quinta-feira, 7 de outubro de 2021

QUAIS VERBOS?



Olhar para os olhos do outro. Tentar entender o que estão a expressar.

Dialogar sob a máscara do medo.

Ouvir o que os doutos e os nem tão doutos falam, aconselham, discursam, propõem, refutam, escondem, subvertem, negam...

Seres frágeis, tornando-se mais frágeis.

Seres aguerridos, resilientes, buscando informações.

Desvios de toda a espécie. Um mar de lama encobrindo seres humanos abjetos.

Continuar e continuar. Sempre com o olhar pousado naquele, naquela ou naquilo que possui vida.

O viver é que move cada um dos seres vivos. E cada um sentirá os benefícios desses encontros entre si, mesmo que no silêncio.

Claro que, trocando ideias com outro ser igual a si próprio, será muito mais compensador.

Se diante, porém, da impossibilidade de conectar-se com o outro, face to face, o recurso tecnológico poderá suprir, em parte, esta recente necessidade.

Lembremos que, diante de necessidades tão básicas, aprendemos que somos, individualmente, um universo a ser descoberto.

Pouses teu olhar sobre a árvore, que enfeita o teu jardim ou a calçada da tua rua, e verás que é possível dialogar, considerando as lembranças da tua infância quando, lá, conversavas com ela. Ela respondia as tuas perguntas. E as respostas tu as tens até hoje. As árvores podem ser outras, mas as respostas são, plenamente, compreensíveis e válidas até hoje.

Assim como o céu pode, da mesma forma, enfeitiçar teu olhar e fazer tuas emoções aflorarem, trazendo imagens remotas, porém não esquecidas, com as quais poderás criar cenários que possibilitem o mesmo sentir poético que, um dia, respondeu a perguntas mentalmente feitas.

Perguntar, questionar, mensurar, sentir, apaziguar-se são momentos solitários de grande valia.

De dia ou de madrugada, o céu sempre será motivo para tecer sonhos ou planejar rotas para alcançar objetivos. Os movimentos das nuvens demonstram a necessidade de mudanças, às vezes, repentinas, outras nem tanto.

Mudar, transformar, buscar, empreender para conquistar novas posições: é o caminho para que o sonhar se concretize.

E o silenciar é condição para que o nosso olhar, como parte do nosso eu interior, absorva estas imagens e as transformem em conquistas pessoais através do investir em sonhos, plenamente possíveis, a qualquer um de nós.

Talvez, este momento atual deixe como legado o ensinamento do convívio consigo próprio, pois estamos um tanto quanto afastados de nossos semelhantes.

O Universo, porém, continua a nos brindar com um espetáculo que tem como cortina, que enfeita este palco, que é a Terra, o céu que nos brinda com o amanhecer e o anoitecer.

Esta cortina é que faz toda a diferença para quem tem olhos para observá-la.

Ela, quando se fecha, nos faz sonhar. Quando abre, renova nossos sonhos.

Daí, é sair para torná-los concretos.

E AMAR o que se constrói é fundamental.

SONHAR, CONCRETIZAR e AMAR são verbos que constroem uma vida, deixando um legado àqueles partícipes diretos ou indiretos.












terça-feira, 14 de setembro de 2021

FESTEJEMOS...



Todos os dias devem ser festejados.

Quem tem olhos que se perdem no infinito do céu, no acompanhar dos pingos de chuva que cai sobre a vidraça, no passeio de uma praça ou, até na calçada, ao ver uma formiguinha carregando o seu alimento, estes momentos serão preciosos porque despertarão o que somente os poetas sabem quando aflora. Daí a certeza de que todos os dias são belos porque deles poderão nascer poemas. Poemas que, ao serem lidos por alguém, poderão despertar-lhe para a beleza que é a Vida. E a Vida é um constante ressurgir, como o poema que segue.
 
 
*Obteve o 1º lugar, na categoria POESIA, no Concurso da FECI/2008.

 
 
 
 
 
 
 
 

domingo, 5 de setembro de 2021

DECOLAR É PRECISO!



O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se, no dia 24 de agosto de 2021, em uma pista de decolagem, com um “paraporto” que abrigou a chegada de delegações de diversos países. No total, participaram mais de 160 países, incluindo-se o Brasil com a maior delegação composta por 260 participantes entre os mais de 4000 atletas.

Os que ali chegaram estavam prontos para voarem, em busca da realização de um sonho.

O cenário montado recebia os atletas ao som de um vento. Um vento que, ao assoprar, reforçava a ideia de que todos que ali chegaram estavam prontos para voarem.

Lá, presentes, estavam autoridades do país, bem como o Presidente do Comitê Paraolímpico Internacional, o brasileiro Andrew Parsons, que recepcionaram os atletas.

O assovio do vento representava o dinamismo e a força contra as adversidades. Os ventos mostrados traziam as cores das bandeiras dos países participantes.

O Estádio Olímpico de Tóquio transformou-se em uma sala de embarque. Quem lá chegou é porque alimenta a garra diária de que é possível vencer obstáculos, sejam eles quais forem.

Sabe-se, hoje, que 15% das pessoas do mundo são deficientes. Portanto, este número expressivo de pessoas é movido pela coragem, determinação, confiança e pela luz pessoal que as diferenciam. Se souberem mover-se, como se asas tivessem, serão vencedoras.

O cenário montado pelas equipes organizadoras, bem como a forma em que os atletas foram recebidos nestes Jogos Paraolímpicos de 2020, mereceram aplausos de todos que assistiram à Abertura deste evento.

A importância desses Jogos deve ser ressaltada, pois é uma demonstração da igualdade que deve caracterizar todos os seres humanos envolvidos em atividades, sejam esportivas ou não.

Os olhos brilhando diante do início da prova, de cada modalidade, e a possibilidade de chegada ao pódio é presente em cada atleta que se apresenta defendendo seu país. Antes de mais nada, porém, é uma possibilidade de mostrarem seu potencial, superando tantas dificuldades para ali estarem.

O brilho nos olhos expressa todo o sentimento de luta, resiliência e esforço pessoal diante de tantas dificuldades que cercam esses atletas. São vencedores por lá estarem, mesmo sem conquistarem medalhas.

Cabe, aqui, ressaltar a importância dos familiares e das instituições, clubes, técnicos e outros profissionais empenhados no treinamento e valorização desses atletas.

O esforço pessoal vê-se contemplado pela possibilidade alcançada por cada atleta que, lá, se encontra competindo.

A imagem da pista para pousos e decolagens, na Abertura dos Jogos Paraolímpicos, ofereceu aos atletas a possibilidade real de ali terem chegado para alçarem voo em suas modalidades esportivas, fazendo de um sonho, desejo e obstinação uma realidade possível e extremamente gratificante. Com certeza, impulsionadora para outros tantos voos.

Uma Paraolimpíada que deixará saudades, considerando os esforços de todos os participantes, as condições sanitárias nada favoráveis e a constante ameaça de que persista este flagelo, que atinge a humanidade, ainda por um tempo.

O brilho nos olhos de todos os atletas, que já estiveram participando, é o sinal de que é possível “decolar”, voar, pousar e arremessar, novamente, tantas vezes quantas sejam possíveis, em busca de um sonho.