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terça-feira, 29 de setembro de 2015

ESCREVER E CANTAR: É SÓ COMEÇAR!


Lágrimas são lágrimas, mas a música pode transformá-las em pura poesia, em pura emoção. E um caminho pode abrir-se. Como em A Ponte, música interpretada por Zeca Pagodinho, onde a lágrima que cai representa a ponte entre mais nada e outra vida mais: mais além. E Deus protege a quem chora...

Por outro lado, o poeta já dizia:

- Mas só se pode construir cantando! Este verso do poema Anti-Canção Número Um, de Mário Quintana, reforça a necessidade de buscarmos nela, na música, a força que, atrelada à palavra, nos impulsiona.

As lágrimas, também, podem transformar-se em apenas pura poesia, quando servem ao mar para nele espelhar o céu, como O Mar Português de Fernando Pessoa. 


 


Ambas, música e poesia, são produtos do homem. E é nelas que Cecília Meireles encontra Motivo para levar a vida, reconhecendo que a canção é tudo


 


Através de sinais, musicais ou gráficos, por notas ou palavras, é possível nos religarmos à nossa essência que é comum a todos os habitantes deste planeta.

Somos seres falantes e cantantes.

Portanto, para escrever e cantar: é só começar.

Nestes difíceis tempos, torne-se uma ilha. Sim, não se assuste! Uma ilha é aquele acidente geográfico onde se pode chegar pelo barco da esperança, atracando às suas margens para desfrutar de momentos de reflexão e paz. Onde, também, a alegria e a emoção podem ser encontradas. Veja-se retratado nas palavras que afagam, nas letras que adubam nossos bons sentimentos, nas melodias que nos fazem vibrar. Torne-se, pela palavra ou pela música, um polo irradiador de benquerenças. Isto só trará benefícios para você e para o outro.

Assim como muros, grades e cercas não serão suficientes para deter o desejo de sobrevivência de milhares de caminhantes, da mesma forma as imagens de cenas devastadoras, propiciadas pela natureza e, principalmente, pela ação do próprio homem, despejadas, diuturnamente, pelos meios de comunicação, não podem ser capazes de nos tornar seres desesperançados.

Sobreviva, tornando-se uma ilha que produz e que reinventa; que escala montanhas e que perscruta o céu em busca de outros mundos: que navega por braços de mares até então desconhecidos. Traga tudo isto para a ilha e a transforme num porto seguro, capaz de salvá-lo. E a sua salvação poderá ser a do seu vizinho. Divida com ele suas capacidades e obtenha dele o que lhe falta.

Também ele é capaz de escrever e cantar.

Quem sabe poderão trocar palavras ao vento, pelas janelas que se abrem nos pátios internos. Ou, ainda, o assobiar do vizinho desperte em você a vontade de segui-lo em nova melodia, num compasso diferenciado. Afinal, embora da mesma espécie, somos diferentes. Portanto, únicos.

Ilhas, assim construídas, tornam-se pontes que se espraiam por terras e mares, buscando tornarem-se um mosaico de dimensões planetárias, onde as cores, os formatos e os tamanhos serão irrelevantes frente à capacidade de sustentação que adquirirão no conjunto.

A conscientização é o primeiro passo. A tecnologia ajuda, mas não é indispensável. O absolutamente indispensável é o sentimento do coletivo. A percepção de que estamos num barco quase à deriva, de que o leme está por perder-se e de que é urgente a tomada de decisões: este é o único dado inquestionável.

E para isto é preciso escrever e cantar? Sim. São atos de sobrevivência interna, por primeiro. São as palavras e as letras vestidas de melodias que nos dão a esperança, que nos impulsionam e que dão sentido à utopia. Quanto à sobrevivência do planeta, de igual sorte, elas têm papel importante. Expressam nossos sentimentos e emoções frente ao desejável, ao necessário e à urgência do momento.

A palavra poética ou não, a do discurso ou a da oração, alimentada pela conscientização do nosso verdadeiro papel no planeta, é que poderá mudar os destinos da humanidade.

E para escrever ou cantar

É só começar...

E, se precisar, não se envergonhe de lágrimas derramar, pois chorar faz bem, como registra o samba Choro de Alegria. Afinal, como diz a letra: motivo a gente tem.


E as lágrimas confessadas nos versos finais de um poema meu, Da Seiva, dão a dimensão transcendental do seu efeito sobre nós. 


 
 







A Ponte – Zeca Pagodinho 


Choro de Alegria – Exaltasamba 






quinta-feira, 21 de março de 2013

A PRESENÇA DELA
                                 É GARANTIA DE VIDA
 
O berço cálido, de um colorido especial, convida a um espreguiçar-se para melhor acomodar-se. Já está, por bom tempo, imerso em meio líquido.

Um dia, porém, verte suas primeiras lágrimas, frente ao estranhamento pela chegada de um novo tempo. Junto às suas unem-se outras, plenas de emoção, daquela mulher maravilhada pela imagem viva a debater-se, produto de seu ventre.

Nos momentos de grande sofrimento, de profunda alegria, de rara emoção, de êxtase, lá estará ela presente. Ela está sempre pronta a marejar nossos olhos, porque a sua fonte existe em nós desde sempre. Essa fonte é quem nos sustenta desde a concepção até o último suspiro. E nossa mãe sabe disso. Cuida para que ela não nos falte. Afinal, mais de 70% do nosso corpo é constituído por ela.

Mas e aquela outra que jorra, incansavelmente, das profundezas de seu ventre, essa dádiva essencial à nossa sobrevivência, vem tendo um olhar agradecido, um olhar cuidador, um olhar que todos os filhos, já adultos, deveriam ter para com suas mães?

Antes, não cuidávamos porque a fonte parecia inesgotável. Na verdade, ela até seria. Hoje, sabemos que, senão a cuidarmos, tornar-se-á absolutamente proibida ao uso que dela fazemos, tendendo ao exaurimento. Isso significa que as próprias culturas, criações, nossos alimentos, parte da energia existente, tudo estará seriamente comprometido.

Essa mãe, fecunda e pródiga no jorro desse alimento insubstituível, tal qual o leite materno, precisa de ajuda. Com a grande diferença de que esse alimento é necessário durante todos os dias de nossa vida e não apenas nos primeiros tempos.

Quando foi instituído pela ONU, em 1992, o Dia Mundial da Água, a Mãe-Terra agradeceu. Mas, isso representou, já à época, um sinal de alerta, porque, invariavelmente, quando se cria um dia para homenagear alguém ou algo, é sinal de que é absolutamente necessário e urgente que modifiquemos a nossa visão e atuação sobre tal assunto.

Sabemos que o Planeta Terra é composto, aproximadamente, de 70% de água. Desse percentual, 97,5% concentram-se nos oceanos, 2% nas geleiras e calotas polares e 1% destina-se ao consumo. Esses 97,5% são de água salgada. Apenas 2,5% são de água doce, distribuída da seguinte forma: 29,7% nos aquíferos, 68,9% nas calotas polares, 0,5% nos rios e lagos e 0,9% em outros reservatórios (nuvens, vapor d’água). Todos esses são dados aproximados.

O Brasil detém 53% do manancial de água doce na América do Sul e o maior rio do Planeta: o Amazonas. Desse manancial 72% estão na Região Amazônica, 27% na Região Centro-Sul e 1% na Região Nordeste.

Temos ainda vasto lençol freático, também chamado de Aquífero Guarani, localizado no subsolo do Centro-Sudoeste do Brasil, com 1.2 milhões de km2, estendendo-se o restante pelo Nordeste da Argentina, Noroeste do Uruguai, Sudeste do Paraguai e nas bacias do Rio Paraná e do Chaco-Paraná.

Temos ainda o Aquífero Alter do Chão, localizado sob os Estados do Pará, Amazonas e Amapá. São reservas de importância incalculável.

Mas de nada adiantará tais reservas, se não aprendermos a cuidar da água de que dispomos. A continuar essa marcha desenfreada de poluição, estarão também poluídas as reservas quando dela necessitarmos.

O que causa estupefação é que mesmo os mais poderosos, donos das maiores fontes de poluição, não se dão conta de que os efeitos, já presentemente nocivos em regiões de maior pobreza, um dia, fatalmente, atingirão comunidades mais abastadas, onde esses melhor aquinhoados se encontram.

Ou quem sabe, pensem que isso não os atingirá, esquecendo-se dos filhos, netos, bisnetos, e por aí.

Ou quem sabe, pretendam mudar-se para outro planeta. Já estão sendo feitas incursões nesse sentido.

Ou quem sabe, esperem dos cientistas fórmulas milagrosas que despoluam, por completo, as águas dos rios, lagos e mares.

Ou quem sabe, só se interessem por si mesmos, no aqui e o agora, enquanto por aqui estiverem. O depois, a eles não interessa.

Ou quem sabe, a ganância tornou-os cegos e surdos à evidência dos fatos que estão a ocorrer. E continuam a discursar em cima do engodo, da mentira, da desfaçatez.

Ou, melhor ainda, até não discursam. Apenas agem nos subterrâneos malcheirosos de organizações ditas de desenvolvimento.

De qualquer sorte, o meu Guaíba pede socorro, o nosso Sinos, o nosso Gravataí e outros tantos.

Quem sabe ainda possamos sonhar com a despoluição de alguns conhecidos e importantes rios do nosso Brasil.

A poluição hídrica é um fato gravíssimo. Somente através de muita conscientização e mobilização da sociedade é que se poderá reverter esse quadro devastador de despejo nos mananciais hídricos de esgotos domésticos, efluentes industriais, resíduos hospitalares, agrotóxicos, etc.

Que esse dia 22 de março nos leve à reflexão e à cobrança efetiva por medidas de estancamento do despejo de contaminantes em nossas águas. Que os cidadãos comecem a exercer, já tardiamente, o papel que lhes compete, que é: cobrar das autoridades constituídas tais medidas.

Não esqueçamos que ÁGUA É VIDA, DESDE QUE ESTEJA SAUDÁVEL.

 

Agora, o fato incontestável é que essa dádiva, que nos alimenta desde sempre, serve de tema para inúmeras e belas músicas, cujas letras falando dela, da água, são pura poesia. Cassiano Ricardo, Membro da Academia Brasileira de Letras (cadeira nº 31, 1937), definia Poesia “como sendo uma ilha cercada de palavras por todos os lados”. Seria como afirmar que Poesia é o fenômeno criador, presente aí a figura do poeta, que transforma em linguagem as emoções, os impulsos ou suas reações frente a uma determinada realidade.

Segundo definição de Antônio Soares Amora, historiador literário brasileiro, “o poema é a fixação material da poesia, é a decantação formal do “estado lírico”. São as palavras, os versos e as estrofes que se dizem e se escrevem, e assim fixam e transmitem o “estado lírico” do poeta.
Então, quem sabe, um dia, possamos nos apropriar da água que nos cerca e fazê-la um verdadeiro poema, visível aos olhos, transformada, pelas ações corretas do homem, em pura poesia.

Assim como as ÁGUAS DE MARÇO que fecham nossos verões, bela canção interpretada pela saudosa dupla Tom Jobim e Elis Regina, que, também, é pura poesia.






Assista ao vídeo abaixo. Obtemos, através dele, um retrato da situação atual da água no planeta e seus prováveis e terríveis desdobramentos, se acaso medidas não forem urgentemente tomadas.



Documentário Ouro Azul: A Guerra Mundial pela Água.
 
 
Águas de Março - Tom Jobim e Elis Regina
 
 
Planeta Água - Suzy Noronha