quintana:
As pessoas sem imaginação podem ter tido as mais imprevistas aventuras, podem ter visitado as terras mais estranhas... Nada lhes ficou. Nada lhes sobrou. Uma vida não basta apenas ser vivida: também precisa ser sonhada.
                                                 (NADA SOBROU – CADERNO H)

Sendo assim, Quintana, novamente, estava certo, quando escreveu:
O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria.
                                                  (A ARTE DE LER – CADERNO H)

É! A menininha, que ouvia as folhas secas caírem, concorda com Nicholas Carr, integralmente: contemplação e reflexão ainda são fundamentais. A máquina é APENAS uma ferramenta a nos auxiliar. O ser humano e a Natureza, caminhando juntos, evoluirão de forma gradual e sustentável. A tecnologia deverá ser mantida e garantida como uma conquista do homem, mas não levada a causar-lhe uma gradual deterioração da sua capacidade de pensar, de refletir, e, principalmente, de sentir, de emocionar-se, de criar afetos.
Convenhamos, máquinas não sentem.
E, muito menos, apaixonam-se.
Deixem essa tarefa para os humanos, pois nisso são competentes criadores e criaturas.
Não esqueçam, porém, de manter viva a criança interior. Imaginem-se...
Pegando carona na cauda de um cometa
Indo ver a Via Láctea
Estrada tão bonita...
                                           LINDO BALÃO AZUL (GUILHERME ARANTES)
 
Boa audição!

Lindo Balão Azul – Guilherme Arantes
 
Reportagem ZH – Dia 02/02/14 – p.30 – SEM DESCONECTAR


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Comentário via Facebook:
Maria Odila Menezes escreveu:
Com certeza, Soninha!" Sentar na calçada é coisa de antigamente." Adorei tua crônica!!!Bjs