terça-feira, 11 de outubro de 2022

EMOÇÕES...



O céu que nos cobre entrega toda a sorte de sinais. A luz de um sol que brilha ou das estrelas que nos brindam com um espetáculo noturno, sempre que possível que isso aconteça.

Os sons do bar da esquina que, às sextas-feiras, alegra-nos com os sons conhecidos de músicas atuais e, também, aquelas que marcaram época.

Imagens e sons que alimentam nossas emoções, pois despertam um espetáculo visual ou auditivo de grande importância nos dias atuais.

Para o enfrentamento de tantos problemas que recaem sobre nós, seres humanos, é urgente que nos apeguemos às boas emoções. São elas que nos propiciam resiliência e esperança para enfrentarmos o cotidiano.

Busquemos alimentar nossas emoções com aquilo que nos faz melhores, mais solidários, mais partícipes.

Urge que retomemos, quando for possível, nossos encontros. Somos seres sociáveis, por essência, e nossas emoções comandam nossos bons e maus momentos.

Estamos carentes de bons momentos?

Acredito que não.

O cantar dos passarinhos, o bom-dia risonho do nosso vizinho, o olhar do pequenino que nos fita e até já nos sorri, o pet que se achega aos nossos pés são evidências de que estamos cercados por seres que nos complementam e que nos alimentam das boas emoções que nos fazem tanto bem.

Ao vermos os estádios de futebol lotados de torcedores, alegres e dispostos a torcerem pelo seu time do coração, é a prova de que as emoções fazem parte do nosso ser.

E é bom que elas existam, pois são elas que nos elevam ao patamar de seres humanos.

Cuidemos, porém, para que as telas não substituam nossos encontros, nossas conversas, ao vivo e em cores, bem como nossos abraços e beijinhos.

E as emoções de um dia por inteiro podem estar concentradas em teu próprio olhar, como o poema que segue.
 
 







 
 

segunda-feira, 12 de setembro de 2022

NOVAS IMAGENS




Aquela passarinha, que fazia ninho naquela janela, sumiu.

Desapareceu. Seus dois ovinhos foram levados para não sei onde.

Desistiu de ali permanecer. Talvez, o local não fosse seguro para aguardar o nascimento dos novos seres.

Seu companheiro, por alguns dias, carregou gravetinhos e raminhos para formar um ninho.

A janela, à noite, era fechada. Embora a persiana ficasse afastada, quando baixada, o movimento e o barulho foram sinais de alerta para a mãe extremosa.
 
 


O sumiço deu-se em uma manhã. Ficaram, ali, apenas os raminhos.

Diferentemente do que ocorre com o sujo cobertor daquele ser que dorme, todas as noites, sob a marquise daquele prédio de esquina de uma rua bastante movimentada.

O cobertor, que tem dono, continua no mesmo local, faça chuva ou faça sol.

Quem por ali passa desvia o olhar, para não se sentir igual, mas é um ser igual ao que jaz na calçada.

O nome do condomínio, que o acolhe, chama-se Porto Seguro. O nome, talvez, seja convidativo. Quem sabe, as marquises, por serem alongadas, oferecem uma sensação de proteção.

Quem de nós, diante do quadro que se nos apresenta, é capaz de manter-se feliz e esperançoso?

A resposta, para que o cenário mude, é que tenhamos esperança, pois isto tudo vai passar.

Algumas etapas dessa gradativa mudança aparecerão no momento adequado.

Assim como as árvores, naquele quintal abandonado, estão verdejantes, pois a chuva e o sol são remédios eficazes para mantê-las saudáveis, nossas expectativas para novos tempos estão sendo, também, monitoradas por quem detém poderes para tanto.

Mantenhamos nosso olhar em busca do belo, pois ele existe e permanece entre nós. Nosso olhar vê, enxerga, mas, também, pode criar e tornar factível o que poderia parecer improvável.

O que pensar de quem em nada contribui para uma mudança tão necessária em nossa sociedade?

Nosso olhar amoroso e solidário tem que permanecer atento. Uma palavra de conforto faz toda a diferença diante de quadros de miséria humana tão deprimentes.

Buscarmos possíveis auxílios e soluções já seria um meio para que seres humanos não permaneçam nas sarjetas da vida.

E se as chuvas aparecerem e inundarem aquelas calçadas?

Que abrigos acolham estes seres ali jogados! A chuva e estes seres fazem parte do cotidiano de nossos bairros e cidades.


Aquele imundo cobertor

Aquele imundo pé

Aquele olhar constrangedor

De quem diz ter fé


Sejamos mais partícipes. A hora está aproximando-se.

Invistamos em nomes que representem mudanças reais de atitudes.

Precisamos mudar o cenário de nossas marquises.

Que a chuva que, ainda, nos ameaça seja apenas de alimento para nossas plantações, para nossos jardins, para nossos rios, riachos e lagoas. Que não faça parte da cama daqueles que não a possuem.

Que o bem-te-vi, que canta nos finais de tarde, seja um carinho aos nossos ouvidos. Um sinal de que há a possibilidade de vermos nossos irmãos ressurgindo dessa podridão em que se encontram.

Um bem-te-vi que cante a mudança possível para aqueles que ainda permanecem nessa condição.

Um bem-te-vi que acompanhe, com seu canto, a possível inserção desses indivíduos na condição de cidadãos.

Aguardemos essas novas imagens.

Um bem-te-vi, também, está vendo.

E, igualmente, aguarda.
 
 
 
 
 
 
 
 
 

sexta-feira, 26 de agosto de 2022

DE PASSAGEM...



A formiguinha que apareceu sobre aquela grama, que cobre a calçada, não foi por acaso. Está ali em busca de algo. Seu instinto sabe o que procura. De repente, encontra.

E aquele outro ser, aquele pet!

Sua dona o conduz com carinho, fazendo-lhe todas as vontades. Ele, praticamente, comanda todas as idas e vindas sobre a calçada, embora preso a uma coleira toda enfeitada.

Ah! Sua roupa de proteção contra o frio está bem ajustada a ele.

E nós, seres humanos, estaremos protegidos?

Aqueles que caminham, trabalham ou estudam terão uma liberdade assegurada?

E aqueles que dormem sobre as calçadas terão algum tipo de proteção?

A necessidade de proteção faz parte do ato do nascimento. Os pais são os responsáveis pelo correto encaminhamento de seus filhos.

A falência desse comprometimento atinge uma expressiva parcela de nossa população.

Como chegaram a este estágio de deterioração de seus corpos e mentes?

O progresso de uma nação tem que estar atrelado a uma ordem estabelecida e a valores que dignifiquem seus habitantes.

Aquele imundo pé, que enxergamos ao passar próximo, foi, um dia, gracioso.

Aquelas famílias que proporcionam aos filhos a proteção necessária, para que se desenvolvam, serão recompensadas pela alegria de vê-los prosperarem. E o Estado deve oferecer a segurança necessária para o ir e vir.

Aos que não dispõem dos meios necessários para a proteção e o encaminhamento de seus filhos para uma vida produtiva, o Estado deve fazer-se presente criando alternativas para um trabalho honesto e produtivo. E, igualmente, disponibilizar meios seguros para o ir e vir.

O Estado é um ser político, extremamente importante, na preservação de valores morais para que uma sociedade prospere em todos os sentidos.

Não menos importante na defesa de seu território e na preservação de seu bioma, sem dúvida, são suas florestas.

Estamos de passagem por este planeta.

O que já tivemos e o que temos agora é um indicativo do nosso descomprometimento com tudo aquilo que nos cerca.

Nós, seres humanos, os animais, nossas florestas, nossas matas, nossos mares e rios fazem parte da nossa história de vida.

Éramos tão predadores como somos hoje?

Quem sabe a tecnologia, hoje, mostra-nos o que sempre existiu?

Talvez, num sentido macro, hoje tenhamos melhores e permanentes possibilidades de mostrar o que o Planeta está a sofrer.

E os cobertores, colocados sob a marquise, existiriam há alguns anos atrás?

Hoje, a casa planetária, que nos abriga, está repleta de indivíduos cujas ações trazem sérios danos aos que habitam as calçadas, bem como aos demais que possuem uma morada.



A cada esquina, vejo seres deitados.

Não importa a hora, nem o local.

Estarão salvos de todo o mal?

Seus amigos, sem coleiras, também ali deitados,

Permanecem juntos guardando seus trapos.




É bom que, embora de passagem, reflitamos sobre as cenas que acompanham nosso cotidiano.

Adquiramos consciência, durante o tempo em que vivemos, de que é preciso atitudes serem tomadas para que a sociedade vislumbre um futuro mais acolhedor.

Que as nossas emoções, frente aos desmandos, não nos tornem insensíveis aos momentos de profunda tristeza com que nos defrontamos diariamente.

Afinal, embora estejamos de passagem, que ela seja de esperança e promissora para quem assumir os futuros papéis de cidadãos de uma sociedade mais justa e igualitária.