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quinta-feira, 7 de janeiro de 2021

MAIS UM TRAJETO


Aquela primeira luz, que chega suave ao abrirem-se os olhos, é aquela que prometia aparecer quando o pequenino ser transpusesse aquela espécie de túnel onde o viver era alimentado por cuidados amorosos. Lá, existia uma aparente solidão.

Um dia, esta luz surgiu. Ela iluminaria toda a caminhada que se iniciava naquele instante.

Daquele abençoado momento, seguiram-se luzes e sons. Registro, porém, impossível naquele momento primeiro de vida.

Sabemos que assim é, pois relembramos nossa própria emoção ao sentir nascer um novo ser.

Um nascer que concentra toda a esperança, toda a emoção, todos os planos, todos os desejos, todo o amor e afeto que acompanharão este ser durante sua caminhada, pelos meandros da vida terrena.

Olhos que acompanharão imagens e gestos. Sons que experimentará ao longo dos dias e noites.

Como um viajante, meio sem rumo no início, aos poucos traçará metas, tempos para execução, fazendo parte de um todo que, artificialmente, encerra anos, de forma sucessiva, como se, a cada novo período, tudo se modificasse ou tudo permanecesse como antes.

Quanta ilusão!

Aquela primeira luz, que teve a participação e o empenho de quem, efetivamente, exerceu este desejo, é a mesma que, a cada novo período concluído, ilusoriamente nos lança a uma nova etapa. Desta vez, porém, somos nós, absolutamente sós, que nos responsabilizamos por este avanço exitoso ou não.

Uma “luz” no fundo do túnel é o que se busca.

A primeira luz é o nosso salvo-conduto para o que se seguirá. Caberá a cada um de nós buscarmos aquilo que nos fará melhores.

Espaço e tempo, fatores que nos oferecem oportunidades, serão de vital importância no sucesso pessoal, bem como nas relações com os outros.

No antes, tempo e espaço foram determinantes para um nascer tão esperado.

Durante a caminhada, toda a experiência acumulada fez brotar na consciência a existência, inquestionável, de uma luz maior. Esta nos guiará, a cada ano que se finda, ao desejo de que se encontre sempre uma luz no “fim do túnel”.

Assim, neste ano que se findou, permanece a certeza, embora incerto o dia de amanhã, de que aquela luz está presente neste novo trajeto da caminhada.

Afinal, temos a experiência de que o tempo e espaço são parceiros e que nosso olhar já, desde há muito, acostumou-se aos inúmeros momentos diversificados que nos têm acompanhado.

Reiniciamos, portanto, mais um trajeto “iluminado” por nossos pensamentos positivos, com a certeza de que nossa luz interior é perene.

Que tal um poema para marcar mais este trajeto?
 
 

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2019

ERA APENAS UM INTERVALO...


E os intervalos acompanham nossa caminhada dia e noite. Sejam eles relativos a espaços, que nos separam de algum lugar, ou a intervalos de tempo que medeiam entre dois momentos. Estamos presos a eles de forma inexorável. Eles podem ser rápidos, longos ou eternos.

Um tempo de nove meses para um abrir-se para a vida. Um antes, no aconchego do ventre materno; outro, depois, já no colo macio daquela que nos gerou. Um intervalo de tempo muito aguardado, acredito eu, pelos seres envolvidos neste ato criador. Intercalam-se aqui tempo e espaço. Acho mesmo que andam de braços dados. São inseparáveis.

Quando a mãozinha, tempos depois, dá um tchau da janela daquela van escolar, ainda assim temos a figura do espaço e tempo a nos conduzir. Tempo para ir e voltar da escolinha. Este pequeno ser já convive com um novo espaço, onde descobrirá um universo diferente do seu habitual. Já consciente, também, do tempo que terá que aguardar para chegar o intervalo. Ele sempre tão aguardado, pois será o tempo das brincadeiras no pátio. Os intervalos já merecerão sua atenção. Tempos e espaços que farão parte dos intervalos que se somarão ao longo da sua caminhada. Espaços que se modificarão, tempos que se somarão, mas que, ambos, estarão garantidos durante a sua jornada como ser humano.

Aos poucos, aprenderá que aquele intervalo de tempo, antes do anoitecer, possibilita que seus olhos iluminem-se com um sol se pondo no horizonte. Ou, que aquele espaço junto à escola poderá, no final das aulas, ser seu lugar de sonhos ao ocupar a quadra de esportes, batendo uma bola com os colegas.

Tempo e espaço juntos fazendo uma parceria que pode ser criativa e solo fértil para a concretização de sonhos. Tudo fluindo de forma suave, previamente elaborada e ajustada para aquele momento.

O problema é quando há a interrupção abrupta deste tempo e espaço. Um intervalo cujo resultado não seria o esperado.

Isto ocorre quando o infortúnio entra porta adentro: sem bater, sem pedir licença. Ou quando este intervalo não renasce num novo tempo e num novo espaço, por conta de uma tragédia por absoluta incúria e irresponsabilidade.

Um intervalo cujas mãos foram causadoras de sua permanência eterna. Orientações errôneas, vistorias e avaliações não consideradas, laudos descumpridos, todos esses elementos podem ser a causa deste intervalo que se tornou eterno.

Menos Justiça, menos Informação, menos Sonhos: este é o resultado de três tragédias que comoveram a nação brasileira.

O Monólogo das Mãos, de Michel Montaigne, recitado por Bibi Ferreira, afirma que elas, as mãos, podem servir para o bem ou para o mal.

Para Bibi, no alto de seus 96 anos, esta eternização do intervalo era previsível. Nem por isto deixa de ser uma perda. E que perda!

Acredito, porém, que seus sonhos foram realizados.

Diferentemente dos meninos cujo intervalo era para dormirem e sonharem.

Não acordaram, porém. E era apenas para ser um intervalo...






Monólogo das Mãos - Bibi Ferreira