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domingo, 28 de julho de 2019

TÃO LONGE... TÃO PERTO...

E o encanto? Desapareceu?

Passaram-se cinquenta anos. Parece que foi ontem. Naquele 20 de julho de 1969, assistíamos àquela imagem de um pé que pisava aquele solo desconhecido.

Para os amantes, que se aninhavam sob sua luz acolhedora, restou uma sensação de perda de uma parceria silente, mas conivente com todas as cenas amorosas da época.

Ela sempre inspirou compositores, como Silvio Caldas e Orestes Barbosa, a transporem para melodias a sua presença quase física. Assim aconteceu com Chão de Estrelas em que a Lua, furando o zinco do barraco, salpicava de estrelas o chão, possibilitando que a amada pisasse nos astros distraída.

A partir da chegada do homem à Lua, teria ela perdido aquele apelo sensual que sempre acompanhou os momentos mais íntimos de tantos que dela se serviram para torná-los ainda “más calientes”.

Reconheço que o desconhecido traz sempre uma aura de mistério. Acredito, porém, que a sua luz e beleza são suficientes para, ainda, suscitar momentos de grande paixão. A imagem que decodificamos, a partir do olhar pessoal, é que dará a medida da sua relevância como partícipe de um enlevo amoroso.

Há quem, à época, musicasse uma letra que alertava ter chegado a hora de escrever e cantar, talvez, as derradeiras noites de luar: trecho da música Lunik 9, composta e gravada por Gilberto Gil.

A chegada à Lua não foi suficiente para matar o verso, como se questionava, pois o seu brilho não se desfez.

Havendo luz, brilho e tantas questões ainda não esclarecidas, a sua permanência no Universo, ainda não totalmente desvendado, continua sendo inspiradora.

Nossos olhos buscam-na como fonte de luz para iluminar momentos cálidos junto ao ser amado, ou mesmo no vazio da solidão, onde serve de parceria sempre que a sua luz, transformada em luar, espalha-se sobre um leito. Sua luz não foi diminuída pela pisada de Neil Armstrong em seu solo.

E o que interessa é a sua luz. Por vezes, esconde-se não por vontade própria, mas porque ela, também, segue as ordens do Universo.

Quando volta, porém, é com força total.

Despertou, desde sempre, vários letristas de músicas que se tornaram reconhecidas no meio musical internacional como Moonlight Serenade. Nesta conhecida melodia, o apaixonado aguarda no portão da casa da amada para recebê-la com uma canção de amor sob um luar inesquecível.

Pois é! Ao mesmo tempo, tão longe e tão perto!

Há pouco, novas imagens da Via Láctea foram disponibilizadas pela NASA, graças ao Observatório Chandra, instalado há 20 anos em solo lunar, na data de 23 de julho de 1999, levado pelo Ônibus Espacial Columbia.

Esperar mais o quê?

Há a possibilidade, atualíssima, quem sabe, de que o nosso instrumento mais recente de elucidação de dúvidas, o VAR, seja acionado para ver-se em que distância e movimentação giratória está o nosso satélite natural, considerando o planeta Terra.

Fazer blague é o que resta aos habitantes desta minúscula esfera, também giratória.

Apaixonados ainda existem por aqui. Não sei se a Lua ainda mantém este fascínio todo como dantes.

Nunca se sabe a reação de quem é relegado a uma menor importância. Daí, a necessidade de uma checagem. E nada melhor do que o VAR. Será?

Eu prefiro ficar com a antiga Lua. Aquela que invadia aposentos, que iluminava portões, que possibilitava, pela palavra e pela imagem, produções artístico-culturais relevantes.

E pra isto o VAR torna-se desnecessário.

Deixem-na quieta onde está. Deixem-na fazer parceria com os seus companheiros de Via Láctea. A ideia de Universo é, por demais, complexa. Usufruamos apenas dos momentos que estes corpos celestes nos oferecem, alternando dias e noites, luzes, trevas e claridades... O resto? Nossa imaginação constrói.





 Chão de Estrelas  - Silvio Caldas




Lunik 9 – Gilberto Gil


Moonlight Serenade – Frank Sinatra






segunda-feira, 15 de julho de 2019

SAUDADES? COMO NÃO TÊ-LAS!


Fernando Pessoa sabia bem que senti-las somente os portugueses conseguiam, porque tinham esta palavra para expressar que as tinham.

Seguindo este raciocínio, podemos concordar com este expoente maior da Literatura Portuguesa.

Assim, temos saudades que sempre serão boas e que se ajustam perfeitamente àquilo que queremos expressar. A saudade reveste-se de uma luz própria que emana de um sentimento guardado com carinho no recôndito do ser. Nesta palavra, concentra-se todo o significado do que queremos expressar ao dizê-la.

Ao senti-la sabemos, com certeza, qual a sua origem, o momento vivido, a realidade que foi aquele instante. A saudade repousa no real. Por isso, não pode ser questionada sua veracidade, pois faz parte da nossa interioridade afetiva que encontra, na saudade, o refúgio para amenizar nossa caminhada. Afinal, deixamos rastros de saudade por onde andamos e com quem interagimos.

Saudades do chafariz da Redenção! E já faz tempo que não mais esparge suas gotículas sobre os passeios próximos.

E a mão do avô dando adeus! Melhor quando chegava, batendo palmas no portão.

E o banco da praça onde descansava, após saltitar por entre as árvores.

E o beijo roubado, muito tempo depois, cujo gosto ainda traz saudade.

Bendita memória que nos permite relembrar com saudade os bons momentos vividos.

E os maus? Não é absolutamente território da saudade. Ela os repassa para a companheira lembrança que é muito mais completa e, por isso, talvez, menos feliz que a saudade.

Para a saudade bastam aqueles momentos que a deixaram existir como algo capaz de, no futuro, expressar com uma única palavra sentimentos positivos com relação a algo ou alguém. As lembranças, porém, são mais completas. Jamais serão, contudo, tão bem-vindas quanto a saudade: que se basta. As lembranças precisam de explicação, pois nem sempre são agradáveis.

Ao dizer “eu tenho saudade”, já prenunciamos um sentimento de felicidade.

E quando a letra da música diz “Chega de saudade”, é porque os momentos bons existiram e geraram uma saudade, que é sempre boa, mas que o apaixonado pretende extingui-la com a volta da amada, que será melhor ainda.

Saudade, bela palavra que exprime um sentimento bom de quem o experimentou e que deseja o seu retorno.



Daí, as diferenças entre a lembrança, que nem sempre é boa, e a saudade que é única e faz relembrar bons momentos ou, quando é possível, o retorno daqueles momentos que causaram tanta felicidade.

E é isto que o nosso criador da Bossa Nova, João Gilberto, violonista, compositor e cantor, que levou a música brasileira ao mundo com sua batida inconfundível ao violão, sob influência do jazz, de súbito nos impõe, isto é, um sentimento de saudade pela obra deixada com a sua marca.

Suas apresentações tornaram-se memoráveis junto ao Carnegie Hall, em Nova York, no México e Japão, apresentando-se, também, em vários países europeus como a Inglaterra, Espanha, Portugal, Bélgica Itália, Holanda, França, Suíça (Festival de Montreux).

Diante dessa saudade, que já desponta a partir da despedida desse divulgador de excelência da nossa música popular brasileira, volto a sentir também saudade daqueles momentos inesquecíveis da infância e de uma juventude que teve que abrir as porteiras desta vida desde muito cedo.

E é com saudade que relembro, também, momentos vividos junto ao companheiro que se foi, perdendo-se, ao longo dos dias, e sumindo na fumaça que o destruiu por completo.

Neste caso, não coube invocar o retorno dada a impossibilidade.

Pois é! Às vezes, as coisas assumem duas faces: a das lembranças e a das saudades. Eu teimo em ficar com a saudade, pois ela teve origem num grande amor.



João Gilberto e Caetano Veloso – Chega de Saudade





segunda-feira, 8 de abril de 2019

ONDE?



Uma luz que aquece e ilumina. Outra, que ilumina e, também, aquece. Ambas nos afagam de dia e à noite. De dia, para que sejamos saudáveis. À noite, para que estejamos aquecidos pelos sonhos que nos impulsionam e nos dão força. Aquela, necessária para que consigamos superar os obstáculos em busca dos objetivos pessoais.

Esta parceria perfeita é constituída por um casal que se reveza na arte do convívio. Raramente, somos privados de suas luzes. Quando isto ocorre, este fato é previamente informado a todos aqueles que com eles convivem. Ninguém é surpreendido.

Este casal causa inveja a todos os outros que dele dependem e que não se comportam dessa forma equilibrada. Aliás, estes últimos nunca se detiveram a fazer esta observação.

Quem se deteria, no meio de agressões verbais, tapas e pontapés, a tal reflexão?

Dirão alguns que isto é coisa de quem não tem nada mais o que fazer. Posso até concordar com tal assertiva. Para isto, porém, é que servem aqueles que, com bons sentimentos aflorados, registram tudo o que os cercam. Repassar esta poética comparação, diante de já tantas tragédias acontecidas, demonstra que já passou da hora de os casais reavaliarem suas condutas.

O Sol e a Lua, de forma poética, representam um casal perfeito. Revezam-se, de forma pacífica, em suas funções básicas. E nós usufruímos dessa parceria perene, dia e noite.

Claro que, por lá, não existe a possibilidade de troca de parceiro. Talvez, por isso, haja respeito.

Sinceramente, acho que esse não é o motivo.

Por lá, emoções não existem. Existe apenas uma dinâmica perfeita, sincronizada.

As emoções, então, seriam algo negativo?

Como fazer tal afirmação!

Somos seres diferenciados pelos sentimentos que fazem parte da nossa estrutura. Não somos autômatos. Daí, a dificuldade de contermos as emoções.

Muito equilíbrio, ponderação, transigência, negociação, afeto e amor são necessários para que se conviva em harmonia, de forma pacífica.

Quando, porém, não é mais possível essa convivência, parte-se, muitas vezes, nos últimos tempos, para desfechos fatais.

Diante desses fatos, noticiados diariamente pela imprensa, está se tornando um risco a união sem uma sólida compreensão do papel individual de cada parceiro.

Se continuarmos nessa escalada, restará a absorção de uma nova parceria que será “uma máquina”. Aquela parceira ou parceiro com quem vais poder xingar, chorar, aconselhar-se, dormir e... Bem, aí vai depender da criação mental de cada um/uma.

Talvez, finalmente, funcione.

Sophia veio para ficar? Ela é um robô humanoide, desenvolvido pela empresa Hanson Robotics, de Hong Kong, capaz de interagir com seres humanos.

Esta nova parceria, a exemplo daquela primeira, será também dinâmica e sincronizada.

Ah! Se for agredida e quebrada, poderá ser trocada por outra. Bem diferente, porém, daquela primeira parceria que se encontra “ONDE”?

No firmamento, amigo.

Eu, ainda prefiro olhar para o céu e perceber que aquele casal continua por lá.

Receber suas benesses, diariamente, é um prazer indescritível.

Aliás, nessa altura, eles já me bastam como parceiros.

Para que outros? Ou outro?












quarta-feira, 19 de dezembro de 2018

POR QUÊ?




Aquela arvorezinha enfeitada com restos de papéis coloridos e latinhas, lembrando que já é quase Natal, contrapõe-se àquela outra que permanece na memória visual de Belinha. Aquela lembrada é de uma formosura ímpar. Altiva, iluminada, homenageava, todos os anos, ÀQUELE que descansava na manjedoura, num presépio delicadamente arranjado ao pé da árvore altaneira. Tradição que se mantém pelos séculos.

Por que tanta diferença entre estas duas árvores?

Junto a esta arvorezinha, enfeitada com restos, jaz dormindo um homem. Não há ali uma manjedoura, nem, tampouco, as demais figuras que compõem o cenário, tão conhecido, de um presépio.

Terá tido este homem a oportunidade de viver momentos de encantamento junto a uma árvore de Natal? Talvez, sim. Talvez, não. Quem poderá saber? Ele próprio. Ninguém mais.

E as luzes que costumam acompanhá-la?

Belinha guarda os momentos de encantamento que aquelas luzes representaram. Bem mais tarde, fez um poema só para registrar aquele período da sua infância. Ele ficou assim:





Ah! Tinha uma manjedoura que também encantava. Este cenário, ainda hoje, faz parte de seus pedidos, pois dialoga com seu MODELO todos os dias e, em especial, na data do SEU aniversário. Uma oração virou o poema que segue.




Agora, como esquecer aquela arvorezinha feita de restos.

Como nem tudo é um mar de rosas, problemas houve e foram enfrentados por Belinha com denodo, ainda bem jovem, entendendo o momento certo para iniciar a mudança quando foi necessária. Seguir em frente e evoluir, transcendendo o aqui e o agora para o depois: com esperança.

Belinha acredita que a LUZ, embora não presente na pequenina árvore, está, sim, presente no ser deitado ao lado, pois todos possuímos esta LUZ interior que nos mantém vivos. Às vezes, porém, é tênue esta sensação de força interior que ela nos propicia.

Por que então ali ainda se encontra?

Sua posição, deitado sobre a calçada, revela, sim, ser uma criança que não soube crescer, pois crescer dá trabalho. Aliás, muitos assim existem. E nem se encontram deitados nas calçadas da vida, embora todos esses, também, circulem sem rumo definido.

É claro, porém, que, muitas vezes, seres desprovidos desta força interna precisariam DAQUELA SENHORA que nos identifica como cidadãos. Todos: filhos deste solo dos quais és mãe gentil. Tão gentil que os acolhesse, não como indigentes, mas como possíveis brasileiros aptos para o trabalho. A autoestima desses novos cidadãos seria resgatada e as suas luzes interiores acenderiam muitas outras luzes. E todas, em corrente, de forma sucessiva, iluminariam cada novo ano por chegar com aquilo que nos faz acreditar num amanhã melhor: a esperança.

Daí, talvez, nem coubesse a pergunta inicial:

POR QUÊ?

A imagem simplesmente não existiria.






 A Harpa e a Cristandade – Luis Bordon